Intrusa escrita por Carola


Capítulo 11
A chegada dos pais




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Chegamos a um restaurante de comida italiana que tinha há poucos quarteirões da nossa rua.     

Entramos e procuramos uma mesa reservada na varanda. Continuamos calados e nos sentamos.

Um garçom chegou em nossa mesa.

_ E então, o que vocês desejam?

_ Eu vou querer uma coca.

_ Duas cocas. – Stephan completou.

_ E para comer?

_ Pode ser dois Spaghettis.

O garçom saiu andando e nos deixou a sós.  O restaurante não estava muito cheio, então nossa privacidade era maior.

Fiquei calada e observando o monte Fibs do outro lado.

_ Ei, o que houve?

Não enrolei e fui direto ao ponto.

_ Quem era aquela menina?

_ Que menina?

_ Para de se fazer de idiota. Você sabe que eu to falando da menina da foto.

_ Era minha irmã.

_ Era?

_ Sim, ela morreu há dois anos.

_ Ah, entendi. E por que eu não podia ver a foto?

Ele ficou sem respostas, e foi por isso que desconfiei que aquilo fosse mentira.

_ Em?

Antes que Stephan pudesse tentar responder, meu celular tocou e eu me levantei e fui para fora do lugar.

_ Oi papai.

_ Ei filha, aonde você esta?

_ Estou almoçando naquele restaurante italiano.

_ Ah ta. Só liguei para dizer que vamos chegar daqui a meia hora.

_ Mais cedo?

_ É, nosso vôo adiantou.

_ Tudo bem, daqui a pouco vou para casa.

Voltei para a mesa.

_ Meus pais vão chegar mais cedo.

_ Ah sério? Por que?

_ O vôo adiantou.

_ Ah sim. Então como vamos fazer?

_ Como assim? – Perguntei bem na hora que os pratos chegaram.

_ Desejam algo mais? - Perguntou o garçom.

_ Não, obrigada. 

_ Bom apetite. – garçom saiu andando e nos deixou a sós novamente.

_ Aonde estávamos mesmo? - Eu perguntei.

_ Falando se você vai querer que eu me apresente para os seus pais antes do jantar.

_ Você quem sabe. – Dei uma garfada no macarrão.

_ Você não prefere que seja surpresa?

_ Pode ser. Mas me conta qual vai ser o cardápio!

_ Não senhora. – Enfim ele comeu o macarrão.

_ Nem vou insistir porque já sei que vou perder. – Dei outra garfada no macarrão.

Continuamos comendo em silêncio e eu preferi deixar o assunto da irmã dele para uma ocasião com menos emoções.

Ao terminar o almoço, nos levantamos e fomos em direção ao caixa.

_ Ah, palha italiana! Eu adoro! – Eu disse com muita empolgação.

_ Quer uma?

_ Quero.

Peguei minha palha italiana, Steph pagou a conta e fomos embora. Enquanto andávamos devagar pela calçada, um vento brincava com meus cabelos. Estávamos um pouco perto da praça da rua, quando Stephan parou, me segurou pelo braço, e me deu um abraço apertado. O vento rodopiou ao nosso redor. Ele me deu um beijo na testa.

_Você não faz idéia de como você me acalma. – Eu disse.

_ E você não faz idéia de como eu te amo.

Eu dei um sorriso e ele respondeu com outro sorriso lindo.

_ Eu tenho certeza de que você não me pega. – Falei e sai correndo pela praça.

_ Ei, você saiu com vantagem. – Ele gritou e começou a correr atrás de mim.

Quando Stephan conseguiu me alcançar, caímos na grama e ríamos como duas crianças. Ele me fez cócegas. Eu ri até a hora que levantei os braços para empurrá-lo e minha manga desceu. Eu vi as feridas e me lembrei de tudo.

Stephan estranhou a minha mudança repentina e então perguntou:

_ O que houve Carol?

_ Nada. – Disse enquanto arrumava as mangas e sentava. – Vamos embora?

_ Então ta, vamos.

_ Não, acho melhor eu ir sozinha, e ai você não corre o risco de ser visto.

_ Tem certeza?

_ Absoluta.

Levantei, dei um selinho em Stephan, virei as costas e fui embora.

Acelerei o passo por que pretendia chegar em casa antes dos meus pais. E quando estava abrindo a porta de casa, ouvi um barulho de carro e quando olhei, eram meus pais.

Minha mãe desceu enquanto meu pai estacionava. Sai correndo e a abracei bem forte.

_ Mamãe! Que saudades de você. 

_ Oi minha filha, também morri de saudades.

Eu era super parecida com minha mãe. Ela também tinha os cabelos ruivos, naturais, e eles eram gigantes. Quando eu digo “gigantes” quero dizer que os cabelos batiam no quadril da minha mãe. Ela também tinha a pele clara e algumas sardinhas no rosto. Seu olho e sua altura eram as únicas coisas que eu não havia puxado. Eu tinha olhos verdes, e os dela eram azuis. Ela tinha 1,75 de altura, e eu, apenas 1,65. Minha mãe era Loren Heather Williams, uma grande advogada de acusação.

Meu pai terminou de estacionar o carro, desceu e veio em nossa direção. Sai correndo e pulei nele.

_ Papai! – Dei um grito enquanto ele me rodava.

_ Ei meu anjinho! – Ele disse.

Meu pai era lindo! Tinha os cabelos pretos, olhos verdes e os músculos definidos. Era apenas 10 centímetros maior que minha mãe, e um pouco mais moreno. Se chamava Fred Graham Williams e era administrador da bolsa de valores de New York.

Meus pais eram ótimos pais, e mesmo assim eu não podia contar-lhes o que havia acontecido durante a ausência. O que iam pensar? Com certeza achariam que eu estava louca.

_ Ei, vamos entrar, tenho uma coisa pra contar! – Eu disse muito ciente de que essa coisa nao envolvia minha "quase morte".

Entramos e sentamos no sofá. Antes que eu pudesse disparar a falar, meu pai deu o sinal para que eu pudesse esperá-lo falar primeiro.

_ Trouxemos um presente para você!

_ Sério? – Fiquei completamente surpresa.

_ Sim filha. – Minha mãe disse, levantando e pegando um embrulho rosa que eu não havia reparado. – Toma, é seu.

Peguei e abri loucamente, na curiosidade de saber o que era. E para minha surpresa, era um vestido lindo. Tinha pedras enfeitando todo o corpete. Era uma espécie de bege rosado. Lindo. E era longo.

_ Seu baile de formatura está chegando querida, e como não sabemos se vamos estar aqui, ja te presenteamos. – Disse meu pai.

Eu fiquei encantada com o vestido e chateada porque talvez meus pais não me veriam formar.

_ Obrigada, é lindo! – Eu abracei meu pai, e logo em seguida minha mãe, sem demonstrar o meu descontentamento com a possível ausência. – Então, hoje a noite já temos um lugar para jantar.

_ A é? Posso saber que lugar é esse, senhorita? – Ele disse enquanto sentava no sofá e me olhava de um jeito desconfiado.

_ Na casa de um amigo.

_ Não me diga que é o mesmo rapazinho que atendeu o telefone.

_ Sim pai, é ele!

_ Huuuuuum. – Meu pai fez aquela cara de "eu sei que vocês estão se gostando".

Revirei os olhos.

_ Era só isso que eu tinha para falar.

_ E que horas é esse jantar? – Perguntou minha mãe.

 _ As oito.

_ Ok.

Subi para meu quarto para descansar, e meus pais fizeram o mesmo.

Em vez de descansar, fiquei observando as feridas. Passei os dedos lentamente sobre cada uma. Nenhuma doeu, exceto a que estava no meu braço e mais perto do coração. Estranho. Todas as outras já estavam praticamente cicatrizadas, e essa única ferida não.

Parei de observá-la, deitei e permaneci olhando as estrelinhas pregadas no teto. Acabei adormecendo.

Acordei com minha mãe batendo na porta.

_ Carol, já são quase 7:30! Acorda.

_ Ahn mãe, só mais 5 minutinhos.

_ Vamos nos atrasar para o jantar!

Dei um pulo da cama.

_ Caramba, o jantar! – Berrei. – Ai meu Deus, com que roupa eu vou?

Comecei a correr pelo quarto em busca de alguma roupa, e dessa vez, tinha que esconder as malditas marcas.

Corri para o banheiro e tomei um barro rápido. 

Acabei escolhendo uma blusinha de manga e de malha fina. Coloquei um short e uma meia por baixo, assim as feridas da perna não apareciam. Peguei uma bota, com salto alto, e calcei. Arrumei o cabelo rapidamente, passei uma make básica e sai correndo escada abaixo.

Meus pais ja estavam na sala, e com cara de quem esperou demais.

_ Você demora demais Carol. - Meu pai disse completamente entediado.

_ Ih pai, deixa de ser implicante!

_ Vamos? – Minha mãe interrompeu antes que meu pai pudesse retrucar.

_ Vamos.

Saímos e fomos a pé mesmo, afinal, Stephan não morava tão longe assim.


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