Intrusa escrita por Carola


Capítulo 7
Lembranças




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Quando acordei, Lauren ainda dormia. Saí do quarto tentando não fazer barulho e fui até a cozinha beber água. Na hora que voltei meu celular tocou, era uma mensagem. Saí correndo da porta até a cama pra pegá-lo antes que acordasse Lauren. O volume estava alto; Altíssimo. Nem precisei olhar no visor pra saber que a mensagem era de Stephan.

Bom dia Ca. Melhorou? Vamos combinar algo pra fazer hoje à tarde? Dormi pensando em você, no seu cheiro, na sua beleza. Beijos”

_ Ah, que fofo! – Eu disse um pouco mais alto do que devia.

_ Em? – Lauren disse sonolenta.

_ Ahn, nada não Lau, pode dormir mais.

_ Ta – Ela parecia falar dormindo.

Sentei no computador e respondi a mensagem por e-mail.

“Oi Steph. Bom dia pra você também. Melhorei sim, até chamei a Lauren pra dormir aqui. Podemos combinar sim. Aliás, podíamos chamar o Phil e a Lau né? Também pensei em você. Beijos”

Quando levantei pra procurar meus fones de ouvidos, o computador apitou indicando e-mail novo. Desesperada pra não acordar Lauren, eu abaixei o volume e fui ansiosa abrir o e-mail.

“Que bom que melhorou! Ela ainda está ai? Vamos chamar os dois sim. E então, o que vamos fazer?

Custei pra pensar algo pra fazer. Pensei de cara no monte Fibs. Mas seria bom ir lá com tudo que aconteceu? Depois de alguns minutos acabei decidindo fazer um piquenique lá mesmo.

“Que tal um piquenique no monte Fibs? Hoje não está tão frio e não tem muito vento.”

Antes de minimizar a página a resposta chegou. Que rapidez.

 “Pode ser, que horas?”

Poderia ser na hora do almoço, comeríamos uns sanduíches naturais em vez de comida. Seria divertido e diferente.

“Meio dia pode ser?”

“Combinado, eu aviso o Phillipe”

“Ok, eu levo os sanduíches”

Como já eram quase 11 da manhã, fui obrigada a acordar Lauren.

_ Lau, acorda!

_ Ai, que foi? _ Ela tampou os olhos por causa da claridade.

_ Você tem que levantar, nós vamos fazer um piquenique no monte Fibs hoje.

_ Ah nós vamos é?

_ É.

_ E por que só to sabendo agora? – Ela disse sentando na cama e esfregando os olhos.

_ Porque eu acabei de combinar né?

_ Com quem?

_ Steph.

_ Tinha que ser. – Ela revirou os olhos. – Olha aqui, não vou ficar de vela não entend...

_ Ai Lau, o Phil também vai. Acordou de mau humor em?

_ Ai desculpa amiga, você sabe que eu acordo assim às vezes.

_ Está bom, mas anda logo.

Fui tomar um banho enquanto Lauren procurava alguma roupa na sua mala gigante. Quando voltei, ela já estava mexendo no seu notebook, com certeza olhando o Facebook. Vício.

_ Facebook?

_ Como sabe?

_ Você entra nele a cada 10 minutos também né.

_ Me ajuda a fazer uns sanduíches?

_ Pra já.

Descemos e fomos preparar uns sanduíches. Pegamos um monte de latinhas de refrigerante pra levar. Guardamos em um cesta. Como já eram 11 e meia decidimos sair de casa, tínhamos que andar um pouco.

Provavelmente sentaríamos naquele lugar específico. Eu tinha que dar um jeito de mudar, ficar um pouco antes. E enquanto eu procurava uma solução mentalmente, encontramos com os garotos.

_ Oi meninas.

_ Oi gente.

Fomos todos juntos, mas eu não participava da conversa, eu ainda estava procurando uma solução. Meu pensamento alternava. Ora procurando uma solução, ora lembrando os fatos. Fiquei tão distraída que não percebi que havíamos chegado.

_ Vamos ficar por aqui né? Ponto de costume. – Disse Lauren.

Antes que eu pudesse negar, todos concordaram com ela. Se eu negasse, teria que explicar o porquê e eu com certeza não queria contar a ninguém.

_ Ahn, ta. – Disse à contra gosto.

Sentamos e percebi que ninguém havia reparado nas marcas escuras nas pedras. Era sangue. O meu sangue. Eu não conseguia olhar para outro lugar que não fosse aquelas pedras letais.

Permaneci distraída. Não comi e nem disse nada. Fiquei apenas em silêncio, observando aquelas pedras, aquelas marcas. Stephan percebeu que eu estava diferente e começou a me chamar:

_Carol? Caroooool? Alô? Tem alguém ai? – Deu um estalo com os dedos na minha frente e ai sim eu me virei pra ele e disse:

_ O quê que foi?

_ Por que você está assim?

_ Assim como?

_ Totalmente distraída. Não comeu nada. Não disse nada.

_ Ahn, não to me sentindo bem aqui. Vou dar uma volta e daqui a pouco eu volto. – Antes que alguém, principalmente Stephan, questionasse, me levantei e sai correndo ao sentido leste. Depois de alguns minutos de caminhada e corrida, sentei em uma pedra, levantei as mangas da blusa e toquei as quase cicatrizes. Era surreal. Algumas ainda doíam, estavam sensíveis. Aquelas cenas terríveis do meu acidente me vieram na mente. Cada detalhe. Cada vez eu me lembrava com mais nitidez. A imagem das minhas mãos e braços sangrando. Comecei a chorar enquanto ainda passava a mão nas cicatrizes. Muitas ardiam. Eram feridas feias e grandes. Aquilo permaneceria em mim pra sempre; Não só em forma de marcas, como em lembranças.

Stephan saiu pra me procurar minutos depois. Mais uma vez a cena quase se repetia. Ele me encontrou chorando, sentada em uma pedra. A única diferença foi que dessa vez, ele viu as cicatrizes e eu chorava o triplo de antes. Eu não tinha percebido sua presença também, por esse motivo não consegui esconder as cicatrizes a tempo.

_ Meu Deus, o que aconteceu com você? – Ele gritou e eu me assustei ao vê-lo.

_ É-é-é... Ahn... Nã-não aconteceu nada. – Puxei as mangas rápido, mas não consegui parar de chorar.

_ Claro que aconteceu. É a segunda vez que te vejo chorando aqui, nesse lugar. – Ele se sentou do meu lado, exatamente no mesmo lugar que sentara antes. – Pode confiar.

Eu não me preocupei com o que ele dizia, apenas abracei Stephan. Abracei forte. As feridas que começaram a virar cicatrizes doeram. Doeram como nunca haviam doído. Afastei os braços e tampei o rosto. Dessa vez ele se aproximou e me abraçou. Aquele abraço me transmitiu segurança. Era quente, e acolhedor. Pela primeira vez senti vontade de realmente desabafar. E, principalmente, senti confiança.

Parei de chorar aos poucos. Esfreguei os olhos com a blusa.

_ Vai me contar o que aconteceu?

_ Acho que posso confiar em você. – Eu tentava parar de tremer e me controlar.

_ Sim, você pode.

_ Mas não acho que seja a hora certa.

_ Por quê?

_ Eu preciso saber umas coisas, não sei como te explicar tudo.

_ Fale o que sabe.

_ Eu não posso.

_ Por favor.

_ Não posso Stephan, dá pra entender? – Fui extremamente rude com ele. Minha grande mania de fazer as coisas sem pensar.

Virei as costas e sai andando. Quando vi que ele havia se levantado pra me seguir, comecei a correr; Correr muito. Só parei quando estava na porta de casa. Ele não me seguiu. Reparei que eu estava tremendo, só não sabia se era por correr ou por estar nervosa.

Como ainda eram apenas duas da tarde, pensei em algo pra fazer. Eu adorava tirar fotos, era meu hobbie preferido. Eu poderia sair para tirar algumas fotos e buscar Pim no pet shop. Pim era minha cachorrinha, um poodle, pequenininha e de focinho cor de rosa, uma gracinha. Tinha deixado ela no pet shop por uns dias, pra dar um geral.

Abri a porta de casa e a primeira cosa que fiz foi pegar minha máquina. Era uma câmera profissional. Havia ganhado no Natal passado, dos meus pais. Era minha paixão e eu morria de ciúmes. Procurei o dinheiro e saí rápido. Eu pretendia ficar o resto da tarde tirando fotos, por distração, e depois buscaria Pim. Eu mal podia imaginar o que aconteceria.


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