Sarah se olhava no espelho, a luz do luar iluminando seu corpo coberto pelo tecido vermelho, o vestido mais lindo ao qual ela havia feito e bordado, fios de ouro costurados no tecido vermelho, rosas bordadas com detalhes impecáveis, seda dourada cobrindo o corpo de Venus, ao qual todo homem desejava cair em tentação.

-       Esta pronta? – perguntou a Condessa entrando no quarto – Esta linda!

-       Obrigada tia. – disse a jovem se virando – A senhora também esta.

O vestido da Condessa era de um tom pastel, coberto por pedras preciosas, destacando o azul e rosa, era estonteante, mas nenhum vestido da festa que acontecia no andar de baixo se comparava ao de Sarah, em sua magnífica obra de arte.

-       Todos já estão presentes. – disse a senhora se sentando a cama – O Conde esta magnífico, mas nada se compara a Claus.

-       Claus está ai?! – perguntou Sarah espantada.

-       Claro, o Rei e a Rainha da Inglaterra já estão presentes.

-       Certo, estarei lá em baixo dentro de alguns minutos. – disse Sarah encolhendo-se – Preciso de um tempo sozinha.

-       Certo. Não se esqueça da coroa. – disse ela se levantando – Seus pais estariam orgulhosos de você nesse momento.

-       Obrigada. – disse a princesa deixando uma única lagrima sair de seus olhos úmidos.

A Condessa saiu do quarto cabisbaixa, havia deixado Sarah ainda pior, a lembrança dos pais da princesa, isso nunca deixaria de assombrar a jovem, a perda dos pais, a saudade que eles faziam tudo isso não ajudava no dia de seu aniversario.

Pegando sua tiara, Sarah se olhou novamente ao espelho, a perfeita princesa da Rússia, com seus cabelos negros caindo em cachos até a cintura, olhos de um verde esmeralda, boca carnuda e corpo marcado pelas curvas.

-         Amar-te-ei ate que as estrelas sumam no céu. – disse ela antes de fechar a porta.

O caminho ate a escada foi longamente angustiante, a única a qual não era necessário usar uma mascara, sua festa mascarada, parando no final do grande corredor olhou para os lados procurando um apoio antes de descer, respirando fundo três vezes, Sara deixou seu corpo caminhar para a escada, a festa inteira parou para ver a aniversariante parada ao topo da escada, tantos olhares desconhecidos a olhavam com luxuria e doçura, esta era a Princesa do Pecado.

Achando o olhar do irmão, Sarah sorriu quando este foi recebê-la ao pé da escada, ele com seu terno real estava estonteante coberto pela capa vermelha e a coroa de rei em sua cabeça, a mascara negra cobrindo sua face deixando em destaque os olhos penetrantes.

-       Esta magnífica. – disse ele lhe beijando a mão.

-       Obrigada. – disse sorrindo a jovem.

Cada um de seus convidados desejados e indesejados a cumprimentaram dando-lhe os parabéns, muito educada para recusar ou dizer algo de errado, Sarah apenas assentiu e sorriu sua tia ao seu lado o tempo todo, o rei e a rainha da Inglaterra a cumprimentaram e lhe deram o presente maravilhoso, um tiara nova, esta coberta por esmeraldas e rubis, quando Claus a cumprimentou esta teve que forçar um sorriso, que no fundo pouco sabia que era de felicidade.

-       Seu presente lhe entregarei depois. – prometeu ele sorrindo enquanto se afastava.

-       Está estonteante. – disse Charles beijando sua mão – Já lhe dei seu presente, mas como esta tão bela, decidi lhe dar outro.

-       Não precisava, já ganhei presente de mais por hoje. – disse Sarah sorrindo.

Conforme prometera o Conde lhe deu um bracelete de perolas, o que Sarah pensou que seria apenas mais um de seus muitos presentes que recebera naquele dia, completando o conjunto com o colar e brincos que na manha havia lhe dado. Faltava apenas o anel de noivado, o que receberia de outro, não de Charles. A festa correu calma e cativante, o comportamento do Conde havia ficado mais triste ao decorrer da comemoração, Sarah havia percebido isso quando dançaram juntos no meio do salão, esperava o pedido a qualquer momento, o que não ocorreu durante a metade da festa, o quando Claus lhe conduziu contra sua vontade para o centro do salão, e para seu espanto ao invés de pega-la para dançar este se ajoelhou sorrindo.

-       Princesa Sarah Nicole de Le Clair, dar-me-ia a honra de lhe pedir sua mão em casamento? – disse Claus em alto e bom som.

Sem ter nenhuma reação, e ainda espantada com o novo pedido, Sarah procurou em meio à multidão de convidados seu irmão e tia, escondidos entre o Rei e a Rainha da Inglaterra, Peter apenas consentiu sorrindo, deixando-a ainda mais atordoada, procurou novamente por outra pessoa, vendo Charles na porta para o jardim olhando-a com ressentimento.

-       Sarah? – chamou Claus pegando sua mão.

-       Eu... – com o aceno de cabeça de seu irmão, ela não teria escolha se não aceitar. – Eu aceito.

No momento em que terminou de dizer às palavras que nunca desejou pronunciar, Sarah ouviu todos baterem palmas enquanto Claus lhe colocava o anel de noivado, uma corrente em seu dedo. A valsa forçada a fez ficar ainda pior, o olhar malicioso do príncipe enquanto a conduzia pelo salão, a mão em sua cintura e a outra entrelaçada entre seus dedos, ele ganhara a batalha, mas não a guerra.

-         Estou contente que tenha gostado do meu presente. – disse ele se referindo ao pedido.

-         Isso ainda não acabou. – protestou à jovem virando o rosto – Não me casarei contigo.

-         Irá se casar conforme seu irmão ordenar, e pelo que eu o saiba esta em total acordo com nossa união. – riu Claus – Terá que compartilhar da mesma cama que eu Princesa do Pecado.

-         Nunca me deitarei contigo! – Sarah o olhou friamente enquanto o largava no salão.

Andando com maior rapidez Sarah cruzou os pares de olhos curiosos que a seguiu para o jardim, havia visto Charles caminhar para lá durante a dança, ela precisa falar com ele, desejava estar sonhando, que tudo isso não passava de uma brincadeira de mau gosto, que fosse mentira.

Achando-o em um dos bancos perto das orquídeas sentou-se ao seu lado, o rosto belo do cavalheiro estava retorcido em angustia e perda, Charles havia perdido sua princesa para um príncipe egocêntrico e cafajeste, Claus.

-       Como isso foi acontecer? – perguntou a princesa olhando-o feio – Como me deixou para que ele medesposasse?

-       Seu irmão achou melhor um príncipe casar com uma princesa. – disse ele olhando-a ressentido – Pelo que entendi não sou suficiente bom para você.

-       Claro que é! – reclamou ela não acreditando ainda na verdade – Não desejo me casar com Claus, aquele... Cafajeste!

-       Seu irmão tem total poder sobre você Sara, ele manda em sua vida, não você. – implicou o Conde.

-       Isso é loucura! – disse ela se levantando brava – Ninguém tem o direito de mandar-nos outros, eu sou livre para fazer o que quiser!

-       Mesmo assim aceitou o pedido.

-       Meu irmão disse que... – parando no meio da frase se deixou cair no banco – Você tem razão, eu não devia ter aceitado por ordem de Peter.

-       Mas você o fez, e ira cumprir ao se casar com ele na próxima primavera. – observou Charles se levantando – Deixarei você sobre o encargo de seu noivo, com licença princesa.

Deixando-a sozinha Charles passou pelo príncipe parado ali perto, Claus havia escutado toda conversa, e mesmo não querendo aceitar o que o Conde havia dito, era verdade, Sarah não tinha escolha a não ser se casar com ele era obrigação de uma dama seguir as ordens de seu irmão mais velho, injustiça.

-         Você perdeu isto aquele dia no lago. – reclamou Claus se aproximando.

-         O que você quer aqui? – brigou Sarah – Não quero te ver, nunca mais.

-         Isso é seu. – disse ele estendendo a mão.

Na palma estava uma esmeralda bruta, a pedra não lapidada, intacta e perfeita, nascida da terra. Pegando e olhando a pedra, Sarah sorriu contagiada pela sua beleza, Claus havia voltado no lago negro para procurar o que ela havia ido buscar nas profundezas daquelas águas. A esmeralda bruta era uma prova de devoção e carinho ao qual ele sentia por ela, uma demonstração de amor.

-       Como conseguiu? – perguntou Sarah girando a pedra nos dedos.

-       Voltei para procurar, você havia dito que tinha um brilho verde no fundo do lado. – disse ele olhando a lua – Nunca pensei nem mesmo acreditei que você estava tentando se matar, por isso voltei e procurei no fundo do lago.

-       É uma esmeralda. – disse ela sorrindo.

-       A cor dos seus olhos. – comentou Claus fazendo-a olhá-lo.

-       Obrigada. – disse sinceramente.

-       Sei que não concorda com o noivado, muito menos com o casamento. – lamentou o príncipe – Quero ao menos ter uma chance de conseguir seu carinho, ou atenção.

-       Você tem minha atenção agora. – disse ela cruzando os braços.

-       Gostaria de propor que até o penúltimo mês do noivado eu tentarei conseguir seu afeto ao menos, se não conseguir alcançar meu objetivo desatarei o noivado, não terá casamento, só peço nove meses.

-       Nove meses, se não conseguir desfará o noivado. – repetiu Sarah olhando-o interrogativa – Se você conseguir o que acontece?

-       Se tiver ao menos um pouco de sentimento por mim, perguntarei a ti se desejas mesmo se casar comigo, sim ou não. Não fará diferença, só quero que concorde e me de uma chance de te fazer feliz.

-       Certo. – disse Sarah lhe passando a mão – Acordo feito, caso contrario um príncipe não terá palavra alguma, e se isso acontecer você nunca será um rei de honra.

-       Vou fazer o meu melhor. – disse ele lhe apertando a mão delicada – Agora como inicio do nosso acordo, gostaria de dançar contigo sem que você fuja.

-       Não tenho escolha. – disse ela guardando a esmeralda na luva branca – Vamos?

-       
Claro, minha futura rainha. –
disse ele dando-lhe o braço esta aceitando.