- Will! – foi a primeira coisa que Alice conseguiu gritar depois que Melinoe foi embora.

Ela correu até ele o mais rápido que pode. Ele segurava o ferimento com as próprias mãos, mas ainda perdia muito sangue. Alice estava desesperada não tinha o que fazer, ela não era boa em curar ferimentos e sangue a deixava nauseada, pensar em perder Will era o pior, ela não era o pior, ela não podia deixá-lo morrer. Lágrimas rolaram pelo seu rosto.

- Will, por favor! Não morra, eu te proíbo! – gritou Alice.

Will conseguiu sorrir e Amber ajoelhou-se ao lado de Will. Ela tirou néctar e ambrosia da mochila, deu a Will e depois tirou da mochila bandagens para fechar o corte. Will tentava ajudá-la, mas ainda estava fraco demais.

- Pronto, agora descanse! – mandou Amber – Vamos deixá-lo um pouco, Alice.

Alice assentiu e Amber a levou até onde Anna e Duda estavam Alice ainda chorava.

- O que foi aquilo? – disparou Anna.

- Aquilo o que? – perguntou Amber.

- Você em um momento está toda legal ajudando a gente, depois nos deixa em uma armadilha, então você simplesmente volta e nos livra de Melinoe e ajuda Will! – disse Anna.

- Me desculpem sinceramente – pediu Amber – Eu não queria que chegasse a tanto.

- Mas você ainda não explicou o porquê das mudanças de comportamento! – disse Duda.

- Eu... Eu estava sendo mandada por Cronos, ele me dizia o que fazer e pediu que eu os trouxesse para cá – explicou Amber – mas eu não sabia que Melinoe iria ser tão horrível, achei que ela iria assustá-los, mas só!

- Ah, mas que ótima amiga nós temos! E agora o que vai fazer? – perguntou Anna.

- Eu vou ajudá-los, mas dessa vez, de verdade! – disse Amber.

- Como vamos saber? – questionou Duda.

- Eu não acabei de salvar Will e contar tudo a vocês? – berrou Amber, seus olhos ficaram marejados – Eu não agüento mais isso!

- Acredito em você – disse Alice.

- O que?! – disseram Duda e Anna ao mesmo tempo.

- Acredito nela. Eu conheço Amber desde sempre! Somos amigas de verdade, saberia se ela estivesse mentindo sobre isso – disse Alice.

- Obrigada – murmurou Amber.

- Agora vamos logo! – disse Alice.

Ela foi até Will e lhe explicou tudo. Alice o ajudou a se levantar e ele se apoiou nela para andar. Os cinco foram em direção ao Tártaro, onde Alice gostaria que Cronos ainda estivesse.

Finalmente, Amber avisou que estavam chegando, ela os levou para um lugar que descia, logo estavam na beira de um abismo enorme, Alice nem podia imaginar onde seria o fim daquilo. Logo que chegaram, perceberam que não estavam sozinhos. Alice virou-se e viu um belo garoto de olhos verdes olhando para eles, o garoto sorria e parecia achar tudo aquilo muito divertido.

- Ora, não esperava que vocês realmente chegassem aqui – ele riu, mas depois olhou sério para Amber – Afinal, esse era o seu trabalho, não lindinha?

- O plano mudou Ian! – disse Amber – Não estou mais do seu lado!

- Interessante você dizer isso, afinal já é um pouco tarde, não é? – riu Ian.

- Nunca é tarde demais! – gritou Amber – Vamos impedir Cronos! Disso eu tenho certeza!

- Então reveja seus conceitos, garota! – disse Ian – Não há mais Cronos aí embaixo!

- O que quer dizer com isso? – Alice reuniu forças para falar.

- É isso mesmo que você ouviu! – disse Ian – O tempo acabou semideuses, não têm mais chances de vencer!

Alice não estava entendendo mais nada, como Cronos poderia ter fugido do Tártaro? Era impossível! Aquele garoto só podia estar delirando, não era algo nem que se pudesse pensar! Mas antes que Alice ou qualquer um pudesse falar ou fazer algo, Luise, Max, Emily e uma garotinha que Alice não conhecia saíram de trás de um amontoado de pedras.

- De onde vocês saíram? – perguntou Anna, assustada.

- Nós viemos ajudar! – disse Luise, ela parecia determinada.

- O que? Como chegaram aqui tão rápido? Vocês deviam estar naquela droga de navio e não aqui! – gritou Ian.

- Mas o que? Ian? Agora eu estou confusa! O que você faz aqui? – perguntou Emily.

- Espera! Então era você? – perguntaram Alice e Luise, lembrando-se de seus sonhos.

- Eu o que? – perguntou Ian, agora era a vez de ele ficar confuso.

- Era você que aparecia em meus sonhos, quase toda noite! – disse Alice.

- Espera um pouco aí! Você sonhava com ele? – Will perguntou para Alice.

- Não esse tipo de sonho, Will! Eu sonhava com esse lugar! Ian estava sempre conversando com uma voz – contou Alice – mas eu nunca tinha visto ele, portanto não sabia quem era.

- E meu Ba vinha todas as noites para cá, mas não pude reconhecê-lo, não conseguia ver seu rosto – disse Luise.

- Então você é o tal desleal da Profecia? Mas desleal por quê? – perguntou Duda.

- Porque ele traiu os amigos, e ajudou Luke a reerguer Cronos, e eu tinha que ajudá-lo – revelou Amber.

- Como pode Ian? Éramos amigos! – disse Max.

- Amigos? Vocês achavam que eu era amigo de vocês, eu nunca disse que era – disse Ian com um sorriso perturbador.

- E pensar que eu achava você bonito! Bom, ainda é, mas não acho mais do jeito que eu achava! – disse Emily, todos olharam para ele meio confusos.

- Hã, tá. O que importa é que nunca poderão impedir o que vai acontecer, Amber sabe disse, não? – disse Ian.

- Amber? O que vai acontecer? Eu não estou gostando nada disso! – disse Alice.

- Cronos está nesse momento se reerguendo no Monte Ótris, ele tem um ‘novo corpo’, não creio que cheguemos a tempo, me desculpem! A culpa é toda minha, eu criei aquela coisa toda com Melinoe – desculpou-se Amber.

Alice não conseguia acreditar, eles chegaram tão longe! E fracassaram? Não podia ser! A Profecia falava sobre sucesso, e agora fracassariam? A raiva tomou conta dela. Alice soltou Will, que quase caiu, sacou uma adaga e correu na direção de Ian. Como ele foi pego de surpresa não teve muito tempo para reagir e Alice o encostou numa pedra enorme e segurou a adaga contra o pescoço do garoto, isso apagou o sorriso do rosto de Ian.

- O que vai fazer, hein? Matar-me? Pelo que escutei você não tem coragem para isso! – provocou Ian.

- Pode até ser, mas abro uma exceção hoje – disse Alice, ela apertou a adaga um pouco mais contra Ian, um filete de sangue escorreu pelo pescoço do garoto.

- Alice, pare! – gritou Will – O que está fazendo? Matá-lo não vai fazer com que Cronos volte para o Tártaro!

Alice respirou fundo e soltou Ian, ele limpou o pescoço com a própria camisa e olhou para Alice com um olhar diferente, com medo talvez, ou algo semelhante. Will conseguiu andar até Alice e pegou a adaga de suas mãos.

- Você não está nada bem, eu fico com isso aqui por enquanto, sua espada não vai matá-lo, pois é de bronze celestial – disse ele, Alice assentiu.

- Ian encare os fatos, você está totalmente em desvantagem, não vai querer lutar contra nós, porque será nove contra um, e Alice está bem mortífera hoje – disse Anna, sorrindo.

- Se eu tivesse no seu lugar estaria de joelhos pedindo piedade! – disse Duda.

- Esperam que eu faça isso? Pois vão morrer esperando! Não vou me render assim tão fácil! – disse Ian.

- Então vai ter uma espada atravessada em você – disse Amber girando a espada.

- Suas armas não vão me ferir, é bronze celestial! – ele disse.

- Não, isso é ferro estígio, talvez não mate você, mas eu vou adorar testar! – disse Amber.

- Ora, o garoto já disse, o que vão ganhar me matando? Não vão me matar, além do mais estamos em uma posição injusta, nove de vocês contra apenas eu – observou Ian.

Naquele momento Ian gritou e foi puxado pelos pés e deixado de cabeça para baixo, como se mãos gigantes invisíveis o pendurassem. Ninguém sabia o que estava acontecendo, até que a garota que Alice não conhecia se aproximou com um das mãos erguidas.

- Não vamos matá-lo, mas podemos convencê-lo a ir embora ou nos acompanhar – ela disse e abaixou a mão com rapidez, Ian caiu no chão com força.

- Isso foi incrível! – elogiou Luise – Ele não vai sentar por umas três semanas! Silver deixe o comigo agora.

A garotinha, Silver se afastou e Luise se ajoelhou ao lado de Ian, que gemia pela dor causada pela queda.

- Ian, aqui vai o que acontecerá: você vai nos dizer onde Cronos está depois vai ir ao 14º nomo, pegar suas coisas em minha casa e sumir de lá, você faz isso ou ai teremos que usar a adaga de Alice e espada de Amber – ameaçou Luise.

Ian sentou-se fazendo careta e massageou as costas e depois ficou de pé, Luise levantou-se também, ele chegou perto de Luise e disse algo para que só ela escutasse depois a empurrou e convocou um cajado e uma varinha em forma de bumerangue. Luise ainda caída devido ao empurrão fez o mesmo, mas Silver foi mais rápida e fez o cajado de Ian flutuar para longe, foi parar com Anna e Duda.

- O que? Não pode fazer isso, garotinha! – gritou Ian e apontou a varinha para Silver, Luise falou um comando que Alice não entendeu e Ian foi lançado longe. Alice aproveitou a distração de Will e pegou a adaga da mão dele, assentiu para Amber e as duas correram para Ian. Amber tirou a varinha das mãos dele e as duas apontaram as armas para o peito de Ian.

- Ok! Eu me rendo – disse ele.

Amber e Alice sorriram. Amber deu a varinha para Alice e pegou uma corda de sua mochila, não era uma corda grande, era bem pequena e amarrou as mãos de Ian, ele fez cara feia.

- Isso é realmente necessário? – ele perguntou.

- Não, mas eu vou ia fazer de qualquer jeito. – respondeu Amber.

- Agora Ian, onde Cronos está? – perguntou Luise.

- Ela já disse – ele apontou para Amber – No Monte Ótris, mas não vão chegar lá!

- O Monte Ótris é agora no Monte Tamalpais, mas ainda é muito longe! – disse Will.

- Então vamos novamente pelo Labirinto! – disse Max.

- Labirinto? – perguntou Duda.

Luise explicou como chegaram vindo pelo Labirinto de Dédalo comandados por Silver que via através da Névoa bem melhor, e que eles poderiam usá-lo para chegar ao Monte Ótris.

 - Eu também não sou afetada pela Névoa, acho que eu devia tentar mandar uma Mensagem de Íris para Quíron enquanto o resto vai com Silver – sugeriu Amber – A Mensagem de Íris é para alertá-los sobre Cronos.

- Ótima ideia, eu vou com você e os outros vão até o Monte Ótris – disse Luise, Amber concordou.

- Não! Luise, você prometeu não me deixar sozinha! – disse Silver.

- Eu sei, mas nós vamos nos ver assim que vocês saírem do Monte Ótris, não se preocupe – disse Luise.

- Está decidido, não podemos perder tempo! Vamos! – gritou Emily.

Todos entraram no Labirinto e Amber, Luise e Ian foram para uma direção, deixando os outros guiados por Silver irem para o Monte Ótris.