Crepúsculo escrita por Samara Cullen


Capítulo 2
2. Primeira vista




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2. Primeira vista

Eram 5h40 da manha quando Will acordou para mamar, meio sonolenta eu o peguei no colo e sentei-me na cadeira de balanço e dei-lhe o peito. Meus olhos vez ou outra se fechavam, mas logo eu os abria novamente.

Sabia que não podia voltar a dormir, pois logo teria que trocar Will, arrumar suas coisas para a creche, tinha que descer pedir para Charlie cuidar dele enquanto eu tomo um banho e depois arrumar minhas coisas. Até pensei em dar banho em Will, mas quando vi que estava chovendo achei melhor não, aquela friagem não faria bem á ele se tomasse banho.

            __ Já acordou Bells? – Perguntou em voz baixa.

           

__ Já sim pai... Já estou descendo para tomar café.

           

__ Vou preparar, quer torrada ou cereal?

           

__ Torrada está bom... Tem geleia?

           

__ Acho que tem sim...

Charlie desceu as escadas e foi para a cozinha.

Will terminou de mamar e eu comecei a troca-lo. Ele reclamou quando eu tirei seu pijaminha quente.

            __ Eu sei que está frio meu anjo, mamãe já vai colocar uma roupa quentinha em você.

Coloquei uma camisa de botão de manga longa xadrez vermelha com azul marinho e depois coloquei uma blusa com o desenho de um cachorro – acho que era buldogue – usando fones de ouvidos e a calça combinado com a blusa.

  

O coloquei de pé um minuto para vê-lo e ele estava lindo.

            __ Você está lindo meu anjo, vai arrasar corações na creche – Disse beijando suas bochechas.

Passei uma loção para bebê nele e arrumei o colarinho da camisa, os cabelos eu nem ia mexer. Will puxou os cabelos de Voughan, eram rebeldes, não paravam quietos, mas esse era o charme. Por ultimo coloquei seus tênis do Mickey.

            __ Prontinho, esta pronto... Agora vamos arrumar sua bolsa

Arrumei tudo, coloquei fraudas, roupa limpa se precisar, teria que pegar as mamadeiras na geladeira antes de ir. Desci e encontrei Charlie sentado á mesa tomando café. A sua frente estava minhas torradas com geleia. Mas ainda tinha que tomar banho e arrumar minhas coisas.

            __ Pai cuida de Will? Vou tomar banho e preciso arrumar meu material.

            __ Claro Bells... Venha com o vovô Willi – Disse ele estendendo os braços.

O deixei com Will e subi de novo.

Tomei um banho rápido e me troquei, coloquei meu jeans e uma camisa de manga longa e uma blusa por aberta por cima. Peguei minhas luvas e penteei meu cabelo. Por um minuto pensei em prender, mas uma voz do passado veio em minha mente.

            “Deixa solto, você fica linda quando o deixa cair nos ombros” - Disse Voughan com carinho.

Ele sempre falava e mesmo quando estava quente eu fazia o que ele pedia, olhei para sua foto em cima do criado mudo e suspirei.

Acabei por deixa-los soltos.

Arrumei minhas coisas para a escola colocando tudo na mochila e me olhei no espelho. Fazia tempo que eu não ia a escola, quase um ano. É nessas horas que eu agradeço minha mãe por ter me colocado cedo na escola.

Desci novamente e sentei-me em frente a Charlie que agora brincava com Will.

            __ Ele já mamou?

            __ Já sim, agora só daqui cinco horas, vou colocar umas três mamadeiras na bolsa dele.

Charlie olhou para o relógio da cozinha, já eram 6h25.

            __ Tenho que ir Bells, espero que tenha um bom primeiro dia.

            __ Obrigada pai... Pai posso fazer ir ao mercado?

            __ Claro, tem dinheiro no fundo da segunda gaveta do armário... Se precisar de alguma coisa o telefone da delegacia está na agenda ao lado do telefone, também marquei o telefone de Billy e se precisar também tem o Harry.

            __ Entendi.

            __ Tchau Willi, tenha um bom dia.

Ele pegou seu sinto com a arma e saiu pela porta da cozinha. Terminei de comer rápido as torradas. Peguei as mamadeiras na geladeiras e as coloquei na bolsa a coloquei sobre meu ombro peguei minha mochila no outro. Chequei para ver se Will estava bem agasalhado e sai de casa trancando a porta atrás de mim.

O coloquei no acento que Charlie havia estalado para ele, garanti que seu sinto estava seguro e fechei sua porta.

            __ Vamos lá meu anjo, vamos ver como nos saímos hoje.

A creche de Will era uma quadra antes da escola. Desci da picape e fui ate o portão de entrada.

            __ Poço ajudar? – Perguntou uma moça.

            __ Eu sou Isabella Swan, acho que meu pai avisou que eu viria hoje com meu filho William.

            __ Ah sim, o chefe Swan avisou sim... Esse é William?

            __ Sim...

            __ Ele disse que você o buscaria ao 12h30.

            __ Isso, quando eu sair da escola... Eu separei tudo que ele pode precisar, roupas limpas, fraudas, mamadeiras... Acho que não esqueci de nada.

            __ Certo sem problemas.

            __ Qualquer problema é só me ligar.

            __ Pode deixar.

Dei a bolsa para ela e um beijo na testa de William.

            __ Eu te amo muito, espero que comporte –se

O entreguei para a mulher e voltei para a picape. Não foi difícil chegar na escola, era só subir a rua.

Estacionei em frente ao primeiro prédio, onde havia uma pequena placa que dizia

"secretaria". Não havia mais carros estacionados ali, então tive certeza de que era proibido, mas decidi que pegaria instruções lá dentro ao invés de ficar andando em círculos na chuva como uma idiota. Saí a contragosto da caminhonete quentinha e fui por um caminho de pedra circundado por uma sebe escura. Respirei fundo antes de abrir a porta.

Lá dentro estava bem iluminado e bem mais quente do que imaginava. A secretaria era pequena, com uma pequena sala de espera com cadeiras dobráveis, carpete laranja, avisos e prêmios abarrotados pelas paredes e um grande e ruidoso relógio. A sala era partida ao meio por um grande balcão, cheia de cestas de arame repletas de papéis e anúncios coloridos colados na parte da frente. Havia três mesas atrás do balcão, uma delas ocupada por uma mulher ruiva e grande, usando óculos. Ela vestia uma camiseta roxa, que imediatamente me fez sentir com roupas demais.

A ruiva olhou para mim.

__ Posso ajudá-la?

__ Sou Isabella Swan - informei-lhe, e vi seus olhos demonstrarem reconhecimento imediato.

Eu era esperada, tópico de fofocas, com certeza. A filha da ex-mulher do chefe de polícia que acaba de ter um filho retorna á casa.

__ Claro - ela disse. Ela percorreu uma pilha precária de documentos em sua mesa até achar o que procurava. - Seu horário está aqui, e um mapa da escola. - Ela trouxe várias folhas até o balcão para me mostrar.

Ela me ditou todas as minhas aulas, mostrando-me no mapa a melhor maneira de chegar até elas, e me deu um papel para que todos os professores assinassem, que deveria trazer de volta no fim do dia.

Ela sorriu para mim e desejou, como Charlie, que eu gostasse de Forks. Sorri de volta da maneira mais convincente possível.

Quando cheguei de volta na caminhonete, outros alunos começavam a chegar. Fui atrás do tráfego, contornando a escola. Fiquei feliz ao ver que a maior parte dos carros eram velhos como o meu, nada muito chique. Em casa eu morava num dos poucos bairros de classe baixa que estavam incluídos no Distrito Paradise Valley. Era comum ver um Mercedes ou Porsche novo no estacionamento dos alunos. O carro mais legal aqui era um brilhante Volvo, que se sobressaia.

Mesmo assim, logo que estacionei desliguei o motor, para que o barulho enorme não chamasse atenção para mim.

Olhei para o mapa na caminhonete, tentando memorizá-lo agora, esperando que não fosse precisar andar com ele colado no nariz o dia todo. Enfiei tudo dentro da mochila, coloquei a alça sobre o ombro e respirei bem fundo. "Posso fazer isso", menti muito mal para mim mesma. Ninguém ia me morder .

Antes de sair do carro, olhei para uma foto minha com William, já sentia saudades de meu pequeno e outra foto outro minha com Voughan. Respirei fundo e sai do carro.

Fiquei com o rosto coberto pelo capuz enquanto caminhava até a calçada, cheia de pessoas. Meu casaco preto e simples não se destacava na multidão, percebi com alívio.

Assim que cheguei no refeitório era fácil de ver o prédio três. Um grande "3" estava pintado num quadrado branco no casto leste do prédio. Senti minha respiração acelerar cada vez mais enquanto me aproximava da porta. Tentei segurar minha respiração enquanto seguia duas capas de chuva unisex através da porta.

A sala de aula era pequena. As pessoas na minha frente pararam assim que entraram na sala para pendurar seus casacos numa longa fileira de ganchos. Fiz o mesmo. Eram duas garotas.

Uma loira com pele de porcelana, outra, também com a pele clara, tinha cabelos castanhos claro.

Pelo menos a minha pele não se destacaria aqui.

Levei o papel para o professor, um homem alto e calvo. Sua mesa tinha uma placa que o identificava como Sr. Mason. Ele ficou me olhando assim que leu meu nome - o que não era encorajador - e lógico que fiquei vermelha igual a um tomate. Mas pelo menos ele me mandou sentar numa classe vazia no fundo da sala sem me apresentar à turma. Era mais difícil para meus colegas ficarem me encarando enquanto eu estava no fundo da sala, mas de alguma forma eles conseguiam. Fixei meu olhar na lista de leitura que o professor tinha me dado. Era bem básica: Brontë, Shakespeare, Chaucer, Faulkner. Já tinha lido todos. Isso era reconfortante... E chato.

Fiquei pensando se minha mãe me mandaria minha pasta de trabalhos velhos, ou se ia pensar que isso era colar. Fiquei pensando em diferentes discussões que teria com ela enquanto o professor falava.

POV EDWARD

Aquele dia estava sendo como todos os outros, se não fosse por um detalhe. Uma aluna nova. Todos só pensavam na filha do chefe de policia que estava indo estudar na escola a partir de hoje.

            “Minha mãe me contou que parece que ela tem um filho” – Comentou uma das garotas atrás de mim

            “Um filho? Mas ela não tem nossa idade?” – Indagou a outra

            “Parece que ela se envolveu com alguém lá de Phoenix e deu no que deu”

            “Aposto que o cara nem quis saber e foi embora”

Eu me impressionava com a maldade humana ás vezes, nem conheciam a historia da menina para ficar fofocando pelos cantos.

            “Edward?”

Olhei para Alice a minha frente parando de prestar atenção na conversar daquelas duas.

            “Vamos caçar depois da aula?” – Perguntou ela

Eu sorri levemente e concordei.

O sinal logo tocou e rapidamente todos os alunos saíram da sala. Era sempre a mesma coisa durante quase 100 anos essa é a mesma rotina. Nada novo.

POV BELLA        

Rapidamente fui para a próxima aula, Politica com o professor Jefferson, prédio seis. Não foi difícil de achar, o resto da manhã passou da mesma maneira. Meu professor de trigonometria, o Sr. Varner, a quem eu detestaria de qualquer forma por causa da matéria que ensinava, foi o único que me fez ficar na frente da turma e me apresentar. Eu gaguejei, fiquei vermelha, e tropecei no caminho para a minha classe.

Depois de duas aulas, comecei a reconhecer muitos dos rostos em cada uma delas. Sempre havia aqueles que eram mais corajosos e vinham se apresentar e me perguntar se estava gostando de Forks. Tentei ser diplomática, mas o que mais fiz foi mentir bastante, algum ate me evitavam como se eu tivesse alguma doença. Como a cidade era pequena eu imaginava que eles já deviam saber de William, ou seja, cuidado ela tem um filho é contagioso. Não que eu me importasse com isso, não me envergonhava de William em nenhum momento.

Durante o intervalo sentei-me em uma mesa vaga perto da janela vendo a chuva cair enquanto comia um sanduiche de presunto e queijo. Enquanto eu comia uma menina da minha aula de Espanhol veio se sentar comigo, acho que seu nome era Angela ela foi simpática, perguntou se eu estava gostando de Forks e da escola.

Menti dizendo que sim. Depois disso enquanto eu comia, ela me contava um pouco de cada professor.

A verdade era que eu nem prestava atenção, estava pensando mais em como Will estaria na creche, eu esperava que ele tivesse se dado melhor que eu e não tivesse chorado muito.

Foi ali, sentada no refeitório, tentando conversar com vários estranhos curiosos, que eu os vi pela primeira vez.

Eles estavam sentados num canto do refeitório, o mais longe possível de onde eu estava. Eram cinco. Não conversavam e não comiam, apesar de cada um deles ter uma bandeja intocada de comida na sua frente. Eles não estavam me encarando, como a maior parte dos outros alunos, então era seguro ficar olhando para eles sem ter medo de encontrar um par de olhos excessivamente interessado. Mas não foi nenhuma dessas coisas que chamou, e prendeu, minha atenção.

Eles não se pareciam em nada. Dos três garotos, um era grande - musculoso como um levantador de peso profissional, com cabelo escuro e encaracolado. Outro era alto, mais magro, mas ainda musculoso, e com cabelo loiro escuro. O outro era mais magro, menos musculoso, com cabelo cor de bronze, meio bagunçado. Ele parecia mais jovem do que os outros, que pareciam que poderiam estar na faculdade, ou até mesmo serem professores ao invés de alunos.

As garotas eram opostos. A mais alta era maravilhosa. Ela tinha uma silhueta linda, do tipo que se vê na capa da revista Sports Illustrated, na edição de roupas de banho, e daquelas que fazem as outras garotas se sentirem mal consigo mesma só por estarem na mesma sala. O cabelo dela era dourado, gentilmente balançando até o meio das costas. A outra garota era mais baixa e parecia uma fadinha. Bem magra, com feições pequenas. O cabelo dela era totalmente preto, cortado curtinho e apontando para todas as direções.

E ainda assim, eles se pareciam muito. Todos eram muito pálidos, os mais pálidos de todos os alunos dessa cidade sem sol. Mais pálidos do que eu, a albina. Todos tinham olhos bem escuros, apesar da diferença na cor dos cabelos. Além disso, eles tinham olheiras – sombras arroxeadas, como machucados. Como se todos eles tivessem passado a noite em claro, ou quase se recuperando de ter o nariz quebrado. Apesar de seus narizes, de todas as partes de seus corpos, serem perfeitamente retos e angulares.

Mas não era por causa de tudo isso que não conseguia tirar os olhos deles.

Eu os olhava por que seus rostos, tão diferentes, tão iguais, eram todos devastadoramente, inumanamente lindos. Eram rostos que você nunca espera encontrar além de, talvez, nas páginas editadas de uma revista de moda. Ou pintadas por um dos velhos mestres como a face de um anjo. Era difícil decidir quem era o mais belo - talvez a perfeita loira, ou o garoto com cabelos cor de bronze.

Estavam todos olhando para longe - longe um dos outros, longe dos outros alunos, longe de qualquer coisa em particular que eu pudesse ver. Enquanto eu olhava a garota mais baixa levantou com a bandeja - o refrigerante fechado, a maçã inteira - e foi embora com um passo rápido e gracioso que deveria estar em uma passarela. Eu fiquei olhando, maravilhada com os passos de dançarina dela, até ela largar a bandeja e sair pela porta de trás, mais rápido do que eu imaginava ser possível. Meus olhos voltaram logo para os outros, que estavam lá, sem mudanças.

__ Quem são eles? - perguntei à ela.

Enquanto ela olhava para ver de quem eu estava falando - apesar de já saber,

Provavelmente de quem se tratava, por causa do meu tom de voz - de repente ele olhou para ela, o mais magro, o mais garoto de todos, talvez o mais jovem. Ele olhou para a garota do meu lado por só uma fração de segundo e então seus olhos escuros se dirigiram aos meus.

Ele olhou para longe bem rápido, mais rápido do que eu conseguiria, apesar de numa onda de vergonha eu tenha baixado meus olhos na mesma hora. Naquele pequeno instante, seu rosto não aparentou interesse - era como se ela tivesse chamado o nome dele, e ele olhara numa resposta involuntária, já tendo decidido que não ia responder.

A garota do meu lado riu envergonhada, olhando para a mesa, assim como eu.

__ São os Cullen, aqueles são Edward e Emmett Cullen e Rosalie e Jasper Hale. A que foi embora é Alice Cullen. Todos vivem juntos com o Dr. Cullen e a esposa dele. - Ela falou isso meio entre os dentes.

Olhei meio de lado para o garoto lindo, que agora olhava para a bandeja dele, picando um pãozinho com dedos pálidos e longos. Seus lábios se moviam rapidamente, seus lábios perfeitos mal se abrindo. Os outros três ainda olhavam para longe, ainda assim eu sentia que ele estava falando com eles.

Nomes estranhos e pouco populares, eu pensei.

__ Eles são... muito bonitos. - lutei contra a óbvia falta de intensidade do que disse.

__ Sim! - Jessica concordou dando outro risinho. - Mas eles já estão juntos - Emmett e Rosalie, e Jasper e Alice. E moram juntos. - A voz dela continha todo o choque e reprovação de uma cidade pequena, pensei criticamente. Mas se eu fosse honesta, teria que admitir que até em Phoenix algo assim seria motivo de fofocas.

__ Quais são os Cullens? - perguntei - Eles não se parecem...

__ Ah, mas não são. O Dr. Cullen é bem jovem, tem uns 20 ou 30 e poucos. São todos adotados. Já os Halle são irmão e irmã, gêmeos - são os loiros - e vivem com eles.

__ Eles não são um pouco velhos pra isso?

__ Agora sim, Jasper e Rosalie já têm dezoito anos, mas vivem com a Sra. Cullen desde que tinham oito. Ela é tia deles ou algo assim.

__ Isso é bem legal - deles cuidarem de todas essas crianças assim, sendo tão jovens.

__ Eles sempre moraram em Forks? - perguntei. Com certeza eu os teria notado em algum dos meus verões aqui.

__ Não. - ela disse num tom de voz que implicava que isso era óbvio, até alguém recém chegado como eu deveria saber. - Eles vieram para cá dois anos atrás, vindos de algum lugar no Alasca.

Senti uma onda de compaixão, e alívio. Compaixão porque, apesar de serem lindos, eram de fora, claramente não eram aceitos. Alívio porque eu não era a única novata aqui, e certamente não a mais interessante.

Enquanto eu os analisava, o mais novo, um dos Cullens, olhou para mim e nossos olhos se encontraram, dessa vez com uma expressão evidente de curiosidade. Enquanto eu esquivava meu olhar, me pareceu que no dele havia alguma expectativa não alcançada.

__ Qual deles é o garoto de cabelos castanhos avermelhados? - perguntei.

Espiei com o canto do olho e ele ainda me encarava, mas não como os outros alunos tinham feito durante todo o dia - a expressão dele era meio frustrada. Olhei para baixo novamente.

__ Aquele é Edward. Ele é maravilhoso, lógico, mas não perca tempo. Ele não namora. Nenhuma das garotas daqui são bonitas o suficiente para ele, aparentemente.

Após mais alguns minutos os outros quatro deixaram a mesa juntos. Todos eram notoriamente graciosos - até mesmo o grandalhão. Era algo desconcertante de se observar. O que se chamava Edward não olhou para mim novamente.

            __ Bella, desculpa perguntar... Mas é verdade mesmo que você tem um filho? – Perguntou ela timidamente.

Eu sabia que era por pura curiosidade e não por maldade pelo simples fato dela ficar vermelha quando me perguntou.

            __ Sim, seu nome é William. – Disse pegando meu celular e lhe mostrado uma foto

            __ Ele é bonito tem seus olhos.

            __ Sim, mas só os olhos também, ele puxou muito mais do pai.

            __ Ele...

            __ Morreu... Num acidente.

            __ Ai Bella, sinto muito não devia ter perguntando.

            __ Tudo bem, não tem problema. – Garanti a ela.

Ficamos mais um tempo conversando ate que nos levantamos para ir para a próxima aula, Biologia II.

Quando entramos na sala de aula, Angela foi sentar-se numa mesa de laboratório, com tampa preta, exatamente como as que eu estava acostumada. Ela já tinha um par. Na verdade, todas as mesas estavam ocupadas, com a exceção de uma. Ao lado da fileira do meio, reconheci Edward Cullen por seu cabelo peculiar, sentado ao lado da única cadeira vazia.

Enquanto fui até o professor para me apresentar e pedir para que ele assinasse meu papel, secretamente observava Edward. No momento em que passei, ele ficou rígido de repente. Ele me encarou novamente, seus olhos encontraram os meus com a mais estranha das expressões em seu rosto - era hostil, furiosa. Olhei para longe rapidamente, chocada, ficando vermelha novamente. Tropecei num livro e precisei me segurar em uma mesa. A menina sentada ali riu.

Tinha notado que os olhos dele eram negros, como carvão.

O Sr. Banner assinou meu papel e me entregou um livro sem o besteirol das apresentações.

Pude prever que nos daríamos bem. Obviamente, ele não tinha escolha a não ser mandar eu me sentar na única classe vazia no meio da sala. Mantive meu olhar baixo enquanto ia sentar ao lado dele, confusa com o olhar maldoso que ele tinha me dado.

Não olhei para cima enquanto colocava o livro na mesa e me sentava, mas vi, com o canto do olho, sua postura mudar. Ele estava se inclinando para longe de mim, sentado bem na ponta da cadeira e virando a cara como seu eu tivesse cheiro ruim. Discretamente, cheirei meu cabelo.

Tinha cheiro de morangos, que era o perfume do meu xampu preferido. Parecia um cheiro inocente o bastante. Deixei meu cabelo cair sobre meu ombro direito, criando uma cortina escura entre nós, e tentei prestar atenção no professor.

Infelizmente a aula era sobre anatomia celular, algo que eu já tinha estudado. Fui fazendo anotações mesmo assim, sempre olhando para baixo. Deve uma hora que infelizmente alguns papeis caíram no chão, entre os papeis as fotos que eu sempre carregava comigo de William e Voughan. Rapidamente eu as peguei e as coloquei de volta no lugar. Nessa hora não conseguia me contive e, olhei, para o garoto estranho ao meu lado, através da cortina de cabelo. Durante a aula toda ele não relaxou de posição, sentado na ponta da cadeira, o mais longe possível de mim. Pude ver que sua mão sobre a perna esquerda estava em punho, os tendões se destacando sob a pele clara. Também não relaxou a mão sequer uma vez.

As mangas da sua camisa branca estavam puxadas até os cotovelos, e seu braço era surpreendentemente musculoso. Ele não era tão frágil quanto parecia quando comparado com o irmão.

A aula parecia se arrastar mais do que as outras. Será que era por que o dia estava finalmente acabando e logo que pegaria Will na creche ou por que esperava que seu pulso fosse relaxar? Ele nunca o fez. Ele estava tão imóvel que parecia que não respirava. Qual era o problema dele? Será que isso era o comportamento normal dele? Ou porque eu era igual aos outros com seus preconceitos de que eu fosse mãe aos 17 anos.

Naquele momento o alarme bateu alto, me assustando, e Edward Cullen já tinha se levantado. Ele era muito mais alto do que tinha imaginado, e de costas para mim ele se foi fluidamente. Antes que qualquer um dos outros estivesse de pé, ele já tinha saído pela porta.

Fiquei congelada no lugar, olhando para ele. Ele era muito mau. Não era justo. Comecei a juntar minhas coisas devagar, tentando bloquear a raiva que me consumia, para não acabar chorando. Por algum motivo, meu humor tinha ligação com meus canais lacrimais. Geralmente chorava quando estava com raiva, uma mania humilhante.

- Você não é Isabella Swan? - perguntou uma voz masculina.

Olhei para ver um garoto bonitinho, com cara de bebê, o cabelo loiro claro cuidadosamente moldado com gel, sorrindo para mim de um jeito amigável. Ele, com certeza, não achava que eu cheirava mal.

__ Bella. - corrigi com um sorriso.

__ Sou Mike.

__ Oi, Mike.

__ Precisa de ajuda pra encontrar sua próxima aula?

__ Na verdade, estou indo para o ginásio. Acho que consegui achá-lo.

__ Essa é minha próxima aula também. - ele parecia extasiado, apesar de não ser muita coincidência numa escola tão pequena.

Fomos para a aula juntos. Ele era um conversador - ele falava bastante, o que facilitava para mim. Ele tinha morado na Califórnia até os dez anos, então ele me entendia com relação ao sol. E ele estava na minha aula de inglês também. Tinha sido a pessoa mais legal que conhecera aquele dia.

Mas enquanto entrávamos no ginásio ele perguntou

__ Então, você fincou o lápis no Edward Cullen ou o quê? Nunca o vi agir assim.

Então não tinha sido só eu que notara. E, aparentemente, não era assim que ele se comportava normalmente. Decidi bancar a desentendida.

__ Era o garoto sentado do meu lado em biologia? - perguntei ingenuamente.

__ Sim. - ele disse - Parecia que ele estava com dor ou algo parecido.

__ Não sei. - respondi - Nunca conversei com ele.

__ É um cara estranho. - Mike ficou por ali ao invés de ir para o vestiário. - Se eu tivesse tido a sorte de sentar do seu lado, teria conversado com você.

Sorri para ele antes de ir para o vestiário das meninas. Ele era legal e claramente gostava de mim, mas isso não foi o bastante para diminuir minha irritação.

O professor de Educação Física, Treinador Clapp, me deu um uniforme mas não me fez vesti-lo para a aula. Em Phoenix, só dois anos de EF eram obrigatórios, aqui, era obrigatório durante todos os anos. Forks literalmente era o meu inferno na Terra.

Assisti a quatro jogos de vôlei ao mesmo tempo. Lembrando quantas vezes tinha machucado a mim mesma - e os outros - jogando vôlei, me senti nauseada.

O sinal tocou finalmente. Fui lentamente até a secretaria para entregar minha papelada. A chuva tinha parado, mas o vento estava mais forte e mais frio. Me enrolei mais nas roupas.

Quando entrei na quente secretaria, quase me virei e saí de novo.

Edward Cullen estava parado à mesa logo na minha frente. Novamente reconheci aquele cabelo cor de bronze e desarrumado. Ele pareceu não perceber a minha entrada. Me encostei na parede, esperando a recepcionista poder me atender.

Ele estava conversando com ela numa voz baixa e atraente. Logo peguei o motivo da

conversa: ele queria trocar o período da aula de biologia para outro horário, qualquer outro.

Não podia acreditar que era por minha causa. Tinha que ser outra coisa, algo que acontecera antes de eu entrar na sala. A expressão em seu rosto tinha que ser por outro motivo.

Era impossível que esse estranho tivesse me detestado tanto assim, tão subitamente.

A porta abriu novamente, e o vento frio entrou de repente, levantando os papéis sobre a mesa, jogando meu cabelo sobre meu rosto. A garota que entrara simplesmente chegou na mesa, colocou um bilhete na cesta de arame e saiu novamente. Mas Edward Cullen ficou rígido e se virou lentamente para me olhar - o rosto dele era absurdamente lindo - com olhos fulminantes e cheios de ódio. Por um instante senti puro medo, levantando os pêlos dos meus braços. O olhar só durou um segundo, mas me congelou mais do que o vento enregelante. Ele se virou novamente para a recepcionista.

__ Deixa para lá, então. - ele disse apressadamente com uma voz aveludada. - Vejo que é impossível. Muito obrigado pela ajuda. - se virou sem olhar para mim de novo e saiu pela porta.

Fui calmamente até a mesa, meu rosto branco ao invés de vermelho, e entreguei o papel assinado.

__ Como foi seu primeiro dia, querida? - a recepcionista perguntou, maternalmente.

__ Bem. - menti com a voz fraca. Ela não pareceu convencida.

Quando cheguei na caminhonete, era praticamente o último carro no estacionamento. Ela era como um refúgio, a coisa mais perto de um lar que eu tinha nesse buraco verde e úmido. Sentei lá dentro por um tempo, simplesmente olhando pelo vidro. Mas logo eu lembrei de William, queria ver meu filho, queria beija-lo e abraça-lo e dizer para ele, mesmo que ele não entendesse, que ele era a coisa mais importante que eu tinha na vida, e não seria um cara que eu nem conhecia que iria mudar isso. Peguei meu caminho para creche, lutando para não chorar durante o caminho, eu me recusava a chorar por alguém que eu não conhecia.

Ao chegar na creche fiquei feliz por pegar William.

            __ Ele foi ótimo senhorita Swan, se comportou excelentemente bem.

            __ Não estranhou?

            __ De forma alguma, tomou a mamadeira, dormiu, brincou um pouco com as demais crianças, tudo nos conforme... E seu dia, como foi?

            __ Bem – Menti – Foi bem também.

            __ Então vejo você amanha Will, ate amanha Sra. Swan.

            __ Ate.

Levei Will para o carro e o coloquei em sua cadeirinha, ele estava um pouco sonolento devia ter acabado de acordar.

Enquanto voltava para casa continuei pensando em Edward Cullen, pensei o que fiz para ele me tratar daquele jeito.


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Notas finais do capítulo

A muito tempo queria postar uma do crepusculo começando dessa maneira, mas nenhum que eue escrevia me agradava, ate que veio essa^^
Espero que todos gostem de ler, assim como eu gosto de escrever