Intrusa escrita por Carola


Capítulo 2
O primeiro encontro com ele




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Só depois de um tempo que percebi que estava chorando. Chorando muito. Mas ainda estava de olhos fechados, tentando me controlar. Caramba, eu quase morri! E em meio às lágrimas, não vi que não estava mais sozinha. Senti algo me tocando e abri os olhos assustada.

_ Que-quem é você?

_Oi, desculpa assustar você. Eu sou Stephan Claymore.

_ O que faz aqui? – Nesse meio tempo já tinha conseguido me controlar.

_ Eu sou novo no bairro, e decidi andar pra conhecer. Mas ai algo me trouxe aqui. Uma sensação de que alguém precisava de mim.

_ Ah, estranho.

_ Mas então, o que houve?

_ Ah, nada não.

_ Pode confiar em mim, eu sinto um certo tipo de ligação entre a gente. Se não fosse nada, você não estaria chorando. – Ele se sentou ao meu lado e tirou uma mecha de cabelo do meu rosto.

_ É-é-ér, preciso ir. – Sai correndo sem pensar em nada, ignorando completamente algumas dores leves que surgiam dos recém fechados ferimentos.

Não parei de correr até chegar em casa, apesar de tudo que eu havia acabado de passar, eu senti uma energia inexplicável enquanto corria. Mas foi só enquanto corria. Quando abri a porta da sala e subi pro meu quarto, senti a ponta da exaustão chegando. Fechei as cortinas por que não conseguiria dormir com a luz do dia. Ainda eram 2 da tarde.

Meus pais não estavam na cidade. Viajavam a trabalho quase todo mês. E eu praticamente quase não os via. Apesar de que eles eram ótimos pais e me davam todo carinho possível.

Deitei na minha cama, de baixo do meu edredom enorme e tentei dormir. As feridas latejavam, e era quase impossível esquecê-las. Na verdade, as feridas não eram minha maior preocupação. Eu queria saber sobre ele. Aquele cara que me fez ficar mais confusa ainda. Como ele sabia que alguém precisava dele? No caso eu precisava desabafar, mas não faria isso com quem eu nem conheço, ainda mais sobre um assunto tão sério e confuso.

Com tantos pensamentos me deixando louca, acabei conseguindo dormir.

Naquela noite tive um sonho estranho.

Eu andava de um lado para o outro, sem parar. Estava preocupada com algo. Ou alguém. Eu não conseguia ver o lugar onde estava, era com se eu fosse a única coisa nítida no sonho. Mas ai para a minha surpresa apareceu o Stephan. Ele olhou pra mim com uma cara pálida, como se estivesse em choque, outras pessoas que ficaram nítidas também me encaravam. Ele atravessou a rua, chegou perto de mim, chorando e disse: Eu vou te salvar, eu prometo. E então acordei.

Eu havia dormido como uma pedra, já eram 20 pras seis da manhã do outro dia. É, eu realmente estava cansada.

Levantei da cama e rastejei até a cozinha lá em baixo. Procurei por algo de comer, eu estava morta (não literalmente) de fome. Peguei os primeiros cookies que vi, e subi de novo pro quarto. Sentei na cama, peguei meu Ipod, comecei a ouvir músicas calmas e comer.

Tudo aconteceu tão rápido, tão confuso. Ontem eu era Carollyne Williams. Hoje sou Carollyne Williams e Annie Waste. Caramba, que estranho. Como pensar que você podia ser duas pessoas ao mesmo tempo? E uma você nem conhece.

_ Mas que droga! – Joguei o travesseiro na porta, com raiva. Já estava amanhecendo, eu tinha aula daqui algumas horas. Não tinha vontade de dormir, então deitei e comecei a olhar pro teto e tentar encontrar respostas pras algumas das perguntas.

Era muito estranho pensar em duas dentro de você. E se você fizer algo que não agrade uma das metades? Quê que acontece? E alguém entenderia isso? Não era normal uma pessoa ter duas almas, aliás, eu nem sabia que isso era possível. Todos me chamariam de aberração, a não ser que eu não contasse a ninguém.

Nesse instante o telefone tocou, era Lauren, minha melhor amiga.

_ Ei amiga, a gente se vê daqui a pouco?

_ Claro Lau, eu esqueci meu agasalho ai?

_ Esqueceu sim, quer que leve pra ti?

_ Quero sim, você leva?

_ Levo, te vejo daqui a pouco! Beijos.

_ Beijos.

Levantei, me arrumei, passei uma maquiagem pra disfarçar um pouco meu rosto. Peguei a mochila, coloquei os livros e fui em direção à porta. Agora eu encararia o mundo com duas almas pela primeira vez.


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