Intrusa escrita por Carola


Capítulo 17
A apresentação




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Acordei e fiquei observando Stephan dormir. Ele estava tão lindo que eu fiquei com dó de acordá-lo. Passei o dedo pela sua bochecha e subi até os cabelos. Fiquei assim, passando a mão entre os cabelos dourados de Steph, até que ele acordou.

_ Bom dia pequena.

_ Bom dia meu amor.

Ele me puxou e eu rolei para cima dele. Começamos a rir e então Steph me deu um beijo leve e calmo, que fez a minha manhã começar bem.

_ Está pronta para o grande teatro? – Ele intensificou a palavra “grande”.

_ Só um pouco nervosa.

Me levantei da cama, vesti o uniforme e desci para arrumar algo para comer, enquanto Steph se trocava. Eu conseguia sentir uma presença ruim e por isso, gritei:

_ Stephan, me ajuda a fazer o café!

_ Estou indo. – Ele disse descendo as escadas.

Na verdade, eu não ajudei a fazer nada. Apenas fiquei sentada vendo Steph fazer torradas. É, a cada dia que se passava, ele ficava mais lindo do que já era. Stephan se virou e sorriu para mim.

_ O que foi? – Perguntei.

_ O que foi o quê? – Ele perguntou.

_ Por que você sorriu do nada?

_ Oras, porque você estava sorrindo.

Corei. Eu ficava tão distraída quando observava Stephan, que fazia coisas sem perceber. Mas o principal motivo do meu sorriso naquela manhã, era que, finalmente eu estava com quem eu amava, e sentia ser o amor da minha vida. E não digo isso só porque Stephan era realmente lindo de morrer; E sim porque ele me tratava bem, e me protegia.

_ Vai querer chocolate não é?

_ Sim senhor!

Tomamos o café bem rápido para que não precisássemos correr até chegar à escola.

Íamos andando calmamente, de mãos dadas, e aproveitando cada detalhe da paisagem. Não deixávamos de observar nenhuma folha caindo, nenhum fio de cabelo que balançava. Eu realmente me sentia feliz.

Não demoramos muito para chegar à escola. Todos já estavam no auditório, à nossa espera. Eu sentia um frio terrível na barriga, mas eu sabia que isso iria passar, afinal, eu era boa em apresentar teatros.

Fui à sala de teatro buscar as roupas e segui em direção ao banheiro feminino. Lau estava lá para me ajudar, e junto com ela, estava a professora de português. As duas pretendiam me arrumar, para que gastasse menos tempo possível.

Vesti a roupa de bailarina, já que eu faria uma “apresentação de ballet”.

Stephan estava no banheiro ao lado, se arrumando também.

Fomos para o auditório, e após o professor de teatro apresentar a peça, nos preparamos para começar.

Steph me deu um beijinho e sibilou:

_ Boa sorte.

Eu devolvi o beijo e disse:

_ Boa sorte também.

As luzes se apagaram e nos posicionamos nos lugares corretos. Esperamos até existir silêncio total no recinto, e quando se obteve, um feixe de luz focou em mim. Comecei a dançar, e até então estava um pouquinho nervosa, mas depois que a dança começou, eu parecia estar flutuando, e eu havia esquecido da platéia, perdendo todas as preocupações que eu devia ter.

A esquete ocorreu de uma forma melhor que a planejada, e é lógico que o final foi mágico. Foi um beijo demorado, cheio de carinho e segurança. Tudo parecia ter parado, e enquanto nos beijávamos, eu não conseguia prestar atenção em mais nada, nem nos gritos e palmas dos espectadores.

Agradecemos e então Stephan me pegou pela cintura e me rodou. As luzes se apagaram e antes que saíssemos do palco para trocar de roupa e assistir as outras esquetes, eu percebi que tinha alguém me fitando. Procurei pelo olhar em todo aquele escuro. De canto a canto. E o encontrei. Era Jimmy. Ele estava com um olhar cheio de emoções. Eu conseguia ver raiva, tristeza, preocupação e dúvida.

Quando nossos olhares se encontraram, Jimmy virou o rosto e se retirou do recinto. Eu sai correndo do palco e fui para o corredor. Encontrei com Stephan no meio do caminho.

_ Por que essa pressa Car?

_ Ahn... Er... Nada não Steph. Depois eu te encontro.

_ Mas...

_ Tchau. – Lhe dei um beijo e sai correndo, passando pela porta principal e indo para o pátio.

Comecei a olhar de um lado para o outro, procurando Jimmy, mas a verdade é que não havia nada além de folhas caindo ou sendo levadas pelo vento e formando pequenos redemoinhos no chão.

Eu já ia desistir e voltar para dentro da escola quando me virei e dei de cara com Jimmy.

_ Estava me procurando?

_ Sim, estava.

_ O que você quer?

_ Saber algumas coisas.

_ Pergunte.

_ Por que você fez aquilo?

_ Aquilo o que?

_ Aquele beijo.

Ele permaneceu em silêncio.

_ Jimmy, acorda. Estou esperando a resposta.

_ Ahn, foi um impulso, porque você é linda.

Quando abri a boca para questionar, eu vi seus olhos mudarem de cor e ficarem escuros e arregalados. Jimmy parecia estar com medo.

_ Ei, o que foi? O que houve? – Eu me aproximei dele.

Ele recuou.

Olhei para trás para tentar ver o que lhe deixara tão assustado, e então vi a mesma cena de quando cheguei ao pátio: Tudo vazio e folhas voando de um lado para outro. Retornei o olhar para Jimmy.

_ O quê que foi Jimmy?

Ele me olhou.

_ Hum... Nada não, só preciso te pedir um favor e você precisa cumpri-lo.

_ Diga.

_ Você precisa ficar longe de mim; muito distante sabe? Não me procura mais.

_ Mas por quê?

_ Na hora certa você saberá.

Fiquei sem entender e então Jimmy completou:

_ Olha ali. – Apontou para a fachada da escola.

Olhei e não havia nada. Quando me virei novamente para Jimmy, ele tinha sumido. Eu fiquei lá, sozinha, naquela manhã fria de outono, até que Stephan me gritou da porta principal do colégio.

_ Car, o que está fazendo ai? Vem para dentro.

Eu me virei para encarar Stephan, dei um sorrisinho e acenei. Logo em seguida gritei:

_ Já estou indo! – E saí correndo em disparada para chegar na porta.

Eu ainda tinha que trocar de roupa, então disse para ele me esperar no refeitório do colégio e ele assentiu.

Desde o momento em que entrei no banheiro, fiquei pensando em como Jimmy ficou estranho mais cedo. E também no que eu iria dizer para Stephan, pois ele com certeza iria me perguntar o que eu estava fazendo lá fora.

Guardei a roupa e todas as minhas tralhas na mochila e saí em busca de Stephan, e lá estava ele, sentado em uma mesa, sozinho, até que Kate chegou por trás, sentou do seu lado e começou a fazer uns gestos completamente vulgares.

E é lógico que eu não fiquei parada. Sai e fui em direção à mesa, fiz um som com a garganta para chamar a atenção de ambos e disse:

_ Cai fora!

Ela me olhou com uma cara de “você não manda em mim” e ai eu acabei ficando levemente mais irritada do que já estava.

_ Vai sair ou eu vou precisar te tirar a força? – Cruzei os braços.

Kate fez um sinal de “vem” com os braços, e eu não pensei duas vezes para segurar a alça de sua blusa. Detalhe que mesmo estando um frio terrível, Kate não abria mão das suas roupas vulgares e de calor, afinal, garotas desse tipo não sentem frio, né?

Antes que eu pudesse fazer qualquer coisa com aquela vadia imbecil, Steph interrompeu.

_ Kate, vai embora.

Ela olhou com uma cara de interrogação, mas não questionou e foi embora.

_ Isso mesmo, sua vadia! – Eu gritei.

_ Ô sua estressadinha linda, vem aqui. – Steph me abraçou e me deu um beijo de esquimó.

_ Sou muito mau mesmo! – Disse com a cara fechada, mas comecei a rir. – Ei, vamos para casa? Ninguém vai perceber, hoje é o dia de apresentações.

_ Você quem manda – Ele disse me fazendo dar uma voltinha para poder parar a mão na minha cintura.

Saímos do colégio e voltamos bem calmamente, afinal, não havia nada para nos preocupar, a não ser pensar na formatura. Mas infelizmente, o mau pressentimento veio à flor da pele.


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