Frostbite Por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 36
Capítulo 36


Notas iniciais do capítulo

Novamente, mais um cap cirado por mim... creio que no próximo já iremos "retornar" ao livro rs
Espero que gostem deste, apesar de ser um pouco triste...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/172786/chapter/36

Ouvir aquilo foi como se o chão tivesse sido tirado de baixo dos meus pés. Uma onda de frio misturado com calor percorreu meu sangue e eu tive que me segurar firmemente no espaldar de uma das cadeiras para me manter em pé. Um imenso vazio tomou conta de mim. Alberta estava certa, aquele era mesmo o procedimento padrão diante de uma circunstancia desta. Mesmo assim, eu me recusava a aceitar internamente que fosse verdade.
“Não podemos fazer isso!” Janine exclamou quase que imediatamente. “Eu já parti em uma missão de resgate antes, podemos fazer isso agora!”
“Eu realmente entendo seu desespero, Guardiã Hathaway, mas não é a mesma situação.” Alberta falou, ainda se mantendo firme. Eu sentia que ela tinha o pesar na voz, mas como líder, ela se mantinha no papel de ser forte.
“Claro que é a mesma situação. Temos dhampirs e Morois capturados por Strigois!” Janine falava descontroladamente, com uma impertinência que lembrava muito a de Rose.
“Quando você saiu naquela missão de resgate, você sabia onde procurar e o quê procurar. Agora não. Nós não sabemos para onde eles foram levados. Não sabemos nem se estão vivos! Eles podem muito bem ter sido mortos ou transformados, há estas alturas.” Alberta rebateu.
Eu trincava os dentes, lutando para me manter imparcial, mas pensar em Rose ou morta ou transformada foi a coisa mais desnorteante que eu pude experimentar. Toda sua vida e força de vontade não podia ser dizimada assim, tão facilmente, tão estupidamente. Eu não conseguia aceitar aquilo como verdade, eu não conseguia sentir que tudo isso estivesse mesmo acontecendo. Era como se a qualquer momento eu fosse encontrar Rose passando por um dos corredores do hotel, a presença dela ainda era muito viva para mim. Eu buscava algo para dizer ou argumentar, mas minha mente simplesmente não pensava em nada coerente.
Como um raio, Janine, saiu da sala, batendo a porta. Provavelmente, ela não queria desmoronar na nossa frente. Realmente, não havia mais argumentos para serem utilizados. A realidade era aquela que se apresentava diante de nós. Eu olhava para o chão, ainda apoiado na cadeira, quando  a mão de Alberta tocou em meu braço.
“Eu suponho que você deva fazer o mesmo que Janine, Dimitri.” Alberta disse compreensivamente. “Busque um lugar, onde você possa ficar sozinho.” Eu olhei para ela e não consegui falar nada. Apenas assenti  e sai.
O único lugar que eu pensei em estar foi aquele telhado, onde eu falei com Rose pela última vez. Passei pelas escadas e abri a porta que dava para fora. Eu fechei os olhos e, pelo menos nas minhas lembranças, era com se eu pudesse vê-la novamente sentada, com o rosto contra o sol. Mas ela não estava ali. Caminhei para o mesmo lugar onde ficamos sentados e sem consegui mais controlar meus sentimentos, comecei a chorar, como eu não fazia há muito, muito tempo.
Honestamente, eu não sei dizer por quanto tempo fiquei ali. Quando senti que podia voltar, retornei ao hotel e, como era esperado, a notícia sobre os alunos desaparecidos havia caído com uma verdadeira bomba. Pessoas andavam desesperadas de um lado para outro, umas com medo de partir outras, querendo sair dali a todo custo. Passei para o meu quarto e, quando entrei, encontrei Tasha, em pé, olhando a janela. Ela voltou-se para mim, com os olhos extremamente vermelhos, indicando o quanto ela havia chorado.
“Olá, Dimka. Aquele outro guardião me deixou entrar. Ele disse que eu podia lhe esperar aqui.” Sua voz era baixa, como um sussurro. “Eu preciso que ouvir de você. É verdade? Christian está mesmo morto?”
Eu caminhei até ela, sentindo meu peito apertar. “Temo que sim, Tasha. Não só ele, como todos os outros. Eles estão desaparecidos há muito tempo e foram visto pela última vez próximos a esconderijos de Strigois. Nosso procedimento padrão é decretar a morte deles.”
“Como vocês podem se omitir assim?” Ela gritou. “Vocês nem se quer tentaram o resgate!”
“Nós não temos como resgatá-los, Tasha.” Tentei soar compreensivo, mas senti minhas palavras tremerem, meu estado emocional não era dos melhores. “Não temos pista alguma! Não sabemos onde procurar!”
Ela sentou na cama, caindo aos prantos. Eu sentei ao seu lado e lhe abracei, puxando o seu ombro para perto de mim, lutando para não voltar a chorar também. Nós permanecemos ali, por muito tempo. Quando ela pareceu mais calma, eu a acompanhei até seu quarto. Quando eu estava voltando e  passava pela ala dos Ivashkov, cruzei com Adrian, que tinha acabado de sair de seu quarto. Ele me olhou seriamente e, surpreendentemente, parecia sóbrio.
“Guardião Belikov?” Ele chamou assim que me aproximei  dele. Eu me virei e o olhei. “Por quê vocês fizeram isso?”
“Fizemos o quê? Poderia ser mais específico, Lord Ivashkov?” Tentei manter meu tom neutro.
“Como vocês podem decretar a morte de uma pessoa que está viva?” Eu busquei algum traço da insanidade que ele demonstrou em outras ocasiões, mas desta vez ele também parecia lúcido. “Eu estive com Rose. Eu posso assegurar que ela está bem e viva. Ela está presa. Em um porão. Mas ainda está viva.”
“Você esteve com Rose?” Perguntei sem saber distinguir o que eu senti naquela hora. “Como você esteve com ela? Onde?”
“Eu a encontrei em um sonho. Eu consegui falar com ela, mas algo a acordou, antes que eu pudesse descobrir precisamente onde ela estava.”
“Você esteve com ela em um sonho?” Falei, sem conseguir deixar de externar uma certa repugnância, mas logo retomei minha imparcialidade. “Creio que precisamos de algo mais concreto, Lord Ivashkov. Não podemos trabalhar com provas imaginárias.”
Adrian sorriu vitorioso, como se tivesse ganho um jogo. “Quando lidamos com seres usuários da magia do espírito, Guardião Belikov, não podemos questionar nada. E eu sou um usuário do espírito. Entre outras habilidades, eu consigo entrar no subconsciente das pessoas, enquanto elas dormem e construir sonhos. Dessa forma, posso também me comunicar com elas. Todo esse tempo eu estava tentando falar com Rose, mas aparentemente ela esteve acordada. Somente agora há pouco, consegui o contato, mas foi muito rápido. Ela parecia apavorada e só conseguiu dizer que estava em um porão. Como eu disse, algo a acordou antes que eu conseguisse mais informações.”
Eu queria lutar racionalmente contra aquilo, mas não conseguia contestar o que ele falava. Ao mesmo tempo em que parecia insano, também parecia coerente. De qualquer forma, uma força, que eu não sabia dizer de onde vinha, me levava a acreditar nele.
“Seja como for, Lord Ivashkov. Eu mesmo irei averiguar isso. Se tiver uma nova informação, não hesite em me procurar.” Falei cautelosamente e me surpreendendo com minhas próprias palavras. Caminhei para o meu quarto imaginando uma maneira de usar aquela pequena informação.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!