Frostbite Por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 9
Capítulo 9




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Depois de me despedir de Tasha, segui para o ginásio. Preparei rapidamente a sala para aula com Rose, ao mesmo tempo em que me preparava para enfrentar o seu temperamento agressivo, depois de tudo que tinha se passado com a sua mãe. Eu ainda estava terminando de montar um dos bonecos, quando a porta abriu e Rose entrou, praticamente correndo.

“Aqui.” Ela exclamou batendo com os punhos fechados no centro do peito de um dos bonecos que já estava pronto. “O coração está aqui. E o esterno e as costelas estão no caminho. Posso pegar minha estaca agora?” Ela cruzou os braços e me encarou, sabendo que estava certa. Eu me limitei a olhá-la como se ela não tivesse feito nada além de sua obrigação. E, de fato, não tinha feito.

“E como você faz para atravessar o esterno e as costelas?”

Ela me olhou com expressão incrédula. Percebendo que ela não sabia a resposta, eu fui até ela e lhe ensinei várias manobras e algumas maneiras de como fazer isso. Ela me observou com muita atenção e surpreendentemente calma. Quando terminei de demonstrar, estendi a estaca e a entreguei. O rosto dela se iluminou como um belo dia de verão.

“Você está dando ela para mim?” Rose olhava para a estaca e para mim, seus olhos se movendo rápido. Eu não quase não acreditei naquela reação dela. Eu esperava que ela a tomasse da minha mão e empalasse um dos bonecos imediatamente. Mas como eu sempre digo, Rose é imprevisível e isso era uma das coisas que me faziam gostar muito dela.

“Eu não acredito que você está se segurando. Eu pensava que você ia pegá-la e sair correndo.” Falei, tentando não sorrir.

“Você não está sempre me ensinando a me segurar?”

“Não com tudo.”

“Mas em algumas coisas.” A voz dela saiu carregada de duplo sentido. Pela sua expressão, ela tinha escapado aquilo quase que de forma inconsciente, como um ato falho. Ela ficou um pouco desconcertada em ter dito aquilo e eu me forcei a manter a naturalidade. Não era só ela que tinha que se segurar. Muitas vezes eu tinha que convocar toda força, até aquela que eu nem sabia que tinha, para me controlar perto dela.

“É claro.” Falei e me senti satisfeito por perceber que minha voz tinha saído com a mesma neutralidade de sempre, não revelando o que eu sentia. “É como todo resto. Temos que balancear. Saber quais coisas você deve perseguir – e quais coisas deve deixar em paz.” Eu a olhei profundamente, para que ela entendesse que essa era a lição que eu estava procurando seguir e que ela deveria fazer o mesmo. Encontrar os olhos dela fez meu coração disparar. Eram momentos simples como estes que eu constatava que eu não estava fazendo um bom trabalho. Eu simplesmente não conseguia deixar estes sentimentos em paz dentro de mim. O que eu sentia por ela parecia ter vida própria e cada vez mais se apresentava maior. Rose mal podia imaginar que por tantas vezes eu estive prestes a ir jogar tudo para o alto e me entregar aqueles sentimentos. Cada vez mais se tornava impossível fingir que eu não sentia nada. Isso requeria muito esforço meu e me deixava, muitas vezes, arrasado.

Ela desviou os olhos do meus e olhou novamente para a estaca que eu ainda segurava. Depois de alguns momentos pensativa, ela a pegou e a estudou por algum tempo. Então, tornou a olhar para mim.

“O quê eu devo fazer primeiro?” ela perguntou, com a voz baixa e humilde.

Eu me aproximei dela e lhe dei algumas explanações sobre como a segurar, a melhor forma de se colocar e posicionar suas mão. Ensaiei pacientemente vários ataques com ela, corrigindo a sua postura e posição, quando era necessário. Mas Rose queria muito ser uma boa guardiã e quando se tratava disso, ela agia com seriedade e dedicação. Ela não demonstrava cansaço e nem preguiça quando o assunto era treino. As repetições nunca eram demais para ela. Partimos para treinar diretamente nos bonecos e a mesma determinação dela se manteve.

“Deslize para cima, através das costelas.” Eu a orientei, enquanto ela tentava encaixar um golpe. “Será mais fácil, já que você é mais baixa do que a maioria dos seus agressores. E mais, você pode tentar acertar a parte mais baixa da costela.” Falei demonstrando um movimento. Ela repetiu, ainda com dedicação. Os movimentos dela eram precisos e rápidos, com mais um pouco de treino, se tornariam perfeitos. Ela tinha uma técnica própria que fugia às teorias e era bastante eficiente. Era difícil de se ver isso em um guardião. Muito raro mesmo.

“Bom, muito bom.” Soltei, quando a aula terminou e eu pegava novamente a estaca.

“Verdade?” Ela perguntou, com o rosto surpreso. Era verdade que eu não a elogiava muito, mas isso não queria dizer que eu não achava que ela fosse muito boa naquilo que fazia.

“Você fez como se estivesse fazendo isso há anos.”

Ela sorriu satisfeita, enquanto saíamos do quarto de prática e caminhávamos para o ginásio. Eu fui até um armário pegar meu casaco. Estava muito frio lá fora.

“Eu posso empalar aquela ali, da próxima vez?” Ela perguntou apontando para uma boneca que tinha os cabelos curtos, vermelhos e encaracolados, como os da sua mãe. Eu rapidamente entendi aquilo.

“Eu não acho que isso seria saudável.” Falei, enquanto vestia o casaco.

“Seria melhor do que fazer diretamente nela.” Ela colocou a mochila e saíamos. Eu tinha achado melhor não comentar nada do que tinha acontecido durante a aula de Stan. Eu já tinha percebido que Rose gostava muito das aulas práticas e que, muitas vezes, se sentia bastante à vontade comigo. Então tinha optado por não causar mais aborrecimento a ela. Mas agora, ela estava trazendo aquele assunto para mim.

“Violência não é a solução para o seus problemas.”

“É ela quem tem problemas. Eu pensei que toda a minha educação era motivada para responder com violência.”

“Apenas para aqueles que a trazem primeiro. Sua mãe não está lhe agredindo. Vocês duas são muito parecidas, só isso.”

Ela parou de andar e me olhou com indignação. “Eu não me pareço nada com ela! Eu quero dizer... nós meio que temos os mesmos olhos, mas eu sou muito mais alta. E o meu cabelo é muito diferente.” Ela apontou para sua própria cabeça. Era como se compará-la com a mãe lhe fosse uma ofensa.

Eu tentei não cair na tentação de provocá-la. Rose ficava muito divertida quando estava assim irritada por nada. Ela sabia que não estávamos falando de características físicas e sim de temperamento. Rose estava apenas tentando desviar a conversa.

“Eu não estou falando de aparências físicas e você sabe disso.” Eu tentei soar como o mentor ponderado. Eu não sabia dizer exatamente como, mas eu entendia Rose melhor do que ela mesma, eu arriscaria dizer. Ela e a mãe, em muitos pontos, dividiam os mesmos objetivos e os mesmos pensamentos. Eu tinha que admitir que Rose era muito mais intensa que Janine e mais sensível, também, mas essencialmente, as duas tinha os mesmos valores.

“Você acha que eu tenho ciúmes?”

“Você tem? E se sim, então do que você tem ciúmes exatamente?”

Ela me olhou, sabendo que podia desabafar comigo e eu senti uma grande cumplicidade correr entre nós. “Eu não sei. Talvez eu tenha ciúmes da sua reputação. Talvez eu tenha ciúmes por ela gastar mais tempo com a carreira do que comigo. Eu não sei.”

Aquele era o ponto. Rose só queria passar mais tempo com a mãe, sentir que a Janine gostava dela e se importava com ela. Era uma carência que ela tinha, uma falta que ela sentia.

“Você não acha que o quê ela fez foi incrível?”

“Sim. Não. Eu não sei. Só que soou como se fosse algo... eu não sei... como se ela estivesse se gabando. Como se ela tivesse feito tudo aquilo para ter glória.” Ela fez uma careta e acrescentou “Pelas tatuagens.”

“Você acha que vale apena enfrentar Strigois somente pelas marcas? Eu pensei que você tivesse aprendido alguma coisa na casa dos Badicas.” Eu realmente sabia que o que Rose tinha falado não era exatamente o que ela tinha sentido. Mas eu queria mostrar para ela que, nem por brincadeira, ela podia pensar daquele jeito, que a vida não deveria ser arriscada somente para alimentar a vaidade.

“Não é isso – “

“Vamos.”

Ela parou de andar. “O quê?”

Nós estávamos indo na direção do dormitório. Eu realmente não estava com vontade de ver Tasha, mas decidi que seria um bom aprendizado para Rose conhecer alguém que tenha uma história relacionada a Strigois, como a dela. Eu apontei com a cabeça para o lado oposto do campus.

“O quê foi?” Ela perguntou, ainda sem entender.

“Nem todas as marcas são medalhas de honra.”


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Notas finais do capítulo

Infelizmente, Dimitri nesse ponto da história, ainda acha Tasha o máximo...
Eu juro que ainda vou fazer uma fic dele indo visitar Tasha na cadeia e dizer poucas e boas pra ela!
Aguardem!
ah, e a nossa fic recebeu mais uma recomendação para minha histeria!!! Obrigada Gatagarotabela pelas palavras tão fofas!
bjs no coração de vcs!