A Muralha escrita por Francine Luize


Capítulo 7
Kellermeyeer




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-Venha, tem mais coisas para ver.

Disse Nizaran seguindo pela escada a esquerda.

-Mas porque os jovens não saberiam deles? Também não foram reis, teria algum livro que contasse deles. Haveriam bardos a cantar sobre esta família.

Comentou Rafael.

-Vou lhe contar a historia correta e que venho pesquisando a anos. – Nizaran pensou por um estante enquanto subiam as escadas de madeira que faziam certo barulho pelo estado velho e quebrado em algumas partes que estava.  – A família Kellermeyeer veio do interior em uma das pequenas províncias do abrigo do inverno, lugar com muito plantio e fazendas, o que já da para ter uma noção com o que eles trabalhavam. Era uma família humilde, plantavam para comer e vender rendendo lucros para algumas vestes velhas e sapatos rasgados, sem contar os impostos absurdos. – Nizaran parou no fim da escada, olhou pelos largos corredores que seguiam da direita até uma janela pouco avistada de onde eles estava e da esquerda que virava em outro corredor mais a frente. Ele pensou por um instante e seguiu pela direita. O lugar estava intacto com papeis de parede praticamente novos, mas com os moveis abarrotado de vasos e flores em cima estavam cobertos de pó. Nizaran após essa pausa voltou a falar. – Com os absurdos que o antigo rei cobrava dos outros o senhor, jovem ainda, da família Kellermeyeer tomou uma decisão. Em um dia de lua cheia fez um circulo em seu quintal e com o sangue dele jurou sua vida e em troca receberia um poder impossível de superar qualquer outro, algo que tiraria o rei do trono, colocaria medo nos que fizeram mal e o daria poder e riquezas. Algo eterno que nunca morresse. Nesse instante sua esposa deu um grito aterrador dentro da casa e o senhor Ramister correu até sua esposa. – Nizaran no fim do corredor abriu uma porta com mais força pois parecia emperrada, Rafael decidiu olhar pelo corredor  que seguia e no final viu olhos brancos a observarem ele na escuridão que seguia.

-Nizaran!

Gritou Rafael, com um piscar de olhos de Rafael, já havia desaparecido.

-Que foi seu louco!

-Desculpe, achei ter visto algo.

Rafael se arrepiou todo e decidiu ficar mais perto de Nizaran.

-Consegui abrir a porta. Venha!

A sala por fora aparentava ser pequena, mas por dentro era de uma vasta imensidão. Vários quadros faziam ocupavam todas as paredes. Quadros de rostos aparentemente de cada um da família real. Com seus respectivos nomes abaixo. Não haviam janelas, apenas uma coluna em meio a sala com poltronas cobertas por brinquedos velhos e quebrados. Alguns carrinhos e uma boneca de pelúcia com fios de lã loiros na cabeça, estava rasgada e velha.

-Bom, continuando. A troca foi aceita. Naquele momento a senhora Abigail deu luz a três crianças, sendo que ela nem sequer podia ter filhos. As três crianças eram peculiares, Ramister achou que algo tinha dado errado e não quis as crianças a principio. Mas sua esposa já com amor do fruto concebido cuidou das crianças. Com um ano de idade, eles já falavam. Os meninos observavam o lado de fora o tempo todos pela porta. A menina permanecia sentada observando o nada. Em uma noite Ramister foi acordado por barulhos estranhos na sala e pegou sua enxada indo ver o que era.

Eram as três crianças que largaram o corpo de um homem velho, aparentemente de uns quarenta anos, com barbas e cabelos castanhos. Ramister não reconheceu de primeira, mas foi então que a menina jogou aos seus pés a coroa e então ele percebeu que se tratava do rei. A arma caiu no chão e ele se ajoelhou apavorado. Gritava como poderiam escapar dessa atitude e a menina mais uma vez se aproximou dele. E disse: Calma pai, ele lhe deixou uma carta. Nessa carta constava que todo o reino passaria para o nome dos Kellermeyeer e que os filhos do antigo rei agora estariam desertados pois eram bastardos incapaz de governar o reino, não tendo assim filhos com sua esposa a rainha que foi banida do reino após alguns dias depois da coração do senhor Ramister, sendo acusada de traição ao rei. Com o símbolo e a assinatura do rei ninguém pode contestar a o trono a Ramister e sua esposa. As crianças haviam cumprido o trato e agora todo o poder que Ramister queria seria divido com eles, inclusive a alma do casal.

Escutando a historia Rafael parou no quadro do senhor e da senhora Kellermeyeer que ficavam na parede norte. Os últimos retratos lá colocados eram os deles e das crianças. Rafael observou um por um. A primeira criança era um rapaz com cabelos lisos e finos preso nas pontas com fios soltos rente ao rosto e com franja acima de seus olhos, ele se vestia com roupas largas de mangas longas e uma grande fita amarela presa na cintura, carregava o brasão da família no pescoço em um pingente de ouro branco, o nome do rapaz escrito em letras douradas era Arianrhod. O segundo e igualmente estranho como o outro estava Cerridwen, escrito com letras prateadas. O rapaz de cabelos tão longos quanto qualquer um que Rafael já vira tinha um semblante assustador e parecia dos demais o mais perigoso, seus olhos penetrante lembravam de uma fera prestes a atacar. Tinha os cabelos soltos e lisos presos em tranças da raiz as pontas. Vestia roupas da corte, bem apresentado com detalhes por todos os lados, carregava uma espada na cintura ao qual mantinha sua mão orgulhosamente. Rafael parecia já ter visto aquela espada em algum lugar, porém não se lembrava onde, o cabo da espada era bem lapidado com um cristal muito bonito e aparentemente forte.

A ultima e não menos importante era uma doce menina de olhos cálidos porém misteriosos, era a única a sorrir em todos os quadros, não era um sorriso falso, mas sim de gratidão de certa forma. Como se ela ficasse feliz pela pessoa que estivesse olhando o quadro dela. Seu nome estava meio apagado em letras douradas também, Rafael conseguiu ler com um pouco de esforço Branwen, mas além daquele nome havia algo indecifrável. A menina esta com os cabelos soltos que caiam até a cintura lisos, vestia um vestido rosa com traços dourados e um laço enorme nas costas. Ela carregava consigo o ursinho que Rafael estava na mão.

-O que acha?

Perguntou Nizaran parado ao lado dele.

-Tem certeza que eles cometeram tal atrocidade?

-Bom, todos dizem que sim, a população viu.

-Mas parecem tão dóceis. Principalmente a menina.

-Que Branwen é dócil eu não duvidaria, mas os rapazes eu não colocaria minha mão no fogo. Pode sim ter sido boa parte historia inventada pelo povo que ainda desejava manter o antigo legado de reis. Porém o que a população viu naquele dia não é algo que possa ser inventado do nada e com tantas pessoas confirmando e dando os mesmos detalhes.  Mas, é melhor irmos agora.

-Espere, quero ver o quarto da menina.

Nizaran levantou a sobrancelha com o pedido e cruzou os braços.

-Não tem como, já invadimos demais esse lugar, sem contar que os quartos ficam do outro lado do castelo. Agora vamos.

Rafael deixou o castelo zangado e seguiu com Nizaran até a estalagem sem conversar nenhuma vez.

Já estava amanhecendo e mesmo com muito esforço Rafael não conseguiu dormir.

O sol estava escaldante logo de manhã cedo e Rafael que levara o urso com ele decidiu testar algo. Nizaran dormia no sofá e roncava fazendo um barulho ensurdecedor. Rafael foi até a janela e a fechou, deixando o urso na soleira da janela do lado de dentro e com o sol batendo forte no urso. Rafael sentou-se na cama e esperou por quase uma hora até começar a sentir um cheiro forte, perfume ao qual sentira na sala do lorde Faral e que sentia quando estava próximo de Avalon. O truque de Rafael em expor algo que ficou com contato durante anos com um mesmo cheiro forte ao sol fazia exalar novamente o perfume impregnado no urso. Agora ele tinha certeza que o perfume pertencia aquela família e que de alguma forma Avalon e o Lorde Faral tinham algo em comum.

Nizaran sentindo o cheiro forte começou a tossir e acordou assustado.

-O que esta fazendo rapaz, com tudo isso fechado.

-Nada demais. Estava testando algo.

Falou Rafael pegando o urso na mão.

-Você trouxe isso junto?

Perguntou Nizaran assustado.

-Sim, não tinha visto?

-Claro que não, senão teria impedido, isso pertence aquela casa mal assombrada, ninguém nunca mexeu em tudo isso porque razão você tinha que pegar.

-Esta sentindo esse cheiro?

Nizaran ficou confuso com a pergunta mais respondeu.

-Sim estou, é o cheiro de uma flor.

-Não só isso, esse cheiro é o mesmo que senti na sala do lorde Faral e agora colocando o urso em um ambiente fechado com o sol intenso sobre o urso o mesmo começou a exalar esse perfume indicando quem quer que esteja atrás daquela cortina mexeu nesse boneco.

-Mas já lhe disse que ninguém entra a nos lá!

-Sim você disse, mas em nenhum momento falei que fora alguém lá e sim alguém que já vivia lá. Pois o perfume dura séculos principalmente se for um tecido que nunca mais foi tocado ou lavado como você próprio acabou de dizer.

-Então...

Nizaran ficou pasmo.

-Então que um dos filhotes monstro vive sim na casa do lorde, basta agora saber qual deles é.

Disse Rafael sorrindo e se gabando de sua descoberta. Mas ainda estava atormentado por dentro, pois se é o mesmo perfume de Avalon significa que ele é um dos irmãos desaparecidos.

“Qual deles ele seria?”

Perguntou a si mesmo.

A taverna estava vazia no período do café, apenas quem pousou na noite passada, o que eram poucos, estavam tomando café.

Rafael pediu uma xícara de café bem forte e Nizaran alguns pães e café também.

Pela porta de entrada dupla dois homens com armaduras de vermelho escarlate e capas brancas arrastando no chão entraram. Eram os guardas do Lorde Faral como puderam reconhecer, o mais baixo era o loiro que barrou os dois na entrada do casarão e ao seu lado estava um rapaz da mesma estatura porém com a pele morena e olhos tão negros como perolas. Seu cabelo comprido estava preso em um rabo de cavalo mal feito.

-Ali esta ele.

Disse o homem moreno que direcionou seu companheiro até a mesa de Rafael e Nizaran.

-Senhores, Lorde Faral deseja vê-los.


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