Luise foi acompanhada da mulher-cobra para onde estavam seus amigos. Eles estavam em um dos quartos do navio, que tinha aparência de um navio de cruzeiro. O quarto era espaçoso e Max e Emily estavam confortáveis e conversando. Quando Luise entrou, eles ficaram em silêncio.

– O que houve? – perguntou Max – Está com uma cara estranha...

– Ele tem uma cara estranha – comentou Emily.

– Cale a boca! – respondeu Luise – Luke praticamente nos deu uma sentença de morte.

– Como assim? – perguntou Emily.

Luise contou a eles o que Luke disse e como ela teve que mentir sobre os semideuses na Flórida.

– Você é louca? – explodiu Emily – Não há nenhum semideus na Flórida e você vai e diz que lutamos com alguns lá?! Arranjasse algo melhor!

– Oh, desculpe se eu estava sendo ameaçada por um garoto e tive que arrumar uma desculpa sozinha! – Luise defendeu-se.

– Deixa pra lá! – disse Emily – Como vamos fazer com que esses magos desistam de lutar contra nós?

– Eu tive uma ideia – disse Max – E se, durante o treinamento, nós conversássemos com eles e os convidássemos para uma “festa”, que na verdade é uma reunião para expormos que eles não estão lutando para Apófis, e sim para Cronos!

– Não é a melhor ideia, mas podemos pensar no seu caso – disse Emily.

– Acho melhor não discutirmos isso aqui – opinou Luise – E se tiver câmeras ou escutas nesse quarto?

– Nesse ponto você tem razão, mas eu acho...

Emily foi interrompida por Luke, que naquele momento entrou no quarto e fechou a porta atrás de si em seguida.

– Vim avisá-los que uma equipe foi enviada até os arredores da Flórida para procurar os semideuses que você mencionou – ele informou.

– Só isso? – perguntou Luise – Então até mais, porque precisamos dormir um pouco.

– Não, só mais uma coisa – disse Luke – Eu ainda não sei o nome de vocês e...

– Eu sou Luise, ele é Max e essa é Emily, prazer e boa noite! – disse Luise, impaciente, não gostava da presença de Luke.

– Ok, não me querem aqui! – ele disse – Eu vou indo, mas não se esqueçam que amanhã vocês têm treinamento!

Luke sorriu e se despediu Luise definitivamente não gostava dele, algo em seu jeito, até nos olhos dele, ela decidiu não confiar nele em hipótese alguma. Quando finalmente dormiu, seu Ba fez a viagem que sempre faz quando ela não usa seu travesseiro normal, ela viu a mesma coisa que vê há algum tempo: um menino, que ela não consegue ver o rosto, na beira de um abismo conversando com uma voz que vem de lá, mas desta vez a voz parecia estar se despedindo dele, disse que talvez não estivesse mais lá quando ele voltasse.

Luise acordou, como sempre meio assustada, se lembrou de onde estava e todo seu ânimo se esvaiu. Os três saíram da cabine e foram tomar café. Logo após houve um comunicado de que a equipe enviada atrás dos semideuses na Flórida estava voltando e todos precisavam ir para o convés.

– Mas eles já voltaram? – perguntou Emily.

– Pois é, seremos executamos agora, no convés, na frente de todos – disse Luise.

Quando chegaram lá, todos os monstros, magos, semideuses e tudo que tinha naquele navio estavam reunidos. Luke saiu de sua cabine parecendo muito satisfeito, ele sorriu para Luise e se dirigiu para a multidão.

– A maga Luise estava dizendo a verdade, portanto ele e seus amigos viverão! – ele anunciou.

Luise trocou olhares nervosos com Emily e Max, se eles não iriam ser mortos, eles realmente acharam semideuses na Flórida? Que infeliz coincidência!

– Tragam-na! – ordenou Luke para dois monstros que entraram na cabine – Uma semideusa foi encontrada realmente, e se o grupo – ele apontou para Luise, Max e Emily – a reconhecer, ficaram com ela e a ajudaram a seguir nosso caminho, e não o dos deuses!

Naquele momento os monstros saíram da cabine trazendo uma menina de uns 10 anos, cabelos dourados como ouro, olhos de um verde intenso e bochechas rosadas, parecia uma boneca, se não fosse a expressão assustada.

– Diga garotinha, qual seu nome? – perguntou Luke.

– Silver – ela respondeu baixinho.

– Silver! E você foi reclamada?

– Minha mãe é Hécate! – Silver respondeu dessa vez bem alto.

– Magnífico – disse Luke com um sorriso. – Luise, você se lembra dessa garota?

– Sim, sim, foi ela que encontramos – Luise decidiu que queria proteger a garotinha e queria tirá-la de lá o mais rápido possível.

– Ótimo! – exclamou Luke.

Luke disse alguma coisa para Silver e ela foi andando na direção de Luise, quando ela finalmente a alcançou, Luise a levou para a cabine, Max e Emily foram em seguida.

Quando chegaram, Silver correu para uma das camas e começou a chorar, Luise sentou-se ao lado de Silver.

– Sabia que seu nome quer dizer prata? – ela perguntou, Silver levantou a cabeça e assentiu ainda com lágrimas no rosto.

– Meu pai dizia isso pra mim, ele tem uma joalheria e quando tinha algo novo de prata ele me dizia isso – ela respondeu.

– Devia ser legal, mas o que você estava fazendo fugindo na Flórida? – perguntou Emily se aproximando.

– Eu estava correndo dos monstros – Silver respondeu – Eles entraram na loja do meu pai e começaram a me procurar, papai me mandou fugir e eu fugi.

– Você morava na Flórida? – perguntou Luise.

– Não, na Georgia – ela respondeu.

– E você fugia sozinha? – espantou-se Emily.

– Sim, eu não tinha ninguém pra me ajudar – Silver respondeu triste – Naquele dia, papai disse que eu tinha sido reclamada e que minha mãe era uma deusa.

– Então os monstros apareceram – completou Emily, Silver assentiu.

– Os monstros disseram que minha mãe estava do lado de Cronos e eu tinha que estar também – ela contou – Mas meu pai disse o que Cronos ia fazer e eu não quero que aconteça isso!

– E por isso os monstros perseguiram você – adivinhou Luise.

Silver voltou a chorar e Emily foi falar com Max, Luise continuou com Silver, tentando acalmá-la, pegou uma escova e começou a escovar os cabelos de Silver, a menina sentou e parou de chorar um pouco, ela e Luise começaram a conversar e Silver sentiu-se mais segura. Foi aí que Luise decidiu que iria proteger Silver e não deixaria nada acontecer a ela.