Frostbite Por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Só tem Dimitri com Tasha aqui...



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Quando saí do quarto, deixei o bilhete com a inspetora do prédio de Rose para ser entregue a ela. Evitá-la parecia ser a atitude mais sensata agora. Eu realmente não sabia como iria reagir se a visse novamente, principalmente quando a sensação daquele beijo era tão recente em mim. Eu podia ter beijado muitas garotas no decorrer da minha vida, mas nenhuma era como Rose, nenhuma tinha causado em mim tanta sensação de perda de sentidos como ela.

Passei para o escritório de Alberta, eu tinha que comunicá-la que havia suspendido as aulas. Ela pareceu não se importar e disse que avisaria a Kirova. Peguei a escala de plantões e me ofereci para monitorar as wards, nas fronteiras da escola, pelo resto do dia e da noite. Assim eu ficaria distante do campus e não correria o risco de ver Rose. Depois do ataque aos Badicas, a segurança da Academia optou por deixar um guardião checando se existiam estacas pelas wards, já que agora nos deparamos com a realidade de que humanos trabalham para Strigois. Essa era uma tarefa muito maçante, pois consistia em rondas externas e a temperatura, a cada dia, diminuía mais.

Na manhã seguinte, após quase vinte quatro horas de serviço, eu entreguei o turno ao guardião que me renderia e segui para o meu quarto. Era isso que eu queria. Me sentir exausto e dormir como uma pedra. Assim, não teria tempo para pensar no que quer que fosse. Quando eu passava em uma trilha perto da cabana, encontrei Tasha que vinha com vários pacotes de supermercado.

“Hey Dimka!” Ela exclamou assim que me viu. “Eu estive lhe procurando.”

“Olá, Tasha, eu estava em serviço. Meu turno terminou há pouco. O quê você queria comigo?” Respondi, forçando um sorriso. Na verdade tudo que eu queria era chegar logo ao meu quarto. O frio era intenso e eu tinha passado praticamente a noite toda ao ar livre.

“Você sempre trabalhando demais...” Ela me analisou e apontou com a cabeça na direção da cabana. “Vamos entrar um pouco, tomar um café ou um chocolate, está muito frio aqui fora.”

“Desculpe, Tasha. Eu não sou uma boa companhia agora. Estou me sentindo exausto. Tudo que eu preciso nesse momento, é dormir um pouco.”

Ela me deu um sorriso triste. “Tudo bem, então porque você não vem mais tarde? Eu posso preparar um delicioso jantar para nós. Eu fiz uma bela limpeza na cabana, está bastante habitável agora. Assim poderemos combinar o que vamos fazer no natal.”

Eu tentei lutar contra a vontade de recusar aquele convite, mas assumindo que, naquele momento nada me soava divertido, acabei concordando. Eu precisava abrir minha mente para Tasha, eu não poderia pensar seriamente na proposta dela, se continuasse assim, a encarando somente como uma amiga.

“Então combinado, nós jantamos juntos hoje. Até mais tarde, então.”

Fui para o meu quarto, e como eu estava desejando, dormi como uma pedra. À noite, fui até a cabana, encontrar com Tasha. Eu realmente não tinha pensado em um encontro, até o momento em que ela abriu a porta e percebi que só tinha nós dois ali. Eu estava tão cansado quando a encontrei mais cedo, que acabei esquecendo de perguntar quem mais viria. A idéia de estar com Tasha em uma cabana no meio da floresta não me soava nada bom. ‘Mente aberta, Dimitri.’ Pensei novamente.

Sendo assim, eu já estava ali, não poderia sair correndo. Entrei na cabana e olhei em volta. Tasha tinha mesmo feito um belo trabalho de limpeza nela. E um cheiro ótimo de comida vinha da pequena e improvisada cozinha.

“Precisa de alguma ajuda aqui?” Falei, me aproximando do forno e buscando algo para me manter ocupado.

“Não, já está quase pronto.” Tasha respondeu, enquanto mexia em algo na antiga geladeira. Então ela virou, segurando uma garrafa de vinho. “Podemos tomar uma taça, enquanto esperamos.”

“Não acho que beber seria uma boa ideia. Tecnicamente, eu estou trabalhando. Não é minha folga.”

“Ah, Dimka, sem essa! Não é seu dia de folga, mas é sua hora de folga. Além do mais, você jamais ficaria bêbado com uma taça de vinho. Eu sei que você foi acostumado com vodka russa que é muito, muito mais forte.”

“Não é bem assim, Tasha.” Falei com um pequeno sorriso. Ela ignorou o que eu tinha dito e me entregou uma taça.

“Você precisa relaxar, está com uma aparência péssima. Você não tem dormido muito bem, não é, Dimka?” O tom dela era bastante carinhoso e preocupado. Eu achava engraçado que Tasha era uma das poucas pessoas que falava da minha aparência. Ela sempre achava que eu precisava de descanso.

“Até que não.” Eu disse, enquanto sentava em uma das cadeiras. “Eu estive em serviço a noite inteira, mas descansei depois disso.”

Ela sorriu e, rapidamente, começamos uma conversa amena. Eu confesso que, às vezes, era bom não ter que usar uma expressão dura o tempo todo. Eu me sentia bastante à vontade e relaxado com ela e não precisava me preocupar em manter meu controle, era como se eu pudesse ser eu mesmo, sem nada para me impedir. É bem verdade que Tasha não me provocava nenhuma reação intensa, que me fizesse perder a cabeça, como era com Rose, por isso eu não era forçado a me manter em constante vigilância. O que tornava a convivência com ela muito mais fácil.

Enquanto Tasha falava, eu a observava não conseguindo me impedir de pensar sobre isso. Era o que ela estava me oferecendo. Tranqüilidade, carinho, estabilidade. A realização de ter uma família estruturada, coisa rara para um dhampir. O maior impedimento estaria no preconceito das pessoas, mas isso era algo que nem eu e nem ela nos importávamos muito. Eu a olhava e pensava como ela era divertida, espontânea, leve e como nós nos dávamos bem. Eu podia passar horas e horas com ela, sem qualquer divergência.

Realmente, era como Tasha tinha dito. Parecia perfeito. Parecia o certo. Mas apenas parecia. Eu repetia para mim mesmo que era fácil gostar de dela. Se eu já gostava como amiga, eu poderia aprender a amá-la como mulher.

O problema, o maior de todos, era que Rose aparecia como uma doença me consumindo. Perto dela, todas as propostas feitas por Tasha perdiam o sentido. Eu sabia que jamais conseguiria parar de amar Rose. Não era algo que eu pudesse ter algum tipo de escolha. Mas eu sabia que podia, que devia me afastar dela. Para o bem dela mesma e para o bem de Lissa. E era com essa ideia que eu tinha que me acostumar. De viver longe dela, embora soubesse que isso seria uma grande batalha interior.

Nós jantamos, ainda conversando de forma descontraída. Não sei se por causa do vinho ou por Tasha não ter forçado nenhum contato mais intimo, eu me sentia totalmente relaxado e à vontade ali.

“O quê você acha de marcarmos para nove horas?”

“Hum?” perguntei ainda sob efeito de uma risada. Tasha havia contado uma história que eu nem me lembrava mais, mas que era muito engraçada. Eu tinha sorrido tanto, como há muito tempo não fazia.

“A ceia de natal!” Ela falou também rindo. “Eu não sei se fiz bem, mas convidei Janine também.”

“Janine? Você diz Janine Hathaway? O que ela tem a ver com a sua ceia?”

“Dimka! Você realmente falava sério com relação ao vinho?” Ela zombou “Nunca pensei que algumas taças lhe causassem amnésia alcoólica! Janine é a mãe de Rose! Eu acho que seria natural que ela passasse o natal perto da filha. E como Rose também virá, então, e convidei a mãe dela também.”

A simples menção do nome de Rose me fez sentir um frio na barriga. O meu bom humor foi embora. “Você convidou Rose?”

Tasha rolou os olhos, parecendo ainda achar engraçado a minha distração. “Não exatamente. Eu convidei Lissa, que dá quase no mesmo. Sendo assim, eu disse logo que ela poderia trazer Rose. Seremos eu, você, Christian, Lissa, Rose e Janine. Ah! Tem o Mason também, já estava esquecendo dele. Ele é amigo das crianças – e parece ser namorado de Rose.” Tasha falou contando nos dedos e acrescentou de forma pensativa. “Como eram muitos convidados, eu resolvi fazer em um dos apartamentos para visitantes da Academia. É bem mais confortável e apropriado. Não que eu me importe com isso, mas não posso impor aos meus convidados que venham para essa cabana mal estruturada.”

Eu ainda estava na parte que ela falou sobre ter convidado Rose e sobre Mason ser seu namorado. Senti meu coração doer. Como eu não tinha pensado que era lógico que ela viria? Eu sabia que tinha que me manter distante, mas mesmo assim, eu tinha vontade de revê-la. Eu sentia a falta dela.

“Alow, Dimka?” Tasha falou rindo, estalando os dedos em frente aos meus olhos. Foi quando percebi que tinha saído completamente de órbita. O olhar dela ainda era divertido. “Você não ouviu uma palavra sequer do que falei, não foi?”

Eu apertei os meus olhos com os dedos, me forçando para parecer natural.

“Desculpe, Tasha. Acho que você tem razão. O vinho já está fazendo seus efeitos... acho que é hora de ir.”

Ela me olhou de forma astuta e correu levemente os dedos pela minha perna. “Porque você não dorme aqui? Está nevando muito lá fora, e-“

Eu me levantei bruscamente, não deixando que ela terminasse. Realmente estava demorando que ela tentasse isso. Senti a tensão tomando conta de mim.

“Não, acho melhor não.” Tentei soar o mais simpático possível e coloquei  a taça de vinho, que eu ainda segurava, em cima da mesa. “Eu já cometi muitos excessos hoje e tenho muito trabalho amanhã. Não vai ser nada fácil transportar tantos alunos em segurança para a estação de sky. A Guardiã Petrov me escalou para realizar alguns serviços administrativos dessa viagem. Eu realmente preciso ir.”

“Tudo bem, eu entendo.” Ela me olhou de forma muito compreensiva, porém triste. Nós nos despedimos quase que friamente e eu voltei para a Academia, sentindo meu coração, minha mente e meu corpo desejando Rose, enquanto meus pés esmagavam o tapete de neve que cobria tudo.


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Notas finais do capítulo

Depois de um longo e tenebroso inverno o Nyah voltou!
Bem gente, eu esse capítulo foi uma criação minha, eu sei que só deu Dimitri com Tasha, mas o quê eu posso fazer? Foi culpa da Richelle que fez ele fugir de Rose...
Ahhh, acho que para alguma coisa Tasha serviu: para fazer uma faxina na cabana e deixar tudo limpinho para Dimitri e Rose desfrutarem de tudo huahuahauhauhuahua