Frostbite Por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 15
Capítulo 15




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Rose me olhava, com a raiva irradiando por cada célula dela.

“Com essa merda Zen. Você não fala comigo como se eu fosse uma pessoa de verdade. Tudo que você diz é uma sábia lição de vida idiota. Você soa como um especial de natal. Eu juro, às vezes parece que você só quer se ouvir falar! E eu sei que você não é sempre assim. Você estava perfeitamente normal quando conversava com Tasha. Mas comigo? Você só segue a maré. Você não se importa comigo. Você só está preso no seu estúpido papel de mentor.”

Eu não podia acreditar que estava ouvindo aquilo. Não de Rose. Cada minuto, cada segundo do meu dia era gasto pensando nela. Tudo que eu fazia era por ela e no final de tudo, era aquilo que ela achava de mim? Aquelas palavras dela bateram forte, tanto que eu só consegui olhar para ela, sentindo a incredulidade tomar conta de mim.

“Eu não me importo com você?”

“Não.” Ela falou duramente, enquanto batia com o seu dedo indicador no meu peito. “Eu só sou mais uma aluna para você. Você só continua com essas suas ridículas lições de vida para que –“

Antes que ela pudesse continuar, eu segurei a sua mão, a mão que batia no meu peito e prendi contra a parede. Eu sentia uma enorme frustração tomar conta de mim. Eu pensei que todo esse tempo Rose tivesse entendido que o fato de eu estar apaixonado por ela, não queria dizer que eu podia levar isso adiante. Era assim mesmo que eu deveria tratá-la. Como uma aluna, isso era o certo, o caminho natural. Tudo que eu fazia era no esforço de manter tudo sobre controle e muitas vezes, era um esforço sobrenatural. E agora ela me acusava de ser indiferente? Ela mesma não fazia nada mais do que cumprir seu papel de aluna, quando estava comigo. Eu tinha que admitir que ela fazia uma bom trabalho em guardar seus sentimentos. Ao mesmo tempo, eu esperava que ela soubesse que era importante para mim, mesmo que eu não pudesse demonstrar isso.

“Não me diga o que eu estou sentindo.” Minha voz saiu como um rosnado. Eu podia sentir algo estranho percorrendo minhas veias, juntamente com meu sangue. Era uma sensação que há muito tempo eu não tinha. A sensação de estar perdendo o controle sobre mim mesmo. Ela não podia dizer mesmo, ela não podia imaginar como aquele amor não vivido me corroia. Só eu sabia o quanto eu sofria por viver daquela forma. Eu tinha perdido as contas de quantas noites eu passei em claro somente lutando contra pensamentos e tentando destruir o que eu sentia por ela, tudo em vão.

“É isso, não é?”

“O quê?”

“Você está sempre lutando por controle. Você é igual a mim.”

“Não. Eu já aprendi a me controlar.” Eu tinha que admitir que tinha medo do que viria dela. Eu conhecia aquele tom dela e sabia que ela estava me analisando. E isso me assustava. Mesmo assim, eu ainda me sentia sob efeito de toda onda de emoção que tinha passado por mim.

“Não. Você não aprendeu. Você coloca uma boa cara, e a maior parte do tempo faz você pensar que está controlado. Mas às vezes você não pode...” Ela se inclinou com seu rosto a poucos centímetros do meu e sussurrou “às vezes você não quer.”

“Rose...” Foi só o que eu consegui dizer. Meu coração batia disparado e era difícil de respirar. Eu me sentia derrotado. Ela tinha razão. Cada palavra que ela tinha dito era a mais pura verdade. Foi como se ela pudesse ver a minha alma. A prova de tudo estava acontecendo ali, naquela hora. Nós ainda estávamos muito próximos e eu não conseguia me afastar dela. Eu não queria me afastar dela. Eu tentava buscar aquele controle que tinha acabado de dizer que tinha aprendido, mas nada. Ele não vinha. Foi quando ela fez o que eu estava o que eu já estava prestes a fazer. Ela me beijou. E eu a beijei de volta, como não podia deixar de ser. Eu não podia impedir aquilo, era o que eu estava desejando há tanto, tanto tempo.

Sentir novamente os lábios dela, ali, doces e quentes, despertou em mim todo aquele desejo que eu tinha trancado. Eu a trazia para mim e parecia que quanto mais apertava meu corpo contra o dela, não era o bastante. Minha outra mão percorria seus cabelos, aqueles cabelos que eu tanto adorava tocar. Eu queria mais, eu a queria muito, tanto... Aquele pensamento me fez parar e recuar, dando alguns passos para trás. Onde eu iria chegar? Eu só podia estar ficando louco. Como eu pude me deixar ser levado assim?

“Não faça isso de novo.” Falei duramente, soando como uma ordem.

“Não me beije de volta, então.”

Eu a encarei por um tempo, buscando o que falar. Mas eu ainda não conseguia pensar de forma coerente. O olhar dela ainda me deixava bastante tont e eu lutei para restabelecer o controle de tudo e fazer parecer que não tinha acontecido nada de mais.

“Eu não dou lições Zen para me ouvir falar. Eu as dou porque você é só mais uma aluna. Eu faço isso para lhe ensinar a se controlar.” Tentei soar como se estivesse à frente de tudo, mas  me senti um verdadeiro idiota, assim que as palavras saíram. Eu só estava repetindo o mesmo comportamento vingativo de Rose, provando, mais uma vez que ela tinha razão. Que nós éramos iguais.

“Você está fazendo um ótimo trabalho.” Rose ironizou, fazendo com que eu me sentisse, ainda mais, como um estúpido garoto.

Eu fechei os olhos e respirei fundo. Meus pensamentos em russo saíram em palavras, sem que eu pudesse impedir.

“Eu sou um fraco. Um fraco idiota.”

Tudo que eu queria era voltar para ela e continuar lhe beijando. Sabendo que não podia resistir por mais tempo, sai dali sem a olhar mais. Atropelei todo caminho que vinha pela minha frente e passei pelo campus como um verdadeiro furacão. Apesar de todo senso lógico, todo meu corpo e minha mente ainda queriam Rose, ainda precisavam dela. Cheguei ao meu quarto, com todo aquele sentimento me dominando. Um sentimento que eu conhecia bem e que sabia que era difícil de guardar quando ele se manifestava. Meu Deus, como eu a amava, como eu queria poder ficar com ela.

Eu sentei na cama, ainda com a respiração alterada, era como se eu pudesse ouvir o meu coração batendo dentro de mim. A vontade que eu tinha era de voltar para aquele ginásio e beijar novamente e novamente. Deixar tudo de lado e me entregar a ela.

Eu não podia ignorar aquele beijo. Dessa vez, não teve feitiço, nem colar para provocá-lo. Foram só os nossos próprios desejos. O pensamento de que Rose também me queria, de que ela também sentia o mesmo não ajudava nada naquela batalha interna que eu estava travando. Mas ela sentia e isso tinha ficado bem claro. Ela não teria uma reação tão forte daquelas se quisesse apenas me expor.

Eu deitei na cama, ainda com aquele turbilhão dentro de mim. Fiquei ali por um tempo quase interminável até sentir que minhas emoções estavam se normalizando.

Quando finalmente, eu consegui pensar coerentemente, decidi que tinha que me afastar dela. Mesmo que fosse provisoriamente. Era isso. Eu tinha que repensar minha vida, pensar na proposta de Tasha, e a presença de Rose só fazia me influenciar para seguir somente a um caminho. Fui até a escrivaninha e puxei uma folha de papel. Depois de pensar em várias desculpas, escrevi um pequeno e indiferente bilhete para Rose. Se ela achava que era só mais uma aluna para mim, era assim que eu iria tratá-la. Somente como os demais alunos da Academia, de agora em diante.

Rose,

Devido aos festejos de natal e os preparos para a viagem a Idaho, estou cancelando os treinos dos dois próximos dias. As aulas deste ano da Academia estão mesmo para acabar, parece razoável tirarmos uma folga dos nossos treinos.

Dimitri.


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Notas finais do capítulo

vcs podem me crucificar mas eu acho que Dimitri bem que mereceu ouvir essas coisas. Aff, muita frecura dele, só fica trantando Rose cheio de filosofia enquanto com Tasha é só simpatia... Ainda vem dizer mais tarde que é Rose que é imatura, e ele é o que?????
Acho que Rose estava coberta de razão.