Por Detrás do Livro.

A Mudança - Parte 1/3.

Depois de um tempo, o carro parou finalmente em frente de uma enorme casa de tom amarelado. Gaara estacionou a picape e desceu calmamente, esperando a garota desconhecida descer também, chegar até a porta e abrir com uma chave que carregava.

A casa era dela, então.

Os rapazes adentraram como se fossem donos da residência, sem pedir licença, abrindo a geladeira, deitando folgadamente no sofá e até ligando o rádio no alto. Bufei, esses garotos não tinham educação, não?
 

Pedi licença timidamente e pisei no piso de madeira, observando os detalhes da casa, ela tinha um toque juvenil e maduro ao mesmo tempo, havendo aparelhos eletrônicos de última atualidade, mas com a maioria dos móveis antigos.
 

— Certo, garota. — A loura pronunciou-se arrastando uma cadeira até perto do sofá e fazendo menção para que eu me sentasse nela. — Vamos fazer o cabelo aqui porque não quero sujar o meu quarto. — Arqueei a sombrancelha. — E não precisa dizer nada, eu irei cuidar de tudo, e você ficará FA-BU-LO-SA!
 

— C-certo. — Murmurei um pouco assustada.
 

— Vamos cortar channel e... — falou normalmente tocando minha cabeça. No mesmo instante, arregalei os olhos.
 

— O QUE? NÃO! NÃO VAI CORTAR O MEU CABELO! — Gritei desesperada, levantando-me e segurando meus cabelos com força. Os meninos me olharam surpresos, acho que é porque eu não costumo me impor muito menos gritar. Pelo menos, não para eles, Naruto já deve estar se acostumando com esse meu lado.
 

— Bipolar... — O único loiro da sala murmurou levando uma lata de refrigerante nos lábios.
 

— Gosto de meninas de fibra. — Kiba falou alto o suficiente para me fazer corar forte.
 

— Você gosta é de levar um chute na bunda daqui a pouco, se continuar. — Naruto o encarava enquanto falava mortalmente.
 

Me acalmei, desviando a atenção dos dois para a cara da garota, que confesso, não estava nada boa.
 

— Você gritou comigo? — Disse entre dentes. Antes que eu pudesse responder, Gaara tocou o ombro dela e a virou para encará-lo.
 

— É uma novata, Temari. — O nome da garota era Temari? — Dê uma chance para a Hina. — Confesso que meu coração se aqueceu ao ouvir ele me chamar pelo apelido mais uma vez depois de tanto tempo. — Não quer ficar com fama de durona para ela, quer?
 

— Ok. — Respirou fundo. — Só acho que você ficaria incrivel de cabelo curto.
 

— Anh... Quando eu era menor, tinha o cabelo bem curto, demorou um tempo para deixá-lo desse tamanho, e eu gosto muito dele como está. — Terminei de explicar e mordi o lábio inferior, o cabelo era a única coisa em mim que realmente gostava.
 

— Hey, Tema. Eu gosto muito do cabelo dela assim, vamos deixar como está, certo? — Encarei Naruto. Ele havia dito que gosta muito do meu cabelo?
 

— E eu também. — O moreno sorriu alegremente para mim, eu não pude deixar de retribuir, algo dentro de mim dizia que seriamos grandes amigos. Pude observar também o rapaz loiro franzir o cenho, certamente um pouco irritado, com o que, eu não sabia.
 

— Certo... Vou dar um jeito nisso. E fique tranquila, Hina. Não irei cortar nada. — Assenti com a cabeça, deixando que Temari colocasse uma toalha em meus ombros e começasse o seu 'trabalho'.

 

O tempo se passava. Eu ainda estava sentada com uma baita dor na cabeça por ter levado fortes puxadas de pente, enquanto Temari secava meus cabelos, Gaara comia amendoins e bebia um liquido de limão com cheiro extremamente forte, Sasuke assistia a televisão com os pés sobre a mesinha de centro, Kiba ora roubava os amendoins do ruivo, ora enchia o saco do moreno para trocar de canal, e bem.. Naruto... Não sairá um instante do meu lado, perguntando se estava doendo muito, se eu queria parar, comer ou beber alguma coisa e o melhor de tudo... Ele segurava a minha mão a todo momento, apertando-a delicadamente toda vez que eu fazia uma faceta dolorosa.
 

Era algo estranho, mas me sentia muito bem perto dele, Oras, até já sei o motivo, mas não esperava sentir esse mesmo sentimento novamente depois daquilo.

Não tinha como negar, ele mexia comigo, de uma maneira especial e única, sempre tão sério e alegre, carinhoso e confiante. Não conseguia explicar a mim mesma de que estava voltando a gostar dele, na verdade, eu fazia de tudo para que meu cérebro controla-se meu coração e impedisse isso. Mas algo mais forte ecoava em minha mente e dizia... Que era tarde demais.
 

— Vamos ver aqui... — Temari tampou meus cabelos com uma longa toalha, tirando a outra que me enrolava e me fazendo ficar de pé. — Nós vamos fazer a maquiagem lá em cima. — Disse me encarando com os olhos cheio de brilho. — Você vai ser minha maior obra-prima. Vamos! — E sem esperar uma concordância, ela pegou minha mão e começou a me puxar pelas escadas. Por reflexo, olhei para trás, vendo todos os rapazes me encarem com um sorriso sincero nos lábios.
 

Talvez eu tenha encontrado o que tanto queria...
 

Passamos por um corredor de paredes verdes e adentramos em uma porta de madeira de pinheiro, dando de cara com um cômodo de cor vermelho vivo. Havia uma cama central meio arredondada e de casal, o guarda-roupa estocado no fundo de cor escura, uma penteadeira enorme de um lado, um criado mudo perto da cama, com um abujur em cima, e para completar, encostado na outra parede, uma estante com poucos livros e várias gavetas.
 

Fui diretamente para a penteadeira, sentando-me no banco giratório que havia na frente, Temari me acompanhou com uma maleta prateada de porte médio nas mãos, pousando-a em cima da penteadeira e me virando ao lado oposto do espelho, encarando-a.
 

— Já volto. — Murmurou saindo do quarto em um estalar de dedos. Fiquei sentada observando aos quadros nas paredes, vendo as obras de vários artistas, havia uma foto enorme também, bem em cima da cama, reconheci imediatamente a Temari agarrando o pescoço do garotinho da foto que parecia muito com o Gaara, e do lado, um rapaz um pouco mais alto que eles, moreno, que tinha um boneco de madeira na mão e uma expressão berrenta. Me toquei que ela e o Gaara eram irmãos, e que aquele outro possivelmente era o mais velho.
 

— Chegueeei. — A loira vinha cantarelando com um outro banco na mão, puxando-o para ficar na minha frente, e se sentando no mesmo. — Olhe bem, Hina. — Murmurou abrindo a maleta e pegando vários pincéis e paletas de sombras. — Eu geralmente não maquio ninguém. — Destacou o ninguém. — Principalmente porque eu não sei quais os estilos certos, mas como isso parece ser muito importante para o Naruto e para você, eu irei maquia-la como faço em mim mesma. — Engoli em seco, a jovem usava maquiagens fortes, chamativas, eu jamais usaria algo assim. Podia ficar bem nela... Mas em mim...
 

— Tudo bem...
 

— Mas antes de tudo, tire esses malditos óculos que combrem seu rosto inteiro! — Não tive coragem de contrária-la. — Que olhos lindos. — Foi se aproximando com um pincel na pálpebra do meu olho.
 

— Pode fechar. — Balbuciou se aproximando mais e mais. Fiz exatamente o que ela disse e deixei que me transformasse. — Você tem muita sorte de ter essa pele tão bonequinha de porcelana sem nenhuma acne. — Pela sua voz, parecia que estava se auto lamentando. — Quem derá eu tivesse isso aqui. — Apertou minha bochecha risonha. — Bem, vamos começar logo, os meninos estão ansiosos para te ver mudada, principalmente o... — Deixou a frase inacabada. — Quer saber, vou ficar quieta.

 

Não insisti na questão, talvez porque estava mais curiosa em saber como ficaria do que em o que o tal rapaz acharia.

Pude sentir várias coisas no meu rosto; as mãos de Temari esfregando nele um creme; o pincel sendo passado com um pó no meu olho; outro pincel nas maçãs do meu rosto; maquiagem nos meus cilios; um lápis passando na linha d' água dos olhos; algo meio molhado nos lábios; e o pior de tudo, uma sensação muito ruim de sentir minhas sombrancelhas sendo puxadas por algo extremamente quente, e depois por algo que reconheci como uma pinça. Foi uma loucura só, não faço idéia de quanto tempo demoramos ali, mas tinha que ter certeza de algo...

Aquilo tinha que valer a pena.