Nostálgico Pensamento.

Por Detrás do Livro.

Residência Yamanaka - Um ano atrás

'' Sentada no chão gélido do banheiro, uma jovem loura chorava descontroladamente. Sua visão turva pelas lágrimas focava somente um local, o vaso sanitário encostado na parede oposta a qual se escorava.

Encarou o teto por alguns segundos. Será mesmo que merecia aquilo? Era tão pecadora a ponto de sofrer com isso? Era irônico somente de pensar; a garota perfeitinha, filhinha do papai cometera o erro mais clássico da adolescência.

Estava devastada. Sozinha no enorme casarão da família Yamanaka, Ino queria poder simplesmente sumir. E essa ideia era tão tentadora, mas tão tentadora que a segundos atrás pensara que uma simples lâmina da faca de cozinha acabaria com sua dor.

Mesmo assim, não conseguiu. Era muito fraca para cometer suicidio, tinha medo da morte. E além do mais, carregava uma vida dentro de si.

Que lástima. O que iriam pensar dela, agora? Não poderia mais frequentar a escola, estava no começo do ano, praticamente. Seus amigos a julgariam só de olhar.

Amigos... Hinata era sua amiga, só ela. Mas por algum motivo, estava envergonhada de contar a grande novidade. Sabia que a morena não lhe julgaria, porém... Como seria sua vida ao lado de uma amiga grávida? A Hyuuga já sofria o suficiente, não seria ela agora a causar ainda mais sofrimento.

Céus, e seu pai? O que iria pensar? Na verdade, não tinha escolha em contar ou não. Teria que acreditar que o coração de seu pai era grande e forte o suficiente para aguentar mais uma traição. Como se já não bastara ter uma ex-esposa vadia, agora o senhor Inochi teria uma filha vagabunda.

Justo ela que odiara sua mãe por tantas noites. Que chorara em todo maldito banho, amaldiçoando a mulher que lhe deu a luz.

Sim, tinha certeza que era o destino e sua punição. E agora, teria que estar pronta para ele, querendo ou não.

Seria somente ela e mais ninguém. Afinal, o rapaz responsável por parte deste ato já tinha deixado claro suas intenções. E Ino não precisava de um homem que ficaria ao seu lado contra suas próprias vontades.

Que Gaara continuasse sua vida como se a loura nunca tivesse existido. Era bem melhor assim.

Bem melhor para ela, para Hinata, para seu pai, para Gaara... E para seu ou sua filha. Seu bebê.

Engoliu em seco, ouvindo o barulho do interfone tocar. Provavelmente seu pai que havia chegado do trabalho.

Limpou as lágrimas quase secas do seu rosto apressadamente, levantando-se do chão, indo até a pia e pegando todos aqueles testes de gravidez que havia feito.

Os quatro haviam dado positivo.

Jogou-os no lixo e fez questão de jogar papel higiênico por cima, apenas para esconder ainda mais as provas, mesmo sabendo que ninguém entrava no seu quarto e muito menos no seu banheiro.

Olhou seu reflexo no espelho, arrumou os longos cabelos perfeitamente presos em um rabo-de-cavalo, guardou a faca em uma das gavetas do gabinete, e finalmente sorriu falsamente.

Sua mascara estava posta. E seu plano, traçado. ''

...

Hinata Pov

– Oh. Oh! Hi-Hi-Hi-Hinata! Senhorita Hyu-Hyu-ga-ga!

– Hum... Olá. – Sorri desconsertada, encarando todos aqueles rapazes.

– Hina! Seja mais educada e extrovertida, por favor! Por acaso, não está reconhecendo seu fã clube? – Naruto sorriu, se divertindo com a situação.

Não fiz nada além de arregalar os olhos. Conhecia aqueles alunos, eles eram do laboratório de ciências. Tão excluidos como eu, só não entendia bem por que.

Eles se vestiam formalmente, é verdade. Gravata de bolinhas, calças de cintura alta, sapatos marrons com meias listradas, camisa social, suéter entre outras roupas rotuladas como '' moda nerd ''. O cabelo era cheio de gel, sempre penteado. A pele de todos era tão branca como leite, e enfeitada por pontinhos vermelhos, ou melhor, espinhas. Dos nove presentes, sete usavam óculos e cinco aparelhos.

Instantaneamente, comparei Naruto com o tal Shiki que estava ao seu lado. Eram tão diferentes, em tudo! Tanto na aparência quanto na personalidade. Era como... Uma presa e o seu predador.

– Meus fãs? – Indaguei corada. Enquanto o grupo me analisava dos pés a cabeça.

– Sim! – O rapaz moreno de óculos exclamou, para logo depois limpar seu nariz na manga da blusa. – Você foi incrível, Senhorita Hinata! Nunca vi tanta justiça em um só dia!

– Ahn, obrigada. Mas não precisa me chamar de Senhorita Hinata. Eu te imploro, na verdade. Somente Hinata.

– Assim será, se a senhorita desejar! – Eles começaram a formar uma pequena roda entre si, cochichando e dando risadinhas estranhas.

– Eles não são ótimos? – Formei um bico nos lábios, prestes a gritar com Naruto, principalmente por usar rapazes tão inocentes.

– O que você fez para eles aceitarem isso, hein? – Perguntei cruzando os braços, o olhando fixamente.

– Eu? Absolutamente nada, você é que fez, Senhorita Hinata. – Minhas bochechas esquentaram levemente. Droga, na voz do loiro, aquele simples '' Senhorita '' parecia tão sedutor.

– Pare com isso.

– Por que? Parece que você gosta... Ou ainda prefere Mi Bella Dama?

– Se você não ficar quieto eu vou... – Eu mesma me interrompi ao ver os olhares curiosos dos meninos do laboratório sobre nós.

Engoli em seco, ajeitando os cabelos nervosamente e sorrindo forçadamente.

– Eu agradeço a gentileza, mas não quero que se sacrifiquem por mim apenas porque Naruto os ameaçou ou... Pagou. – Franzi o cenho com minha própria frase. – De qualquer modo, vamos fingir que esse negócio de fã clube jamais existiu, sim?

– NÃO! – Shiki gritou em nome de todos. – Não estamos fazendo isso porque Naruto pediu, ele apenas nos incentivou! Hinata, você é tudo o que gostaríamos de ser, e sua coragem nos motivou a nos expor verdadeiramente neste colégio. Temos tamanha admiração por sua pessoa e jamais desistiremos de sermos seus fãs!

– Oh, meu Deus... – Abri um sorriso e instantaneamente me aproximei deles, abraçando-os de uma vez só. – Vocês são tão fofos.

– Cof.. Cof. – Interrompi o abraço e encarei Naruto, que se mantinha encostado na parede com uma expressão rabugenta. – Será que vocês já terminaram, aí? Temos que ir embora.

– Mas Senhorita Hinata acabou de chegar.

– É. E agora ela tem que ir. – Suspirei, sentindo Naruto me segurar pelo pulso e me arrastar para fora da classe.

– Tsc. Que coisa feia, Naruto. – Murmurei logo atrás dele. – Não consegui nem me despedir.

– Terá tempo pra isso, já que eles ficarão grudados em você que nem chiclete. Merda, porque fui inventar uma mentira tão idiota para Sakura?

– Hey, não tem porque fi... – O barulho do celular do rapaz louro soou alto, me interrompendo.

– Fique aqui. – Dito isso, ele atendeu e se afastou até virar um corredor, me deixando sozinha naquele.

Bufei, olhando para os lados com as mãos atrás das costas. Era até estranho... O jeito de como as coisas estavam indo bem da maneira como os planos que Naruto criou. Não que eu não tivesse fé neles, mas de fato, era algo quase inacrevitável. Quase.

Mas isso não importava para mim agora. Só precisava me focar no presente, sem mais nem menos. Pois coisas importantes estavam em jogo.

E jamais deixo coisas importantes de lado.

...

Neji Pov

Suspirei profundamente, analisando cada ponto do quarto de hóspedes, recém aberto para minha hospedagem. Era simplório, nada grandiozo, afinal, era meu antigo quarto mesmo.

A única coisa mudada nele era as paredes pintadas; antes de um branco limpo, agora estavam decoradas de verde claro, com uma grande listra em um tom mais escuro um pouco abaixo do teto marrom. Os móveis estavam exatamente no mesmo lugar; a cama encostada na parede, o guarda-roupa do lado oposto, a pequena cabeceira logo ao lado e o piso totalmente amadeirado. Até o cheiro era de um todo... Nostálgico.

Deixei os pensamentos fúteis de lado, concentrando-me no que fazia anteriormente. Passei a encarar o notebook de última geração em meu colo, ''humilde'' presente que ganhei de meu tio quando cheguei do intercâmbio.

Intercâmbio... Queria voltar no tempo só para refazê-lo. Assim não teria que enfrentar meus problemas do passado novamente.

Soltei outro suspiro, cansado e entediado. Hinata e Hanabi, minhas queridas e problemáticas primas estavam na escola, e Hiashi havia saído com a tal... Como é o nome mesmo... Naomi Manderki? Hunf... Quem diria que meu próprio tio me passaria a frente!

De qualquer modo, isso não importa. Precisava me concentrar em coisas importantes, como procurar uma faculdade logo. Não aguento mais a pressão da família Hyuuga sob meus ombros. Não tive escolha em voltar para cá, mas com certeza farei de tudo para sair.

Independência sempre foi meu objetivo de vida.

Um barulho vindo do computador me fez quase cair da cama. Droga, eu detesto esses antivírus barulhentos.

Cliquei sobre a área de trabalho simplesmente para sair da proteção de tela, e então comecei minhas pesquisas.

Meia hora se passou e eu não encontrava o que queria. Talvez porque mal fiz verdadeiramente a pesquisa, estava mais ocupado na famosa rede social, Facebook.

Revirei os olhos ao ver tantas bobagens nos feeds de notícias. Seria melhor ter começado mesmo a ter procurado as tais faculdades do que ter entrado na rede, assim não perderia meu precioso tempo.

– Neji? – Encarei a porta fechada, reconhecendo a voz de Hiashi. – Acabei de chegar... Gostaria de comer alguma coisa? – Suspirei, embora tivesse certa antipatia com ele, não podia me fazer de desgosto. Ele era o único que não me cobrava... Pelo menos, não diretamente.

– Já estou indo. – Pronunciei-me cansativo, desligando o notebook e colocando em cima da cama, para logo depois descer da mesma com os pés descalços.

Já de pé, bati com as mãos um pouco na minha camisa Polo branca na intenção de dessamassá-la e calcei uns tênis que se encontravam esparramados no chão.

Atravessei o corredor, fechei a porta do quarto e desci as escadas sem qualquer pressa, mesmo sabendo que havia alguém a minha espera.

– Espero que ainda goste de café bem forte. – Meu tio falou um pouco desconcertado, assim que cheguei à cozinha. – É a única maneira que sei fazê-lo. – Sorri de canto, enquanto sentava em uma das cadeiras da vaga mesa. – Desde que foi embora, os únicos que cozinham aqui são Hinata e Naomi. – Despejou um pouco do líquido quente na xícara posta em minha frente.

– Hum... – Balbuciei, bebericando um pouco do café. – Está muito bom, tio. Pelo visto, o senhor não perdeu a prática. – Ele deu uma risada baixa e curta, sentando-se logo ao meu lado. – E esta tal... Naomi? Como a conheceu?

– Há algum tempo. Ela estava fazendo testes para a vaga de secretária na empresa. Como você deve saber, tenho muitos afazeres e precisava de alguém que me lembrasse deles. De qualquer modo, Naomi fez a entrevista e... Bem... Algo impossível de explicar surgiu entre nós.

– Fico feliz que tenha encontrado alguém, Hiashi. – Sorri de canto novamente.

– Sim. Você já deve ter sentido algo parecido com isso, não é, meu afilhado? – Ele indagou, sem me encarar. – Vocês jovens porém, não sabem o quão intenso é esse sentimento.

– ... – Ele finalmente me olhou atentamente; com aquelas órbes que pareciam ler meus pensamentos.

– Falo de amor, Neji. – Continuou suspirando. – Ainda a muito tempo para você descobrir sobre ele. – Trinquei os dentes, apertando a xícara vazia em minhas mãos.

Algumas memórias penetraram em minha mente, vindo rapidamente, sem parar. Imagens dela percorriam como um sonho de apenas uma noite, e junto dela, os momentos tão aventureiros que passei a tempos. Como era bom, nostálgico... Porém doloroso.

Eu sabia o que era o amor, mas nunca me permitiria contá-lo aos ventos.

– É o mesmo amor que sentia pela Yumi, tio? – Perguntei severo, sem pensar direito. Sem saber o quanto aquilo afetou o homem em minha frente.

– ... Nenhum... – Ele começou, com os lábios secos e os olhos tristes. – Nenhum amor pode superar aquele que senti pela Yumi. É o mesmo sentimento que seu pai sentia por sua mãe, menino.

Ambos ficamos em silêncio por um momento.

– Espero que não tenha planos para amanhã a noite. – Ele quebrara o clima tenso, tentando parecer forte. – Naomi gostaria de lhe conhecer melhor, assim como tentar se dar bem com minhas filhas. Vamos ter um jantar em família... E gostaria muito que participasse.

– É claro Hiashi. – Sorri sincero, levantando-me e saindo da cozinha, encerrando a conversa sem olhar para trás.

Cheguei ao quarto vazio, suspirando pesadamente. Caminhei lentamente até o notebook, ligando-o. Deitei na cama de modo que o aparelho pudesse ficar em cima da minha barriga, e mesmo assim, que não me incomodasse.

Abri meu pendrive - que estava conectado a um tempo - e com um sorriso nos lábios cliquei em uma pasta oculta.

Fotos apareceram em seguida em ícones. Abri a primeira rapidamente, como se alguém pudesse descobrir meu secredo;

Era a formosa morena de cabelos soltos, dormindo em minha cama tão delicada, apenas de roupas íntimas. Me recordo da época em que tirei pessoalmente essa foto; ela me batera muito depois do ato.

Continuei admirando as fotos, enquanto as horas passavam e minha mente vagava na imensidão e da beleza de uma simples imagem.

Na minha simplória TenTen.