A Muralha escrita por Francine Luize
Mesmo não sendo o desejo de Rafael e Nizaran foram levados até o castelo do lorde Faral que esperava na sala do trono onde permanecia atrás da cortina.
-Como o senhor ordenou!
Disse o guarda loiro.
-Agradeço sua competência.
Rafael carregava com ele a mochila de viagem com todos seus pertences e também os de Nizaran.
-Conte-me o que faziam no casarão da familia Kellermeyeer ontem a noite?
Perguntou calmamente o lorde. Nizaran suspirou pensando por um instante.
-Estava nos espiando então?
Dois dos guardas avançaram contra Rafael e Nizaran, mas foram impedidos pela voz do lorde.
-Não ataquem! - ele fez uma pausa - Ainda não. Respondendo sua pergunta Nizaran, eu não mandei espionar vocês em si, mas sim a casa dos Kellermeyeer pois muita gente tem vizitado a mansão e estou com medo que algo seja levado de lá, afinal tudo que tem lá faz parte de nossa história.
-Tem razão. - respondeu Nizaran que prosseguiu nervoso - Porém não se preocupe que não levamos nada apenas queria contar a história para meu jovem aprendiz que sentiu curiosidade após ver os cidadões comentar sobre os Kellermeyeer.
A silueta atrás da cortina pareceu mudar de foco se direcionando ao jovem Rafael.
-E o que achou meu rapaz?
Rafael pensou por um tempo e respondeu com ar de sarcasmo.
-Intrigante.
A silueta se moveu desconfortavel e continuou.
-Ainda pretende buscar mais informações?
-Sim.
Disse Rafael firmemente.
-Então como quizer. - O lorde fez uma pausa e continuou. - Matem eles.
-Sim, meu lorde!
Respondeu em coro o grupo de guerreiros vermelhos a frente do trono com as armas em mãos.
Nizaran sacou sua espada e Rafael fez o mesmo.
-Acho que você nos criou problema.
Disse Nizaran sorrindo tristemente.
Dois guardas avançaram primeiro com espadas largas e longas que deviam pesar o dobro da arma de Rafael que tentou bloquear sem sucesso o ataque de um dos guardas fazendo sua espada voar para o outro lado da sala. Caido no chão e impossibilitado de agir foi a vez de Nizara lutar contra os dois guardas, um deles Nizaran bloqueou o ataque e com o guarda pronto para atacar Rafael ele arremessou a espada que atravessou a cabeça do soldado. Aproveitando a deixa, Rafael pegou a espada do soldado morto e devolveu para Nizaran a dele.
O horror e o medo tomaram conta da sala. A luta foi intensa, Rafael desviava da maioria dos ataques trazendo o cansaço para os soldados e Nizaran golpeava os mesmos enquanto estavam distraidos.
No fim faltaram dois guardas, os que trouxeram os patrulheiros até ali e que não se moveram para atacar.
- Chamem os guardas! Quero eles mortos!
Gritou o Lorde que desapareceu atras da cortina.
Os dois guardas começaram a gritar chamando os outros enquanto Rafael e Nizaran corriam pelos corredores e se escondiam da tropa.
Com a tecnica de furtividade que todos os patrulheiros têm não foi dificil para Nizaran se esconder e ajudar Rafael que ainda estava com dificuldades.
-Como sairemos daqui?
Perguntou Rafael enquanto esperava encostado na parede de um corredor estreito a resposta de Nizaran.
-Não sei! A não ser que você queira se sacrificar por mim, eu pelo menos não teria nada contra essa atitude.
Nizaran sorriu com sarcasmo e Rafael pareceu acreditar.
-O que será que tem para lá?
Rafael olhava o fim do corredor. Era dificil se locomover em dois e Rafael não entendia porque tão estreito um corredor.
-Não sei, mas é melhor ir até o final.
Os dois seguiram furtivamente até o final do corredor onde encontraram uma porta destrancada. Rafael girou a maçaneta devagar e observou pela fresta aberta.
-Pelos Deuses!
Disse desesperado abrindo a porta totalmente para que Nizaran pudesse olhar. O odor de putrefação enchia aquela sala cheia de corpos de agricultores em decomposição. Nizaran tampou o nariz e se aproximou. Rafael com medo de chamar a atenção fechou a porta, mas não se conteve com o cheiro e vomitou no canto.
-Você esta bem?
Perguntou Nizaran a ele.
-Sim, eu acho. Quem faria isso?
-Alguém com fome e com amor a necrofilia, porque todos os corpos estão mutilados e sem as roupas de baixo.
Disse Nizaran analisando de perto os corpos. Eram jovens, adultos, crianças de ambos os sexos.
-Por isso o corredor é estreito, os guardas nem devem saber disso aqui.
-Concordo que não saibam, mas ninguém passaria despercebido com um corpo nos braços sem contar que foi dificil nós dois passarmos a não ser que viesse arrastado, mas ainda sim teria que ter pelo menos um pouco de rastros de sangue, alguem teria visto.
Analisou Nizaran.
-Acha que tem outra saida?- Perguntou Rafael limpando a boca.
-Sim. Tenho certeza.
-Mas essa sala não tem janelas e nem outra porta a não ser esta que entramos.
-Não disse que eram janelas e nem portas.
Sorriu Nizaran.
-Um alçapão! - Falou Rafael surpreso que começou a procurar retirando os corpos dos cantos e jogando na pilha ao centro.
-Aqui não tem nada!
Gritou Rafael, os dois trocaram olhares e se viraram para a pilha enorme de corpos que eles haviam jogado em cima dos outros.
-Só pode ser brincadeira!
Disse Nizaran.
Os dois começaram a retirar os corpos empilhando nos quatro cantos da sala. Quando terminaram estavam suados e cansados, mas haviam achado o alçapão. Nizaran abriu com cuidado e desceu cauteloso pela escadinha de madeira. Na decida parecia um túnel cumprido, mas logo Nizaran viu o fim da decida e o começo de vários túneis com água provavelmente usados para levar água a todos os lados da cidade.
Rafael desceu logo em seguida.
-Vamos por aqui.
Seguiu os dois patrulheiro pelos túneis que pareciam não ter mais fim, considerando o tamanho da cidade Nizaran sabia que demoraria para encontrar outra saída.
-Esse lugar não deve ser muito freqüentado não é mesmo? Afinal ninguém encontrou aquela passagem.
Perguntou Rafael
- Esta errado, pois esse lugar é constantemente limpo, observe pelas paredes sem qualquer teia de aranha ou sujeira no chão. O que provavelmente não fez essa pessoa encontrar a passagem é o fato de ter muitos corpos pesados em cima.Qualquer ser humano normal não conseguiria levantar tanto peso a não ser que estivesse do outro lado que nem nós dois e tirasse um por um.
-Quer dizer Nizaran que a pessoa que fez aquilo não é um ser comum?
Nizaran parou e olhou pasmo para Rafael.
-Desculpa, mas em que mundo você vive rapaz? É obvio que não, nenhum ser humano teria capacidade para não ser visto por ninguém e ainda por cima mutilar e sugar todo o sangue daquelas pessoas.
Rafael pareceu envergonhado e andou evitando olhar Nizaran.
Mais um tempo e Nizaran encontrou outra saída que levou os dois a uma abertura em um dos becos escuros da cidade.
-Vamos!Corra e não pare por nada. Nem se eu for pego. Se isso acontecer avise a patrulha o mais rápido possível.
Disse Nizaran espreitando entre os becos indo em direção ao grande portão
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!