A Festa Do Divórcio escrita por Dri_Volarius


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Gente... para quem achava que o esse cap. não ia chegar nunca, eis que surge o momento entre Edward e Bella... Sinceramente esse é o meu cap. favorito... =*** conversamos no final...



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Alice ainda não sabia como se sentir em relação a tudo que Jasper havia lhe contado sobre o que fizera junto com Edward naquela noite. A princípio se irritou pelo fato de Jasper ter dado atenção as loucuras de Edward e ter lhe dado idéias para um pseudo seqüestro, quando na verdade a sua única e exclusiva função seria impedir que Edward, por ventura de um ataque de loucura, quisesse cometer suicídio, mas ao ouvir todo o relato daquela noite percebeu que os dois fizeram exatamente o contrário e que o tão são marido havia embarcado nas loucuras do amigo. Dois retardados! Pensou com raiva. Um dos pés continuava a bater no fundo do carro.

Suas mãos ainda ardiam de tantos tapas que deferiu em Jasper ao saber que ele havia ido à festa de divórcio de Bella, mesmo que falasse que tudo aconteceu por acaso e que aquilo foi apenas a pedido da situação, Alice não deixou de gritar a plenos pulmões que ele havia quebrado o trato que fizeram e que, para piorar a situação, havia desrespeitado a sua palavra, imagem, confiança e os votos matrimonias que fizeram a exatamente uma semana atrás.

No final dos gritos, talvez por falta de fôlego, ela enfim se calou para desespero e conforto de Jasper que a olhava de esgoela de vez em quando. Mas mesmo que não fosse em voz alta Alice, no final das contas, concordou com as desculpas capengas de Jasper que se resumia em: se ele não ajudasse, Edward poderia ter feito coisa pior e no momento eles não estariam indo ao encontro dele em seu apartamento, mas sim, no mínimo, em uma delegacia e no máximo ao hospital para reconhecer o seu corpo. Com essas ultimas palavras Alice sentiu o próprio corpo arrepiar e afundou um pouco mais na poltrona confortável do carro de Jasper.

- Havia muitos champanhes? – perguntou depois de um tempo calada.

- Hãn? – Jasper resmungou enquanto dobrava em uma esquina.

- Na festa, havia muitos champanhes? – tornou a perguntar agora olhando o marido.

- Ah sim. – Jasper sorriu, pois ele sabia que aquele tipo de pergunta queria dizer que a sua mulher estava voltando ao normal. – Sim, havia muito champanhe e muitas pessoas com taças também.

- Hum. – Alice resmungou olhando para o outro lado da rua. – Ela foi de limusine?

- Sim. E sinceramente nunca vi uma limusine tão longa. – Jasper atreveu sorrir um pouco mais.

- Tapete vermelho?

- Sim.

- Lounge?

- Também.

- Artista circenses?

- Anham.

- Muitas luzes?

- Chegava a cegar algumas vezes.

- Todos pareciam estar se divertindo?

- Não há dúvidas.

- E os go-go-boys?

- O quê? Tinha isso lá? – o susto foi tão grande que Jasper fez uma coisa que nunca havia feito na frente de Alice, estancar o carro.

- Jasper! Cuidado! – Alice pediu ainda se segurando no painel do carro.

- Go-go-boys Alice?! – definitivamente Jasper não acreditava.

- Ora por que não?

- Minha mãe está lá Alice!

- Oh Jazz. Poupe-me. – Alice disse passando a rir logo em seguida.

- Por que a risada? Minha mãe está naquele antro de perdição, estou preocupadíssimo por isso e você ao invés de me ajudar a passar por esse momento difícil ainda passa a... rir?

- Jazz, amor da minha vida, - Alice começou praticamente virando o corpo todo em direção ao marido. – Foi a sua mãe quem disse “festa de verdade tem que ter go-go-boys”.

- O QUÊ?!

- Alguém precisava abrir seus olhos.

Dez minutos depois Jasper estacionava o carro atrás de uma limusine. Depois da revelação de Alice, ele havia ficado mudo e pálido fazendo com que a mulher desencadeasse um monólogo sobre felicidade, vida após morte e filhos crescidos demais para se sentirem rejeitados. Porém de nada adiantou, Jasper se sentia rejeitado, sozinho e traído por sua própria mãe. Não importava que seu pai tivesse falecido há dez anos, a sua mãe sempre seria a esposa dele, sempre seria a viúva e não essa garota de quase 50 anos que acaba de completar a maior idade e acha que a vida se resume apenas em sexo, drogas e rock’n roll, além de go-go-boys. A imagem de sua mãe apenas de langerir vermelha, dançando rodeada por homens modificados por anabolizantes e usando mini-sunguinhas invadiu a sua mente.

- Argh!!! – gemeu alto.

- O que foi, Jazz? – perguntou Alice assustada.

- Eu quero minha mãe de volta. – choramingou.

- Ah! Por favor, Jasper! Poupe-me.

- Será que você não entende o quanto que isso é difícil para eu? – argumentou aborrecido, afinal Alice era sua esposa então como função do ofício deveria ficar ao seu lado em todos os momentos.

- Sinceramente não entendo. Sua mãe é uma mulher maravilhosa, inteligente, enxuta e cheia de vitalidade...

- Vitalidade demais para o meu gosto. – reclamou entortando a boca.

- E, o mais importante, está viva. Foi seu pai quem bateu as botas e não a sua mãe. – Alice conclui já cansada do assunto. – E preste atenção que Edward está vindo ai. – disse antes que Jasper pudesse contra-argumentar. Ele apenas soltou um bufo exasperado.

- Obrigado Jasper, muito obrigado mesmo. – Disse Edward assim que chegou próximo a porta do motorista.

- Você me deve mais uma, sabe disso. – disse Jasper enquanto se esticava para pegar um envelope pardo no banco de trás do carro.

- Sim, eu sei. – Edward respondeu com um meio sorriso. – Oi Alice.

- Oi. – respondeu seca.

- Alice, me desculpa e não culpe Jasper por qualquer coisa que ele tenha feito essa noite que não foi do seu agrado. Se há uma pessoa que você deveria descontar a sua raiva, essa pessoa seria eu.

- Sem a menor dúvida. – disse amargamente.

- Certo. – foi impossível para Edward segurar um sorriso.

- Você tem certeza? – perguntou Jasper esticando o envelope para Edward. – Ela pode pegar isso e fugir.

- Ela não vai fugir. – Edward riu. – E... essa é a minha única maneira de fazê-la me ouvir.

- Você está perdendo seu tempo. – disse Alice com tristeza na voz.

- Eu prometi que seria até o meu último suspiro, mesmo que eu não consiga cumprir, acho que devo tentar de tudo para vivermos até que a morte nos separe. – disse Edward com a voz cansada.

- Eddi, você não ver que ela não quer mais? – perguntou Alice com os olhos marejados.

- Se você visse algumas das reações dela no carro, não teria tanta convicção. – ele sorriu de canto. – Eu sei que ainda tenho chance. – e lançou uma piscadela a Alice.

- O quê? Como assim? – Alice ficou atônita.

- Falo com vocês depois e espero ter boas notícias. – Edward se distanciou do carro.

- Edward Cullen, volte já aqui! – Alice gritou. Edward apenas acenou.

- O deixe Alice, como eu disse antes: agora é a vez dele. – Jasper falou enquanto segurava uma mão de Alice.

- Mas...

- Ele sabe o que faz.

- E você sabe? – ela perguntou enquanto tirava sua mão da dele.

- Não entendi. – Jasper lhe lançou um olhar confuso.

- Se você realmente sabe o que faz, então por que as suas roupas de noivo estão no corpo de Edward? – Alice arqueou uma sobrancelha.

- O... o... minhas... minhas roupas?

- Umhum!

- É... er... as minhas roupas? Tem certeza?

- Ah, cale a boca! – Alice deu um tapa na cabeça do marido e olhou para frente, seus olhos imediatamente se encontraram com os olhos de Bella, que já estava fora do carro, enquanto que Edward segurava a porta para a sua saída.

O rosto de Alice imediatamente ficou pálido e suas mãos começaram a suar. Quanto tempo mesmo fazia que não via a amiga, sua ex-madrinha de casamento? Nem sabia, talvez tenha sido aquele em que brigaram, ou naquele outro que se esbarram sem querer no restaurante e se trataram como desconhecidas, na verdade não sabia, só que sentia ser a bastante tempo. Olharam-se por alguns segundos, Alice pensou ver um sorriso formar no rosto a muito conhecido, mas antes de ter certeza abaixou a cabeça, passando a olhar suas mãos unidas no colo.

- Tudo bem? – perguntou Jasper tocando sua coxa.

- Sim, mas será que pudemos ir embora?

- Claro.

Jasper ligou o carro, acenou com a cabeça para Edward e Bella que atravessavam a rua e continuo o caminho. Alice respirou fundo e Jasper percebeu lágrimas em seus olhos.

- Ela estava linda.

- E usando o vestindo que você desenhou. – Ele disse e beijou a cabeça da esposa.

*

Foi um choque ver Alice tão de perto depois de tanto tempo, no entanto o que a deixou mais abalada foi o fato dela ter se esquivado de seu sorriso. Pelo o que parecia, realmente não tinha sido só Edward e ela a saírem machucados desse desastre que ela causou.

- Tudo bem? – Perguntou Edward abrindo a porta de vidro da entrada do prédio. Bella apenas meneou a cabeça.

- Não quero ir para o nosso... quero dizer, o seu apartamento. – disse enquanto se aproximavam do elevador.

- Não vamos para lá. Não se preocupe. – Edward disse enquanto abria a porta do elevador dando passagem a ela. – Vamos para o terraço.

- Terraço? Por quê? – Perguntou piscando os olhos em confusão.

- Já vai saber. – assim que terminou de falar, Edward percebeu que não deveria ter dito aquilo, afinal Jasper havia errado na escolha do cardápio para o jantar. – Bem, era para ser uma surpresa, o que no final das contas acabará sendo, mas não a que eu imaginava. – disse coçando a cabeça.

- Não entendi.

- É melhor nem entender mesmo. – lançou um meio sorriso para Bella que apenas fez um movimento tedioso de sobrancelhas.

O clima que se formou durante os segundos que se passaram dentro do elevador até o terraço foi ficando frio. Bella estava encostada em um lado da parede do elevador, mexia nas pontas de seus cabelos e batia o pé levemente no chão enquanto olhava os números dos andares, por qual o elevador passava, mudarem. Edward estava em posição parecida, mas diferente de Bella não se demonstrava relaxado com o que estava por fazer ou com o que poderia acontecer, diferente, estava praticamente a beira de um ataque de nervos e o som do sapato de Bella batendo no chão não o deixava melhor.

- Bella, você poderia parar de fazer isso, por favor? – pediu apertando o envelope nas mãos.

- Parar o que?

- De bater o pé. Estou quase tendo um ataque e isso não está me ajudando muito. – disse sincero, mas sem fitá-la.

- Oh, me desculpe se lhe aborreço.

- Não comece. – pediu cansado.

Bella ainda emitiu um som estranho quando o elevador parou e segundos depois abriu a porta para dar passagem a ninguém. Poderia ter sido no mínimo assustador, mas nenhuma outra coisa passou pela cabeça de Bella quando viu a porta pintada de amarelo no final do pequeno corredor. Não esperava por aquilo e se não estivesse de frente para os botões de comando do elevador e sozinha com Edward ali, poderia jurar que ele havia feito aquilo de propósito. Não sabia bem o que sentir, não sentia o seu corpo e com isso não conseguiu conter as lágrimas que começaram a invadir os seus olhos, olhou para os próprios pés, mexendo no cabelo para que escondesse o seu rosto e fechou os olhos com força. Não podia fraquejar ali, naquele momento, diante de Edward se não colocaria tudo a perder e isso era o que menos queria.

- Tudo bem? – Edward perguntou depois de apertar um dos botões.

- Claro. – respondeu sem olhá-lo.

- Sempre achei que esse prédio era meio mal assombrado. – Bella pode sentir uma tentativa vã de Edward de descontrair e ela aproveitou isso soltando uma sonora gargalhada.

- Eu sempre tive certeza. – falou em meio risadas que soltava sozinha, aproveitou o momento e limpou as lagrimas dos olhos que para Edward eram por causa da risada, assim esperava.

Enfim o terraço chegou e a porta do elevador abriu. Um vento frio invadiu o lugar fazendo com que Bella cruzasse os braços na frente do corpo, Edward percebendo se amaldiçoou internamente por não ter pensado nesse pequeno detalhe.

- Tome aqui. – estendeu o paletó que estava usando para ela.

Bella ainda pensou alguns segundo antes de aceitar, mas outra rajada de vento, um pouco mais forte, sentiu a fazendo estremecer.

- Obrigada. – pegou e vestiu. – de quem é isso?

- Jasper. – Edward respondeu fazendo uma reverencia para que ela saísse do elevador.

Depois que fez aquilo Edward queria não ter feito. Como é que poderia ser tão idiota? Na verdade era Jasper o idiota, não ele. Como amigos há tanto tempo, Jasper não iria saber que tanto Edward quanto Bella abominavam comida mexicana? Assim que saíram do elevador os músicos mexicanos se arrumaram rapidamente e começaram a tocar e cantar uma melodia digna de novela mexicana.

Os dois pararam onde estavam sem ter nenhuma reação diante de tudo que viam. Edward olhou para Bella de canto de olho e viu que a sua boca estava aberta tamanho o espanto, pois mesmo que ele ofendesse Jasper de todas as formas possíveis e também contestasse a sua amizade, era impossível não perceber o quão empenhado Jasper havia sido naquele momento, na verdade na noite inteira.

Uma pequena tenda com tecidos leves, mas em cores vibrantes de vermelho, dourado, verde e branco havia sido montada no meio do terraço. Uma mesa muito bem posta estava bem no centro da tenda, em cima de um tapete enorme com algumas almofadas nas mesmas cores do tecido da tenda, mas em tons leves. Outra mesa estava em um canto um pouco mais afastado, com alguns recipientes que continha o jantar daquela noite e o grupo mexicano estavam do lado de fora de tudo isso, como que para recepcioná-los. Estava tudo muito bem organizado e arrumado, parecia que não faltava nada, além do clima romântico que Edward e Bella não sentiam existir. Aquele não era um encontro romântico, mas sim um possível acerto de contas.

Parecendo voltar do transe que fora submetido, Edward se aproximou dos músicos.

- Por favor, parem. – pediu e os músicos prontamente o fizeram. – Desculpe senhores, mas infelizmente, isso não será necessário.

- Si quieres podemos cantar outra canción. – Falou o vocalista em um sotaque misturado e assim os músicos começaram outra melodia, mas não era tão diferente da primeira.

- Não... – Edward tentou falar, no entanto o vocalista cantou ainda mais alto o interrompendo. Ele coçou a cabeça não acreditando que aquilo estava acontecendo com ele, se pudesse mataria Jasper agora. – Senhores, por favor...

- Outra canción, hermanos.

E lá iam eles começando outra canção fazendo Edward se perguntar se não seria a primeira que cantaram. O repertório daqueles músicos era duvidoso. Balançou a cabeça tentando espantar os pensamentos insanos e olhou para Bella, um pequeno sorriso começava a invadir o rosto dela e Edward bem sabia que não era de alegria ou coisa do tipo, ela estava era rindo dele.

- Parem! – Gritou e os músicos pararam prontamente e assustados. – Parem. – os músicos baixaram os instrumentos cabisbaixos. – A musica é boa, vocês são ótimos, mas essa não é uma comemoração. – Edward apontou para si e para Bella. – Então gostaria que vocês se retirassem, por favor.

- Pero se nossa canción es buena, entonses devemos tocá-la. – os músicos se armaram com seus instrumentos.

- Não! Por favor! Eu peço que saiam. Vão embora, para casa de vocês, tocar em outro lugar ou sei lá, só quero que saiam daqui. – Edward bagunçava seus cabelos mais do que bagunçados.

O vocalista, que parecia o líder do bando encarou Edward com cara de poucos amigos o fazendo dar um passo para trás, e estendeu uma das mãos.

- Quê? – perguntou Edward sem entender.

- Sin nuestro dinero, no saímos. – respondeu frio.

- Eu não sei o que meu amigo negociou com vocês, mas... – Edward tateou o os bolsos em busca da sua carteira, mas nada encontrou, lembrou que ficou no banco de trás do carro de Jasper. Droga! Pensou com raiva. Olhou ao redor em buscar de papel e caneta, mas apenas encontrou um suporte com lenços de papel. Pegou um de lá. – Alguém tem uma caneta? – perguntou olhando para cada um até para Bella que apenas fez um movimento de ombros.

- Aqui. – disse um dos músicos tirando uma caneta do bolso interno de suas vestes.

- Gracias. – respondeu Edward a pegando. – Então, não sei o que ficou resolvido entre vocês, mas podem aparecer nesse endereço no momento que desejares e procurar por essa pessoa. – estendeu o lenço para o vocalista.

- Quieres hacer trampa?

- Como?

- Ele quer saber se você vai enganá-los? – disse Bella rolando os olhos nas órbitas.

- Ah! Não! Lógico que não. – disse rapidamente dando outro passo para trás. – Essa é minha empresa, o homem que marcou com vocês é meu sócio. Podem confiar. – Edward disse, mas pode ler nos olhos dos músicos que eles não confiavam. – Por favor, essa não está sendo uma boa noite para eu. – mesmo não querendo Edward olhou de relance para Bella que desviou.

Os músicos olharam de Edward para Bella para enfim um deles pegar o lenço da mão de Edward. Ele disse algo em espanhol para os outros que fez Bella rir um pouco, Edward pensou em perguntar o que haviam falado, mas preferiu nem saber. Aos poucos os homens arrumaram as suas coisas e saíram acenando, mas ainda sim chateados por terem sido expulsos. Quando a porta do elevador fechou Edward soltou um suspiro cansado, pegou uma das cadeiras e sentou nela. Então o silencio se pós entre eles.

O momento pelo qual havia lutado pela noite toda havia chegado. Pensou em tudo que fez, com a ajuda de Jasper, até aquele momento e chegou à conclusão de que poderia ser cômico se não fosse trágico. Se um dia contasse essa historia para alguém com certeza iriam rir dele. Se um dia falassem que ele faria tudo isso por uma mulher, ele com certeza não acreditaria, mas lá estava ele, diante da mulher que mais amou durante sua vida, que jurou fidelidade e que viveria para sempre ao seu lado até que a morte os separasse, fazendo sua ultima tentativa de tê-la de volta.

- Sabe o que é isso? – perguntou se erguendo e colocando o envelope em cima da mesa.

- O cardápio de nosso jantar mexicano? – perguntou Bella fazendo graça.

- Não. – Edward riu. – peço desculpas a você por isso, mas parece que Jasper não é muito bom das idéias.

- Foi ele que organizou isso? – perguntou descrente.

- Isso e mais outras coisas dessa noite.

- Que outras coisas?

- Deixe para lá, agora não importa. – Bella apenas meneou a cabeça.

- Então o que é isso que tem dentro desse envelope? – perguntou chegando mais perto.

- O seu pedido de divórcio. – Edward respondeu frio. Se Bella quisesse fugir com aquilo ele não iria contê-la.

- Mentira! – Bella levou as mãos à boca.

- Não estou mentindo, mas pode conferir. – disse ele indicando o envelope com uma mão.

Bella se aproximou a passos longos e rápidos e pegou o envelope da mesa. Não acreditava que enfim teria aquilo em mãos de novo. Sorriu retirando os papeis. Pensava que Edward havia dado fim a essa cópia assim como havia feito com o primeira, mas para a sua surpresa isso não havia acontecido. Olhou todas as folhas e o seu sorriso sumiu rápido.

- Não está assinado. – comentou

- Sim, não está. – Edward disse retirando os papei de sua mão. – Mas isso pode mudar se você me disser o motivo de querer o divórcio.

- Como é que é? – Bella ficou surpresa, mas ainda sim sentiu um pouco de raiva começar a surgir.

- Eu assino esses papeis na sua frente e lhe entrego se você me contar o que a levou a pedir o divórcio. – Edward estendia o papel enquanto falava.

- Pois bem, - Bella começou. – Estou pedindo o divórcio, por que quero minha vida de solteira de volta e por que... esse casamento foi um erro.

- Não me convenceu. – mesmo que aquelas palavras o tenham ferido, Edward não demonstrou.

- Você disse que era para dizer não para lhe convencer. – acusou.

- Por qual motivo você quer o divórcio? Você não pode ter simplesmente acordado e chegado à conclusão que queria isso.

- Por que não? – questionou. – Eu poderia muito bem estar pensando em fazer isso há algum tempo.

- Você não me engana. Você é transparente demais para fazer uma coisa dessas.

- Não fale como se me conhecesse – Bella deu um passo para frente com o dedo em riste.

- Mas eu a conheço. – Edward segurou seu pulso e abaixou a mão dela. – Se eu não a conhecesse não teria me apaixonado por você. Será que não se lembra dos dez encontros antes do primeiro beijo?

Aquilo era impossível de não lembrar, Bella até achou que ele era gay, por não querê-la beijar quando ele a deixou em casa, naquele mesmo dia do café da manhã, depois do cinema que foram à noite. No entanto sua concepção havia mudado quando ele lhe mandou flores no dia seguinte com um recado “o importante não é o primeiro beijo no primeiro encontro, mas a certeza de querê-lo depois do décimo”. E foi assim que aconteceu, eles só se beijaram depois do décimo encontro. Um dia Bella lhe perguntou sobre isso, ele somente disse que precisava conhecê-la melhor para poder se envolver, um relacionamento poderia se tornar cansativo e então preferia escolher bem para que nada atrapalhasse sua carreira. E bem ele estava certo. Ele a conhecia.

Bella puxou seu braço do aperto dele lhe dando as costas.

- Vê como nem pode negar isso? Então não diga que planejava toda essa maluquice há algum tempo. – ainda bem que ela estava de costas para ele e não viu o sorriso vitorioso que ele deu quando percebeu que ela não tinha argumentos. Edward sabia que aquela noite não seria fácil, mas lutaria até o fim. – Então? Vai falar ou não?

Bela respirou fundo depois soltou. Passou a mão pela cabeça e se virou para olhar Edward. Era agora. Sempre soube que era uma péssima mentirosa, mas havia ensaiado aquela conversar algumas vezes, então não teria como errar.

- Você quer mesmo saber?

- É por isso que estamos aqui. – Edward se impressionou com a agressividade da mulher.

- Então lá vai. – Bella respirou fundo de novo. – Quero o divorcio por que não quero dar o próximo passo.

- Que próximo passo? – Edward perguntou confuso.

- O de ser mãe! – jogou na cara dele.

- O quê? – Edward ficou espantado com tudo aquilo, definitivamente era algo que não esperava. – Não ser mãe?

- Sim! Não quero ser mãe! Não tenho a mínima vocação para isso e muito menos tempo. – ela começou a andar de um lado para o outro. – É o que as pessoas esperam dos casais que se casam. É sempre assim! Quando você começa a namorar e o tempo começa a passar as pessoas perguntam se você não vai casar, quando casam querem saber quando terão filhos e bem no já casamos então elas esperam isso, só que infelizmente isso não vai acontecer. – Bella parou na frente de Edward ofegante. – Não vai acontecer.

Edward ficou pasmo com tudo que Bella colocava para fora, tentava com todo o controle que possuía sobre si prestar atenção a tudo que ela falava, mas no final não passavam apenas de um barulho desconexo. Não acreditava que todo o seu sofrimento, que toda aquela confusão era por que Bella tinha medo da maternidade, uma situação que era tão bonita para muitos casais, para ela havia se tornado algo grande demais para o seu auto-controle a fazendo procurar, talvez, uma saída mais fácil do que enfrentar a própria fraqueza. Foi impossível, mas Edward não se conteve e começou a rir.

- Do que você está rindo?

- De você é lógico! – conseguiu respondeu entre arfadas.

- Não há nada de engraçado nisso! – não era aquilo que Bella planejava. Não havia imaginado que ele teria aquela reação.

- Claro que há algo de engraçado nisso. – Edward avançou alguns passos e a abraçou, Bella ficou chocada, mal teve reação diante o caso. – Você tem medo de ser mãe e isso é tão fácil de compreender, por que, pensando um pouco sobre isso, eu também tenho medo de ser pai. Oh, Bella, meu amor, por que não conversou comigo sobre isso? – Bella ainda estava chocada demais para ter qualquer reação, mesmo aquela de falar. – Poderíamos ter resolvido isso juntos, você sabe disso. Sempre poderá contar comigo para qualquer coisa e mesmo assim...

- Solte-me. – pediu assim que recobrou o juízo, mas Edward nada fez além de continuar a falar. – Solte-me. - falou com mais vontade mais nada adiantou. – Solte-me! – dessa vez ela gritou e o empurrou ao mesmo tempo, enfim ele cedeu e a olhou espantado. – Você é maluco ou o que? Não ouviu tudo o que eu disse? Não entendeu?

- Claro que eu entendi, por isso que estou achando engraçado. – respondeu sorrindo como se fosse o óbvio.

 - Mas há nada engraçado! Eu não quero ser mãe!

- Bella eu entendo muito bem que você esteja com medo, pois é...

- Eu não estou com medo, mas sim muito decida do que eu quero. – Por que ele não podia logo entender e tentar me jogar daqui de cima? Pensou.

- Eu não estou exigindo esse passo, você não precisa se preocupar com isso. O que tiver que acontecer vai acontecer.

- Pelo amor de Deus, Edward! Pare de falar asneiras! – Bella gritou, não agüentava mais aquilo queria ir embora e sumir no mundo. – Você não entendeu ainda que eu não estou com medo algum e que eu não quero ser mãe? Eu não quero um filho seu! Não quero dar herdeiros a você e muito menos a seus pais. Esse casamento foi longe demais, por que eu não quero ser mãe. Entende bem? Eu-não-quero-ser-mãe!

Enquanto falava Bella deu passos em direção a ele parando a poucos centímetros e o olhando nos olhos. Aquela era a sua arma ou pelo menos a única que tinha, ela queria que ele a olhasse nos olhos para ver que aquela era a verdade, que ela não estava mentindo ou algo do tipo e parece que havia funcionado. Edward ficou imóvel alguns segundos, mas logo se direcionou a mesma cadeira que sentou após o episódio com os músicos, e desabou nela.

- Você só pode estar brincando.

- Estou com cara de quem está brincando? – perguntou, mas Edward não a olhou. Era melhor assim, pelo menos não olhá-lo todo o tempo seria mais fácil de continuar com a farsa.

- Eu não acredito.

- Pois acredite.

- Eu nunca... nunca... meu Deus... nunca imaginei que seria isso. – falou com um ar cansado.

- Agora que já sabe, poderia assinar os papéis? – falou tentando manter o máximo de calma na voz. Aquilo a estava matando, ver Edward daquela maneira a destroçava.

- O quê? – ele a olhou de novo, confuso.

- Os papeis, Edward, do divórcio, assine logo e me dê. – seria machucá-lo mais, mas era melhor assim. – Ainda tenho uma festa para ir. – ela viu a decepção invadi-lo.

- Espere um segundo. – pediu.

Bem, aquilo era o mínimo que ela poderia fazer, mas não foi apenas um segundo foi tempo suficiente para ela começar a ficar preocupada com a sanidade do homem a sua frente, ele não se mexia apenas olhava para um ponto qualquer do chão sem piscar. Bella já estava a ponto de chamar alguém, pois ele poderia ter tido um ataque ou algo do tipo quando ele voltou a falar, sua voz nada mais era que um sussurro e ela teve que se aproximar para ouvir melhor.

- Eu, sinceramente, nunca... nunca pensei que fosse algo assim e confesso que... não... não estava preparado para isso. – Bella se limitou a ficar calada. – Durante essa noite, mesmo com as loucuras que eu e Jazz fizemos para que eu chegasse aqui, eu articulava todos os contra-argumentos possíveis e inimagináveis para que realmente não me queixasse depois sobre não ter tentado de tudo para ter você de volta, mas isso... isso que você falou como sendo a sua decisão para acabar com o que temos... não passou pela minha cabeça e não tenho contra argumento algum.

Edward se levantou, tirou com um movimento rápido a gravata borboleta, o botão que a prendia em seu pescoço rompeu. A gravata caiu de sua mão sem que percebesse quando tirou o colete cinza escuro e jogou sobre a mesa. O vento daquela noite já havia apagado as velas de cima da mesa. Abriu os primeiros botões da camisa de linho branco enquanto dava alguns passos para longe de Bella.

- Eu, durante todos esses anos que passamos juntos, não me lembro de ao menos ter conversado com você sobre esse assunto. Estou certo? – virou-se para ela esperando uma resposta. Ela ficou parada lhe encarando. – Por favor, ao menos responda isso, não há nada demais. – havia um meio sorriso esnobe em seus lábios, mas ela nada disse. – Bella... – respirou fundo. – falamos sobre isso alguma vez sequer? – nada. – Responda! – Bella pegou um susto com o seu grito.

- Não que eu lembre. – respondeu, mas era uma mentira, pois ela conseguia lembrar nitidamente, como se houvesse sido no dia anterior, daquele domingo em Elysian Park, mas isso ele nunca iria saber.

- Eu imaginava. – Edward passou a andar de um lado para o outro. – Porque nunca falamos sobre isso?

- O nosso relacionamento nunca foi igual ao dos outros. – Bella respondeu com meia voz.

- Lógico que isso não era um plano que eu havia traçado desde que passei a morar sozinho. Confesso que diante o pensamento de ser pai eu não fico nem um pouco feliz e tenho até medo, mas, depois de um tempo seria algo normal em que pensar, não seria?

- Acho que sim.

- Principalmente por sermos filhos únicos e por ter o pai que tenho. Acredito que ele não tenha falado em herdeiros até hoje por Esme, parece que ele só escuta ela. O que no final acaba sendo bom não é? Ele não dá idéias em meus negócios e nem eu nos dele.

- Acho que sim.

- Tem certeza que em nenhum momento falamos sobre esse assunto? – Bella apenas afirmou com um aceno de cabeça.

- Deveríamos ter feito isso, pelo menos uma única vez, mas estávamos tão confortáveis com a vida perfeita que levávamos achando que o outro era perfeito para si que nem notamos que havia algo de muito errado em tudo isso. Talvez se tivéssemos conversado sobre isso antes não estaríamos aqui. – Edward parou de andar e levou as duas mãos a cabeça passando por ela freneticamente, para que depois seus braços caíssem ao lado do corpo, cansados. – Talvez não tivéssemos nos casado. – sorriu irônico. – Lógico que não teríamos casado, mas isso não quer dizer que não teríamos qualquer tipo de relacionamento. Acho até que não poderíamos ter fugido do que aconteceu depois daquela noite no supermercado, algumas outras saídas, algumas noites de transa, aquelas coisas que a vida de universitário exigia sabe. Mas casamento? Não, isso não. Nunca.

- Eu entendo o que você quer dizer. – Bella disse.

- Entende? – Edward perguntou com ar de deboche. – Entende mesmo? Fala sério Bella, é lógico que você não entende! Nem nunca vai entender! Por que hoje, com essa confissão... ridícula eu percebi algo que nunca pensei que pudesse existir em você. Você é uma mulher egoísta.

Para Bella, aquilo havia sido como um tapa na cara, podia até sentir o rosto arder. Mas, ela deveria ter pensado que ele faria isso, na verdade ela pensou, só não imaginou que seria tão difícil ouvir algo que nem em seus pensamentos ele havia feito. Ofende-la.

- É lógico que você não entende, por que eu sou e seria burro o suficiente para desejar compartilhar uma vida junto com você mesmo sabendo o quanto que é egoísta! – a ultima palavra ele havia gritado. Edward nunca havia gritado com ela, até aquela noite. – Não deseja ter filhos? Qual mulher teria a incapacidade de não desejar o resultado do amor entre si e a pessoa amada? Eu não conheço nenhuma. Você conhece? – Bela apenas meneou a cabeça negando. – Mas agora conhecemos não é? E está bem aqui, na minha frente. – Edward fez um gesto largo com os braços abarcando o espaço que Bella ocupava. – Senhoras e Senhores... – começou falando alto. – vós apresento a minha ex-mulher, Isabella Swan, ex-Cullen, a mulher que é tão egoísta ao ponto de não desejar um filho meu, o homem que ela diz, ou melhor, dizia tanto amar. Aplausos.

Edward mesmo começou a aplaudir freneticamente a olhando como se a qualquer momento fosse lhe jogar de cima daquele prédio. Entre os aplausos, Bella pode ouvir alguém lhes mandando calar a boca, mas ela não poderia calar já que nada fazia além de ouvir calada a frustração de Edward.

- Você não tem nada a dizer? – Edward perguntou parando de bater palmas. Bella nada disse. – O que foi? Ficou com remorso ou ta, sei lá, pensando que eu estou exagerando ou... – Edward olhou para cima da mesa e sorriu irônico. – Ah sim! Mas é claro! É lógico que você não está nem um pouco preocupada com a minha sanidade, se isso um dia aconteceu, mas sim com você mesma. – Bella acompanhou o olhar dele e notou os papeis do divórcio. – Mas não se preocupe vou assinar, seria louco se não fizesse isso.

Andou a passos largos em direção a mesa, achando que ele passaria por cima de si, Bella deu um passo para o lado lhe dando passagem. Edward pegou a caneta de cima dos papeis, puxou uma cadeia e sentou-se, abriu os papeis com raiva procurando pelo lugar onde deveria assinar.

- Não vai nem ler? – Bella perguntou com a voz fraca ao perceber que ele já assinava com rapidez, se ele continuasse segurando a caneta daquela forma poderia parti-la em duas.

- Pra que? – nem a olhou. – Está pensando também em me extorquir? Sinto muito em lhe dizer, mas a empresa de publicidade não dá tantos lucros assim e, com certeza, estou fora do testamento de meu pai. – Bella nada pode dizer com essa resposta.

Bella assistia o fim de seu romance calada. Edward terminou de assinar todas as paginas, largou a caneta de qualquer forma em cima da mesa e guardou os papeis com uma delicadeza exagerada e o entregou para Bella.

- Pronto. Assinado. Agora pode ir. Vá para sua festa. – Jogou o envelope em Bella e saiu.

Mas antes de qualquer movimento que Bella pudesse fazer ele parou onde estava e voltou-se para ela.

- Eu sou um estúpido masoquista.

Ao ouvir essas palavras Bella virou a tempo de ver Edward se aproximando, mas não teve qualquer reação quando os braços dele a envolveu pela cintura e seus lábios encostaram com fúria nos seus. Edward a beijava com força, sua língua invadiu a boca de Bella com vontade e ela nada fez para impedir isso. Suas línguas dançavam em um ritmo frenético, ao mesmo tempo em que, o coração de Bella pulsava forte como sempre acontecia quando Edward a beijava. Fosse por um beijo singelo fosse por um beijo como aquele, mas era algo que sempre acontecia, porém, nesse momento, ela sabia que aquele seria o último beijo que trocariam então tratou de aproveitar o máximo que pudesse. Suas mãos subiram para os cabelos de Edward enquanto que ele só faltava parti-la em duas de tanto que apertava a sua cintura, mas por alguma razão, minutos depois, Edward tirou os braços de sua cintura e tirou as mãos de Bella de sua cabeça dando um passo para trás logo em seguida, como ainda estavam se beijando com vontade, no movimento abrupto, Edward feriu o lábio inferior de Bella.

- Ai. – ela gemeu levando a mão a boca.

- Eu sinceramente não lhe entendo. – Começou sem ao menos notar que a havia machucado. – Você se nega a dar o próximo passo, até pediu o divórcio por isso, mas na primeira oportunidade você se joga em meus braços sem impedimentos. Você é maluca, deveria se tratar.

- O quê? – ao falar Edward viu um pouco de sangue na boca dela, mas nada disse.

- Eu tinha orgulho sabia? Muito orgulho da mulher que me acompanhava. Da mulher que eu amava e que por tudo, eu ainda amo. Se tudo desse errado essa noite e eu não a tivesse de volta, eu sinceramente sofreria muito, mas com tudo que aconteceu depois dessa conversa eu tenho certeza de que o sofrimento vai ser menor. Não vou negar dizendo que não vou sentir a sua falta, mas vai ser fácil esquecer o que aconteceu, principalmente por ter a certeza de que não foi minha culpa e que o quê eu deveria ter feito eu fiz, porém errei no momento em que me deixei levar isso adiante.

Edward lançou um olhar significativo para Bella e saiu. Deu um soco no botão do elevador e segundos depois suas portas abriram para Edward que entrou e ficou de costas para Bella, até que as portas de fecharam.

Então era isso, enfim havia acabado, não havia sido nada diferente do que imaginara, mas não achava que sofreria tanto diante as palavras dele ou até poderia ter essa certeza, só que é bem pior quando se está vivendo a situação.

Olhou para a mesa, pegou um lenço e levou a boca, puxou a mesma cadeira que outrora Edward ocupou e sentou-se, abaixou-se para pegar o envelope, o abriu retirando de dentro os papeis, pegou a caneta e folheou o termo até encontrar onde deveria assinar, assinou seu nome cuidadosamente em baixo do garrancho que havia sido a assinatura de Edward, terminando, guardou o termo e a caneta no envelope. Deixaria na casa de Rosalie junto com um endereço do escritório do seu advogado para que ela o entregasse já que não estaria em Los Angeles para isso, talvez se saísse agora do terraço teria tempo de passar na casa de Rosalie pegar suas coisas, rumar para o aeroporto e chegar em Seattle antes do nascer do dia seguinte, apostaria tudo que tinha na certeza de que até em Forks ela estaria amanhã mesmo. Para que tanta pressa? Uma parte de seus pensamentos tentava formular uma resposta, mas ela não tinha mais nada para fazer ali, era bom ir embora.

Tirou o smoking de Jasper e o colocou na cadeira, juntou do chão o resto do traje que Edward havia deixado cair e colocou em cima da mesa, pegou suas coisas e andou em direção ao elevador, as portas iam se fechando mas não foram rápidas o suficiente para que ela percebesse que uma nova rajada de vento acoitou os tecidos leves da tenda a desfazendo por completo.

*

Edward achava que assim que estivesse longe de Bella as lágrimas enfim cairiam desfazendo o nó que havia se formado em sua garganta, mas isso não aconteceu o que o fez pensar que mais nada aconteceria aquela noite. Leve engano, mas disso ele não fazia a menor idéia.

O elevador parou no andar de seu apartamento, andou a passos lentos até a mesmo, abriu a porta e entrou. Nem se deu ao trabalho de ligar as luzes, apenas andou em direção a janela que dava para a avenida lá em baixo, de onde poderia ver a limusine a espera de Bella e aguardou.

Não soube dizer ao certo quanto tempo ficou esperando, mas enfim Bella saiu do edifício e entrou rapidamente no carro que por outro lado saiu devagar, percebeu quando Bella colocou a cabeça para fora da janela e olhou para cima, em direção a janela que Edward espiava. Ele sequer se afastou, pois sabia que nada ela poderia ver já que a luzes estavam apagadas. Esperou até que o carro dobrasse a esquina para andar ate o interruptor e o ligar. Olhou tudo ao redor, as fotos de ambos ainda estavam espalhadas por alguns cômodos da sala, o quadro que ambos haviam pintado que era uma imperfeita copia borrada deles dois nus, feita com tinta guache, estava pendurada no mesmo lugar de sempre. Ele sempre considerou que aquilo poderia ser uma afronta às pessoas que iriam visitá-los, mas a pintura era tão distorcida que ninguém desconfiava que eram eles em uma posição que apenas quatro paredes podem saber. Sorriu e decidiu que era aquilo que levaria.

Tirou o quadro da parede e foi em direção ao quarto, colocou o quadro em cima da cama, abaixou-se para tirar uma grande mala de baixo na cama e a colocou ao lado do quadro, abriu. A metade da mala já estava ocupada com suas roupas e outros pertences.

Depois de um banho bem tomado, Edward secou-se e vestiu-se com uma roupa que já havia separado. Terminava de colocar as últimas peças de roupa em uma segunda mala menor quando a campainha tocou.

Abriu a porta, era o zelador do prédio.

- Boa noite Sr. Cullen, aqui estão as roupas que o senhor pediu. - Edward pegou as roupas de Jasper que havia deixado no terraço.

- Obrigado, Frank.

- Estavam arrumadas em cima da mesa. – disse.

- Estavam?

- Aham.

Então era devido isso a sua demora, pensou lembrando-se de Bella.

- Certo. – Edward já ia fechando a porta quando o homem voltou a falar.

- Senhor?

- Pode falar.

- O que eu faço com aquelas coisas lá em cima. – disse apontando para o teto.

- O que você quiser.

- Mas...

Edward já havia fechado a porta. Nunca era mal educado com ninguém, mas estava pouco se importando com isso naquele momento. Voltou para o quarto e colocou a roupa de Jasper em uma sacola de papel que estava em cima da cama. Terminou de arrumar suas coisas, fechou a mala e a colocou ao lado da outra que estava perto da porta do quarto, pegou a sacola de Jasper, passando a olhar ao redor.

- Sabe o que você deveria fazer com isso não sabe? – perguntou Bella, sentada em sua pequena poltrona de estimação que havia no quarto, olhando Edward guardando a camisa do Chicken Little.

- Já conversamos sobre isso. – respondeu.

- Mas eu não vou desistir.

- Nem eu. Não sei por que a implicância.

- É velha.

- Então quando eu ficar velho você vai querer me jogar fora?

- Não. – respondeu voltando a ler. – Por que vou ter um garotão saradão que não veste camisas do Chicken Little.

- Mais saradão que eu? – Bella levantou os olhos a tempo de ver Edward tirando toda a roupa.

- Convencido. – disse o olhando de cima a baixo.

Edward colocou a camisa que Bella tanto odiava, mas deixou os botões abertos, pegou seus óculos escuros de cima da escrivaninha e começou a fazer o som de uma música.

- Preparada? – perguntou rebolando, Bella começou a rir, mas deixou o livro de lado e cruzou as pernas.

- Prontíssima.

Edward desligou as luzes do quarto e fechou a porta. Levou as malas para a sala.

- Devolve!

- Não! – Edward ria.

- Por favor, me devolve isso. – Bella pediu correndo atrás dele ao redor da mesa de centro.

- Não!

- Edward eu preciso ler esse livro até amanhã!

- Cada um com seus problemas. – Edward corria agora ao redor de uma poltrona.

- É o meu trabalho.

- Nos combinamos de que não traríamos trabalho para casa.

- Mas eu não tive escolha.

- Poderia ter lido quando estava a compras com Alice ontem.

- Mas eu também não tive escolha.

Edward parou de correr, mas estava com o braço esticado para cima. Bella pulava freneticamente tentando alcançar o livro.

- O livro por uma surpresa.

- O quê? – Bella perguntou já sem fôlego.

- Eu lhe devolvo o livro se você me preparar uma surpresa para amanhã.

- Certo.

- Fechado?

- Fechado. – Edward entregou o livro para ela.

No dia seguinte quando chegou em casa Edward encontrou as luzes desligadas, mas um som diferente vinha da direção do quarto. Jogou a pasta do trabalho, as chaves e o paletó em cima da poltrona e rumou para o quarto. Bella estava em cima da cama vestida com uma roupa minúscula e transparente de dançarina do ventre.

- Passei a tarde inteira treinando alguns passos com Maya Sadeck, então aproveite.

O interfone do apartamento soou pregando um leve susto em Edward que se aproximou e apertou um botão.

- Pois não.

- O taxi que o senhor pediu já o espera.

- Obrigado Harry, já estou descendo.

Nunca pensou que um dia iria se desfazer daquela forma do apartamento que tanto procurou apenas para impressionar Bella, mas lá estava ele colocando as malas para fora do apartamento dando uma última olhada para o mesmo antes de desligar as luzes e trancá-lo. Pegou a mala menor e a sacola com a roupa de Jasper com uma das mãos e a maior, com rodinhas, com a outra e seguiu em direção ao elevador.

- Por que amarelo?

- Por que é uma cor alegre. – Bella apenas respondeu mergulhando o grosso pincel na lata de tinta.

- Mas existem outras cores alegres. – Edward tornou a falar ainda de pé e com outro pincel na mão. – Por que amarelo?

- E também não é um amarelo qualquer.

- Não?

- Não. É amarelo ouro.

- Então por que amarelo ouro?

- Já ouviu falar em piratas? – perguntou já começando a pincelar a porta.

- O que piratas tem haver com a porta do nosso apartamento.

- As lendas antigas sobre piratas nos contam que eles procuram por tesouros, que quase sempre se resumem em ouro, essa é a felicidade deles. Encontrar ouro.

- E?

- Digamos que eu seja uma pirata e como eu já encontrei o meu tesouro agora só falta pintá-lo de amarelo ouro. – Bella lhe lançou um sorriso brilhante.

- Espero que você não queira me pintar também.

- Cale a boca e me ajude.

As portas do elevador se fecharam.

*

Depois do encontro inesperado com Bella, Alice pouco falou até voltarem para casa. Quando chegaram, ela foi direto para a cozinha a fim de ligar, mais uma vez, o forno para assar o bolo, terminando, avisou logo em seguida para Jasper que iria tomar banho. Ele não fez comentário algum apesar de que estava se corroendo por dentro para perguntar o porquê de colocar o bolo para assar aquela hora da noite já que logo iriam dormir, mas preferiu não perguntar, não confiava muito no humor de Alice naquela noite.

Jasper esperou até que Alice saísse do banho para tomar o seu próprio, quando saiu colocou uma roupa notando que a esposa não estava na cama, esperando por ele, como imaginava. Seguiu para a sala e encontrou Alice deitada em formato de bola, acordada, assistindo televisão.

- Não vai dormir?

- Estou esperando o bolo ficar pronto.

Jasper rumou até o sofá e sentou-se colocando os pés de Alice em seu colo, passando a massageá-los.

- E você, não vai dormir? – Alice perguntou o encarando.

- Vou esperar o seu bolo ficar pronto.

- Obrigada.

- Quero ser o primeiro a comê-lo.

- Vai ter que esperar até amanhã então.

- Por quê?

- Nunca ouviu dizer que comer bolo quente da dor de barriga?

- Quente ou não vou ficar com dor de barriga mesmo. – falou dando de ombros, mas uma almofada o atingiu. – Ai!

- Não fale assim do meu bolo. – Alice segurava uma almofada na mão, mas sorria.

Jasper passou a rir também e antes que percebessem já estavam a gargalhadas. Ainda rindo Jasper se inclinou sobre Alice no sofá e passou a beijar-lhe o pescoço, logo as gargalhadas mudaram para pequenos risos, depois sorrisos para logo em seguida virarem arfadas. Percebendo que o sofá era pequeno demais, Jasper rolou o corpo para fora do mesmo levando Alice consigo.

- Eu disse que esse sofá era pequeno. – Jasper comentou levantando a blusa que Alice usava até a altura dos seios.

- Por isso o tapete bem fofo. - Alice respondeu tirando a blusa por completo.

Assim como todos os recém-casados normais e até mesmo aqueles que nem são tão assim, a necessidade de ter um ao outro era latente, coisa que tanto Jasper como Alice não dispensavam e era com fervor que se entregavam a paixão luxuriante que ambos sentiam. Jasper já estava apenas de cueca e por cima da esposa nua quando o interfone tocou. Mas nenhum deles deu atenção ao barulho que logo em seguida se tornou insistente, assim como o celular de Jasper que passou a tocar.

- Ah droga! – disse Jasper se levantando e pegando o celular, soltou um palavrão. – Edward se você não estiver ligando do além, então, por favor, não enche o saco.

- Jasper! – brigou Alice saindo para atender o interfone.

Quando ela voltou ambos disseram:

- Edward está subindo.

- Então coloque logo a sua roupa! – Disse Jasper pegando algumas peças da roupa de Alice e jogando para ela.

- Calma, já vou.

A campainha tocou e Alice foi abrir a porta para Edward. Jasper estava no sofá com uma almofada no colo.

- Desculpe. – pediu Edward ainda a porta.

- Que isso Ed, pode entrar. – disse Alice sorrindo e puxando o amigo pelo braço.

- É, Ed, entra. – Jasper estava com a cara de poucos amigos.

- Espero sinceramente não estar atrapalhando.

- Ah não! Que isso! – Jasper logo começou a falar. – Só estávamos quase inaugurando o tapete.

- Jasper! – brigou Alice ficando rapidamente vermelha.

- Ai caramba! Desculpa! – Edward já abria a porta para sair. – Desculpa mesmo, eu volto outro dia.

- Ah não! – Jasper se levantou e puxou Edward pela camisa. – Agora que você já cortou o barato vai ter que ficar.

- Jasper, pelo amor de Deus, pare já com isso seu brutamonte! – Alice bateu nos braços de Jasper que arrastavam Edward para dentro. – Larga ele!

Mas Alice nada pode fazer para separar Jasper da camisa de Edward que só largou o amigo quando ele já estava dentro da casa.

- E ai? Qual é o papo? – perguntou Jasper fechando a porta e voltando a se sentar.

- Ed, desculpa o Jasper, mas às vezes ele consegue se comportar como um garoto de oito anos. – Alice laçou um olhar significativo para Jasper que não deu atenção.

- Alice, me desculpe mesmo, eu...

- Tudo bem. – Alice indicou a outra ponta do sofá em “L” que Jasper não ocupava. – Mas, diga, como foi? Conta tudo, por favor.

- Pela sua cara não foi nada bem. – Jasper comentou olhando atentamente para o amigo. – E pelas roupas, parece que ou vai viajar ou vai virar algum professor de universidade velho e acabado.

- Jasper! – Alice bateu em seu braço quando se sentou ao lado dele.

- Acabou. – Edward se limitou a dizer.

- Você tem certeza? – perguntou Alice com a feição entre triste e raivosa. Edward apenas meneou a cabeça confirmando.

- Então nada do que fizemos essa noite valeu à pena? – perguntou Jasper passando um braço ao redor de Alice.

- É parece que não.

- Mas você contou para ela?

- Não tive tempo e mesmo que tivesse não teria surtido efeito algum.

- Edward, eu sinto muito. – Disse Alice levantando-se e sentando ao lado dele.

- Tudo bem, nem estou tão triste como imaginei que ficasse.

- Por quê? – perguntou Jasper confuso. – Confesso que sinceramente não era essa a cara que eu esperar encontrar em você quando nos contasse que não havia dado certo.

- É. Eu também imaginava que seria pior, mas... não está sendo. Não é tristeza o que sinto.

- Então o que é? – perguntou Alice curiosa.

- Ainda não sei, mas tem um pouco de decepção e raiva.

- Como assim? Não entendi? – Jasper se ajeitou para a ponta do sofá.

- Ela lhe contou o motivo? – perguntou Alice com o cenho franzido.

- Sim.

- Então? – quis saber Jasper.

- Vocês não fazem a menor idéia e sinceramente nunca pensei que aquela mulher fosse tão egoísta. – Edward sorriu sarcástico.

- Egoísta? A Bella? Não estou entendo? – um vinco havia se formado no cenho de Alice.

- Ela não quer da o próximo passo.

- Próximo passo? – Jasper repetiu sem entender.

- É. Ela não quer ter filhos, abomina o fato de ser mãe e pediu o divórcio por isso.

- O quê? – tanto Jasper como Alice fizeram a mesma pergunta, cada um mais espantado que o outro, Alice até ficou de pé por isso.

- Ela disse isso? – perguntou Jasper.

- E outras coisas também.

- Cara, isso só pode ser brincadeira. – Jasper comentou relaxando no sofá, perplexo.

- Foi o que eu também pensei no começo, mas as palavras dela foram tão duras que eu passei a acreditar mesmo sem querer. – Edward comentou lembrando as palavras duras de Bella sobre não querer dar um herdeiro para os Cullen.

- E quais foram as palavras dela?

- Varias que se resumiam a não querer ser mãe, a não me dar um herdeiro a não ter vocação pra isso e blá-blá-blá.

- Fala sério. – Alice resmungou ainda de pé.

- O quê? – perguntou Edward olhando para amiga.

- Fala sério! – voltou a falar para logo em seguida ir para o quarto.

- O que deu nela? – perguntou Edward sem nada entender.

- Não faço a menor idéia. – respondeu Jasper.

Alguns minutos se passaram até que Alice voltou toda pronta remexendo em alguma coisa dentro da sua bolsa de ombro.

- Para onde você vai? – perguntou Jasper ficando de pé.

- Vou dar uma palavrinha com a Bella.

- O quê? – Edward também se levantou.

- Mas para quê? – Jasper questionou.

- Para entender essa palhaçada que ela inventou para o Edward. – Alice pegou as chaves do seu carro que estavam penduradas em um suporte na parede.

- Inventou? – Edward e Jasper trocaram um olhar rápido. – Alice do que você está falando?

- Eu conheço a Bella desde sempre então acho um absurdo que ela tenha inventado uma coisa dessas.

- Mas foi ela mesmo que disse...

- Ela está mentindo!

- Por que você acha que tem tanta certeza? – perguntou Edward andando até ficar parado de frente para Alice que já estava pronta para sair.

- Eu não acho, eu tenho certeza.

- Alice eu não vou permitir que você saia de casa nesse estado. – Jasper se postou diante a porta.

- Eu até preferia que você viesse comigo, mas já usou o seu convite para a festa dela e mesmo assim quero que fique aqui de olho nele. – Alice apontou para Edward. – Nem pense em ir embora até eu voltar.

- Alice, você está exagerando. – Edward comentou.

- Então me espere para ver se estou realmente exagerando. Agora sai Jasper.

- Tá. – Alice nem precisou pedir uma segunda vez, pois Jasper logo saiu e abriu a porta para lhe dar passagem. – Cuidado. – disse quando a esposa passou por ele a passos largos em cima de seu salto agulha.

- Eu pensei que você fosse impedi-la de sair? – perguntou Edward espantado.

- Para que? Para levar uma bolsada na lata? Ninguém segura essa mulher rapá.

- Mas você é marido dela.

- Grande coisa. – Jasper largou-se no sofá. – E ai, uma cervejinha e alguns jogos da NBA?


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Notas finais do capítulo

Olá!!!
Ai está o momento Edward e Bella... a tão esperada conversa dos dois!
Acredito que alguns não vão gostar dessa tão conversa, até acho que vão massacrar a Bella ainda mais, mas é necessário.
A história não poderia terminar com os dois saindo felizes dai, sem a Bella ter provado um pouquinho do que Jasper e Edward passaram para acontecer esse momento, ou seja, ainda vai rolar muita coisa...
Espero que não desistam da Fic em função da Bella não ser a melhor personagem para vocês... Simplesmente a minha Bella erra, como todo o ser humano.
=************ carinhosos a: Malabi; Colorada; maykamimura; Páh Cullen; mikeli pelos reviews que sempre são um combustível a mais para fic... Eu sei, a história já ta toda pronta, mas é muito bom saber que tem alguem curtindo essa loucura aqui... muito obrigada mais uma vez.
Aos que não comentam só posso dizer... "Vocês partem o meu coração" huhuhuhuh =*
No mais... próximo cap na sexta, dia 25/11.
Então... até o próximo!