Por Detrás do Livro.

Brincadeira de Criança.

'' – É melhor correr, Mitsashi! – O moreno exclamou, ao ser atingido por uma bexiga cheia de água.

Sua camisa bege fora totalmente molhada pela excelente mira da garota atrás de si.

Neji não pensou duas vezes, pegou um balde também cheio de água e começou a correr atrás da morena que ria alto.

Estavam lavando o carro ao som de uma banda de rock alternativo quando sua namorada teve a brilhante ideia de começar uma guerrinha pessoal.

Quarenta minutos depois, os dois estavam deitados no chão de cimento da garagem, ao lado do carro, absurdamente molhados e cansados.

– Eu ganhei. – TenTen pronunciou-se respirando fundo, sentando com as pernas cruzadas e encarando o rapaz, que logo franziu a testa.

– Não ganhou nada. – Neji disse observando sua garota desamarrar os cabelos acastanhados, antes presos em dois coques bem ao alto da cabeça.

– Você é um péssimo perdedor, amor.

– Hn... – Balbuciou, aproximando-se sorrateiramente pelas costas de TenTen, agarrando possessivamente a fina cintura e distribuindo beijos molhados pelo pescoço da jovem.

– Acho que tem alguém que finalmente admitiu... – Soltou um suspiro antes de terminar a frase – Que perdeu novamente.

– Você fala demais, TenTen. – Os lábios prensados do moreno logo desceram até os ombros úmidos e nus da namorada. Aproveitando que a mesma só usava uma regata fininha e listrada.

– E você fala muito pouco. – Virou-se, encontrando os orbes pérolas profundos. Levou sua pequena mão até o rosto do rapaz, acariciando de leve aquela pele tão branca. – Eu gosto muito dos seus olhos, sabia? São tão diferentes. – Sussurrou encantada.

– Prefiro muito mais os seus. – Ele também sussurrou, enquanto puxava a morena para mais perto de si, de modo que as torneadas pernas dela rodeassem sua cintura e que seus peitorais se tocassem. .

– Por quê? São tão normais, comuns. – Suas testas agora se colavam e as pontas de seus narizes quase se tocavam. Os braços da morena rodearam o pescoço de Neji e suas mãos seguravam seus longos cabelos escuros.

– Não importa a cor que são, mas o que vejo dentro deles. – Os lábios roçaram, e os olhos se fecharam, em um pedido mudo.

– Me beija, Neji.

Como um desejo concedido, os lábios de TenTen foram tomados com volúpia e paixão, em um longo beijo aguardado, entreabrindo assim que a língua quente do namorado se aproximou. Aproveitaram ao máximo para explorar cada canto da boca um do outro, travando o que parecia ser uma dança harmônica.

Se esqueceram de tudo o que acontecia em suas voltas. Só precisavam daquilo, ali e agora.

As mãos de Neji passaram da cintura para as pernas, acariciando ali em movimentos de vai-e-vem, enquanto que Tenten apenas puxava mais e mais seus cabelos, querendo sentir os corpos mais juntos.

O beijo se tornou algo mais rápido, necessitado. Aquele cenário contribuía para uma cena mais excitante; os corpos molhados, o vazio do local, as árvores que produziam um vento forte e a música que mudara para algo mais calmo. E antes mesmo de perceberem, as roupas estavam sendo tiradas com certo desespero, e a cada segundo que se passava nessa tarefa, não deixavam de trocar selinhos, seja na bochecha, no queixo ou nos lábios.

A camisa de Neji fora jogada para um canto perto do carro - ao qual era para se estar limpo - e as mãos tremulas de TenTen teimavam em querer desabotoar sua calça.

– Muito espertinha você. – O rapaz pronunciou-se em certo ponto. – Quer tirar toda a minha roupa enquanto ainda possuí as suas? – Em um movimento calculado, Neji virou a namorada para pousar seu corpo todo no chão, ficando assim por cima.

Não era como se nunca tivessem feito aquilo antes. Eram ambos experientes, levando o momento com diversão. E ainda, havia o sentimento que mantinham um do outro, tornando tudo melhor.

– Só cala a boca, está bem? – A Mitsashi murmurou rindo abafadamente. – Eu preciso de você, Neji. – Sussurrou sensualmente, arrancando um gemido do rapaz.

– TenTen, eu acho que te... ''

Bip, Bip, Bip.

Neji se levantou da cama quase que caindo. O despertador irritante continuou tocando, pedindo para ser socado.

O moreno desligou-o e suspirou, com os olhos arregalados. Estava suado e tinha sua respiração alterada, fora o baita probleminha logo abaixo de sua calça, no meio de suas pernas.

Rangiu os dentes. Seu plano era apenas tirar um cochilo, não ter se lembrado de sua cena erótica com TenTen a um ou dois anos atrás.

‘’Droga’’. Pensou. Não importava com quantas garotas havia ficado desde a morena. Ela continuava sendo sua preferida. A sua garota.

Jogou os lençóis para um lado qualquer da cama e se levantou, mal-humorado. Se ao menos estivesse acontecendo ali e agora, poderia ter alguma felicidade naquele dia.

Pegou uma toalha e rumou até o banheiro, pronto para um banho bem gelado.

Pelo menos, tinha o pequeno contentamento de saber que não era um sonho. Apenas um acontecimento do passado.

Konoha School - Naruto Pov

Distanciei-me suficientemente de Hinata, virando um corredor para enfim atender o celular.

– Eai, seu puto? – Revirei os olhos, reconhecendo tanto a voz quanto o número que havia aparecido na tela.

– Sua educação é tanta que me dá náuseas, Sasuke. Onde você estava? Perdeu os discursos para representantes hoje.

– Como se isso realmente me importasse. – Sua voz soava com certo tom de ignorância, como sempre, aliás. – Além do mais, tive uma notícia bem mais interessante hoje.

– Ah é? – Indaguei confuso. – Onde raios você está, Sasuke? Estou começando a ficar impaciente com esse seu tom de mistério.

– É melhor se acalmar, Naruto. Sou eu que devo me estressar por aqui. – Seu timbre se tornou frio e sério. Naquele minuto, percebi que Sasuke havia descobrindo algo ruim, e que eu, verdadeiramente estava ferrado. – Invadi sua casa hoje.

– Você... – Minha boca abriu, mas não consegui dizer mais nada. Estava completamente surpreso. – Você...

– É. Encontrei sua hóspede, e gostaria de saber quando você me contaria que Sakura voltou. Se é que você me contaria, não é?

– Sasuke, eu não lhe contei porque sabia o que aconteceria.

– Oh, sabia não é? Não deveria ter julgado minhas atitudes antes mesmo de encontrá-la, seu filho da mãe!

– ELA... – Minha mão passara da cintura até o cabelo, onde deixei que pousasse. Rangi os dentes, tentando me acalmar. – Ela me pediu hospedagem, eu dei. Ela é minha melhor amiga, Sasuke! Não irei deixá-la na mão.

– Assim como está me deixando, não é? Sakura me traiu... Me traiu com meu próprio irmão e depois foi embora sem sequer se despedir. Naruto, você sabe o quanto foi difícil pra mim. Pra nós.

–... Podemos discutir isso pessoalmente? Quero poder explicar melhor.

– Vai fugir? – Ele suspirou.

– Não. Vou resolver isso de vez, ou melhor, nós vamos resolver isso de vez. Eu, você, Sakura... E Itachi.

A linha ficara muda. Ele havia desligado na minha cara. Bufei, guardando bruscamente meu celular no bolso da calça.

Merda. Por que as coisas tinham que acabar assim? Eu também guardo magoas do que aconteceu, mas não posso deixar isso atrapalhar minha vida. Eu também já fui apaixonado pela Sakura, porra! Mas não fico fazendo esse drama todo que Sasuke faz.

O que aconteceu ou deixou de acontecer é passado. E eu não quero voltar no passado, não quero!

Um rosnado de pura raiva saiu pela minha garganta. Meu punho se ergueu, e sem hesitar, soquei o armário de alguém. Iria socá-lo novamente, se uma mão pequena não tivesse encostado-se a meu ombro.

Virei-me com braveza, prestes a xingar quem havia me interrompido, porém, minhas angustias foram todas deixadas de lado ao encarar aquelas olhos tão profundos.

Hinata Pov.

– Naruto... – Sussurrei assustada. – O que aconteceu com você?

– Hinata... – Seus braços caíram ao lado de seu corpo, e ele parecia estar perturbado. – O Sasuke, a Sakura... – Não... Não era perturbado, mas sim, vulnerável.

Passei minhas mãos pela sua cintura e o abracei, encostando minha cabeça em seu peitoral. Não sabia bem porque, mas minha mãe sempre dizia que um abraço valia mais do que mil palavras.

– Está tudo bem. Você vai resolver isso, sei que vai. – Reconfortei-o. Meu instinto maternal bateu forte. Naruto precisava de ajuda, mesmo que demonstrasse o contrário.

Ele ainda é uma criança brincando de ser adulto.

– Gosto quando faz essas coisas, Hinata. – Meus pelos atiçaram quando sua voz grossa sussurrou perto do meu ouvido. – Não me lembro da última vez de que alguém conseguiu me controlar tão facilmente. – Ele continuava parado, mas sentia seus músculos relaxarem um pouco.

Era um bom sinal, certo?

– Quer me contar o que aconteceu?

– Hum... Não. – Ele retribuiu finalmente meu abraço, apertando meu corpo. – Prefiro ficar assim. – Sua voz transmitia pura malicia.

– Naruto! – Repreendi, sentindo meu corpo se esquentar, apostava tudo que minhas bochechas já estavam vermelhas, de tanto que queimavam.

– Não tem o que contar.

– Não fuja de mim, ao contrário de muitos, não vou te julgar. – Afastei-o, simplesmente para encarar seus olhos azuis. Queria o máximo possível, mostrar minha sinceridade.

–... É um assunto complicado, que no caso, não se refere a você e nem a sua curiosidade estúpida. – Arregalei os olhos.

Naquele momento, senti como se estivesse batendo contra um iceberg. Eu só queria ajudar, nada mais. Aquele não era o Naruto que eu conhecia; era um rapaz sem coração e repleto de ignorância.

Abaixei a cabeça, fazendo com que minha franja cobrisse parcialmente meu rosto. Engoli o choro que viria.

– Tem razão. – Sussurrei, virando-me de costas para ele, que ainda se mantinha sério, rígido. – Eu nunca fui parte da sua vida, não é? – Limpei uma lágrima furtiva e sem esperar pela resposta - que eu sabia que não viria - sai correndo o mais rápido que pude.

Não senti que Naruto me seguiu. Mesmo assim, continuei correndo, até esbarrar em alguém forte, mas não tão alto.

Até nesse ponto, minhas lágrimas caiam depressa, e meus soluços se tornavam mais altos. Acho que estou muito instável, talvez esteja naquela época.

– Nossa Hinata, você já esteve melhor. – Encarei o ruivo a minha frente. Embora sua frase fosse como uma piada, sua expressão se mantinha... Inexpressível.

– Por quê? – Perguntei sem ao menos me referir a ele. Limpando as gotas d' água que se formavam ao canto dos olhos – Por que vocês populares são tão... TÃO... ARGH!

– Hum, excelente pergunta, ao qual eu respondo com um '' Foda-se ''.

– O que? – Indaguei novamente, vendo-o revirar os olhos e sorrir de canto.

– Exatamente isso. Foda-se tudo, Hinata. Não importa o que aconteceu com você, esqueça isso e mande todos para o inferno. E se for por causa de Naruto, e que eu tenho quase certeza que sim, deixe claro que você não é nenhuma bonequinha nas mãos dele. Se exponha e mostre que você tem emoções e um cérebro. Então, ele perceberá o quanto você é importante.

– Uau... Isso é incrível, Gaara! – Ele arqueou uma sobrancelha, certamente se perguntando o que tinha de incrível nisso. – Quero dizer... Eu agradeço seu conselho.

– Não foi um conselho. Foi um fato. – Seu sorriso se alargou. – Mas como todos os fatos, o meu saí caro.

– Como assim?

– Quero respostas, Hyuuga. Eu preciso saber o que aconteceu com a Ino, de uma vez por todas.

Arregalei os olhos, sentindo meu coração se apertar.

– Você sabe o que tem que saber. Ela se mudou por causa do trabalho do pai.

Senti-o bufar. Uma de suas mãos foi até a gravata que usava, afrouxando-a rapidamente.

– Não é só isso... – Antes de continuar, ele encarou o corredor, com o olhar estreito. – Vamos, esse assunto é algo particular. Não quero que certas pessoas fiquem ouvindo mais do que devem. – Ele pegou meu pulso e me arrastou para o pátio, fora dos corredores.

– Co-Como assim? – Pronunciei, mas ele me ignorou completamente.

Será que isso era uma capacidade de todos os populares? Ignorar até a morte?

Ele finalmente parou de me arrastar. Observei o local onde estava: Era a árvore ''particular'' onde eles se encontravam diariamente.

– Muito bem, pode me contar tudo.

– Tudo o que?

– Tudo sobre Ino Yamanaka.

Encarei-o com os punhos fechados. Ele queria satisfações por ter magoado a minha amiga? Pois era isso que teria.

– Gaara... – Meu telefone vibrou, o peguei apenas para interromper a chamada, mas ao ver o nome que se mostrava na tela, paralisei.

– É a Ino...!