Intrusa escrita por Carola


Capítulo 19
De cara com o perigo




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_ Steph, você observou a janela? – Eu disse enquanto saíamos do restaurante.

_ Que janela e por quê?

_ A segunda janela à esquerda da porta. Tinha algo lá.

_ Algo, o quê?

_ Não sei, algo.

_ Deve ser impressão sua, não?

_ Tenho certeza que não era uma impressão, mas deixa para lá. – Eu disse contendo a raiva.

Como ele podia duvidar assim? Eu não estava louca, e tinha certeza disso.

_ Nossa! Esquecemos que hoje tem aula de educação física à tarde!

_ Ai droga! É mesmo. Depois nós olhamos o seu terno então. - Eu estava contrariada.

_ Temos que passar em casa e trocar de roupa.

_ Ta.

Eu evitei render assuntos durante a volta para casa, eu ainda estava "pê da vida" com Steph. Era incoerente ele não ter acreditado em mim, já que era o primeiro a se preocupar com a minha segurança, e isso e aquilo. Steph sabia que eu não inventaria algo para ganhar sua atenção, principalmente com a gravidade do assunto.

Interrompi meu blábláblá interno quando Stephan, parado do lado de dentro da casa e com a porta aberta, me perguntou:

_ Não vai entrar?

Eu passei pela porta sem dizer nada e subi para o quarto do mesmo jeito, sem abrir a boca para falar com meu namorado.

_ Já está pronta?

_ Quase. - Eu respondi secamente.

Acho que Stephan não tinha percebido que eu estava bastante irritada com ele, e se percebeu, fingiu não se importar e continuou como se nada tivesse acontecido.

Fiquei mais irritada ainda com esse seu lado de deboche que peguei minha mochila, coloquei nas costas e quando fui passar por Stephan e pela porta, ignorei o seu movimento inclinado com a intenção de conseguir um beijo e passei direto, mas vi por cima do ombro, a cara de incógnita que o garoto fez.

Apesar do acontecido, Steph não comentou nada, e também não puxou mais assunto. E assim nós fomos até a escola, em silêncio absoluto.

Quando entrávamos no campo de futebol americano, fiz questão de olhar para Jimmy, dar uma acenadinha e um sorrisinho, e obviamente a intenção era irritar Steph.

Quando meu namorado viu que eu já ia em direção ao garoto que ele mais odiava do colégio, ele me segurou pelo braço e disse:

_ Car, por que você está fazendo isso?

O rosto de Steph ficou indecifrável; Cheio de sentimentos simultâneos. Eu não sabia se aquilo era raiva, tristeza ou vontade de chorar. Eu senti pena e por um momento pensei estar sendo enérgica demais, porem não dei o braço a torcer.

_ Isso o quê? – Dei uma de desentendida.

_ Para de fingir que não sabe do que eu estou falando! – Steph aumentou a voz e segurou meu braço com mais força.

_ Me solta Stephan.

_ Me responde droga! – Ele estava ficando cada vez mais irritado e arrogante. Stephan estava completamente brutal.

_ Me larga Stephan, você está me machucando! – Eu gritei com a voz trêmula e tentando engolir o choro que começava a se formar.

Stephan estava pegando exatamente em cima de uma das feridas que já deveria ser cicatriz; E ele apertava com uma força que eu não sabia que tinha. Seus dedos pareciam perfurar a minha pele no lugar exato, e doía insuportavelmente.

_ Eu te fiz uma pergunta, me responde! – Ele praticamente cuspia as palavras embebedadas de ódio.

_ Para, inferno! – Aproveitei para puxar o meu braço da atitude possessiva de Stephan, e não sei como consegui, já que era muito mais fraca que ele.

Eu estava realmente arrasada; Stephan nunca tinha sido arrogante comigo e isso me assustou; Além de ter me machucado externamente também.

_ Eu esperava tudo de qualquer pessoa... Mas não esperava isso de você. – Eu disse passando a mão pela ferida que ardia e que estava vermelha.

Ao terminar de dizer, virei as costas e saí correndo; Chorando. Já não conseguia segurar as lágrimas quentes que formaram uma poça em meus olhos e caíram freneticamente. Mas consegui ver por cima dos ombros, o soco que Stephan deu na grade e o grito que deu:

_ Droga!

Passei correndo por Jimmy que não pensou duas vezes e saiu me seguindo e me gritando:

_ Carol, espera!

Eu só parei de correr quando cheguei à porta do vestiário feminino. Encostei-me à parede e coloquei a mão no rosto, sentindo as bochechas e lágrimas quentes que caiam.

_ Carol! Ei Carol acalme-se!

Jimmy chegou e me abraçou. Claro que retribuí o abraço porque foi completamente acolhedor.

_ Ei, está tudo bem... Ele só está irritado. – Ele falava e me fazia um cafuné na cabeça e aos poucos eu fui parando de chorar.

_ E-eu não entendo... – Minha voz falhou.

_ Todo mundo tem dias ruins... – Ele disse se afastando de mim. – Mas agora, aproveita que está aqui, e lava o rosto. Depois você vai lá e fala com ele.

_ Tudo bem. Você me espera?

_ Estarei aqui.

Entrei no vestiário e me olhei no espelho. Eu estava com o rosto vermelho e molhado, o cabelo bagunçado e as mãos trêmulas.

_ Tudo bem, vai passar. Foi só uma crise... – Eu disse para meu reflexo no espelho e abaixei a cabeça para deixar a água, que havia pegado com as mãos em formato de conchinha, esfriasse meus nervos e me fizesse melhorar.

Levantei a cabeça e vagarosamente abri os olhos.

Entrei em pânico. O mesmo homem velho que havia aparecido no quarto de Stephan estava atrás de mim.

_ O-o quê você quer? – Tentei mostrar firmeza e esconder o medo, mas a falha em minha voz não permitiu.

_ Adivinha... – Ele dizia sem tirar o sorriso maléfico do rosto.

_ Não sei, me diga. – Eu fui recuando em direção à parede, até que minhas costas encontraram a mesma e vi que não tinha para onde fugir.

_ Sua hora está chegando minha querida... – Ele praticamente colou em mim, e, enquanto dizia, passava o dedo em meu queixo.

_ Minha hora de quê? Como assim? – Eu estava assustada.

O homem me pegou pelo pescoço, me levantou e começou a cuspir as palavras:

_ Não se faça de sonsa. Dessa vez eu não vou te deixar escapar igual Anne fez.

_ Você está me enforcando! – Eu sussurrei.

_ Você está entendendo garotinha estúpida? É bom você não colocar ninguém no meu caminho e se entregar logo; Isso não é um jogo.

_ E-eu não consigo respirar. – As palavras saíram inaudíveis e minha vista começou à escurecer, mas antes que eu acabasse desmaiando ou o que for que pudesse acontecer, comecei a chutar a porta de um dos boxes do banheiro e isso chamou a atenção de Jimmy.

_ Carol, tudo bem? – Jimmy gritou do lado de fora e como viu que eu não respondi e o barulho continuou, ele entrou.

No momento em que Jimmy entrou, o homem velho se assustou e sumiu, do nada. Eu caí com força e apaguei.

Jimmy correu até o meu corpo desmaiado e tentou me acordar com leves sacudidas.

_ Carol, Carol acorda!

E quando o garoto viu que em um dos meus braços tinha uma mancha de sangue que só crescia e que eu não acordaria, saiu correndo e foi procurar ajuda.

Como era aula de educação física, ele logo entrou no campo, gritando e correndo.

_ Gente, ajuda, ajuda! Cadê o professor?

Todo mundo prestou atenção e correu ao encontro do menino. E o campo se tornou em uma mistura de “Hã?”, “O que houve?”; Até que o professor de educação física chegou junto com Stephan e perguntou a Jimmy:

_ O que foi Sr. Strokes?

_ É a Carollyne, algo aconteceu com ela! Está lá no vestiário, desmaiada.

Todos entraram em pânico.

_ E não é só isso...

_ O que foi Jimmy? – Stephan interrompeu com devida preocupação na voz antes que o garoto terminasse a frase.

_ O braço direito dela não para de sangrar.

Foi aí que Stephan se ligou de que era exatamente o braço no qual ele havia apertado minutos antes, e se sentindo completamente culpado, saiu correndo na frente do professor e de Jimmy, em direção ao vestiário feminino, temendo não ser muito tarde para reparar a real merda que tinha feito.


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