Frostbite Por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 10
Capítulo 10




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/172786/chapter/10

Rose me olhou de forma confusa, enquanto eu apontava para o lado oposto do dormitório. Eu fiz questão de não falar nada a ela, até porque eu pensei que ela pudesse sentir que Lissa estaria ali pela ligação. E também eu queria que ela mesma tirasse suas próprias conclusões sobre Tasha e sua história com Strigois. Realmente, eu esperava que Rose me enchesse de perguntas curiosas durante todo caminho e me surpreendi por ela ter me seguido, de forma obediente e sem dar qualquer palavra. A cabana onde Tasha estaria ficava dentro da floresta, próxima a fronteira da Academia, por isso tivemos que caminhar por um bom tempo. Uma nevasca tinha caído, cobrindo todo o solo e o frio era intenso. O sol estava nascendo e nem isso era suficiente para esquentar o vento que soprava. Várias vezes, tive que diminuir meus passos para que Rose pudesse me acompanhar. Isso sempre acontecia, não só com ela, mas com quase todas as pessoas. Por ser tão alto, meus passos eram mais largos e eu era acostumado a andar rápido.

“O quê é isso?” Rose perguntou, quando finalmente pudemos avistar a cabana. Ela era construída de madeiras e seu estado de conservação não era dos melhores.

“Um antigo posto de vigília. Os guardiões costumavam ficar nas fronteiras do campus, mantendo a vigilância contra os Strigois.”

“Porque eles não fazem mais isso?”

“Porque não temos mais guardiões o suficiente. Além do mais, os Morois reforçaram a magia de proteção em volta do campus e a maioria das pessoas achou que não era mais necessário ter alguém de guarda.”

À medida que nos aproximávamos, podíamos ouvir vozes e risadas. Pela expressão de Rose eu pude perceber que ela havia sentido a presença de Lissa ali, somente naquele momento. Quando demos a volta e avistamos o lago, pudemos ver Tasha, Lissa e Christian patinando nele.

“Rose!” Lissa gritou feliz, assim que paramos na margem do lago. A expressão de Rose ainda era intrigada. Eu sabia que ela estava buscando entender sozinha tudo aquilo. Christian fez uma careta, claramente não aprovando a chegada dela. Lissa se aproximou, se equilibrando nas pontas dos patins. Eu poderia dizer que ela não era muito boa nisso. “Eu pensei que você estava ocupada. Isso é um segredo, de qualquer forma. Nós não deveríamos estar aqui.”

Apesar do tom alegre de Lissa, Rose ainda parecia desconfortável. E tudo piorou quando Tasha se aproximou com Christian.

“Você trouxe penetras, Dimka?” Tasha perguntou sorrindo, em um tom de brincadeira. Mesmo assim, percebi que Rose ainda permaneceu séria, como se estivesse hipnotizada com aquela cena. Eu realmente esperava que Rose gostasse do que ia encontrar e ficasse mais descontraída. Mas não. Ela se limitou a observar tudo, principalmente Tasha.

“É impossível manter Rose longe de lugares onde ela não pode ir. Ela sempre os encontra.” Falei em um tom ameno, observando Rose cautelosamente, mas ela permaneceu estudando a situação. Tasha se inclinou para ela estendendo sua mão.

“Tasha Ozera. Eu ouvi muito a seu respeito, Rose.” Ela falou, sorrindo, com sua habitual educação e simpatia. Rose lançou um olhar afiado para Christian. Tasha percebendo isso, acrescentou “Somente coisas boas.”

“Não, não foram.” Christian completou rapidamente. Tasha balançou sua cabeça rapidamente em exaspero.

“Honestamente, eu não sei onde ele conseguiu essas horríveis habilidades sociais. Garanto que ele não aprendeu isso comigo.”

“O quê vocês estão fazendo aqui?” Rose perguntou, falando pela primeira vez.

“Eu queria passar um tempo com esses dois. Mas eu não gosto de ficar perto da escola. Eles não são muito hospitaleiros.” Tasha disse, franzindo as sobrancelhas.

“Por causa... Por causa do que aconteceu.” Rose falou, ainda muito pensativa.

Tasha deu de ombros. “É assim que as coisas são.” Ela esfregou as mãos “mas não vamos ficar parados aqui. Não quando podemos fazer uma fogueira lá dentro.”

Eles saíram do lago e nós começamos a caminhar para a cabana. Rose nos seguiu logo atrás, olhando para o lago. Eu me perguntava se ela queria ainda ficar ali fora por mais tempo. Quando entramos, dei uma olhada rápida pela cabana. Era impressionante que Tasha preferisse ficar ali. A Academia tinha uma ala própria para visitantes, com apartamentos bem equipados, confortáveis e luxuosos. No entanto, a cabana era extremamente rústica e simples. Com poucos armários e uma pia do lado direito. No lado esquerdo tinha uma cama de casal e algumas cadeiras, próximas de uma lareira a qual acendemos rapidamente. Ainda falando alegremente, Tasha abriu uma das sacolas de compras que estava no balcão da pia e trouxe um saco de marshmellows. Nós nos sentamos em cadeiras perto do calor das chamas. Rapidamente Tasha e eu começamos uma conversa sobre alguns conhecidos nossos dos quais eu não tinha notícias há um bom tempo. Eu tinha muitos assuntos comuns com ela e sempre me sentia à vontade com Tasha. Eu a conhecia há muito tempo e nunca precisei forçar qualquer comportamento com ela. Meus gestos e atitudes viam de forma espontânea, eu ficava realmente relaxado.

Eu não tinha percebido que dois pares tinham se formado e deixado Rose de fora, até que ela falou, se inserindo na conversa. Eu me surpreendi dela ter ficado quieta, só observando por tanto tempo. Embora eu estivesse distraído com os assuntos levantados por Tasha, minha atenção também estava em Rose, que estava sentada ao meu lado. A presença dela não era algo que eu conseguia ignorar.

“Então, você vai para a estação de esqui?” Rose perguntou a Tasha, de forma simpática.

Tasha acenou, dando um longo bocejo e se espreguiçando. “Eu não esquio há séculos. Eu não tempo. Estava aguardando minhas férias para isso.”

“Férias? Você tem... um trabalho?” Rose parecia surpresa.

“Infelizmente sim. Eu dou aula de artes marciais.” Tasha respondeu com voz desanimada e eu tive a impressão que o queixo de Rose quase caia no chão. Era compreensivo o seu espanto. Morois da realeza raramente trabalhavam. E com alguma coisa que envolvesse lutas, isso era ainda mais improvável de acontecer.

“O quê você acha, Rose?” Christian perguntou, notando sua surpresa. “Acha que você poderia com ela?”

“Difícil dizer.” Rose respondeu baixo, ainda em choque. Ela realmente me surpreendia. Eu esperava que ela fosse se exaltar, contando sobre sua capacidade de luta, mas não, ela se manteve cautelosa e humilde. Eu tive vontade de rir daquela reação dela, mas me contive. No entanto, Tasha que não era tão reservada, riu alto.

“Você está sendo modesta. Eu já vi o quê vocês podem fazer. Isso é só um hobby meu.”

Eu dei uma leve risada. De alguma forma, Rose e Tasha estavam sendo cautelosas uma com a outra. Eu sabia que Tasha tinha se tornado uma boa lutadora. E também sabia que não era apenas um hobby, tinha sido uma necessidade. Sem guardiões, ela tinha que arranjar uma maneira de se defender.

“Agora é você que está sendo modesta. Você poderia ensinar para metade dos alunos daqui.”

“Dificilmente, eu ficaria bem embaraçada se apanhasse de um bando de adolescentes.”

“Eu não acho que isso aconteceria.” Eu falei, lembrando de um fato que aconteceu há muito tempo atrás, que Tasha usou seus conhecimentos de auto defesa, contra um Moroi pedante da realeza que lhe passou uma cantada barata. “Eu me lembro de você fazer um belo dano em Neil Szelsky.”

“Jogar minha bebida no rosto dele não foi um dano de verdade – a não ser que você esteja considerando o dano que eu fiz em seu terno. E todos nós sabemos como ele é com relação às suas roupas.” Tasha riu e eu não pude deixar de rir daquela lembrança. Para um sujeito vaidoso como ele, ter seu terno caríssimo manchado de vinho era um insulto.

“Você começou a lutar depois do que aconteceu com seu rosto?” A pergunta de Rose cortou imediatamente a nossa risada. Eu não podia acreditar que ela tinha falado aquilo assim tão diretamente.

“Rose!” Lissa exclamou, provavelmente dividindo o mesmo constrangimento que eu. Tasha parecia lidar tranquilamente com aquilo.

“Sim. O quanto você sabe?”

Rose olhou para Christian. “O básico.”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!