Certo.

De acordo com as regras...um beijinho não fazia mal, e até onde eu entendia a Jéssica não iria terminar com o Markos pra namorar com o Mike. Nenhuma garota racional faria isso, mas acontece que Jéssica não era racional. Do nosso grupo, ela era a que mais nos assustava com suas esquisitices. Por outro lado, eu achava que Catherine era a pessoa mais racional que eu conhecia. Eu e Angela estávamos perdidas em algum lugar entre Razão e Emoção.

Pensando por outro lado...caso algum desastre natural acontecesse e Jéssica pirasse o cabeção total e acabasse namorando com o Mike, ela não estaria quebrando as regras. Ela não estaria quebrando, porque ela não saberia que não podia fazer. Certo?

Mas Mike sabia, não das regras – porque era segredo – mas sabia sobre o que havia acontecido a oito meses atrás. Claro que ele sabia, ele participou...e muito por sinal. E se ele contasse para alguém? Pior! Se ele contasse para a Jéssica?

Ela ia pirar! Dizer que eu não confiava nela, que eu era uma péssima amiga e ia fazer todo o drama do mundo.

Ai Meu Deus. Eu tava ferrada!

- BELLA! – eu escutei Angela gritando e acordei.

- Caramba menina, ta drogada? Tu ta paradona aí a uns 5 minutos. – Cat disse, olhando direto para meus olhos. Minha amiga era meio psíquica e do mal! Toda vez que eu tentava esconder algo, ela dava um jeito de descobrir e descobria! Bem...quase tudo.

- Desculpe. Mas é que essa loucura de Jess ainda não sentou na minha cabeça.

- Bella, eu sei que você está preocupada. Eu sei baby, mas não se preocupe. Eu não vou ser como a vadia da Kate Monroe e dar logo no primeiro encontro. – ela falava enrolando o cabelo e sorrindo para mim.

Sério que ela achava que isso iria me deixar aliviada?

- E você planeja ter outros? Quero dizer...outros encontros com o Mike? Pensei que você não repetisse. Se lembra? Figurinha repetida não completa o álbum.

- Eu sei, eu sei. – ela revirou os olhos. – mas eu to carente...e não to afim de ficar com os garotos que a Kate já pegou...ouvi dizer que ela tem herpes...por isso eu pretendo ficar com o Mike quantas vezes eu quiser. Ele ainda tá limpo.

Entenderam o que eu quis dizer quando disse que era louca? Jéssica era pirada! Ela sempre arranjava desculpas para as suas loucuras e o pior de tudo era que quase fazia sentido. Quase.

Kate Monroe era a típica filha da mãe que fazia o que queria, do jeito que queria, quando queria e sempre que queria. Ela era a queridinha dos professores, tirava notão em todas as provas e trabalhos – mesmo que eu tivesse certeza que ela não fazia nem 10% - e vivia dando em cima do Jacob. Mas...como ele tinha aquele jeito de não estar nem aí para as garotas da escola, ela era sempre ignorada. Por isso eu gostava do Jake. Ele era inteligente, um cara legal e não se envolvia com gentinha como a Kate.

Me lembro do ano passado, quando teve teste para se tornar líder de torcida e ela competiu com Jéssica para conseguir a vaga. Por alguma ironia do destino, na época ela sofreu um acidente e quebrou a perna, resultando em Jéssica como líder de torcida, até os dias atuais.

- Ok ok. Vamos logo Bella de Neve? – Jess disse brincando a respeito do meu nome como ela sempre fazia.

Quanto tínhamos 10 anos, o aniversário de Angela foi com o tema das princesas da Disney. Ela cismou que nós quatro deveríamos nos vestir de acordo com o tema. Então Jéssica cismou que eu devia ser a Branca de Neve, por causa da cor da minha pele e do meu cabelo – que na época era curto. Jess disse que por conta dos meus incidentes com animais – foram três tentativas com peixe, quatro com cachorro e cinco com gatos, todas fracassadas. – ela disse que deveria trocar o Branca e enfiasse o Bella.

Eu não podia deixar barato, disse que ela tinha que ser a Jesserella. Por causa dos cabelos loiros e dos olhos azuis. Catherine acabou sendo a Pequena Gatinha – já que ela não acreditava em sereias e não concordava em se caracterizar com um símbolo mitológico. – E Ang foi quem ela sempre quis ser. A Bela de A Bela e a Fera, mas como meu nome  mudava tudo, ela mudou para Ang e a Fera. E foi uma das melhores festas que eu já fui.

- Certo.

- Para de falar certo guria. Já deu! – Ang resmungou, enquanto eu entrava no carro de Jéssica.

Eu dei a língua para ela no momento em que Jess deu partida e foi embora.

[...]

- Pai! Cheguei! – eu gritei. Era quarta-feira, o que significava que ele saia mais cedo do trabalho para vir ver o jogo.

- To aqui Bells. – ele disse, sentado na sala, com uma garrafa de cerveja na mão. Eu suspirei.

- Eu vou sair com Rose ok? Daqui a pouco ela está passando aqui pra me buscar. Quer que eu faça o jantar agora? – eu disse olhando pro relógio e vendo que eram 5 horas da tarde.

- Não se preocupe querida. Eu também vou sair quando o jogo acabar. Os caras da delegacia vão para um bar novo na cidade e me convidaram para ir junto.

- Ver se não bebe muito, por favor. – eu sussurrei.

Charlie me olhou e sorriu, mostrando as covinhas.

- Sem problemas Bells.

Eu subi para o quarto e corri para tomar um banho, ao terminar, fiquei olhando que nem uma retardada para o guarda-roupa, pensando no que eu iria vestir.

O clima la fora estava ameno, então peguei uma bermuda jeans e uma bata azul Royal. Calcei meu all star cor de jeans e amarrei meu cabelo num rabo de cavalo.

A campainha tocou, então eu presumi que Charlie fosse abrir a porta para Rose. Tratei de colocar meu brilho labial, e pisquei para meu reflexo, sorrindo logo em seguida.

Peguei minha carteira e meu celular na mochila, e coloquei numa bolsinha pequena. Desci as escadas e encontrei Rose conversando com Charlie na sala.

- Olá Bellinha, você está linda. – ela disse dando um daqueles sorrisos que iluminavam todo o ambiente.

- Vamos?

- Vamos!

O carro de Rose era de segunda mão, mas não deixava de ser fofo. Ela havia modificado o motor, e com isso ele havia ficado mais potente, gastando menos gasolina. Geralmente ela dividia ele com Emmet, mas agora...

- Onde está o Ursão?

- Treinando com o time da faculdade. Aproveitei pra roubar o carro e nós duas curtirmos.

- Vamos para onde?

- Parque de diversões.

Eu franzi a testa, mas me senti bem. Ou não. Eu gostava de parques de diversões, eram coloridos, animados e divertidos. Mas o problema é que, a ultima vez que eu fui em um parque de diversões eu fui com a minha mãe, e isso foi seis meses antes dela morrer. Então era inevitável eu me sentir meio melancólica com tudo isso. Mas eu conhecia Renée, e onde quer que ela tivesse, ela queria que fizesse aquilo que me deixasse bem.

- Eu quero algodão doce! – disse com água na boca, quando eu vi um carinha vestido de palhaço passar com um monte.

Rapidamente peguei um dólar na minha bolsinha e fui até ele comprar um. Escolhi a cor branca. Porque era a menos artificial que existia.

E então, eu fechei os olhos quando senti o açúcar derreter na minha boca.

- Mas você é uma formiguinha hein Isabella. – Rose disse balançando a cabeça e sorrindo.

Eu revirei os olhos e fomos comprar as fichas.

- Aonde vamos primeiro? – ela perguntou assim que eu acabei com meu algodão doce. O primeiro da noite, diga-se de passagem.

- Roda gigante? Barca? Chapéu mexicano? Tudo menos o Carrossel.

Ela olhou para mim com cara de tédio e eu tive que rir.

- Vamos no trem fantasma.

- Meeedo! – eu gritei, assim que fomos para a fila do brinquedo. Realmente, o pessoal do parque não deixou a desejar no quesito decoração.