Intrusa escrita por Carola


Capítulo 14
Explicações




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Quando acordei, não percebi que estava acompanhada, pois tudo estava escuro. Então abri a janela. Fiquei incomodada com a luz que veio direto aos meus olhos. Mas não foi isso que mais me assustou, além da dor que eu sentia a cada movimento que fazia. Quando me virei, vi Stephan e Lauren me olhando. Senti uma tontura e quase caí, mas Stephan me segurou.

_ O que você está fazendo aqui? – Eu perguntei meio tonta.

_ Eu não sabia o que fazer contigo ontem e acabei chamando ele. – Lauren disse.

_ Lauren, você pode nos deixar a sós? – Stephan pediu encarecidamente.

_ Não amiga, você fica aqui. – Eu disse brava.

_ Não Carol, eu vou descer, e, por favor, escuta o que ele tem para te dizer.

Fiquei surpresa. Será que ele tinha contado tudo para a minha amiga?

_ Tudo bem.

Ela saiu. Stephan e eu nos entreolhamos.

_ Olha Carol. Primeiramente eu queria te pedir desculpas, eu sei que devia ter te contado sobre a Anne, mas eu tive medo de que você não entendesse. E agora eu quero te explicar tudo que eu sei.

_ Então explica.

_ Não, primeiro eu vou te deixar ler a segunda carta, e caso você não entenda, eu te explico. Eu preciso ir agora, mas qualquer coisa, só me ligar. – Ele me entregou a carta e saiu pela porta.

Fiquei apreensiva porque tinha medo do que podia acontecer. Abri lentamente a carta e me preparei psicologicamente.

“Olá Stephy, como estão as coisas? A Carol descobriu algo? Bom, eu preciso te falar uma coisa muito séria. Jason, à essa altura do campeonato, já deve ter descoberto que Carollyne possui a minha alma, e com certeza, virá atrás dela. Pois é, você vai precisar ficar atento porque ela precisará da sua proteção. Para todos os casos, converse com meu tio porque ele pode te ajudar. Stephan, isso é sério, muito sério. Ela corre risco mesmo. Então, é só isso. Não se esqueça que tem uma terceira carta com mais informações ok?

                                   Beijos, Ann."

Fiquei em choque. Eu ia ser perseguida? Por um cara perigoso? Meu Deus, isso era sério mesmo. Talvez ele tivesse feito isso só para me proteger, né? Bateu um peso na consciência e me arrependi de ter sido tão rude com ele.

Mas agora eu tinha uma dúvida, porque minhas cicatrizes abriram se já estavam quase fechadas? E se fosse uma rejeição, eu não teria morrido?  Eu estava lá, viva. Essa história de junção de almas ficava cada vez mais estranha para mim.

Lauren entrou em meu quarto e me viu lá, sentada na cama, com o papel nas mãos.

_ E então amiga? Está melhor?

_ Estou um pouco melhor Lau. – Eu respondi me virando de frente para ela.

_ Conversou com o Stephan?

_ Mais ou menos. Ele me entregou essa segunda carta para ler. E acredite, isso aqui não me animou muito.

_ Pois é, eu também li e fiquei muito preocupada com você. Mas, Carol, eu estou confusa com uma coisa.

_ O quê?

_ Ontem, quando suas feridas abriram, foi uma rejeição não foi?

_ Acho que foi.

_ E por que você não morreu? – Ela fez uma pausa e completou. – Não que eu quisesse que você morresse, lógico, mas era pra ser assim não é?

_ Eu também não faço a mínima idéia.

_ E, por que as feridas abriram?

_ Também não sei Lauren.

Ficamos em silêncio um tempo e então eu disse:

_ Espero que a Anne fale algo sobre isso em alguma carta.

Levantei-me e fui em direção ao guarda roupas. Precisava tomar um bom banho e me recuperar porque no dia seguinte eu tinha aula.

Lauren me deixou e foi para casa, tinha tarefas para fazer. Aproveitei e depois do banho bem demorado, liguei para Stephan.

_ Oi Carol.

_ Oi Steph. Você está ocupado?

_ Não, quer que eu vá ai?

_ Gostaria.

_ Então tá, daqui a pouco eu chego.

Terminei de me arrumar. Coloquei um conjunto de moletom porque o tempo tinha esfriado de novo, e eu não estava nas minhas melhores condições. Desci para a cozinha, pois estava sem comer. Peguei uns nuggets, coloquei para fritar e sentei na sala para assistir a TV e mais uma vez quase os deixei queimar.

Enquanto assistia desenho, eu comia e esperava Stephan. Ele não demorou a chegar. Corri para abrir a porta, e então eu o vi. Fiquei impressionada porque ele estava mais lindo do que antes e isso eu não tinha reparado ainda. Além disso, carregava uma expressão de preocupação.

_ Oi Steph. – Eu disse e o abracei.

Acho que ele se surpreendeu com isso.

_ Oi Ca. – Ele correspondeu o abraço.

_ Entra ai. – Eu disse.

Ele entrou. Eu corri para deixar o copo e o prato na cozinha e subimos para o meu quarto.

Eu sentei na cama e Stephan sentou do meu lado.

_ Você leu a carta? – Ele perguntou.

_ Li.

_ Entende por que não te disse nada?

_ Mais ou menos.

_ Olha Carol, se eu te contasse você ia ficar desesperada, e eu ainda não sei direito o que fazer. Então isso te deixaria mais vulnerável e o risco seria maior.

_ Mas como assim você ainda não sabe o que fazer? – Eu fiquei um pouco histérica.

_ Vou te falar tudo que eu sei, desde o começo. E só me escute, por favor.

_ Tudo bem.

_ Bem, a Anne era uma garota que eu conhecia desde quando era pequeno. Quando criança ela era loirinha, mas à medida que cresceu, seu cabelo escureceu, e até onde eu me lembro, ele era de um tom castanho. Ela tinha os olhos pretos, que nem jabuticabas. Anne sempre foi diferente porque tinha um certo tipo de “poder”. – Ele abriu aspas no ar. – Ela era capaz de juntar almas, mas tinha uma diferença dos outros que também dominavam esse dom; Ela podia juntar a alma de uma pessoa que estava quase morta, com a de quem estava vivo.

_ Mas todo mundo faz isso, não?

_ Não, as outras pessoas só podem juntar a alma de quem já morreu com a de uma pessoa que está viva, ou quase morta. Ou seja, se uma pessoa que estava viva, queria ter a alma de alguém que estava quase morto, só ela poderia juntar.

_ Ta, e onde entra o perigo ai?

_ Por possuir esse poder, Anne era capaz de juntar a alma de um bruxo banido com a de um bruxo vivo. Essa é a parte da história que entra Jason, Carl e Gregory.

_ Quem são esses?

_ Carl Bennett é um dos bruxos mais sedentos de poder do mundo. Ele e Gregory Dixon se desafiaram durante séculos, mas Gregory sempre foi mais poderoso do que todos os bruxos. Porém, Carl se aliou a outros bruxos inferiormente poderosos e com isso conseguiram banir Gregory. Carl começou a pesquisar uma forma de poder absorver os poderes de Gregory, até que descobriu o poder de junção de almas e a única pessoa que poderia fazer isso. Desde então, Jason Price trabalhou a serviço de Carl, procurando Anne, para que ela juntasse as almas dos bruxos. Anne sempre fugiu porque era óbvio que ela não podia fazer o que ele queria. Mas um certo dia, Jason conseguiu capturar Anne e Carl veio até aqui. Ele tinha descoberto que quem matasse a pessoa que possuísse o dom, o absorvia e seria o novo “privilegiado”.

Ele nem precisou terminar de falar para eu entender que agora eu tinha os poderes de Anne e que seria vítima de Carl.

_ Mas, como ela escapou?

_ Eu consegui salvá-la.

_ Você? Como? - Eu disse indignada.

_ Bem, - Ele hesitou por um instante - Eu consegui libertá-la, mas Carl conseguiu me pegar.

_ Oh meu Deus, o que houve contigo?

_ Ele tentou me matar. Felizmente, depois do golpe, eu caí desmaiado e ele acreditou que eu tivesse morrido. Fiquei gravemente ferido, assim como você, e então Anne fez uma junção de almas que me trouxe à vida novamente.

_ E-espera ai. - Gaguejei. - Você também teve a alma juntada?

_ Exatamente.

_ Então você poderia me explicar mais sobre essa história.

_ Eu também não sei quase nada. Eu conto com as cartas, que podem ser que me expliquem algo.

_ Mas vocês não estavam juntos? Ela não te disse nada?

Ele respirou fundo para falar.

_ Quando eu morri, ela fez uma junção de almas. Porém, eu acordei em um hospital da minha cidade natal e ela não estava lá. Depois que recebi alta, viajei para cá de volta e fui procurá-la, e então eu te encontrei.

_ Quer dizer que você não sabe de nada então.

_ Exato.

Ficamos em um rápido silêncio.

_ Então, agora você me perdoa por não ter dito nada antes? – Ele perguntou.

_ Claro que sim.

Nós nos olhamos e então ele me beijou.

O beijo começou leve e cheio de carinho e em segundos se transformou em um beijo intenso e quente. Stephan passou as mãos nas minhas costas, mas eu interrompi. Eu tinha passado por muitas coisas recentemente e não tinha clima para que aquilo acontecesse.

_ Não Steph. Agora não!

_ Tudo bem. – Ele ficou um pouco frustrado, mas foi compreensível.

_Quantas horas?

_ Nossa, está tarde! Preciso ir!

Descemos até a porta. Stephan se virou para mim, olhou nos meus olhos e disse:

_ Não se esquece que eu amo você. – Ele frisou a palavra “você”.

_ Eu também te amo.

Ele me deu um beijo na testa e eu o abracei em seguida. Fiquei lá esperando ele desaparecer nas sombras. Subi para o meu quarto com um sorriso no rosto e dormi rapidamente.


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