Por Detrás do Livro.

As Novidades.

— Mas então... — Estavamos todos sentados no sofá da sala da casa do loiro. Os pais dele não estavam lá, pelo jeito. — Como se conheceram? — Sakura nos encarou, esperando a resposta, ao qual prontamente esperei que Naruto respondesse.
 

— Foi no primeiro dia de aula da Hina. — Ele olhou para mim, e sorriu de uma maneira que só eu percebi: Era falso. — Ela estava perdida e eu a ajudei, não é Hina?
 

— S-Sim. — Praguejei a mim mesma por ter gaguejado.
 

— Anh... Sakura... Você sabe onde fica a cozinha, pode ir pegar uma bebida na geladeira?
 

— Por que você mesmo não pega? É a sua casa, afinal. — Eu olhei para o loiro, tentando entender o que ele queria com aquilo.

— Vai lá, Sakura. Para de ser tão preguiçosa.
 

— Eu vou então. Mas vou só porque a Hinata pediu. — Arqueei a sombrancelha, eu não havia pedido nada.
 

Assim que Sakura saiu do comôdo, Naruto se sentou no lugar dela - Ao meu lado - e se virou para mim, antes claro, de se certificar que a rosada demoraria para voltar.
 

— Hinata, se quisermos convencer ela, terá que mentir melhor.
 

— Mas o que eu faço?
 

— Não gagueje, e não a olhe diretamente nos olhos, Sakura sabe quando uma pessoa mente se a encarar. — Ele suspirou. — Acredite, eu sei.
 

— Mas... Por que temos que mentir para ela?
 

— Por que? Hinata, quer que nossa amiga. — Ele grifou a palavra 'nossa' — Saiba que seus grandes amigos, mal se falam?
 

— Não, eu não quero. — Admiti, temendo decepcionar ela.
 

— Por isso mesmo. — Ele voltou para o seu lugar. — Não gagueje. — Com o último aviso, a garota voltou a sala trazendo consigo uma bandeja com 3 copos de sucos.
 

— O que estão cochichando? — Entregou as bebidas, e voltou ao lugar que estava sentada.
 

— De como você está mais bela do que nunca, minha flor. — Nós duas encaramos o loiro, eu pensando em como ele era um galanteador barato, e Sakura com a expressão de tédio.
 

— Onde estavamos mesmo? Ah sim! Depois que se conheceram... — Estimulou para que continuassemos a história.
 

— Depois que nos conhecemos, nos tornamos grandes amigos. Não é Hinata? — Respirei fundo e contei mentalmente antes de responder.
 

— É verdade.
 

— Grandes amigos?
 

— Os melhores.
 

— Hm... Então me diga, Naruto, você sabe de tudo sobre a Hinata, e a Hinata sobre você, certo? — Me perguntava onde ela queria chegar.
 

— Mas é claro, Sakura! E nem adianta ficar com ciúmes. — O loiro se limitou a rir.
 

— Que isso... Hina. — A encarei, esperando que continuasse. — Me conte uma de suas aventuras com o Naruto. — Arregalei os olhos, e procurei ajuda ao rapaz.
 

— Anh... Deixe-me lembrar. — Menti. — Acho que a mais recente, é a que fomos...
 

— Que fomos em uma festa, e nos trancaram no armário. — Naruto respondeu mais rápido, como se fosse a mais pura verdade.
 

— Verdade? E o que aconteceu?
 

— Bem, a Hinata começou a ficar desesperada já que tem aquela doença de ficar trancada em lugares fechados e...
 

— Você tem Cleitrofobia? — Me perguntou supresa. — Não me lembro disso quando éramos pequenas.
 

— Pois é, eu tinha vergonha de admitir. — Bati meus dedos. Era uma mentira sem tamanho, mas se eu discordasse, o plano iria buraco a baixo. Ainda tentava engolir que Naruto estava mentindo sobre uma coisa tão séria.
 

— Ah... — A rosada me encarou, mas eu desviei o olhar dela para um ponto qualquer no chão.
 

— Como eu ia dizendo... — Pigarreou. — Ela ficou desesperada e desmaiou, então a levei para casa. Fim.
 

— Naruto, essas são suas aventuras recentes? — Deu uma risada de leve. — Você era bem mais encrenqueiro quando mais jovem.
 

— As pessoas mudam, Sakura. — Sorriu de leve.
 

— Tem razão, e eu quero saber o que há de diferente em vocês dois.
 

— Opa, opa, opa, vamos ficar falando só da gente agora? Conte como foi sua vida nos últimos tempos.
 

— Contarei depois. — Pronunciou fatalmente. — Hina... Me conte você...Um segredo do nosso querido loiro. — Gelei.
 

— Mas o que... — Tentou dizer.
 

— Você por acaso se chama Hinata? Não, então cale a boca.
 

— Olha, Sakura. Se é segredo, eu não devo contar.
 

— Só um. — Pediu meiga. — Naruto não esconde nada de mim.
 

— Muito bem. — Suspirei e a olhei — Eu não devia contar isso mais... Ele usa toda segunda-feira uma cueca com estampa de sapinhos.
 

Os dois me encararam. Antes da Sakura cair na gargalhada.
 

— Eu não acredito! — Pronunciou-se rindo.
 

— Vamos parar de rir da minha cara, ok? — Murmurou birrento.
 

— Ok.
 

Continuamos a conversar sobre coisas do dia-a-dia. Confesso que eu falava menos que eles, estava distraida, observando que na sala, havia apenas uma foto: Naruto, Sakura e Sasuke abraçados quando menores.

Havia um brilho no olhar do rapaz da sala que não estava presente hoje. Era tão juvenil, alegre, parecia estar feliz naquele momento, mas nesse, não.
 

— Ele... Quis saber algo sobre a minha chegada? — Voltei meus ouvidos à conversa.
 

— É ele. Simplesmente ele. O que acha? — Naruto ficou sério por um tempo. — Não ligue para isso.
 

— Não. — Pude perceber por um certo momento, decepção na voz da minha amiga. — Não importa. — Sorriu levemente. — Eu não me importo se ele não quer saber.
 

— De quem estão falando?
 

— Anh... Eu não sei se você conhece...
 

— Sasuke, Hina. Lembra-se dele? — Qualquer pessoa da escola lembraria de Uchiha Sasuke.
 

— Sim. Você... — Encarei a rosada que assentiu.
 

— Você o quê? — Perguntou, perdendo a nossa conversa mental.
 

— Nada garoto! Credo, como é curioso. — Se levantou. — Eu vou tomar um banho e ir descansar um pouco, se vocês não se importarem. Hinata, vamos sair juntos outra hora, tudo bem?
 

— Claro, Sakura. — Sorri para ela, vendo-a subir as escadas e virar o corredor. — Ela vai ficar por aqui?
 

— Pois é. — Se levantou também e foi até a porta. Entendi isso como um convite para ir embora.
 

— Como manteremos essa mentira? — Perguntei, já do lado de fora.
 

— Relaxa, eu sou o mestre nisso. Agora... — Se aproximou mais e mais. Senti meu coração sair pela boca quando o calor do seu corpo ficou bem perto do meu. — Boa noite. — Deu um beijo estalado em minha testa e adentrou de volta a residência.
 

Fiquei intacta por um tempo, antes de voltar para a minha casa. Havia esquecido de tudo, das horas, do carro, até mesmo de Hanabi.
 

Entrei em minha casa e deparei com uma cena nada agradável.
 

Meu pai, e aquela mulher nojenta aos beijos no sofá. Corri até as escadas e bati a porta do quarto, ouvindo ele gritar que Hanabi dormiria na casa da amiga.
 

Sorte a dela.
 

Não entendo como Hiashi gosta tanto de uma mulher que claramente só quer seu dinheiro. Desde que ela apareceu, Hanabi e eu praticamente não vemos mais nosso pai em casa, nem que seja para nos dar sermão.

Suspirei, trocando minha roupa - para um pijama verdinho - e pulando na cama, olhando o teto.
 

Mal percebi que adormeci e acordei as 23:00 horas com o barulho de alguém batendo na minha janela.

Me apavorei na hora, agarrando fortemente os cobertores.
 

— Hinata. — Ouvi uma voz conhecida me chamar, me aproximei mais da janela e dei de cara com o loiro. — Abra a janela antes que eu caia.
 

Não respondi, só abri e deixei que ele entrasse.
 

— Estava dormindo? — Olhou para mim e deu um meio sorriso.
 

— Estava sim. — Cocei o olho. — O que faz aqui?
 

— Nosso plano tem um falha. — Franzi o cenho, sentando na cama e vendo-o fazer o mesmo.
 

— E qual seria?
 

— A Escola.
 

— Oh. O que faremos?
 

— Bem, você terá que mudar um pouco a sua rotina. Primeiro que agora irá comigo à escola. Te pegarei as 7:00 todo dia.
 

— Mais a escola começa as 7:00, chegaremos atrasados.
 

— E...?
 

— E eu não vou chegar atrasada. — Bati o pé (não literalmente) sobre esse assunto, só por causa de um mentira, eu não deixaria de viver do meu jeito.
 

— Tudo bem, tudo bem. Eu te pegarei as 6:30. — Assenti satisfeita. — E você andará com o meu grupo. — Senti um frio na espinha naquele momento. O. Grupo. Do. Naruto. O grupo mais popular de toda a escola!
 

— Eles não vão aceitar. — Sussurrei sem confiança.
 

— Hey, eles não tem que aceitar. Eles vão ter apenas que acreditar. Se conseguirmos covencer todos que somos amigos, então teremos eles comendo na palma da nossa mão.
 

— Não acha que estamos indo longe demais para fazer Sakura acreditar?
 

— E quem disse que é apenas para Sakura? — Murmurou distante. — Minha divida já está paga agora. — Se levantou, voltando para perto da janela.
 

— Espere! — Segurei seu pulso, o virando para me encarar. — Divida?
 

— Hinata. Você diz que sua vida escolar é um inferno por minha causa. Desse jeito, sua 'vida' vai ser como 'devia' ser. Mataremos dois pombos em uma cajadada só. Entendeu?
 

— Eu não irei discutir com você sobre isso... Ainda. Outra coisa. Não brinque com fobias.
 

— Anh?
 

— Sobre a Cleitrofobia que você disse que eu tinha. Essas coisas são sérias.
 

— Por que está dizendo isso?
 

— Porque... Porque eu tenho. — Desviei de seu olhar penetrante.
 

Naruto ficou em silêncio por um tempo antes de falar.
 

— E qual é?
 

— Não é qual, é quais. — Sentei na cama novamente, me sentindo uma fraca. — Hadefobia: Medo do inferno; Contreltofobia: Medo de abuso sexual; Disabiliofobia: Medo de se vestir na frente de alguém e por último, Autofobia: Medo de ficar sozinha. — Senti certas lágrimas quererem teimar em cair, segurei um soluço e virei o rosto para baixo, inutilmente tentando aparentar que não estava chorando.
 

— Sabe... Eu também tenho uma fobia. Na verdade, eu tinha duas, mais uma eu superei. Eu tinha medo de beijar. — Sorriu — Ridiculo eu sei, mas superei essa fase...
 

Estava esperando ele falar seu segundo medo, mais ele ficava em silêncio. Levantei levemente a cabeça, limpando as lágrimas.
 

— Q-Qual seu segundo medo? — Vi ele respirar fundo.
 

— Medo de envelhecer. — Me encarou. — Eu não quero envelhecer e depois morrer... Espero que entenda que era preciso mentir sobre aquilo, Hinata.
 

Eu não respondi mais nada, ficamos apenas nos encarando. Tenho certeza que minha face estava corada, mais não me importei, não queria quebrar aquele contato visual que estavamos tendo.

— Aaaah...Mais r-rápido! —Um gemido nem um pouco discreto foi escutado do lado de fora do quarto, arregalei os olhos, enquanto batia em minha própria testa.
 

— Isso está vindo daqui? — Perguntou o loiro um tanto presunçoso.
 

— Sim, meu pai deve estar com aquela... Aquela idiota. Ainda bem que Hanabi não está aqui.
 

— E estão transando. — Corei. — Esses adultos de hoje não tem respeito mesmo. Só mais uma coisa. — Ele pegou um objeto no bolso e jogou para mim. — Coloquei aquele carro que você lavava na garagem, você tinha deixado a chave na minha casa. Toma mais cuidado, hein.
 

— Havia esquecido totalmente! — Exaltei. — Obrigada! — O encarei, percebendo que já estava prestes a pular.
 

— Hina. — Me chamou distante, antes de virar a cabeça em minha direção. — Você nunca estará sozinha. — Sorriu e pulou.
 

No mesmo instante, eu corri para a janela, já o vendo caminhar com as mãos no bolso até a própria casa.
 

Fiquei com aquela frase na cabeça enquanto arrumava tudo para dormir de novo.

E finalmente cai nos sonhos com a sensação de que eu era importante para Naruto.