Frostbite Por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 40
Capítulo 40


Notas iniciais do capítulo

Ahhh gente estamos quase no fim... Temos somente uns dois ou três capítulos mais.
Mas é a vida!
Bem, segue mais um cap, quase todo criado por mim, espero, novamente que gostem!
bjs



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Eu acomodei Rose em uma das poltronas e lhe dei uma breve olhada, antes de me afastar. Ela parecia vazia e distante mas, mesmo assim, eu podia ver que ela já estava um pouco melhor do que quando eu a encontrei naquela casa. Eu imaginava que, chegando logo à Academia, ela se sentiria melhor, afinal era a única referência que ela tinha sobre estar em casa. Um dos guardiões do nosso grupo  se aproximou.

“O quê falta para partimos?” Perguntei, antes que ele pudesse falar qualquer coisa.

“Todos já estão em seus lugares, mas o piloto precisa de autorização da torre de comando.” Ele respondeu.

“Precisamos ir logo. Estes garotos estão esgotados.” Falei tentando esconder a preocupação que eu sentia por Rose. Eu a observei novamente, e ela estava olhando fixamente para a poltrona da frente, com se pudesse ver algo ali. Senti meu coração apertar ainda mais. Eu tinha que suprimir, a todo momento, a vontade de abraçá-la e tentar cuidar dela.

Mia passou por mim, segurando um cobertor, que ela usou para cobrir Rose. Eu me admirei daquele gesto, uma vez que as duas não eram exatamente amigas. Eu realmente queria ficar para ouvir o que elas iriam conversar, até para entender melhor o que tinha acontecido, mas vi que Janine fez um sinal para mim.

“Ela ainda está em choque.” Ela falou, assim que sentei na poltrona ao seu lado.

“Sim. Ela está. Foi algo muito forte. Para qualquer um de nós, ainda mais para alguém tão jovem.”

Janine olhou para frente, pensativa. “Você se preocupa bastante com ela não é, Belikov?” Ela disse serenamente. “Rose teve muita sorte em ter você como mentor.”

 “Eu também aprendo muito com Rose. Acredite. Ela é forte. Eu realmente espero que ela se supere, mais uma vez.”

“Os bons professores são assim. Ensinam e aprendem. Tudo é uma troca.” Ela suspirou. “Ao que parece, você é o mais próximo que ela tem de uma família. Ela confia em você e isso é bom. É uma pena que isso está prestes a acabar.”

Eu levantei uma das sobrancelhas, sem conseguir esconder minha surpresa, apesar do tom dela não demonstrar que ela tenha percebido meus sentimentos por Rose, eu me mantive reservado. Janine era sempre tão fechada, ela deveria estar bem sensível para falar assim da filha, principalmente comigo. Ela pareceu entender minha resignação.

“Bem, eu digo isso, pois comenta-se que você se tornará guardião da Lady Ozera.”

Novamente, percebi que tinha esquecido completamente de Tasha e toda sua proposta. Depois de tudo que tinha acontecido com Rose, aquilo tudo parecia ainda mais distante de mim agora. Como se pertencesse a outra pessoa, fizesse parte de uma outra vida, que não a minha.

“Guardiã Hathaway.” Mia colocou seu rosto de boneca, junto à poltrona, antes que eu pudesse responder o que Janine tinha falado. “Rose precisa falar com você.”

O rosto de Janine se iluminou e ela levantou rapidamente e foi para perto de Rose. Era como se ela estivesse somente esperando para ser chamada. Percebi que ela de fato amava a filha, mas não era acostumada a ter e nem a demonstrar sentimentos. Mia voltou para a poltrona dela, parecendo satisfeita.

Olhei em volta, pelo avião e lembrei da viagem de ida para o resort. Parecia que fazia séculos. Comecei a pensar em toda sucessão dos fatos, tentando reconstruir tudo mentalmente, quando ouvi soluços vindos do lado onde Rose estava. Eu me inclinei discretamente para avistar as duas conversando e, finalmente perceber que Rose tinha demonstrado alguma reação. Em pouco tempo de conversa com a mãe, ela desabou em um choro que pareceu durar quase a viagem inteira. Apesar de sentir um profundo aperto por ver que ela chorava, eu assumi que Rose estava precisando muito disso. Guardar tudo dentro de si era quase tão ruim quanto ter passado por tudo que ela passou.

Assim que chegamos à Academia, Rose e os demais alunos foram encaminhados ao posto médico onde receberam os cuidados da Dra. Olendzki. Nenhum deles teve ferimentos sérios, mas mesmo assim, foram mantidos em observação, mas não por muito tempo.

Em pouco tempo, os outros alunos começaram a retornar à escola e, com eles, alguns pais e outros Morois. Várias pessoas compareceram ao funeral de Mason. Rose participou da triste cerimônia realizada na capela, ainda apática, mas já dando sinais que estava se recuperando, para meu alívio. Mesmo assim, ela se manteve reclusa em seu quarto e eu a vi muito pouco, apenas o suficiente para constar que ela estava bem. Janine, ao contrário de mim, ficou o máximo que pôde com ela. Eu me surpreendi quando Alberta me contou que ela permaneceria uns dias com a filha.

“A Guardiã Hathaway solicitou alguns dias de licença.” Alberta falou, enquanto guardava uns papeis com assuntos administrativos dos guardiões. “Ela ficará na Academia até a cerimônia molnija de Rose. Acho que ela sentiu necessidade de cuidar da filha.”

‘Antes tarde do que nunca.’ Pensei, mas não disse nada, apenas assenti.

“A cerimônia está marcada para daqui há três dias.” Ela comunicou, antes de sair da sala.

Eu fiquei pensativo por uns momentos, sozinho naquela sala, revivendo mentalmente tudo que Rose tinha passado desde seu retorno à Academia, até agora. De como ela deixou a imagem de uma garota irresponsável para a imagem de uma garota muito admirada. Era como se eu pudesse vê-la amadurecendo dia a dia, para meu orgulho. Era como se fosse uma realização minha também.

Rose iria se tornar uma guardiã muito respeitada, eu sempre tive certeza disso, mas agora eu podia ver essa certeza também nos olhares das pessoas quando ela passava. Até aqueles que não acreditavam nela. A notícia de que ela tinha matado dois Strigois – e da maneira mais difícil – tinha se espalhado por todo mundo Moroi e deixado a muitos impressionados.

No final da tarde, quando eu cruzava o campus, na direção do dormitório onde ficava o meu quarto, eu encontrei com Tasha, que veio ao meu encontro. Eu tinha ouvido falar que ela tinha vindo a escola, assim que soube do resgate de Christian e também tinha a visto de longe no funeral de Mason, mas eu tinha sido consumido tanto pela preocupação com Rose como com meus afazeres comuns de guardião, que não tinha conseguido falar com ela.

“Dimka!” Ela me saudou sorrindo, sempre abertamente, sem a preocupação de esconder suas presas.

“Hey, Tasha!” Eu respondi animadamente. Ela era sempre uma pessoa boa de se ver. Era mesmo uma grande amiga.

“Não conseguimos nos falar desde aquele dia no hotel.” Ela disse, me fitando com seus grandes olhos azuis. “Eu ainda nem pude lhe agradecer por ter salvado meu sobrinho, por ter me devolvido ele são e salvo. Você não sabe o que isso representa para mim.” Seu tom era bastante comovido.

“Você não tem nada para me agradecer, Tasha. Eu apenas realizei o meu trabalho. Só isso.”

Ela sorriu novamente. “Sempre o trabalho, não é Dimka?”

Eu a observei por alguns segundos. Eu não podia mais adiar esse assunto. Nunca foi do meu feitio fugir de qualquer coisa que fosse desagradável, não seria agora que eu faria isso.

“Eu queria mesmo conversar com você, Tasha. Você tem um tempo para mim agora?”

“Claro. Podemos ir para a cabana. Eu permaneço hospedada lá, como antes da viagem ao resort.” Ela respondeu sorrindo ainda mais.

Eu lhe dei um curto sorriso e nós dois caminhamos com um estranho silêncio pela floresta, apenas com o barulho da neve sendo esmagadas pelos nossos pés.


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