Era a terceira vez que Bella ligava para o telefone da cabine de Harry, o porteiro, mas, por que cargas d’água o homem não estava ali? Dessa forma fazendo com que mudassem seu destino do aeroporto, que era mais perto da casa de Alice, para o prédio de Bella, fato que a deixou extremamente apreensiva em relação ao tempo. Aquilo poderia prejudicar em sua caçada. Instantaneamente olhou para céu como a espera de algum avião sobrevoando por ali e conseqüentemente pudesse visualizar Edward nele.

- Bella se acalma. – disse Alice que estava sentada ao seu lado, apertando a sua mão. Bella meramente sorriu.

- Sabe o que eu acho impressionante? – perguntou Jasper que estava sentado no mesmo assento que Bella e Alice somente para as duas que se aproximaram mais. – Como a Rose consegue se divertir com toda essa tensão? Por que não sei vocês, mas eu estou tenso.

Assim que terminou de falar, os três olharam para Rosalie que estava sentada, no assento da lateral da limusine, ao lado de Emmett, com as pernas jogadas em cima das dele enquanto trocavam beijos nada modestos. Jacob e Vanessa mantinham a maior distancia possível do casal.

- Talvez seja essa a sua reação. – ponderou Bella, olhando para o celular em seu colo.

- Ou talvez seja uma sem vergonice mesmo. – Disse Alice cruzando os braços na frente do corpo. – Rose? – nada. – Rose? – Alice até que tentou falar um pouco mais alto, mas de nada adiantou. – Rosalie Anne Hale! – agora ela gritou.

Com o susto por ouvir o seu nome, Rosalie se desgrudou da boca de Emmett, até foi possível ouvir um barulho de desentupidor de pia quando isso aconteceu, provocando uma cara de nojo em Jasper. Ela olhou para Alice espantada e com os lábios vermelhos.

- Quê?

- Dá para parar com esse showzinho? – pediu Alice.

- Oh... desculpe. – Rosalie ficou meio sem graça quando tirou as pernas de cima de Emmett enquanto limpava os cantos da boca com os dedos.

- Valeu Alice. – agradeceu Jacob em voz baixa.

– Não tava dando para segurar. – deu uma risadinha e olhou para Emmett pelo canto dos olhos que parecia fitar um horizonte muito bonito, só pelo sorriso de satisfação em seu rosto.

- Se contenha. – Alice pediu se aconchegando ao lado de Jasper.

- Já está de bem comigo? – Perguntou Jasper, Alice não respondeu, apenas se afastou dele de novo. – Para com isso.

- Se estamos aqui é por sua culpa. – ela acusou.

- Por o acaso eu me chamo Isabella? – Jasper perguntou contrafeito.

- Começou. – Jacob reclamou girando os olhos nas orbitas.

- Não! Mas se não fosse por você...

- Alice! – Bella quase gritou todos a olharam espantados. – Chega. Ta bom. Já passou. Agora estamos em uma nova etapa. Eu sei que Jasper já fez muito por essa noite então... será que dá pra parar? – falou um pouco mais baixo.

- É você tem razão. Desculpe. – Alice cruzou os braços de novo. – E sim, Jazz, já estamos de bem. – Alice não viu, por que olhava pela janela oposta, mas Jasper abriu um largo sorriso.

- É isso ai. – Jasper disse puxando a esposa para um abraço de lado e com a outra mão lhe virou o rosto e colou seus lábios aos dela.

Vendo isso, Bella sorriu, então quando olhou ao redor percebeu que os outros dois casais também faziam o mesmo. Abaixou um pouco a cabeça sentindo a angustia lhe invadir, mas preferia não demonstrar, não queria acabar com o romance deles. Ergueu a cabeça e passou a olhar para o lado de fora da limusine.

Olhou mais uma vez para o celular, digitou o número do celular de Edward, em uma tentativa vã, pois como da outra vez o celular se encontrava fora da área de serviço. Edward poderia ser o homem mais perfeito com seus defeitos que ela já havia conhecido e os defeitos nem eram tantos assim. Não dar fim aquela roupas velhas era algo que poderia conviver e conviveu. A mania de sempre passar as mãos pelos cabelos ela achava um charme. Falar mais que Alice quando tinha consumido um pouquinho de álcool era muito bom, assim Bella poderia descobrir sobre aquela recepcionista que dava em cima do seu homem, sobre alguma coisa que ele fez que ela não soube, sobre as roupas intimas que preferiu jogar fora a ter que lavá-las quando ela se ausentou naqueles três dias e outras. Mas havia um defeito que Bella considerava e sempre considerou mortal e que infelizmente o perfeito Edward o possuía: esquecer de colocar o celular para carregar.

Aquele motivo foi o suficiente para passarem cinco dias sem se falar, depois de uma discussão acalorada em voz baixa na presença dos pais de ambos. Bella não suportava isso e por algum motivo Edward dizia não entender o motivo. Mas depois de uma greve de sexo, em menos de três dias ele aprendeu a reparar nos pinos da bateria do celular e, seria mentira afirmar, que ele nunca mais deixou o celular descarregar de vez, mas se tornou tão difícil quanto Bella se esquecer de recarregar o seu.

Sorriu com a lembrança e mal reparou que já parava na frente de seu prédio, no entanto foi a primeira a sair. Reparou que o porteiro não estava na cabine.

- Caramba! Onde ele tá?

- E ai? – perguntou Jasper.

- Não faço a menor idéia. – respondeu passando a andar de um lado para o outro, não sabia o que fazer.

- É costume ele ficar fora do seu posto? – questionou Alice pulando diante uma janela para olhar dentro da cabine. – É nessas horas que odeio ser baixa! – reclamou.

Jasper foi até onde ela estava e bastou ficar na ponta dos pés e esticar o pescoço para olhar dentro da cabine e perceber que não havia ninguém ali. Alice bufou.

- Meu Deus e agora? Não podemos esperar aqui! Estamos perdendo tempo! – Bella disse com a voz esganiçada.

- Ele não pode ter saído daqui, ele já vai aparecer. Calma.

Como se por ajuda divida, assim que terminou de falar, ouviram vozes vindas do saguão do prédio e qual não foi a surpresa ao ver o porteiro e o zelador do prédio com vários tecidos em seus braços. Frank até levava um panela em cima dos tecidos.

- Harry! – disse Bella aliviada agarrando os portões.

O porteiro ainda estreitou os olhos para poder reconhecer Bella.

- Sra. Cullen... oh, desculpe. Swan. – falou sem graça. – O que a trás aqui?

- Gostaria da sua ajuda. – pediu Bella.

- Claro. Um momento. – pediu entrando na sua cabine, segundos depois o portão abriu. – Entre.

- O senhor sabe qual a frota do taxi que Edward pegou?

- Sim. – confirmou também com um aceno de cabeça.

- Então, por favor, liga para lá e pergunte para onde o levaram. – o sorriso não continha no rosto de Bella.

- Há algum problema Senhora Bella? – desconfiou olhando Bella de cima a baixo.

- Vai ter se você não fizer logo o que ela está pedindo. – disse Alice ao lado de Bella.

- Ok. Ok. Um segundo. – falou meio amedrontado pelo tom de voz de Alice.

- Não precisava falar assim. – Bella balançou a cabeça para os lados.

- Hei. – Jasper chamou o zelador. – Essa é a decoração que tava lá em cima? – perguntou.

- É. – Frank respondeu.

- Vão fazer o que com isso?

- Um pessoal ligou dizendo que viriam buscar pela manhã. – respondeu jogando tudo no chão.

- Uma pena. – Jasper lamentou.

- Por quê? – quis saber Alice.

- Não é uma pena devolverem, é saber que não foi aproveitado. – fulminou Bella com o olhar.

- Desculpa Jazz. – pediu sem graça.

- Para o Lax. – Harry falou pela janela.

- Lógico! Tinha que ser logo o aeroporto internacional? – reclamou Alice. – Aquilo é uma loucura.

- Quer saber mais alguma coisa senhora? – perguntou Ben.

- Pergunte se Edward falou alguma coisa sobre para onde iria. – disse após pensar alguns segundos.

Bella esperou ansiosa por uma resposta mais clara que os pudessem levá-los diretamente para onde Edward estava, porque se tivessem que procurar por todos os oito terminais do aeroporto, com toda a certeza, eles só iriam saber para onde ele tinha ido quando já estivesse no lugar e isso seria o fim.

- Disse que iria pro refúgio. – a cara de Harry era de desentendimento.

- Refúgio? – perguntaram Alice e Jasper juntos.

- Chicago! A casa de campo em Kendall! – gritou Bella rindo. – É para lá que ele vai ou foi! – ela continuava rindo.

- Então vamos lá garota já que você tem tanta certeza. – Disse Alice já se caminhando para o carro, Jasper logo atrás.

- Muito obrigada Harry, muito obrigada. – Bella agradeceu aos gritos enquanto corria para a limusine.

O aeroporto internacional de Los Angeles é conhecido pelo seu formato em “U” e pelo grande fluxo de pessoas por dia, que pode chegar a milhões. Quando Bella lembrou-se disso sentiu seu chão afundar, seria basicamente como procurar uma agulha em um palheiro do tamanho do Rose Bowl. Olhou ao redor e percebeu que todos falavam, pareciam planejar alguma coisa, mas ou não ouvia o que falavam ou não deu muita importância, pois se lembrou do dia em que Edward a levara para assistir um jogo de futebol no estádio.

O dia estava mais do que quente quando Edward a pegou na porta do seu apartamento. E mesmo estando acostumada ao calor exagerado de Los Angeles, Bella nunca gostou dele, mas naquele dia ao ver Edward usando uma regata branca, que deixava os ombros brancos a mostra, com o emblema do Chicago Bulls como estampa, valia a pena estar suando tanto entre os seios, na ponta do nariz e a cima dos lábios.

- Para onde vamos hoje? – perguntou assim que ele entrou no carro, pois como todo cavalheiro ele havia aberto a porta para ela entrar.

- Pasadena. – respondeu ligando o carro.

- Nossa! Você respondeu. – brincou o fazendo sorrir.

Fazia um pouco mais de um mês que haviam se conhecido no supermercado e, desde então, sempre que podiam se encontravam para colocar a conversa em dia e jogar charme um para o outro, mesmo com a nova etapa que iniciavam de recém formados. Era uma dificuldade tremenda, principalmente para Edward que estava começando com a sua pequena empresa de publicidade, mas tudo era esquecido quando ele via no visor do celular o nome dela. E aquilo era um grande progresso em se tratando de alguém como Bella.

Antes de atender ele pensou rápido e marcaram um encontro para o dia seguinte que era um sábado. Ela perguntou para onde iriam, ele nada disse. Até agora.

- E o que vamos fazer em Pasadena? – a mente de Bella estava a mil.

- Assistir a um jogo de futebol.

- Ah. – Bella odiava futebol.

- Você gosta? – perguntou a olhando de relance, afinal ele estava dirigindo.

- Bem... – com um dia daquele Bella esperava que fosse algo mais romântico ou mais molhado, quem sabe Edward não poderia surfar só de shorts de novo. – Nunca fui a um jogo. – o que não era mentira.

- Eu entendi essa sua hesitação como negação. – podia sentir o riso em sua voz, Bella riu também. – Mas não se preocupe que a partir de hoje você vai gostar. – Bella duvidou disso mentalmente. Ledo engano. – Vamos ao Rose Bowl! – Edward deu um soco entusiasmado no volante.

O estádio estava com a sua lotação quase total, mas ainda se podia escolher algum lugar. O dia estava tão quente que fez Bella comprar um boné. Tirando a cara do vendedor quando ela disse que não importava o time e que queria só um boné, o dia estava sendo tranqüilo.

Bella não entendia o motivo de tantas pessoas gritarem, se sacudirem, xingarem e coisas desse tipo que só acontecem em jogos de futebol, independente do lugar, mas bastou apenas 15 minutos de jogo e, sem ao menos perceber, Bella estava torcendo pelo mesmo time de Edward, que não ligava nem um pouco para as asneiras que ela falava ou perguntava sobre o jogo, muito menos quando ela continuou comemorando um gol sozinha.

- Edward, porque ninguém está comemorando? Não foi um gol?- perguntou voltando a se sentar totalmente sem graça e vermelha de vergonha.

- Não Bella, estava impedido. – respondeu sem tirar os olhos do campo.

- Impedido? – perguntou com o cenho franzido. – E o que é isso?

- Bella, presta atenção! Depois te conto. – de repente Edward havia ficado em pé então o seguiu. – Isso! Vai! Vai! Não perde! Vai Lá! É... gooooooooooooooolllllllll!!! Uhuuuuuuuu...

Bella não soube dizer ao certo por quanto tempo Edward ficou comemorando e percebeu que todos ao redor faziam o mesmo, então colocou as mãos no bolso da bermuda. A sua empolgação havia sumido por ter feito papel de lerda na frente dele. E foi ai que sentiu dois braços lhe envolverem e a rodopiarem no ar, quando sentiu o pé no chão novamente percebeu que era Edward e o seu rosto estava muito próximo ao dela.

- Décimo encontro. – então ele lhe tirou o boné e lhe beijou.

Era o primeiro beijo e Bella tinha a certeza de que o queria pelo resto da vida.

- Bella? Bella? – Alice sacudiu a amiga pelo ombro.

- Hãn? – Bella piscou algumas vezes olhando para ela.

- Onde você estava garota?

- Em Pasadena. – falou sem pensar.

- O quê? – perguntou Jasper franzindo o cenho.

- Bella nos precisamos de você aqui. Vamos logo! – e então ela saiu do carro, olhou para trás percebendo que Bella não a acompanhou. – Bella, anda!

- Não consigo...

- Por quê?

- To enjoada e sinto que vou vomitar a qualquer momento. – respondeu cruzando os braços na frente do corpo, se comprimindo.

- Larga de besteira, mulher! Se você não vomitou no carro não vai ser agora que isso vai acontecer. Vamos! – Alice a puxou pelo braço.

- Isso não vai dar certo.

- Mas não vai ser agora que você vai desistir!

- Mas, Alice, eu...

- Isabella Cullen, trata de levantar essa bunda daí antes que eu te puxe pelos cabelos! – Alice Ameaçou colocando metade do corpo para dentro do carro.

- Ãããããiiiii... – Bella choramingou, mas saiu do carro.

Assim que saiu várias pessoas que transitavam por ali a olharam, curiosas. Lógico que olhariam, Bella estava vestida de noiva nada inocente. Tentou puxar o vestido um pouco mais para baixo, mas de nada adiantou, era o jeito ficar assim mesmo. Perguntou-se o que Edward acharia dela andando por um aeroporto com esse tipo de roupa. Espero que seja o suficiente para ele voltar pra mim, pensou seguindo Alice por uma das portas duplas de vidro. Por que só a vergonha que to passando desse povo todo me olhando...

Seguiram até onde Rosalie, Emmett, Jasper e Vanessa estavam, olhando para cima, seguindo o olhar deles, Bella percebeu que encaravam um comprido telão de led com todas as informações possíveis sobre vôos, atrasos, linhas aéreas e o destino de cada uma.

- Não é tão difícil quanto imaginei. – disse Jacob assim que Bella ficou ao seu lado.

- Terminal 1, 4 e 7, é desses terminais que os aviões vão para Chicago. – Emmett apontava para cada terminal. – Podemos dividir em grupos, o que acham?

- Excelente. – Jacob tomou a frente. – Eu e Vanessa procuramos no terminal 1. Rosalie e Emmett, terminal 4 e Jasper, Alice e Bella terminal 7, ok? – todos assentiram.

- Todos estão com celulares? – perguntou Rosalie. Jasper negou enquanto que Jacob e Alice mostravam os seus. – O meu ficou na boate então preciso de um.

- Aqui. – Vanessa mexeu em sua bolsa de mão tirando de lá um pequeno aparelho preto. – Use o meu, vou estar com Jacob mesmo.

- Touchscreen não existe pra você? – perguntou Rosalie com cenho erguido olhando para o celular.

- Não sei lidar muito...

- Vamos parar com esse lenga lenga que temos muito o que fazer. – Alice interrompeu. – Quem encontrar o Edward primeiro ligar para cada um, fechado? – todos concordaram. – Então vamos caçar esse louco! – ergueu a mão com a palma virada para eles que continuaram a olhando sem entender. – Não? Ah que se dane.

- Vamos Alice. – Jasper pegou a mulher pelo braço.

Cada grupo seguiu para um lado diferente. Bella olhou para trás à tempo de ver Rosalie e Emmett dando as mãos, sorriu com a imagem e chegou a conclusão de que não sabia quem estava mais ferrado naquela situação, se Rosalie, que sempre foi uma mulher linda e de muitos homens, que por incrível que pareça parecia ter tido o seu amor a primeira vista ou se Emmett, com toda a sua doçura e gentileza, que estava caidinho pela loira ao seu lado. Mas deixaria para pensar sobre aquilo depois, isso se pensasse, pois agora o assunto era encontrar Edward no meio daquela multidão que não parava de olhá-la dos pés a cabeça.

Então foi isso que fez, passou a olhar de um lado para o outro, às vezes até ficava na ponta dos pés para poder enxergar melhor, não era tão baixa quanto Alice, mas também passava por dificuldade às vezes. Duas ou três vezes teve que deixar a procura por Edward de lado para poder encontrar Alice para não se perder também, pois o seu celular, por incrível que pareça, havia acabado a bateria e por nada no mundo ficaria sem qualquer contato com os outros que poderiam ter encontrado Edward primeiro.

Passaram por um enorme letreiro com os dizeres “Terminal 7” sendo que logo a baixo havia outro telão que mostrava todos os vôos daquela noite assim como seus destinos e se já haviam saído ou não. Bella sequer parou para ver os detalhes dos vôos para Chicago, não queria perder as esperanças antes mesmo de entrar no terminal, mas ainda sim ficou apreensiva por Alice lhe chamar lhe dando uma péssima noticia, porém os segundos se passaram e nada da voz da amiga, aquilo a relaxou.

Alguns passos a frente, ouviu Alice soltar um gritinho agudo, olhou espantada para Alice que fitava suas pernas, Bella sequer percebeu que várias pessoas olhavam para eles agora.

- O que foi Alice? – perguntou Bella alarmada, olhando para as pernas.

- Sua meia calça... – ela soltou um muxoxo. – Desfiou de cima abaixo. Que desastre! – então ela levou as mãos à boca. – Ou não. – Alice passou a fitar um ponto atrás de Bella, um sorriso iluminou o rosto da amiga.

Seria pretensão de minha parte dizer que eles rodaram todo o aeroporto, de cima a baixo, da esquerda para a direita e nas transversais a procura de Edward, resultado em uma viajem de Bella até o possível lugar onde ele estaria, seria empolgante, emocionante, mas cansativo, até poderia se considerado um clichê, talvez, mas não foi isso que aconteceu.

Antes mesmo de Bella virar ela já sabia o que, na verdade, quem era. Sentiu as pernas fraquejarem um pouco, sentiu um frio na barriga e seu coração, ah seu coração, parecia mais uma orquestra só com instrumentos de sopro e de base ou várias delas do que um coração de verdade. Parecia que o mundo havia entrado em câmera lenta por que foi assim que se sentiu ao virar de frente para ele, que se encontrava a alguns metros dela, próximo a uma poltrona que parecia estar ocupando. Bella viu o corpo plástico que ele segurava ir ao chão molhando, com o que parecia ser água, uma senhora que estava ao lado dele.

A velha praguejou alguma coisa para ele que não deu a menor importância de tão concentrado que estava na figura parada no meio do terminal 7. Não sabia o que pensar ao ver Bella parada ali, mas com certeza ela estava ali por algum motivo que deveria ser muito importante, pois ela nunca sairia e nem viajaria para nenhum lugar vestida daquele jeito. Experimentou olhar para os amigos que estavam logo atrás dela e percebeu que Jasper estava com roupa de dormir e chinelos de dedo, deveria ser importante mesmo, pois Jasper também nunca sairia daquele jeito. Olhou para Alice que estava com um sorriso de orelha a orelha falando ao telefone com alguém. Mas aquilo não merecia a sua concentração, que deveria estar depositada toda em cima de Bella vestida de noiva, e foi com o coração a mil que ele a viu dar o primeiro passo em direção a ele.

Era assim que deveria ser. Ela deveria ir ao encontro dele, pois nada mais do que justo já que ela o estava procurando, o caçando no Lax, mas por alguma razão Edward também estava se movimentando, ocasionando o encontro deles no meio do caminho. Ficaram se olhando por algum tempo, até que Bella lembrou-se que deveria falar alguma coisa, tomada pelo impulso da certeza, ela respirou fundo, mas mal abriu a boca, por que Edward falou primeiro.

- Não precisa. – pediu esticando um braço para pegar na mão dela, a olhou dos pés a cabeça. – Definitivamente não precisa. – então ele sorriu antes de puxá-la para um abraço seguido de um beijo caloroso.

Foi impossível não ouvir quando Alice soltou um gritou agudo, seguida de urros vitoriosos de Jasper que, logo em seguida, pegou a mulher pela cintura e a rodou no ar. Também ouviram algumas pessoas soltarem uivos e risadas, mas pouco se importaram, pois o mais importante naquele momento era sentir os lábios um do outro, os braços que envolviam, o calor que emanavam e as lágrimas que ambos não conseguiram segurar tornando o beijo maravilhoso que trocavam com gosto adicional de sal.

Mas a comemoração intima durou pouco, pois sentiram serem envolvidos por muitos braços e risadas, mãos os tocavam e foi impossível continuar com o beijo. Quando deram por si, os amigos os envolviam em um abraço grupal e até começaram a pular em um circulo fechado ao redor deles, gritando coisas que mal entendiam, se olharam novamente sorrindo e trocaram vários selinhos.

- Até que enfim! – gritou Alice. – Graças a Deus o encontramos a tempo Edward! – ela comemorou.

- Não sabia o que seria da Bella caso você já estivesse partido. – comentou Rosalie abraçando Emmett.

- Eu iria trás dele, Rose. – Bella falou, se era possível Edward riu ainda mais e a beijou de novo.

- Eu amo você. – disse no ouvido dela.

- Eu amo mais. Muito mais. - ela respondeu, tirando suspiros das mulheres e virada de olhos dos homens. – Mas agora eu preciso fazer uma coisa. – disse Bella se afastando momentaneamente de Edward que a olhava curioso.

Os amigos abriram mais o circulo ao redor deles no momento em que Bella se abaixou, apoiando um joelho no chão e o outro dobrado. Em expectativa, a acompanharam fazendo alguma coisa no pé antes dela mostrar o cadarço de sapato de Edward com as alianças deles que estava amarrado em seu tornozelo. Todos sorriram e Edward balançou a cabeça sorrindo mais ainda, no entanto, quando ele estendeu a mão para lhe ajudar a levantar, Bella ergueu a sua.

- Espere. – ela continuou ajoelhada. – Eu preciso fazer isso. – então sorriu enquanto desatava o nó que prendia as alianças, ela colocou as duas na palma de sua mão e olhou para ele. – Edward Antony Masen Cullen...

Edward levou ambas as mãos aos cabelos surpreso, assim como todos a sua volta. Alice dava pulinhos no mesmo lugar, ao mesmo tempo em que, Rosalie estava estática fitando Bella de boca aberta. Vanessa tentava controlar o choro de alegria que Jacob mal continha e tanto Jasper quanto Emmett estampavam grandes sorrisos. Não era exagero, mas até as pessoas que estavam ali, no terminal 7, levantaram e algumas até se aproximaram para ver melhor o que estava acontecendo.

- Edward Antony Masen Cullen... – Bella continuou. – Amor de toda a minha existência, você me daria a honra ser o meu esposo de novo? – perguntou e mesmo tendo a certeza de que ele diria sim, foi impossível não sentir a expectativa lhe consumir, afinal estava pedindo o seu homem de volta por uma grande bobagem que ela cometera e isso não era pouco.

- Amar você não é uma escolha é simplesmente ser quem eu sou. – ele disse estendendo a mão esquerda. – Com toda a certeza do mundo, independente dos seus motivos, eu aceito. – respondeu sorrindo e gargalhou quando Bella colocou a aliança em sua mão.

A comemoração foi contagiante, todos, agora sim sem exceção, comemoraram de alguma forma aquela loucura que apenas os oito amigos sabiam o que significavam de verdade, mas isso não importava, pois não era algo de se ver todo o dia, ainda mais em um aeroporto e ainda por cima altas horas da noite.

Quando terminou de colocar a própria aliança de Bella na mão dela, Edward a pegou pela cintura e a rodou no ar, para logo em seguida abaixá-la e beijá-la com todo o carinho e fervor de um amante incondicional. Se pudessem ficariam assim, se amando, pelo resto da noite, mas não estavam em um lugar adequado e muito menos sozinhos e foi com dificuldade que se separaram para receber os comprimentos dos amigos e desconhecidos, até mesmo a velha que Edward derramou água foi cumprimentá-los.

Um colunista que ficou curioso com toda aquela cena gostaria muito de poder conversar com os dois, pois ele tinha certeza que aquela era uma história e tanto e não estava enganado. Com o consentimento de Bella, Edward trocou com o jornalista cartões profissionais para que tivessem contato para marcar a entrevista após a lua de mel que eles teriam naquela mesma semana, o que deixou Bella constrangida, mas muito feliz, afinal eles mereciam isso e ela já sabiam para onde iriam.

Um padre, que também acompanhou o reboliço, se aproximou do casal desejando felicidades e recitou um salmo valiosíssimo que falava sobre o amor, abençoou a ambos e se retirou para que mais pessoas, desconhecidos, felicitassem o casal.

Parecendo que aquilo não teria mais fim, Alice, com toda a sua gentileza e delicadeza, dispensou as três últimas mulheres que se aproximaram mais para apreciar o porte físico de Emmett do que para parabenizar quem quer que fosse.

- Você não deveria ter falado com elas daquela maneira, amor. – Jasper a repreendeu. Ele levava a mala de Edward.

- Querido antes eu do que Rosalie, ela seria capaz de cometer uma chacina. – Alice sorriu para Rosalie que estava logo atrás.

- Cometeria mesmo. Ficar olhando pro meu Emmett é caso de morte e das mais dolorosas. – havia fúria no olhar da loira.

- Seu Emmett é? – Emmett perguntou a apertando de lado.

- Pode? – Rosalie perguntou manhosa.

- Lógico! – então ele a carregou rapidamente apenas com um braço e depositou um beijo em sua boca.

Mais atrás, agarrados como nunca, Edward e Bella seguiam com sorrisos vitoriosos no rosto.

- Quem é o cara com a Rosalie? – Edward perguntou.

- Emmett, o go-go-boy nas horas vagas. – Bella respondeu sorrindo para os dois a sua frente.

- Como é que é? – o cenho de Edward estava franzido.

- Jéssica contratou uns caras para fazerem a alegria das mulheres na festa. Emmett é um deles. Acredita que ele ta terminando o curso de medicina e que recusou uma vaga em Havard?

- E o cara é go-go-boy? – ele estava surpreso.

- Nas horas vagas como lhe falei. Ele parece ser muito esforçado. – Bella comentou.

- Com certeza deve ser. Mas a Rosalie sabe disso? – O tom de voz de Edward era de descrença.

- Eu nunca vi o brilho que Rosalie tem hoje nos olhos, na verdade ele surgiu assim que nos conhecemos melhor na limusine. Ela parece estar radiante como se estivesse pela primeira vez apaixonada de verdade. – Bella sorria ainda mais.

- E ela já sabe disso? – Edward riu.

- Acho que ainda não, mas tenho certeza que ficará chocada quando souber. – então ambos soltaram uma gargalhada.

- E você ficou chocada quando percebeu que ainda estava louca por mim? – perguntou ele pretensioso.

- Engraçadinho. – ela beliscou de leve a ponta do nariz dele. – Na verdade eu fiquei apavorada quando Alice me contou que você estava pensando em ir embora. Tinha a certeza de que nunca mais veria você. – um sentimento de tristeza lhe invadiu.

- E tinha mesmo. – ela o olhou espantada. – Eu não estava pensando em voltar, pelo menos por um bom tempo. Pediria para minha mãe buscar minhas coisas enquanto que Jasper seguiria no comando da Publi’Cullen até que eu estivesse bem para poder voltar. Você não sabe o quanto que foi difícil deixar a nossa casa. A porta amarela para trás.

- Talvez não, eu tenho certeza de como foi difícil. – Bella lembrou-se da vez que se mudou para o apartamento de Rosalie.

- E agora galera para onde vamos? – perguntou Jasper assim que chegaram próximo a limusine.

- Não faço a menor idéia. – comentou Jacob olhando com segundas intenções para Vanessa. – Que tal terminarmos a noite por aqui?

- Mas é lógico que não! – Rosalie reclamou.

- Temos que comemorar! – Emmett emendou. – A propósito sou Emmett McCarty. – ele estendeu a mão para Edward que a apertou.

- Edward Cullen. – sorriu.

- Isso mesmo! – Jasper deu um soco no ar. – Mas onde? – perguntou olhando para cada um, a última foi Alice que tinha um olhar malicioso.

- Eu tenho o lugar perfeito.

Não foi tão difícil convencer Jane sobre as mudanças de planos, na verdade ela até ficou bem feliz ao perceber que, de algum modo, a festa que organizou iria entrar pra história. E que história! No entanto, Alice ficou meio desconfiada com o consentimento acalorado da mulher, principalmente quando Carlos Montana passou ao lado delas e lançou um piscar de olho espetacular para Jane.

Bella e Edward enrolaram um pouco para sair da limusine e percebendo a intenção do casal, Emmett obrigou a todos para que entrassem e enfim dessem uns segundos de privacidade para o casal, ele teve que carregar Rosalie pela cintura para isso. Lançando risos traquinas Jacob e Jasper foram os últimos a sair. Jasper até deu um leve soco no braço do amigo antes de fechar a porta. Enfim estavam sozinhos.

Os segundos que passaram se olhando foram suficientes para perceberem que nada poderia ser dito ali, no meio daquela correria e euforia, então nada melhor do que se entregarem aos braços um do outro e foi justamente o que fizeram. Rapidamente Bella sentou-se de frente para Edward, com as suas pernas flexionadas ao lado das pernas dele, trocavam beijos apaixonados e quentes, isso sem contar com os gemidos que escapuliam de suas bocas e as mãos que passeavam frenéticas pelo corpo do amado.

Edward até que conseguiu abaixar um lado do corpete que Bella usava para poder se deliciar com aquele lado do seio, as coisas estavam esquentando e eles pouco se importavam com o lugar em que estavam e que a qualquer momento poderiam ser interrompidos e pegos em uma situação totalmente constrangedora. Escondido é mais gostoso, ele ouviu Bella dizer quando comentou sobre o assunto. Mas foi impossível continuar quando batidas frenética de Alice e Jane invadiram o carro. Talvez Edward só tenha soltado Bella de vez ao ouvi-la dizer que teriam aquela noite e muitas outras para poderem fazer o que quiser, ele se perguntou se teriam também os dias.

Os convidados nada sabiam das mudanças de plano e qual não foi a surpresa ao ouvir o Dj anunciando o recém-reatado casal Cullen, mas mesmo assim todos comemoraram como puderam a felicidade do casal que não tinha nada em comum quanto as vestimentas. Enquanto que Bella estava vestida de noiva importada diretamente de algum site de fetiche, Edward possuía uma calça de um bege claro e velho e uma blusa branca de algodão e botões que mais pareciam de dormir. Mas era só na vestimenta mesmo, por que o casal era lindo e por estarem tão felizes a beleza de cada um surpreendeu até mesmo aqueles que conviviam há anos com eles.

Tiveram uma dança só para eles, a música era a mesma que dançaram na festa de casamento. Edward murchou um pouco quando viu o bolo de divórcio que Bella mandará fazer, porém durou o tempo em que ela mudou a posição do boneco-Edward, que não mais caia do bolo, mas sim nos braços da boneca-Bella. Eles também brindaram com uma bebida esquisita que tanto Edward e Bella não sabiam dizer do que havia sido feita, mas que era boa isso era.

Edward não se importou nenhum pouco com o outros go-go-boys da festa, até pediu emprestada a gravata borboleta que outrora Emmett usava para colocar em si. Bella teve que se conter para não pular no marido quando ele desabotoou a camisa, deixando totalmente aberta, e colocou a gravata, assim como teve que se conter para não pular no pescoço de algumas colegas de trabalho que olhavam para Edward cobiçosas. Maldita fora a hora em que havia convidado tantas mulheres para aquela festa, Edward a ouviu resmungar, então a abraçou por trás e disse em seu ouvido:

- Enquanto elas apenas olham, você pode tocar. – então ele levou as duas mãos dela até a sua bunda. Bella caiu na gargalhada.

Era bem verdade que Edward não se incomodou com os outros caras, mas isso não poderia ser dito de Jasper e Jacob que não desgrudaram um minuto sequer de suas acompanhantes, mas percebendo que estavam ficando em desvantagem diante de todos aqueles garçons e go-go-boys musculosos e sem camisa, resolveram tirar as suas, para estardalhaços das mulheres no geral. Mesmo perdendo no quesito músculos, Jasper e Jacob não deixaram a desejar e foi de cabeça erguida e olhares fatais que Alice resolveu encarar qualquer uma que tentasse se aproveitar do que era dela.

Não muito diferente do comportamento que Rosalie adotou assim que entrou na festa novamente. Sendo seguida de perto por Emmett, ela subiu até ao palco do Dj para anunciar em alto e bom som que Emmett estava fora do circulo de diversão das outras mulheres e quando Emmett foi questionado sobre isso ele apenas disse:

- Um aviso: escutem ela.

Por sorte ou pelo seu desejo sexual aflorado Samantha Witlock havia deixado a festa um pouco mais cedo, sendo acompanhada por um belo homem por sinal, comentou Jéssica Stanley com a sua risada estridente ao final. Jasper até tentou fazer o papel de filho traído e rabugento, mas foi só ver Alice colocando uma nota de 10 dólares no cós da calça apertada de Anthony White que mudou rápido a sua postura.

Quanto tempo durou a festa? Ninguém sabia dizer, mas todos poderiam afirmar que para Edward e Bella aquela festa terminou exatamente no momento que entraram na limusine, indo em direção ao apartamento dos dois, começar outro tipo de festa que já passou a esquentar ainda quando estavam na limusine. Edward considerou uma perda de tempo ter que sair da limusine e esperar o elevador do prédio levá-los até o apartamento deles, mas de acordo com Bella ele estava exagerando.

Porém, quando viram a porta amarela lhes sorrir, o fogo, o calor, a vontade de ter um ao outro desesperadamente foi se apaziguando. Edward passou um dos braços ao redor dos ombros de Bella enquanto que ela abraçou com os dois a cintura dele. Andaram devagar, como que para aproveitar aquele regresso depois de muitas confusões, tristezas e feridas abertas no caso de Edward.

Ele tirou as chaves do bolso e abriu a porta. Sem entrar esticou a mão para a parede ao lado e ligou as luzes da sala, tudo se encontrava no seu devido lugar, menos o quadro de tinta guache deles.

- Cadê o nosso quadro? – perguntou Bella ainda agarrada a ele.

- Na minha mala.

- Por quê?

- Achei que seria uma boa lembrança. – respondeu tranqüilo. – Já que você fez o pedido no aeroporto bem que poderia me carregar e entrar na nossa casa. – comentou a olhando de lado com um lindo sorriso no rosto.

- Carregar? Não sei se consigo, mas acho que posso fazer alguma coisa. – disse ela rindo. Bella tirou os sapatos. – Tire os seus tênis e pise nos meus pés, vou entrar com você andando, como fazemos com as crianças.

- Você é mesmo maluca. – ele brincou dando um passo para frente, mas Bella o puxou pelo braço.

- Estou falando sério. Quero fazer isso.

E o que ele poderia fazer em troca senão o que ela pedia, assim que ele viu aquele olhar doce e vivo que ela emanava todas as vezes que queria algo deveras importante? Nada. Absolutamente nada. Então foi com cuidado que ele pisou nos pés delicados da sua mulher, mas saiu rapidamente assim que ela fez uma careta de dor.

- Eu falei que não precisava. – reclamou.

- Não. Está tudo bem. Só esqueci o quanto que você é pesado. – disse fazendo uma careta.

- Não exagera. – sorriu coçando a parte de trás da cabeça.

- Vamos lá. – Bela respirou fundo.

- Bella...

- Tá tudo bem. Pior que isso não pode ser.

E ela estava totalmente enganada, pois quando Edward subiu em seus pés ela soube na hora que não conseguiria dar qualquer passo. Edward não era duas vezes o seu peso por que ela não era tão pequena assim, mas pensando melhor, ela já não tinha tanta certeza disso com Edward em cima dos seus pés. No entanto não iria desistir, e foi com a garra de uma mulher lutadora que ela deu um passo para frente, seguindo de outro, mas no terceiro perdendo total equilíbrio os dois foram ao chão com tudo.

- Consegui! – comemorou ainda rindo por cima de Edward que gargalhava.

- Acho que quebrei uma costela. – disse ainda rindo mais com uma cara sofrida.

- Desculpe-me. – Bella pediu sem graça.

- Valeu à pena. – e caíram na risada de novo.

- Consegue levantar? – Bella perguntou já se erguendo.

- Consegue fechar a porta? – respondeu com uma pergunta e encolhendo as pernas.

Bella a fechou e voltou para o chão com o Edward, deitando a cabeça em seu braço e ficando de peito para cima.

O silêncio de forma alguma era um incomodo mesmo depois do que haviam sido aqueles três meses. E ele estava sendo usado exatamente para isso, para cada um pensar no que aconteceu naquele período conturbado do relacionamento deles. Edward tinha perguntas aos bilhões para fazer a Bella, todas as possíveis e as impossíveis também, até pensava naquela se deveria fazer ou não por medo de ouvir algo que o magoasse, por medo de ouvir magoa na voz dela, porém eles não deveriam tratar a situação como rotina, como briga de rotina, mas algo sério que deve ser resolvido apesar do que vier depois.

Porém naquela hora, tudo que ele menos queria era ouvir as explicações de Bella e as suas respostas. O que ele queria de verdade era a mulher ao seu lado, nua e gemendo por causa dele, porque independente do que ela teria para falar nada se comparava ao que ela havia feito. Bella tinha ido até ele. Deus sabe o que tiveram que passar para poder encontrá-lo e vê-la ali, naquele saguão do aeroporto, vestida daquele jeito seria o suficiente para ele perdoá-la, até mesmo se ela não pedisse. Bella o amava e era isso que importava. Era assim que os amantes incondicionais agiam. Fora sobre isso que o padre falou no salmo. Fora isso que jurou perante Deus e os homens. Fora isso que jurou para a própria vida.

- Definitivamente não somos um casal normal. – ela comentou o tirando de seus devaneios.

- Não mesmo.

- Será que vamos ser assim pelo resto da vida?

- Contanto que não tenha outra Festa do Divórcio para mim está ótimo. – Bella lhe deu um soco leve na barriga. Ele riu.

- Desculpe-me. – pediu com a voz fraca.

- Pelo o quê?

- Por tudo e mais um pouco.

- E o que seria esse “mais um pouco”?

- Talvez você pudesse me dizer. – ela pediu virando-se de lado para olhá-lo.

- Pode ser outra hora? – perguntou também se virando de lado.

- Por quê? Isso lhe chateia? – uma ruga se formou em seu cenho. Edward passou um dedo por elas.

- Na verdade sim. – Bella desviou o olhar marejado. – Mas não é por esse motivo que prefiro falar depois.

- E qual seria? – por estar de olhos abaixados Bella não viu o sorriso cheio de segundas intenções que ele lançava.

- Por que agora, nesse exato momento, a única coisa que quero é ter você.

Então ela o olhou e viu aquele sorriso malicioso no rosto dele e qual não foi a sua reação ao esboçar igual e totalmente feliz.

- A primeira vez que fizemos amor nesse apartamento foi justamente nesse chão. – ela comentou se apoiando no cotovelo passando a olhá-lo de cima.

- É uma ótima lembrança. – o sorriso no rosto dela se alargou. – Mas, sinceramente, eu prefiro o aconchego do nosso quarto, principalmente depois dessa queda. Acho que machuquei as costelas de verdade.

Os dois caíram na gargalhada.

Não é novidade para ninguém dizer que a vida é cheia de surpresas, principalmente quando essas surpresas podem mudar o sentido de tudo. No entanto a verdadeira graça nem está nas grandes surpresas, mas sim naquelas que são pequenas, quase imperceptíveis, e que estão a todo o momento acontecendo e só quem consegue aproveitá-las é quem tem a perspicácia de senti-las. Isso não é tão difícil de entender, não precisa possuir um dom herdado por gerações ou algo sobrenatural, apenas basta a vontade de ver no cotidiano aquelas situações que são diferentes, que não acontecem sempre, mas que estão lá, só esperando que você as encontre.