Frostbite Por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Por favor, não me matem. Dimitri precisa tentar para saber que não vai conseguir...



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Na noite de natal, eu me aprontei para ir ao brunch que Tasha iria oferecer. Geralmente, eu não me preocupava em me arrumar. Mas esta era noite de natal e eu senti necessidade de me mostrar mais apresentável. Eu sempre penteava meus cabelos com os dedos e os prendia de qualquer jeito para trás. Hoje, usando uma escova e um elástico, fiz um bom trabalho com eles. Vesti uma camisa social com um suéter e dei uma última olhada no espelho, antes de sair. Nada mal.

A ala dos visitantes da Academia era bastante elegante e estava repleta. Vários Morois vieram festejar com seus filhos, antes de partirem para a estação de sky. Eu cheguei um pouco antes da hora marcada, pois tinha planejado conversar com Tasha antes dos outros convidados chegarem. Eu tinha saído bruscamente da cabana, no outro dia, e não tinha mais falado com ela. Ela sorriu de forma acolhedora ao me ver.

“Dimka! Olha só você está lindo! Feliz Natal!” Ela exclamou enquanto eu passava pela porta. Não pude deixar de me sentir um pouco envergonhado com aquele elogio.

“Você também está... ótima... Tasha. Feliz Natal.” Sorri, tentando esconder meu constrangimento.

“Já está sendo feliz. É... este clima de natal faz grandes coisas com a gente. Você chegou bem cedo. Confesso que não lhe esperava agora.”

“Bem, eu precisava conversar com você, fora da vista dos outros.” Fiz uma pequena pausa. “Eu não devia ter saído da cabana daquela forma. Acho que lhe devo um pedido de desculpas.”

“Pára com isso, Dimka. Não foi nada demais. Você só estava cansado.”

Eu dei alguns passos e fiquei bem próximo a ela “Nós não somos mais crianças, Tasha, precisamos ser francos um com outro. Não podemos agir como se nada tivesse acontecendo. Você fez uma proposta para que eu me torne seu guardião – seu companheiro. Eu prometi que iria pensar sobre isso e é o que eu tenho feito, de verdade. Não está sendo uma escolha fácil – e eu não decidi nada ainda. Mas, honestamente, diante de todo esse contexto, temos que admitir que não podemos agir apenas como amigos, pelo menos não quando estivermos só nós dois.”

Ela me olhava atentamente, seu rosto cheio de expectativa. Eu lutei internamente contra todo senso de ética e afastei todo e qualquer pensamento que eu tinha sobre Rose. Eu precisava tentar aquilo, eu tinha que fazer dar certo, não podia ser tão difícil. Então, eu segurei suavemente a cintura de Tasha e a trouxe para perto de mim.

Tentando não pensar muito no que estava fazendo, eu a beijei. Como se esperasse por isso há muito tempo, ela segurou minha nuca e respondeu ao beijo, de forma ardente e apaixonada. Era estranho, mas eu não conseguia me sentir como ela. Eu não conseguia sentir desejo, não conseguia me entregar.

Quando nos afastamos, ela sorriu feliz. Eu tentei manter minha naturalidade, mas eu tinha que admitir que não tinha representado nada para mim. Novamente, o beijo que Rose tinha me dado no ginásio, alguns dias atrás voltou a minha mente e com ele, toda aquela situação problemática que nos cercava. Rapidamente, empurrei tudo aquilo para longe dos meus pensamentos. Não era o momento para isso, eu não podia seguir em frente se insistisse em me manter preso a estas lembranças.

Eu sempre achei Tasha uma mulher incrível. Ela era madura, compreensiva e muito atenta a mim. Mesmo assim ela parecia não conseguir ler minhas feições, talvez por isso, ela não percebeu a falta de sentimento em mim e continuou me abraçando de forma carinhosa. Sutilmente eu a afastei.

“Acho melhor sermos discretos. Os outros convidados já devem estar chegando.”

“Claro.” Ela se afastou desajeitadamente, procurando o que fazer com as mãos. “Vai ser sempre assim com a gente, não é? Digo, se ficarmos juntos.”

“Assim como?”

“Na frente dos outros, nada de contato físico, nada de demonstrações de afeto. Perto e longe, ao mesmo tempo.” Havia um fio de tristeza em sua voz.

“Eu sinto muito, Tasha. Eu sou um guardião e sempre vou ser isso, antes de qualquer coisa.”

“Eu entendo.” Ela disse, ainda melancólica. Mas eu tinha certeza que ela não entendia. Ninguém entendia o peso disso para mim, a não ser Rose. Droga, sempre Rose voltando a minha mente. Sempre.

Não demorou muito, Christian chegou com Lissa e, logo depois, Rose com Mason. Novamente com Mason. Eles pareciam cada vez mais perto, mas eu me forcei a aceitar aquilo como natural, por mais que doesse em mim, ela tinha que seguir sua própria vida. Senti meu coração apertar ao olhar para Rose, mas resisti várias vezes ao impulso de ir falar com ela. Consegui somente a cumprimentar de longe, mas era difícil ser indiferente com ela. Principalmente por se tratar de uma comemoração de natal e também por ela parecer especialmente linda. Era incrível como nem o olho roxo conseguia tirar a beleza dela.

Eu me mantive ocupado conversando com Tasha o máximo que eu pude, mas sempre percebia que Rose me observava. Eu tentava ignorar isso, mas não era algo que eu conseguia fazer plenamente. Para Tasha, no entanto, não faltava assuntos. Ela começou a me contar sobre um de nossos amigos, um Moroi da realeza, mas muito simples e sem aquela arrogância usual que eles carregavam, ele era extremamente boêmio  e afirmava que nunca se casaria e que detestava crianças.

“Pois é, ele casou sim, com uma bela garota – pelo menos ela era, claro que tinha que ser, é já teve cinco filhos.” Tasha falou enquanto se servia com as comidas que estavam na mesa.

“Cinco? Eu não ouvi isso.” Eu não pude esconder minha surpresa. Cinco filhos era muito para qualquer pessoa, quanto mais para ele.

“É loucura. Eu juro, eu acho que a esposa dele não teve sequer seis meses de folga entre um nascimento e outro. E ela também é baixa – então só ficou mais e mais gorda.”

“Quando eu o conheci, ele jurou que nunca queria ter filhos.”

“Eu sei! Eu também não acredito nisso. Você precisaria ver agora. Ele simplesmente se derrete perto deles. Eu não consigo entender nem a metade do que ele fala. Eu juro, ele fala mais a linguagem dos bebês do que inglês.”

Eu sorri com aquilo. Realmente era difícil de imaginar ele nessa situação. “Bem... crianças fazem isso com as pessoas.”

“Bem, eu não consigo imaginar isso acontecendo com você. Você é sempre tão estóico. É claro... eu suponho que você usaria a língua dos bebês em russo, então, ninguém nunca saberia.” Eu tive que rir com Tasha. Era um pensamento muito inusitado aquele. Eu balançava com a possibilidade de ter um filho, mas eu confesso que não tinha sido algo que eu tivesse sonhado para minha vida. Dhampirs que seguem a carreira de guardião não pensam em se dedicar a construir uma família e, conseqüentemente, não alimentam a vontade de se tornarem pais.

Rapidamente lembrei da proposta que ela tinha feito e percebi que ela falava daquilo por realmente ser uma possibilidade quase palpável para mim. Era estranho, mas não parecia ser parte da minha realidade. Não parecia tratar da minha vida.


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