Intrusa escrita por Carola


Capítulo 5
Ciúmes e mais ciúmes




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No dia seguinte não acordei com disposição pra aula, sentia um aperto no coração, uma dor de cabeça irritante e eu estava pálida, mas, mesmo assim fui obrigada a ir. Na verdade não gostava de faltar às aulas. Levantei, apesar da resistência. Lavei o rosto, troquei de roupa, peguei o material e um gloss e saí de casa, sem tomar café.

Enquanto caminhava a caminho da escola, recebi uma mensagem de Lauren:

“Carol, eu não vou pra escola hoje, acordei passando mal e vou ficar deitada, pega matéria pra mim. Beijos.”

Era só o que me faltava, ter que passar 6 horários sem a minha melhor amiga. Eu ia acabar pensando demais nos acontecimentos de ontem e não ia prestar nenhuma atenção na aula. Como se eu já não tivesse problemas demais pra uma garota de 17 anos resolver. Eu ia precisar tentar concentrar muito hoje.

Chegando à escola, tratei de entrar rápido pra que ninguém me parasse no pátio. Eu andava distraída, com meus fones de ouvido. Passei no armário pra pegar meu material, dei uma olhada no espelho, e fui pra sala. Quase ninguém havia chegado. Essa era uma sexta excepcionalmente fria. Sentei e abaixei a cabeça, apoiando-a nos livros.

Senti alguém me cutucar. Não queria levantar a cabeça, primeiramente pra não verem a minha cara de sono, e em segundo, porque podia ser quem eu não precisava ver hoje. Mas pra minha sorte, era apenas Phillipe.

_ Cadê a Lauren?

_ Ela está passando um pouco mal e disse que vai ficar em casa hoje.

_ Ai meu Deus, vou pra lá. – Ele disse com preocupação exagerada.

Que ótimo! Seria eu, uma sala vazia e talvez Stephan. Abaixei a cabeça de novo, mas antes de fechar os olhos escutei vozes e fiquei feliz por ver que mais alunos tinham vindo. E logo atrás dos 7 alunos que entraram, veio ele.

Droga, droga, droga! Depois daquela mensagem, que eu nem respondi, eu me senti mais envergonhada ainda perto dele. Porém, acabou que Stephan decidiu sentar mais pra frente, respectivamente longe de mim. Isso me preocupou de certa forma. Será que tinha ficado com raiva de mim por não responder a mensagem? Ai sim tudo iria por água abaixo.

Ignorei todos os olhares incisivos dele pra mim durante as três primeiras aulas e os olhares de Kate pra ele. Rezei pra chegar o intervalo. Decidi que iria embora, afinal tinham apenas 9 alunos numa sala de 25. Mas eu tinha que ir sem passar por Stephan. Eu já havia planejado tudo quando o sinal que indicava o intervalo soou.

Peguei meus livros, sai correndo da sala, deixei no armário e sai em direção à porta principal. Coloquei o volume do Ipod no máximo e passei pela porta o mais rápido que pude. Se alguém me gritasse, eu não escutaria. Diminuí os passos e comecei a andar calmamente. Quando eu ia atravessar a rua, alguém segurou meu braço. Eu já imaginava quem era. Com a outra mão eu tirei os fones de ouvido e perguntei:

_ O quê que foi?

_ Por que você fingiu que não tava me ouvindo? Te gritei um monte de vezes.

_ Conhece fones de ouvido e volume máximo? – Fui um pouco áspera.

_ Espera ai, por que está me tratando assim?

_ Assim como? – Dei uma de ingênua.

_ Sei lá, está fria.

_ Ah é, e por que sentou longe de mim?

_ Porque achei que você estava com raiva de mim.

_ E por que estaria?

_ Deixa pra lá. – Vi a tristeza em seus olhos.

_ Teve alguma idéia pra peça?

_ Não, não consegui pensar na peça.

_ Aposto que ficou pensando em qualquer outra coisa ou na Kate. – Revirei os olhos e expressei antipatia.

Ele riu.

_ Qual é a graça? – Eu estava começando a ficar irritada.

_ Você está com ciúmes?

Corei. Eu não tinha parado pra pensar nisso. Eu estava com ciúmes sim. Como estar com ciúmes de um menino que eu conheci há alguns dias, por acaso?

_ Nã-não, quem disse?

_ Sua bobinha. Eu não consegui pensar em outra coisa a não ser em você.

Corei de novo. Eu também não tinha pensado em outra coisa a não ser nele.

_ Eu duvido que você também não tenha pensado Carol. – Ele colocou a mão no meu rosto, acariciando enquanto falava. – Eu sinto como se já te conhecesse há muito mais tempo, sinto que eu te conheço bem. É estranha a vontade que eu tenho de passar o tempo contigo. A gente se conhece há 3 dias só.

Eu estava sem palavras, apenas concentrada na doçura de sua voz e no seu cheiro que me entorpecia.

_ Desde o primeiro dia que eu te vi, eu senti uma conexão. – Ele ia brincando com os meus cabelos. – Está tudo tão confuso.

  _ É, eu que o diga. – Só de me lembrar da minha quase morte já sentia as feridas latejando de novo. – Eu tenho que ir Stephan. Depois a gente se fala e combina as coisas sobre o trabalho.

_ Não espera, eu vou com você. Você não me parece bem.

Eu estava tão indisposta que nem discuti. Eu já não tinha acordado bem e não tinha comido. Eu estava me sentindo fraca.

_ Eu só não acordei muito disposta, então vamos rápido?

Começamos a andar muito rápido, mas eu perdia a força a cada passo que eu dava. Isso seria a rejeição da alma? Foi a primeira coisa que pensei e um medo súbito me arrepiou a espinha. Senti que ia desmaiar então segurei o braço de Stephan e parei de correr.  Como que por reflexo, antes que eu caísse no chão, ele me segurou. A sorte é que estávamos perto da minha casa e ele só precisou me carregar por alguns metros.

Procurou as chaves na minha bolsa, abriu a porta e me levou direto pro quarto. Eu não sei quanto tempo fiquei daquele jeito, apagada. E em todo esse tempo, Stephan passou comigo.

Quando acordei, dei de cara com ele sentado do meu lado.

_ Pensei que você não fosse acordar mais.

_ Quanto tempo eu to aqui?

_ 3 horas e meia.

_ Nossa! Eu to com fome.

_ Eu imaginei que você fosse falar isso, então eu trouxe alguns cookies pra quando você acordasse.

_ Obrigada. – Comecei a comer os cookies calmamente pra não parecer esfomeada.

_ Ei, por que você fez isso por mim? – Perguntei.

_ Isso o que?

_ Você querendo ou não ficou aqui cuidando de mim né.

_ Carol. – Ele segurou uma mão minha. – Eu acho que mesmo que a gente se conheça a pouco tempo, eu to gostando de você.

Isso foi um choque. Abaixei a cabeça e parei pra pensar um pouco. Eu também estava sentindo algo diferente.

_ Acho que também to. – Disse colocando os cookies na mesinha.

Ele foi se aproximando de mim, cada vez mais, e acabou me beijando. Não sei quanto tempo isso durou, mais parecia que tudo ao redor tinha parado. Stephan era lindo. Não digo apenas fisicamente, me tratava bem. Quando nos afastamos, ele abriu um sorriso lindo e passou a mão em meu rosto.

_ Você é linda. – Ele disse de um modo tão simpático que me fez sentir mais vergonha que o normal.

_ Obrigada. – Dei uma risadinha sem graça.

Ele olhou o relógio e viu que já era hora do almoço, precisava ir pra casa.

_ Bom Carol, eu vou precisar ir pra casa agora. – Isso deixou tristeza em seu rosto.

_ Ah, tudo bem. – Levantei e fui em direção à porta, seguida por Stephan. Quando descemos e ele já ia embora, eu disse:

_ Ei, espera!

_ O que foi?

_ Obrigada por ficar comigo o tempo que eu precisei. – Dei um selinho nele – Tchau, até depois.

Ele foi embora e eu subi pro quarto pra poder dormir mais, eu parecia estar acordada há uns 3 dias.


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