Frostbite Por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 35
Capítulo 35


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu adorei escrever esse cap. Como eu disse antes, novamente mais um totalmente criado por mim! Espero que também gostem!
bjs



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Dessa vez, somente eu e Janine partimos no carro. O resort ficava em uma região remota e distante da agitação das cidades, como tudo dos Morois. A pequena estrada de acesso estava escura e sem movimento algum. Acelerei o máximo que pude, sentindo que tinha que traçar uma verdadeira corrida contra o tempo.

Quando paramos no posto de gasolina, que era o primeiro sinal de civilização, antes de chegarmos à cidade propriamente dita, as informações foram bem mais animadoras. Um atendente da loja de conveniência afirmou ter visto Rose e Christian chegarem em um carro com um casal, e seguirem na direção da estação de ônibus, que ficava bem próxima dali. Ele guardou a fisionomia de Rose pois a achou muito bonita. Eu não me dei o direito de me sentir incomodado com aquilo, já que a situação não era nada romântica.

Tentando não chamar muito a atenção, fomos para a rodoviária. O movimento era bem mais tranqüilo do que durante o dia. Passamos para o guichê da bilheteria e, diferente da outra vez que estivemos ali, uma mulher estava no atendimento.

“Boa noite, eu não sei se você poderia me ajudar” confesso que coloquei um pouco de charme na voz. Para um humano, nós dhampirs passamos despercebidos. Eu também sempre fui bastante ciente do impacto que causo nas mulheres, apesar disso não ser relevante para mim. “Minha irmã fugiu ontem de casa e estamos desesperados. Nós já procuramos por toda parte. Você não viu essa garota por aqui, comprando passagem?” mostrei a foto de Rose para ela e ainda tentando me manter amigável acrescentei “ela é bastante rebelde, coisas de adolescente”.

Não pude deixar de rir internamente dessa minha pequena mentira, tudo que eu não tinha por Rose era sentimento de irmão.

“Tente se lembrar. Eu preciso encontrar minha filha.” Janine falou, soando preocupada.

A moça observou a foto de Rose e olhou para Janine de forma desconfiada. Depois tornou a olhar para mim. Com a desconfiança crescendo, virou a foto de Rose para nossa direção. “Sua irmã? Filha dela?” Ela apontou para Janine e depois para mim. “E Você é o quê dessa senhora? Filho também?”

Eu sorri, ainda tentando soar simpático e natural. Eu tinha que manter aquela mentira, caso contrário não teríamos as informações que precisávamos. “Não, claro que não. Sou enteado. Ela é a segunda esposa do meu pai. Eu e a garota da foto somos meio-irmãos.” Falei, sem conseguir olhar para Janine.

Ela deu um sorriso em compreensão e toda desconfiança dela se esvaiu.

“Ah! Sim, claro... Entendi agora. Bem eu vi essa garota, sim. Ela tem um linguajar bem mal educado, para meu gosto. Acho horrível quando meninas chamam palavrões, eu sou bastante religiosa, então você deve saber como é.” Aquilo confirmou que ela tinha visto Rose mesmo. Nunca pensei que fosse me sentir tão feliz em ouvir alguém falar que Rose chamou palavrões. Então, com um tom cúmplice, ela acrescentou “Acho que ela fugiu com o namorado. Ela estava com um rapaz com grandes olhos azuis”. Uma onda de alívio passou por mim, mas durou pouco, depois que ela respondeu minha próxima pergunta.

“Eles compraram uma passagem? Para onde? É muito importante para nós, essa é a primeira notícia deles, que temos desde ontem” disse, ainda mantendo meu tom gentil.

“Compraram sim. Para Spokane, com parada em Lowston.” Enquanto ela falava, senti minha visão escurecer. Acho que parei de respirar por alguns segundos, mas recobrei rapidamente meu controle.
“Muito, muito obrigado, você nos ajudou muito” falei de forma humilde, pegando a foto e me retirando.

“Espere!” Ela chamou. “Sua irmã perguntou por outros três amigos dela que haviam comprado passagem, algumas horas antes, também para Spokane, se isso também lhe ajuda”.

Olhei novamente para ela sorrindo, tentando esconder a angústia que tomava conta de mim. “Ajuda muito! Ao que me parece, devem ter ido para alguma festa clandestina. Obrigado novamente”. 

Naquela hora eu realmente queria que o meu maior problema fosse ter Rose fugindo para festas clandestinas. Um forte desespero começou a tomar conta de mim, misturado com uma sensação terrível de culpa. Rapidamente, minha mente construiu toda seqüência dos fatos. Provavelmente os três primeiros vieram para Spokane, por alguma razão. Rose, sabendo disso, e sabendo que era uma cidade que estava infestada de Strigois, veio atrás deles para tentar levá-los de volta, sempre seguindo seu instinto de proteção e sempre agindo sem pensar.

Ao mesmo tempo, eu senti a culpa querendo me consumir. Eu não devia ter contado para Rose sobre os Strigois em Spokane. Aquele era um assunto de guardiões e algumas informações não devem mesmo sair de dentro das salas de comando.

Eu já havia lutado contra vários Strigois e sabia o perigo que eles eram. Sabia também que Rose não estava pronta para enfrentá-los. Contrariando a minha vontade de correr para Spokane, voltamos para o resort, em uma viagem quase interminável.

“Spokane?” Janine falou, enquanto entrávamos  no carro. “Por quê Spokane?” O tom dela era bastante intrigado. Eu não consegui responder aquela pergunta e me mantive em silêncio.

Janine não deu mais nenhuma palavra durante o percurso e eu não fiz questão alguma de falar também. Eu não podia demonstrar para ela o quanto isso tinha me abalado. Eu não podia ter uma atitude inconseqüente, que fizesse com que ela deduzisse tudo que eu sentia por Rose. Eu tinha que manter meu tom profissional. Agora que nós sabíamos onde eles tinham ido, tínhamos que montar um plano para trazê-los de volta.

Quando chegamos ao hotel, fomos direto ao encontro de Alberta e relatamos tudo que tínhamos descoberto. Ela nos ouviu calmamente, sem demonstrar qualquer espécie de sentimento. Aquela sua frieza em lidar com situações críticas faziam com que ela parecesse extremamente forte.

“Vamos entrar em contato com os guardiões que trabalham em Spokane. Os mesmos que descobriram o rastro dos Strigois. Se estes garotos passaram por lá, eles saberão onde encontrá-los.” Alberta falou, mantendo seu tom eficiente.

Vários telefonemas foram dados depois disso. Guardiões de todo perímetro foram acionados. Solicitamos ajuda até dos Alquimistas para conseguirem informações com fontes humanas. Mesmo assim, a manhã correu sem grandes novidades. Somente no meio da tarde, recebemos gravações do circuito interno da rodoviária que mostrava Mason, Eddie e Mia chegando e, horas depois, Rose e Christian. Minhas suspeitas se confirmaram quando recebemos a notícia que eles haviam se encontrado no shopping da cidade, o mesmo shopping que eu havia dito a Rose que tínhamos encontrado passagens secretas de Strigois. A imagem do circuito interno do shopping mostrava os cinco conversando em uma das praças de alimentação e depois seguindo para uma passagem de serviço, justamente o local indicado nas investigações como o acesso aos túneis construídos pelos Strigois. Alguns minutos se passam até que eles retornam e saíram do shopping. Os relógios das gravações indicavam que já era perto do entardecer. E a partir daí, não havia mais registro algum deles. Absolutamente nada.

Assistimos incansavelmente todas as imagens, na esperança de capturarmos cada mínimo detalhe.

“Eu conheço bem quando esse tipo de coisa acontece.” Alberta suspirou, parecendo vencida. “Creio que não há mais nada a ser investigado aqui. Eles entraram nas áreas dos Strigois e, supostamente, foram capturados por eles. Ninguém desaparece assim, a menos que tenha sido pego.”

“Eles não podem ter sido capturados por Strigois. Ainda era dia quando eles saíram do shopping.” Janine falou, sua voz demonstrando uma ponta de desespero. Ela era bastante experiente e provavelmente estava chegando a mesma conclusão de Alberta.

‘É dia. Coisas ruins não acontecem durante o dia.’ Era como se a voz de Rose, quando encontramos o massacre aos Badicas, ecoasse nos meus ouvidos. Eu estava precisando de cada milímetro de controle para não gritar de desespero. Se eles tivessem mesmo sido capturados por Strigois, era pouco provável que ainda estivessem vivos agora. Não havia razão alguma para serem mantidos apenas como prisioneiros.

“Vocês conhecem os procedimentos.” Alberta continuou, com voz firme, embora seus olhos demonstrassem uma sombra de tristeza. “Pessoas desaparecidas, há mais de vinte e quatro horas em zonas de Strigois, são dadas como mortas. Irei emitir o comunicado oficial.”


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