Frostbite Por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 14
Capítulo 14




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Na manhã seguinte, acordei na hora de sempre e segui para o ginásio. Depois do que tinha acontecido na aula anterior, Alberta tinha conversado com Janine e ela concordou que as aulas deveriam permanecer comigo. Quando cheguei, avistei de longe Rose, novamente conversando com Mason. Para minha surpresa, ela já estava lá, mesmo sendo tão cedo. Geralmente, ela sempre se atrasava, principalmente para esta primeira aula e por mais que eu a repreendesse por isso, não adiantava.

Assim que me aproximei, Mason deixou o ginásio e Rose me seguiu até a sala de prática. Sem dizer uma palavra sequer, ela começou a se alongar. Eu percebi que o humor dela não estava muito bom e, como sempre, resolvi não falar nada sobre o dia anterior com ela. Assim que Rose terminou, eu lhe disse para continuar com as mesmas manobras que praticamos dois dias atrás. Ela evitava me olhar e estava usando os cabelos soltos, caídos levemente no rosto. Há muito tempo, Rose não usava os cabelos soltos. Pelo menos, não durante as aulas. Eu tinha que admitir que gostava muito de quando ela não os prendia, por isso não falei nada.

Foi então que ela começou a bater furiosamente nos bonecos. Seus golpes eram incrivelmente rápidos e precisos. Eu sentei em uma das cadeiras a e observei. Eventualmente, eu corrigia sua postura, ou algum golpe errado, na esperança que ela diminuísse o rítimo dos ataques, mas não adiantou. Confesso que tentei manter a naturalidade ao máximo, mas percebi claramente que ela estava descontando toda sua raiva naquele treino. Ela estava quase irreconhecível. Era como se aqueles bonecos representassem todas as coisas ruins do mundo pelas quais ela estava passando. Em um certo ponto, eu tive que intervir de maneira mais direta. Ela espancar os bonecos daquela maneira não era nada saudável.

“Seu cabelo está no caminho. Não está apenas bloqueando sua visão periférica. Você está correndo o risco de deixar que o seu inimigo o use contra você.” Eu disse, na esperança de que ela parasse para prender seu cabelo e pudesse se acalmar um pouco, enquanto fazia isso. Mas foi inútil novamente.

“Se eu realmente estivesse em uma luta, eu o usaria preso. Eu apenas estou usando solto hoje. Só isso.” Ela disse, enquanto empalava violentamente um dos bonecos.

“Rose.” Falei com cuidado, assumindo que não podia deixar que ela permanecesse descontrolada daquele jeito. Ela me ignorou e continuou com seus golpes. Eu coloquei mais força e autoridade na voz. “Rose, pare!”

Ela se afastou imediatamente do boneco, se encostando na parede, respirando pesadamente. Ainda sem me encarar, ela olhou para o chão, virando o rosto na direção oposta da que eu estava. Ela não tinha falado quase nada, mas era óbvio que ela não estava se sentindo bem. Eu não gostava de ver Rose daquela maneira e não podia fingir que nada estava acontecendo e simplesmente continuar a aula, ignorando tudo.

“Olhe para mim.” Eu falei autoritariamente.

“Dimitri – “ ela tentou protestar, mas eu a interrompi.

“Olhe para mim.”

Se eu não podia ignorar seus problemas, ela também não podia me ignorar assim. Muito devagar e parecendo relutante, ela levantou os olhos, mas ainda mantendo a cabeça baixa, eu realmente não estava acreditando que ela estivesse se escondendo atrás de uma mecha de cabelo, mas era isso mesmo. Era isso que parecia e era isso que era. Por algum motivo bobo ela estava com vergonha de mostrar seu rosto para mim. Eu levantei da cadeira, fui até ela e parei na sua frente. Ela olhou para baixo novamente.

Com a minha mão esquerda, afastei o seu cabelo. Eu podia sentir os fios deslizando pelos meus dedos. Aquela era uma das melhores sensações que eu podia experimentar. Foi quando eu finalmente vi o seu rosto e o choque correu por mim. Minha respiração parou uma batida de coração e eu não sabia dizer se era por causa do ferimento ou por estar tão próximo dela. Tentei me manter imparcial, mas tinha que admitir que tinha sido um machucado terrível. O lado esquerdo superior estava bem inchado e avermelhado. Ao redor dos olhos, estava completamente roxo. Definitivamente, aquele não tinha sido um golpe dado sem querer. Eu ainda tocava nos cabelos dela, e tive que resistir a vontade de puxá-la para mim e abraçá-la. Eu ainda tinha muita vontade de cuidar dela, de poder protegê-la, mas não podia fazer isso. Sentindo essa impossibilidade, resisti ao impulso de tocar no seu rosto e deixei minha outra mão cair ao seu lado. Rose me olhava com muita expectativa, o que tornava tudo ainda mais difícil.

“Dói?”

“Não.” Ela mentiu. Eu já tinha tido ferimentos daquela natureza e sabia que doía bastante. Ela estava apenas querendo parecer forte.

“Não está tão ruim.” Foi a minha vez de mentir. “Vai sarar logo.”

“Eu a odeio.” Ela falou com a mesma fúria que tinha quando batia nos bonecos.

“Não, você não a odeia.” Falei gentilmente. Rose era louca pela mãe. Caso não fosse, ela não se ressentiria tanto pela sua ausência.

“Eu odeio.”

“Você não tem tempo para odiar ninguém. Não na nossa profissão. Você deveria fazer as pazes com ela.”

Eu queria que ela entendesse que quando se lidava com a morte todos os dias, não podíamos cultivar rancores. Mas aquelas palavras surtiram efeito contrário. Pude ver o ultraje passando por ela.

“Fazer as pazes com ela? Depois dela ter me dado um olho roxo de propósito? Porque eu sou a única que vê a loucura que é isso tudo?”

“Ela não fez de propósito.” Falei duramente, embora também acreditasse nisso, não podia alimentar a raiva de Rose contra Janine. “Não importa o quanto você esteja ressentida com ela, você tem que acreditar nisso. Ela não faria isso. E de qualquer maneira, eu a vi mais tarde ontem. Ela estava preocupada com você.”

“Provavelmente ela estava mais preocupada que alguém a denunciasse por abuso contra menores.”

“Você não acha que essa é uma boa época do ano para perdoar?”

Rose não estava nada fácil esta manhã. Nada do que eu falasse, parecia surtir efeito.

“Isso não é um especial de natal! Isso é a minha vida!” Ela praticamente gritou. “No mundo real, milagres simplesmente não acontecem!” Rose respirava rápido e eu sinceramente não sabia mais esperar o que viria dela. Ela colocou as mãos na cintura e me encarou. “Ok. Você pode parar com isso, de uma vez?”

“Parar com o quê?” perguntei sem entender ao certo sobre o que ela estava falando. Vindo de Rose, poderia ser sobre qualquer coisa.


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Notas finais do capítulo

Meninas, desculpem! Eu tive que partir o cap no meio... pois é, me inspirei na novela das seis, a vida da gente. Já perceberam que toda vez que vai começar uma cena boa o capitulo acaba?? e hoje então, bem na hora que o rodrigo viu a ana, puf acabou... kkk
Eu sei, eu sei, muito nada a ver falar de novela, mas eu sou noveleira mesmo, assito todas (até malhação e rebeldes kkk)... pronto, falei.
Ah e não podia deixar de agradecer a even que escreveu uma linda recomendação! não sei se eu mereço tantos elogios... obrigada mesmo!
bjs bjs