A Festa Do Divórcio escrita por Dri_Volarius


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Olá! E a história ta ganhando corpo... Um pouco depré esse cap, mas tentei fazer uma compensação, espero que gostem... =***



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- Volto em quinze minutos – Bella gritou assim que a limusine arrancou cantando pneu. Não agüentou a gargalhada que surgiu em sua garganta a soltando com gosto ao visualizar Jane sendo segurada pela cintura por James. Era muito bom ver Jane provando de seu próprio veneno, mas isso tudo foi esquecido assim que Bella percebeu uma figura diferente e esbaforida, pelo o que podia notar mesmo a distância, se juntando a Rosalie, Emmett, James e Jane.

- Jasper? – perguntou alto a fim de se certificar que não estava tendo uma alucinação. – O que ele está fazendo lá? – as teorias começavam a se formar em sua cabeça quando o barulho da chamada do telefone interno da limusine a tirou de seus devaneios.

- Para onde senhora? – perguntou o motorista.

- Hãn? – estava confusa pelo susto que havia tomado.

- Para onde a senhora gostaria que a levasse? Algum lugar específico? – Bella pode notar um tom tedioso na voz dele.

Ficou em silêncio, pois não sabia o que responder. Na verdade não havia pensado em ir para algum lugar especifico, só queria sair da boate o mais rápido possível para ter um tempo sozinha, para ler a carta de sua mãe. Olhou para o envelope pardo em sua mão, estava um pouco amassado em resultado da confusão que armaram para sua fuga, mas estava seguro ali e agora deveria lê-lo. Mas será que realmente queria saber o que a mãe havia lhe escrito. Pois era bem verdade que Renné Swan havia se comportado com Jacob de maneira diferente daquela que conhecia, mas será que aquilo seria suficiente para se sentir temerosa em função do conteúdo de uma simples carta? Sua barriga embrulhou e suas mãos começaram a suar.

- Senhora Bella? – o chamado a tirou mais uma vez dos devaneios a pegando em susto.

- Sim. – respondeu com o telefone na orelha.

- Eu estou aqui na frente.

- Eu sei. – disse franzindo o cenho momentaneamente.

- Quero dizer, olhe para frente. – e Bella olhou, percebendo assim que o motorista havia abaixado o vidro que separava o seu espaço do que ela estava.

- Ah... – Bella colocou o telefone no lugar, então encarou o homem que estava com o tronco virado até o possível para que ele conseguisse lhe olhar, ele não parecia ser mais velho que ela. - O sinal está vermelho? – perguntou com um pouco de preocupação, afinal o homem não estava atento a avenida.

- Sim, mas logo vai ficar verde e gostaria que me informasse para onde a senhora gostaria de ir. – pediu educado.

- Ah sim... – Bella olhou para a carta em sua mão e definitivamente não sabia o que responder. – Não sei... só estava querendo ficar sozinha.

- Eu posso dar algumas voltas pela cidade até que a senhora resolva o lugar que deseja estar? – perguntou. Bella voltou seu olhar para ele e seus olhos brilharam.

- Essa é uma ótima idéia. Pode fazer isso sim. – disse-lhe sorrindo.

- Certo. – e o vidro que os separava começou a subir assim que o estrondo de uma buzina soou a espantando. Por que estava se espantando tanto? O questionamento surgiu em sua mente. Talvez por que estou nervosa, respondeu para si. E com certeza também já estou maluca por estar conversando comigo mesma. Soltou um bufo exasperado e afundou no assento.

- E agora? – perguntou-se esticando as pernas no assento de couro.

Voltou o olhar para a carta de sua mãe, as letras bonitas que estavam ali, pensando no seu conteúdo e por que o medo de ler algo de sua mãe. Era tudo muito estranho, na verdade, a noite toda estava sendo estranha, pois, por mais que ela quisesse e tudo indicasse que era assim que deveria se comportar, ela não estava empolgada e muito menos feliz por toda aquela bagunça maluca que organizou. Se amaldiçoou por essas constatações por mais que fossem verdadeiras.

Não era assim que deveria se sentir, mas estava se sentindo dessa forma e isso era fato, então deveria agüentar as conseqüências de qualquer coisa que viesse a seguir, pois tudo havia sido planejado por ela, com ajuda de algumas pessoas malucas sim, mas ainda sim ela era a total responsável pela farra toda. E isso por si só já era motivo suficiente para ela abrir logo a carta de sua mãe e encarar o seu conteúdo por mais que difícil ele fosse de se ler, porque ela era uma mulher corajosa, havia enfrentado muitas coisas nessa vida para conseguir a estabilidade financeira e pessoal, mas parecia que na vida sentimental havia sido fraca, medrosa, inútil. Era assim que se definia toda vez que se lembrada do motivo que a levou a pedir o divórcio do homem que amava, que ama.

Ela não pode negar para si em nenhum momento durante os três meses em que sua vida conjugal havia virado um inferno, por sua culpa, que deixara de amar o marido, o seu imperfeito príncipe encantado. Nunca faria isso, seria um absurdo sem precedentes pensar em tal possibilidade. Bella tivera muitos namorados antes de conhecer Edward, sabia que era bonita e que chamava a atenção de muitos, por isso recebia cantadas quase que todos os dias, mas naquele dia do supermercado algo diferente ele havia despertado nela, algo que a deixou acordada durante o restante da noite com o celular em mãos divida entre ligar para o número que ele havia deixado com ela e não ligar, afinal de contas ela nunca havia ligado para ninguém a não ser para a família e amigos íntimos, que era pouquíssimos, ou seja, nunca havia ligado para nenhum namorado, paquera, fica, affair ou seus derivados. Nunca.

Mas ficou a noite inteira diante do dilema que só foi resolvido às cinco horas da manhã, quando ela enfim ligou e descobriu que Edward estava ao lado do telefone. Mesmo que inventasse mil histórias, ela sabia que ele estava esperando por sua ligação, seu íntimo vibrara com aquela constatação. Um sorriso brotou em seus lábios com a lembrança que lhe surgiu do café da manhã que tomaram juntos naquele mesmo dia.

E fora assim quase todo o tempo, o relacionamento deles fugia de todas as convenções dos outros e ela descobriu, com o passar dos dias, que seria muito fácil conviver com Edward durante um longo período. Até aquele domingo em que passeavam, após um maravilhoso e romântico piquenique longe das loucuras do centro, tomando sorvete de frutas vermelhas em Elysian Park. O dia em que encontraram uma amiga de longa data dele: Ângela Weber.

Foi inevitável, mas Bella pode sentir o seu coração comprimir diante a lembrança daquele dia que a deixou em claro pensando em todas as conseqüências do que poderia acontecer, foi a partir daquele dia que tudo havia mudado, que todo o seu conto de fadas moderno começou a desmoronar para desesperado de Edward e frustração e medo dela.

Seus olhos ficaram imediatamente marejados a fazendo pescar um lenço que estava na bancada ao seu lado. Limpou os cantos dos olhos fungando e passou a olhar ao redor.

- O que foi que eu fiz? – olhou para o vidro a sua frente e pode enxergar o seu reflexo em função do pequeno abajur ligado ao seu lado, iluminando seu lado esquerdo.

Seus olhos encheram de lágrimas novamente, respirou fundo abaixando a cabeça, pegou a carta de sua mãe e a abriu, tirou um único papel com linhas azuis e o olhou. As letras da mãe ocupavam somente um lado da folha de uma agenda que marcava a data daquele dia, as letras estavam um pouco tremidas, mas Bella não sabia definir se porque a mãe as escreveu quando estava a caminho da cidade ou por ter, em algum momento, se emocionado ou as duas coisas juntas. Mas o que aquilo poderia importar? E Bella se perguntou se não estaria fazendo isso justamente para antecipar de qualquer forma o que realmente estivesse ali? Mas isso também não importava. O mais importante de tudo era ler os pensamentos de sua mãe e foi o que Bella fez.

*

- Jasper eu não posso ficar nu aqui! – Edward exasperou-se.

- No banco de trás tem um sacola, está vendo? – disse Jasper sem tirar os olhos da limusine, a três carros de distância.

- Sim.

- É minha roupa do casamento...

- Você ainda não devolveu isso? – Edward perguntou apontando para trás, sua voz subiu algumas oitavas. – Quer guardar de recordação?

- Não precisa afinar a voz.

- Alice vai te matar, você sabe disso não é?

- Deixa que da minha mulher cuido eu. – respondeu firme, mas Edward percebeu que ele havia engolido a seco em seguida.

- Você deveria prezar um pouco pela sua vida.

- Preocupado comigo?

- Estou preocupado com o trabalho que vou ter para conseguir um gerente de marketing tão competente quanto.

- Há moleque! – Jasper urrou dando um soco no volante e um susto em Edward.

- Pára de me assustar pelo amor de Deus! – pediu Edward levando as mãos ao rosto e esfregando com intensidade. – O que foi dessa vez?

- Ed, você me deu um idéia brilhante! Como eu não havia percebido isso antes? – Edward olhou para Jasper que estava com um sorriso de orelha a orelha e os olhos brilhando de excitação.

- Desembucha. – exigiu desabotoando a camisa e a jogando para trás do carro.

- Eu sabia que já havia visto aquela logo publicitária em algum lugar. Lógico que já tinha visto, foi eu quem o fiz.

- Do que você ta falando? – a curiosidade em Edward era latente.

- Diamont Limusine’s. – disse somente enquanto dobrava uma esquina.

- Jasper dá pra falar a minha língua? – Edward estava se irritando.

- Não sei se você recorda de uma empresa de aluguel de carros de luxo que entrou em contato com a PubliC’ullen a mais ou menos um ano atrás que estava praticamente falida e depois de nós a empresa ganhou visibilidade e hoje transporta até grandes celebridades do cinema? – Perguntou Jasper visivelmente empolgado.

- A que nós prometeu pagar o restante do contrato assim que se tornasse o que é hoje, mas que até agora não vimos um tostão?

- Essa mesmo.

- O quê que tem?

- A limusine que Bella está usando é justamente dessa empresa.

- Sério? – Edward começou a se esticar no carro a fim de verificar a logo marca que era a nova cara da empresa: um adesivo de um diamante muito bem polido de várias facetas que projetada um protótipo detalhado de um belíssimo modelo de limusines. E foi exatamente o que encontrou na traseira do carro.

- E o que isso pode nos ajudar Jasper?

- Parece que a nossa dívida vai ser paga hoje. – Jasper lançou um sorriso maquiavélico para Edward que entendeu na hora. Tirando o celular do bolso o passou para Edward. – procura por BigPaul e coloca no porta viva-voz do carro.

- BigPaul? – Edward perguntou divertindo-se.

- Excentricidades que desconheço. – Edward riu mais ainda. – Cala boca tapado que ta chamando. - No quarto toque uma voz sonolenta atendeu.

- Se isso não for caso de vida ou morte vou rastrear o seu número e você vai dormir pra sempre, certo.

- Olá BigPaul! Boa noite! Desculpe estar ligando esse horário, mas preciso de um favorzinho seu. – disse Jasper com falsa cortesia.

- Quem ousa me chamar de BigPaul? – a voz do homem ficou em alerta.

- Jasper Whitlock.

- Quem?

- Jasper Whitlock da PubliC’ullen, lembra?

O homem nada falou e tanto Jasper quanto Edward não sabia se ele o havia reconhecido ou não. Jasper já ia voltar a falar quando o homem tossiu e ouviram o barulho de uma porta batendo.

- Pode falar Sr. Whitlock.

- Que bom que se lembra de mim!

- Como eu iria esquecer o nome do homem que fez da minha ruína um sucesso em menos de um ano? – sua voz eram só sorrisos.

- Talvez da mesma forma que se esqueceu de nós pagar assim que seu negócio desse lucro. – Edward não se conteve.

- Quem está falando?

- Cala boca Ed.

- Tava entalado aqui há bastante tempo! – Edward irritou-se apontando para a garganta.

- Quem está ai além de você, Sr. Whitlock? – eles podiam sentir, pelo tom de voz do homem, que ele estava preocupado.

- É Edward Cullen, diretor-chefe e proprietário majoritário da PucliC’ullen. – Jasper respondeu negando com a cabeça. Olhou para frente e percebeu que a limusine havia se distanciado demais. – Ed, você pode fazer o favor de pelo menos perceber quando o carro se distanciar demais?

- Ok. – Edward limitou-se a dizer.

- Oh Sr. Cullen, quanta honra em falar com o senhor...

- Guarda a sua ladainha para outro ok, nos estamos ligando para falar de negócios. – Edward respondeu.

- Oh... sim... cla-claro. – O homem gaguejava e se Edward estava realmente se lembrando do homem tinha a absoluta certeza de que estava transpirando a beça nesse exato momento. – Peço sinceras desculpas Sr. Cullen pelo atraso no pagamento que lhe devo, mas gostaria de lhe pedir um pouco mais de calma e algum tempo para que eu consiga o montante que lhe devo.

- Por mais incrível que isso possa parecer BigPaul não queremos mais o seu dinheiro. – disse Jasper com falso entusiasmo. Edward balançou a cabeça, Bella iria lhe pagar por tudo que o estava fazendo passar, ah se iria!

- Co-como? Nã-não entendo. Não vou mais pagar a divida? – a voz o homem ficou assustada. – O que vão fazer comigo, desde já peço a sua misericórdia. Sou um filho de Deus.

- Vá pedir misericórdia pro capeta! – disse Edward.

- Ed, deixa que eu resolvo isso por favor? – Jasper pediu, Edward fez uma careta olhando para frente.

- Jazz pisa fundo. – Edward se segurou com uma mão no banco e a outra no cinto.

Jasper olhou para frente a tempo de ver o sinal amarelo e pisou fundo no acelerador, o carro ganhou velocidade, atravessaram o cruzamento quando o sinal estava vermelho e alguns carros na pista horizontal já se moviam ganhando velocidade, mas passaram a tempo de não provocarem ou sofrerem um estrago.

- Cara, se a Bella não voltar pra ti por bem, garanto pela minha vida que vai ser por mal. Eu juro! – Jasper falava entre dentes enquanto a adrenalina diminuía.

- Algum problema? – ouviram a voz de BigPaul curiosa.

- Todos. – respondeu Edward.

- Se eu puder ajudar...

- É exatamente isso que você vai fazer. – disse.

- Poderia explicar melhor Sr. Cullen?

- Na verdade BigPaul estamos ligando para fazer um acordo. – foi Jasper que respondeu. – Trocamos a sua dívida pela sua ajuda.

- Desculpe senhores, mas nem toda a divida do mundo vai me fazer entrar em algo criminoso.

- Até parece que você não controla uma rede de desmanche de carro no sul da Califórnia. – disse Edward sem se importa se os boatos eram verdadeiros ou não.

- Santo Deus! Isso é uma calunia! Uma conspiração! – o homem praticamente gritava ao telefone.

- BigPaul! – Jasper chamou dando um soco no braço de Edward. – Escute, por favor? Não é nenhum ato delinqüente ok?

- Certo. – o homem soltou a respiração. - Então estamos falando de quê?

- Queremos que o Senhor nos ajude com uma de suas limusines.

- Ah! Então é isso? Pode falar Sr. Whitlock. – a voz homem relaxou quase que completamente.

- Queremos interceptar uma delas.

- Por quê?

- Você não deveria estar sendo tão curioso BigPaul. – ponderou Edward. – Apenas faça o que Jasper pedir certo?

- Sim, Sr. Cullen.

- Vocês possuem um sistema interno de rádio? – perguntou Jasper já arquitetando o plano.

- Sim. Mas...

- Quero entrar em contato com o motorista de uma limusine.

- Por... Desculpe. – ele pareceu se lembrar de não fazer perguntas. – Eu só preciso da placa do carro para poder entrar em contato, vou fazer isso pessoalmente

- CSV-0110.

- Aguarda na linha Senhor Whitlock?

- Com toda a certeza. – Jasper e Edward se olharam e trocaram sorrisos cúmplices.

*

Bella sentia que não havia mais forças em seu corpo, parecia que tudo havia ido embora com as lágrimas que praticamente transbordavam de seus olhos. A carta da mãe estava cuidadosamente dobrada dentro do envelope ao lado do abajur, não foi preciso ler mais de uma vez para entender todo o seu conteúdo, afinal sua mãe a conhecia mais do que ninguém e, pelo o que acabara de constatar, mas do que ela própria.

Retirou os sapatos os jogando de qualquer jeito no meio do carro para, logo em seguida, encolher as pernas até onde podia, aquele ato amassaria o seu vestido, mas não ligava muito para aquilo, na verdade não importava, não quando não sabia ao certo o que fazer mesmo depois de ter lido a carta da mãe.

Se jogar nos braços de Edward lhe pedindo perdão estaria fora de questão, não interessava a ninguém que ela fosse egoísta e medrosa, isso era definitivo. Não voltaria para ele, não estragaria a vida do homem que amava, pois ela não estava pronta para o próximo passo em um casamento, na verdade pronta estava, era o medo que a assolava.

Respirou profundamente tentando conter as lágrimas que ainda escorregavam por sua bochecha até pousarem sem cerimônia em seu colo. Olhou para o vidro do carro a fim de ver o seu reflexo, sorriu sem humor nenhum. A sua maquiagem que passara muito tempo criando escorria por sua face piorando o seu estado já deplorável, o rosto casando e triste juntamente com a maquiagem borrada demonstrava muito bem o seu estado de espírito.

Pegou um punhado dos lenços em uma tentativa vã de deixar o rosto um pouco mais apresentável, pois mesmo que houvesse decido que não voltaria atrás em sua decisão do divórcio pelo menos uma coisa poderia mudar, ou melhor, acabar. Estava decidida, antes mesmo de terminar de ler as linhas que sua mãe lhe enviara, que acabaria com a palhaçada da festa do divórcio, pediria pro motorista dar meio volta, entraria naquela boate a anunciaria que a festa até poderia continuar, mas sem ela, pediria desculpas a todos, principalmente a Rosalie, Jéssica e Jane, mulheres que fizeram de tudo para realizar a sua maluquice e que ela estava determinada a acabar.

Edward definitivamente não merecia tal afronta, ele era muito mais que especial para sofrer aquele tipo de humilhação, talvez no final das contas ela acabasse conseguindo o que de fato queria com a festa do divorcio - fazer Edward odiá-la pelo o que havia feito. Ele tinha que sentir isso para enfim parar de persegui-la com tentativas insanas de reatar o casamento já destroçado, pois ela bem sabia que em algum momento seus sentimentos falariam mais alto que a sua razão e acabaria cedendo ás sua tentativas, como acontecera uma vez.

*~*

Ela havia prolongado o máximo possível o seu trabalho na Editora a fim de não voltar para casa cedo, como havia fazendo há vários dias desde a última grande discussão que tivera com Edward a ponto de quebrar um vaso e parar definitivamente de falar com ele. A situação entre os dois estava cada vez pior e ela dava graças a Deus que dali a pouco menos de uma semana estaria embarcando para Milão a fim de descansar e pensar um pouco sobre a vida que estava levando até então.

Foi impossível não sorri ante a expectativa de conhecer uma cidade diferente com pessoas e coisas diferentes, era muito entusiasmo para uma pessoa só. Esticou os braços e as pernas ao mesmo tempo na poltrona confortável a inclinando um pouco, o bocejo foi involuntário. Olhou o relógio e percebeu que já se passavam das dez da noite e concluiu que aquele seria um bom horário para voltar para casa.

Desligou o computador a sua frente para logo em seguida juntar suas coisas que estavam aleatórias por cima da mesa, colocando tudo dentro da bolsa. Pescou os sapatos de salto alto que estavam jogados debaixo da mesa de qualquer jeito e os calçou. Alisou o conjunto executivo pérola e verde antes de pegar sua bolsa e caminhar para porta, passando por ela a fechou. Olhou a placa de identificação prateada pregada na porta com um sorriso no rosto, como todos os dias. Era bom demais para o seu ego ler os dizeres: Isabella Cullen – Editora Chefe. Sorriu mais uma vez antes de se virar e caminhar pelo longo salão abarrotado de cubículos com mesas e computadores, não havia outra pessoa ali além do Sr. Oliver, o responsável pela limpeza no turno da noite.

- Boa noite Sr. Oliver. – disse alto o suficiente para que o homem, que estava no outro extremo do seu lado esquerdo, ouvisse.

- Boa, Sra. Bella. – ele sorria. – Até mais tarde de novo?

- Ossos do ofício. – disse apertando o botão do elevador.

- Anda trabalhando muito. Isso faz mal para a saúde.

- Digo o mesmo Sr. Oliver.

Entrou no elevador, mas antes das portas fecharem completamente pode ouvir a risada rouca e estrondosa como um trovão do Sr. Oliver. Passou pela recepção dando uma boa noite para o segurança, saiu do prédio, deu uns poucos passos até alcançar o seu Pontiac 1970 GTO vermelho, entrar e sair rumo a sua casa. Casa? Será que ainda poderia chamar assim? Soltou um bufo cansado já prevendo uma dor de cabeça daquelas assim que passasse por aquela porta que há muito ela própria havia pintado de amarelo.

Minutos depois estava entrando na garagem do prédio soltando imprecações audíveis para o pouco movimento do tráfico naquela noite, não demorou vinte minutos e já estava em casa. Aquilo era um absurdo! Ela morava em Los Angeles! Uma cidade que nunca pára, mas parece que naquela noite a cidade estava descansando.

Estacionou ao lado do volvo prata de Edward sentindo um frio na barriga que ignorou, pegou suas coisas e marchou rumo ao apartamento. Em poucos minutos estava parada diante a porta amarela, respirando profundamente, enquanto buscava dentro da bolsa suas chaves que, encontrando, abriu a porta tentando fazer o mínimo de barulho possível, não queria que Edward a visse chegar, não queria ter que lhe dar com a sensação desconfortável que consumia o ambiente em que os dois compartilhavam.

Entrou no apartamento, tudo estava escuro indicando que Edward já fora dormir, fechou a porta logo em seguida, deu um passo para o interior quando um corpo se chocou contra o dela, braços firmes lhe seguravam e uma boca desesperada procurava pela sua, soltou um urro quando na verdade era para ser um grito de susto ao mesmo tempo em que sua bolsa caia de sua mão assim como as chaves. Levou as mãos ao peito daquele que a estava atacando e empurrou com toda a força, ligou o interruptor ali perto ainda a tempo de ver Edward se afastando alguns passos dela.

- Ficou maluco? Quer me matar de susto? – ela gritou com as mãos fechadas ao lado do corpo.

- Desculpe eu... eu...

- Me atacou! Isso que você fez! Perdeu a noção, Edward?

- Desculpe Bella, me perdoe, mas não me contive. – Edward passou a andar de um lado para o outro, as mãos passavam descontroladas pelos cabelos já embaraçados.

- Então se contenha senão eu chamo a polícia e isso pode acabar bem pior. – Bella falou com a voz um pouco mais branda, pegou suas coisas do chão e rumou para o quarto, deixando Edward pedindo desculpas como em um mantra.

Chegando ao quarto jogou a bolsa em cima da cama e as chaves na cabeceira, pegou uma muda de roupa e um roupão e foi para o banheiro, estava com raiva o suficiente para encher a banheira e afogar Edward lá dentro. Quem ele pensava que era pra atacá-la daquela forma? Talvez não estivesse com raiva pelo ataque propriamente dito, mas sim pelo susto que levara, senão fosse pelo cheiro dele, que ela conhecia muito bem, lhe invadir a fim de que soubesse quem era, teria feito um estrago bem maior em Edward com seu joelho.

Respirou fundo tirando a roupa e entrando debaixo do chuveiro, colocou no modo morno na perspectiva de fazer seus músculos relaxarem o que aconteceu com sucesso poucos minutos depois. Saiu do chuveiro bem mais relaxa do que entrou, se enxugou colocando um calça de moletom fino azul e uma blusa de alça preta, enrolou a toalha nos cabelos para que secassem mais rapidamente e saiu do banheiro. Edward não estava no quarto que por alguma razão ela pensava que poderia acontecer.

Desde que conversaram pela primeira vez sobre o divórcio Edward passou a dormir no quarto de visitas, deixando o amplo quarto antigo deles para ela. No início foi difícil, apesar de tudo, se acostumar com o tamanho extra que a cama ganhou sem a presença dele ali, com todo seu calor e onipotência, mas no final ela já estava se acostumando, porém ainda dormia em seu lado, enchendo o lado dele com travesseiros.

Tirou a toalha dos cabelos a pendurando em um suporte no banheiro e rumou para a cozinha a fim de fazer um lanchinho antes de dormir, estava casada o suficiente para dormir sem comer, mas só ela sabia as dores que sentiria no dia seguinte. Passou pela sala e percebeu pelo canto do olho que Edward estava sentado no chão de frente para a TV, mas parecia não vê-la. Assim que passou o ouviu desligar a TV e segui-la, Bella não gostou nada daquilo.

- Bella? – chamou.

- Hum. – apenas murmurou abrindo a geladeira e retirando de lá uma caixa de leite.

- Gostaria de lhe pedir perdão pelo o que aconteceu ainda a pouco. – Ele se encostou na bancada de mármore que separava a cozinha da sala de jantar.

- Umhum. – pegou um copo e depositou o leito dentro.

- Não vai falar nada?

- O que você gostaria que eu falasse? – falou virando-se para ele e bebendo o leite logo em seguida.

- Isso já é um começo. – Brincou, mas ela só o encarou com uma sobrancelha erguida. – Ok. – ele respirou profundamente enquanto Bella pegava dois pães integrais do pacote. – Como foi o seu dia?

- Eu pensei que não estávamos nos falando. – pontuou sem olhá-lo.

- É difícil ficar sem falar com alguém que mora com você por muito tempo.

- Se você não tivesse falado comigo primeiro eu teria conseguido.

- Bella, por favor não fale como se me odiasse desde sempre. – reclamou fazendo uma careta angustiada.

- Eu não o odeio.

- Então o que sente?

- Nada. – apenas respondeu passando requeijão nos pães para em seguida comê-los.

- Seus sentimentos por mim não podem ter mudado tão rápido.

- Quem disse que foi rápido?

- Você sabe que foi ou pelo menos é o que você diz. – ponderou.

- Edward. – começou respirando fundo. – Eu não quero discutir, então boa noite. – Bella já ia saindo quando Edward a segurou pelo braço. – Me solta.

- Só se você disser que não me ama mais. – falou em seu ouvido. Foi inevitável, mas Bella sentiu a pele do pescoço toda arrepiar. Edward soltou um sorrisinho com aquilo.

- Não te amo mais, certo? Agora me solta. – falou entre dentes.

- Diga olhando nos meus olhos. – Edward com um movimento rápido a virou para si e retirou de sua mão o copo com leite e os pães, colocando na bancada.

- Eu não... – Edward aproximou o seu rosto de Bella lhe lançando aquele sorriso torto que a deixava sem chão. – eu não...

- Não o quê? – Edward estimulou levando uma de suas mãos ao rosto de Bella. O toque dele era quente na pela macia e um pouco fria após o banho.

- Não o amo mais. – disse.

- Diga olhando nos meus olhos Bella e não para minha boca. – assim que terminou de falar passou a língua pelos lábios e percebeu que Bella acompanhou o movimento. Ela arfou logo em seguida.

Percebendo que estava caindo no jogo de sedução que Edward estava lhe lançando, Bella respirou profundamente dando um passo para trás a fim de recobrar o equilíbrio interior. Respirou mais uma vez, porém, fechou os olhos antes de abri-los e fitar Edward com raiva. Ele se espantou perante a mudança de comportamento dela.

- Eu não o amo mais. – disse ríspida o olhando nos olhos. – Agora poderia me soltar, gostaria de ter uma boa digestão antes de dormir. – com isso Bella puxou o seu braço que Edward soltou a olhando descrente. Era visível a tristeza e frustração lhe invadirem o rosto.

Bella virou-se para pegar seu lanche quando sentiu os braços de Edward em sua cintura a puxando para si, ela sentiu suas costas de encontro ao tronco levemente definido dele. Ele tirou os cabelos de Bella de seu pescoço antes de depositar um beijo cálido ali. Se Edward não estivesse lhe segurando ela tinha certeza de que cairia ali mesmo.

- Bella. – ele a chamou em seu ouvido. - Por favor? Eu lhe peço Bella, por favor, durma comigo essa noite? Deixe-me sentir o seu corpo nem que seja pela ultima vez? Por favor? – ele depositou mais alguns beijos ali e mordeu o lóbulo de sua orelha. Bella arfou. – Por favor? Deixe-me sentir seu corpo quente no meu, suado, gemendo, entrando em combustão? Por favor? – Edward com a mão que estava na cintura de Bella começou a fazer movimento circulares ali, enquanto que a outra passeava pelo corpo dela sem nenhum pudor, até onde alcançava, - Quero fazer amor com você antes que seja realmente o fim. Quero me sentir em você a amando como se fosse a primeira e a ultima vez. Por favor, Bella, deixe-me?

Mesmo que ela realmente não o amasse mais, nunca iria deixar de realizar um pedido de um homem como aquele, como Edward Cullen, que para ela era o maior símbolo de virilidade que existia na face da terra. Talvez pudesse deixar de lado as conseqüências dessa noite e só pensar naquele momento, só pensar em Edward, o grande amor da sua vida.

- Por favor, responda. – disse ele variando entre beijos e mordidas em seu pescoço, a mão livre percorria os seios de Bella que já estavam intumescidos só com o toque daquelas grandes mãos por cima da blusa de malha fria.

- Anham. – só conseguiu responder isso.

- Isso é um sim? – perguntou divertido.

- Anham. – o mesmo murmúrio, mas agora de olhos fechados, pois a mão de Edward estava tocando levemente a sua intimidade.

- Não vai se arrepender?

- Não quero pensar nisso agora.

- E o que você quer fazer? – Bella sentiu que Edward passou a empurrá-la para frente, mas sem se desencostar dela.

- Tudo o que você me oferecer. – Edward sorriu.

- Então se prepare, por que você terá a melhor noite de sua vida agora. – Edward a girou assim que terminou de falar e a carregou no colo, Bella prontamente enrolou as pernas ao redor da cintura dele. E ambos se entregaram as delícias daquele beijo ardente pelo qual morriam de saudades.

Na manhã seguinte Edward acordou com muita disposição para um dia de semana. Mesmo sem ter feito a sua corrida matinal já estava, praticamente, andando aos saltos pela casa e sem se importar que havia, minutos atrás, acordado sem a presença de Bella no quarto que compartilharam juntos. Isso, definitivamente, não importava, não quando havia ouvido alto e claro que ela o amava mesmo sem tê-la feito falar, Bella havia dito por vontade própria o que só demonstrava que no final das contas nem tudo estava perdido e que o natal havia chegado mais cedo naquele ano.

Sorriu caminhando pelo corredor até que ouviu um barulho de zíper no quarto de visitas. Cauteloso e já sentindo que coisa boa não era, se aproximou pé ante pé da porta ao mesmo tempo em que Bella saia dali como um pequeno furação de cabelos castanhos avermelhados. Edward notou duas coisas que fez seu coração perder uma batida: a primeira era que o rosto dela estava borrado de lágrimas e a segunda era que Bella carregava uma grande bolsa no ombro e puxava uma grande mala de viagem.

- O quê...? – foi a única coisa que conseguiu pronunciar.

- Estou me mudando para casa de Rosalie. – Disse Bella puxando com dificuldade a mala pelo corredor.

- Mas...

- Você teve a sua noite de amor e eu tive a melhor transa da minha vida, satisfeito? – Bella parou perto da porta o olhando com seriedade.

- Mas você disse...

- Que amava você? – perguntou com o cenho erguido de desprezo. – Oh, Edward, por favor, você não é mais nenhum adolescente para se iludir com qualquer coisa.

- Qualquer coisa? Você não é qualquer coisa e muito menos nos dois. – Edward sentia o peito apertar tanto que começava a lhe doer os músculos antes relaxados.

- Eu sei. E é por isso que você vai superar. – Bella lhe lançou um sorriso meigo, parecido com aqueles que damos as crianças quando negamos algo a elas apenas pelo prazer de nos sentirmos superiores. – Você consegue.

Ela ainda deu dois tapinhas no rosto mortificado de Edward antes de abrir a porta e sair a fechando logo em seguida. Assim que percebeu a porta bem fechada atrás de si sentiu as pernas tremerem assim como seus olhos se encherem de mais lágrimas, mas ainda não podia chorar, teria que estar a uma distância muito grande e segura de Edward para não ser acometida por um excesso e acabar voltando atrás. Com passos firmes Bella se distanciou da porta amarela.

*~*

Quando abriu os olhos Bella ainda podia sentir a porta amarela se distanciando. As lágrimas escorriam por sua face sem cerimônia e sem que ela fizesse força, elas simplesmente saiam.

Depois daquele início de manhã ruim, envolvido por lágrimas e muita dor, sendo antecedido por uma das noites mais maravilhosas, senão “A” maravilhosa, que passara com Edward, foram poucas às vezes em que se viram, mas nunca estavam sozinhos, ou melhor, Bella nunca estava sozinha como ele havia percebido. Ela parecia ser vista sempre com Rosalie, Alice e até mesmo Jéssica, quando não com alguma amiga do trabalho. Edward, após alguns encontros inesperados com a quase ex-mulher, chegou a conclusão de que ela nunca estava sozinha simplesmente porque não queria dar espaço para alguma investida dele, pois conhecia o bastante sobre ela para saber quando estava ou não prestando atenção a tagarelice de sua companhia, bastava observar a sua expressão e o movimento dos seus olhos.

Já Edward, mesmo que não quisesse a companhia de alguem, sempre era visto com Jasper ou Jacob. Para Bella o seu melhor amigo havia tomado para si o partido de Edward. No entanto, mesmo em raras vezes, Edward aparecia sozinho, sentava sozinho, não aceitava nem conversar amenidades com o barman, tomava o seu drink, pagava e ia embora.

Mesmo que Bella quisesse e ansiasse fervorosamente para que acontecesse, Edward nunca, em nenhum momento, apareceu com outra mulher, nem mesmo as fofocas a fazia ter esperanças. De acordo com Alice ele parecia ainda ter esperanças com o retorno de Bella para seus braços. Apenas as poucas palavras de Alice a faziam sentir que seu coração se transformasse em algo pequeno que não merecesse importância e nem atenção. Mas nada que Bella sentia era comparável as vezes que seu corpo inteiro parecia receber agulhadas ao notar a aparência desleixada e doentia que Edward sustentava em cada vez que o via e sempre a tendência era para pior.

Quando Bella o conheceu a sua primeira impressão foi que aquele era um homem muito bonito, brincalhão e educado, as madeixas de uma cor estranha que beirava entre o ruivo e loiro estava displicentemente bagunçado, como se ele tivesse só passado as mãos pelos cabelos em uma tentativa frustrada de arrumá-lo, mas ainda sim, aquele estilo despojado caia como um luva no que Edward aparentava ser. No entanto, enquanto os dias passavam, Bella percebeu que aquele homem despojado era apenas mais uma faceta do homem completo que era Edward Cullen. Se ele quisesse aparentar um garotão universitário cheio de saúde e disposição era exatamente isso que aconteceria, mas se em um belo dia acordasse com a disposição de ser o executivo e diretor majoritário de uma das melhores empresas de publicidade de Los Angeles, era assim que saia de casa. E nas noites em que levava Bella para jantar em lugares chiques, ele se vestia perfeitamente bem para um homem charmoso, dono de si e, principalmente, dono da sua acompanhante. Bella achava um máximo, pois poderia ter todos os homens em um só, o que sempre lhe dizia.

Porém, o homem que Bella viu com o passar dos dias quando saiu da casa deles não tinha nada haver com o Edward que ela conheceu. A barba estava sempre por fazer, as marcas escuras abaixo dos olhos eram a sua companhia constante, os lábios estavam ressacados e a perda de peso era algo que deixava Bella desconcertada, pois sempre visualizava Edward como o homem do corpo perfeito, como se tivesse sido esculpido a mão pelo mais talentoso e detalhista dos artistas, no entanto quando lembrava do corpo que lhe deu muito prazer não era o mesmo que via. As roupas já estavam ficando folgadas, as roupas que ela havia comprado para ele sem sequer tê-lo feito experimentar, pois ela sabia corretamente todas as medidas dele. Vê-lo daquela forma acabava com ela e fazia se perguntar se todo aquele sofrimento era necessário, mas ao mesmo tempo em que perguntas assim invadiam a sua mente ela as sufocava com a certeza de que pior poderia ficar e que não queria se sentir ainda mais culpada.

Tirou bruscamente o pequeno véu que adornava o alto da sua cabeça para jogá-lo na outra ponta da limusine ao lembrar-se que sim, o pior poderia ficar e que o fundo do poço, como muitos diziam que Edward poderia chegar, finalmente o atingiu. Bella lembrou-se como se havia sido ontem do dia em que Edward teve que sair carregado de um bar de tanto que havia bebido. Edward não bebia nada além de um único copo da bebida que fosse, mas naquele dia o havia feito. Ela havia recebido uma ligação às três horas da madrugada de uma garçonete que, a pedido de Edward, ligasse para ela lhe avisando do seu estado, Bella imediatamente pediu ajuda a Jacob e Mike lhes passando o endereço de onde Edward se encontrava. Mesmo receosa do que poderia acontecer se ele percebesse a sua presença ali, Bella ainda chegou a tempo de ver Edward sendo levado aos tropeços por Jacob até o carro de Mike, ele gritava por seu nome, visivelmente embriagado.

O que ela havia feito? Há que ponto havia chegado? Há que ponto o fez chegar? Edward não merecia o que ela o estava fazendo passar, na verdade ela não o merecia. Alguém como Edward Cullen merecia uma mulher com fibra moral e senhora de si, não uma egoísta, mesquinha e medrosa que era ela, pois era exatamente assim que ela se sentia e, mesmo que sua mãe lhe dissesse na carta que ela era apenas mulher e humana por sentir medo de algo tão maravilhoso, não havia se convencido do contrário.

Com essa sentença o quebra-cabeça que havia em sua cabeça enfim fora montado. As peças todas estavam no lugar devido e mesmo com a vontade louca de continuar chorando pelo resto de sua existência, sorriu perante a alternativa que havia surgido em seus pensamentos, algo que deveria ter feito muito antes. Bella empertigou-se no assento respirando profundamente, havia decido o que fazer, iria embora de Los Angeles. Simples, perfeito e tão óbvio e além de o certo a se fazer. Voltaria até mesmo para Forks, o último lugar que gostaria de ir. Na verdade, independentemente do lugar, seria bem mais fácil para Edward esquecê-la e encontrar a mulher perfeita para si, pois não teria que conviver com o fantasma da ex-mulher pelos cantos.

Enquanto planejava o que realmente faria, catou os sapatos do chão colocando-os, tirou os grampos do cabelo que prendiam o véu, os guardando dentro da bolsa de mão que carregou consigo na fuga da boate. Dentro continha poucos itens de maquiagem, mas seriam suficientes para deixar o seu rosto apresentável. Primeiro passaria na boate a fim de agradecer a todos os convidados a comparecerem e pedir desculpas por ir embora, alegaria alguma desculpa qualquer e sairia dali o mais rápido possível. Lógico que não falaria para todos a real intenção, seria medrosa o suficiente por admitir a fuga, algo que nunca esteve em seus planos de vida, mas a situação exigia.

Depois seguiria para a casa de Rosalie, pegaria suas coisas e ligaria para sua mãe lhe avisando que estava indo para casa. O que aconteceria depois disso não havia definido, apenas quando estivesse em Forks pensaria no próximo passo a seguir, mas sempre para cada vez mais longe de Edward.

Confiante, decidida e com o coração apertado, Bella pegou o telefone interno da limusine para falar com o motorista.

- Pois não. – disse o homem após o terceiro toque.

- - Aonde estamos? – perguntou a fim de se localizar, poderia estar perto da casa de Rosalie e Bella queria muito trocar de roupa.

- Riverside Avenue, senhora.

- O quê? – espantou-se. – Por que nos distanciamos tanto do centro?

- É... a senhora não sabia para onde estava querendo ir e... como eu já estava passando por todas as ruas próximo a boate e... a senhora não indicou nenhum lugar especifico... eu pensei que... que... que quisesse um lugar fora da agitação então... – explicou dando graças a Deus que a mulher não poderia saber que ele estava suando em bicas. Não queria de modo algum perder o emprego.

- Ah sim... – mesmo que Bella quisesse não conseguiu relaxar totalmente, principalmente ao notar que todas as trancas das portas do carro estavam abaixadas, se ela pretendesse não conseguiria fugir. Prendeu a respiração ao cogitar a possibilidade de que o motorista poderia ser um Serial Killer. Meu Deus por que eu vim sozinha? Pensou. – Então... eu já decidi um lugar.

- Para onde senhora? – foi impressão sua ou Bella sentiu que a voz do homem realmente tremia?

- Quero voltar para a boate. – pediu já procurando dentro da bolsa o celular, mas não encontrou. – Merda!

- Desculpe? – perguntou com a voz espantada.

- Apenas volte para a Boate o mais rápido que puder.

- Sim, senhora. – confirmou. Bella poderia se sentir aliviada por ele estar sendo tão prestativo, mas só relaxaria quando chegasse a boate. – Mas gostaria de avisá-la que teremos um pouco de dificuldade com o retorno. – a voz dele de repente relaxou. Bella sentiu um frio percorrer a sua espinha.

- Por-porquê? – não queria ter perguntado. Bella esperou que uma risada maquiavélica disparasse pelo telefone a assustando. Começou a rezar.

- Algumas ruas estão interditadas. – bem, não era aquilo que ela esperava ouvir e dobrou a sua atenção. – Está acontecendo uma parada G.L.B.T. – definitivamente, não era isso que esperava.

*

Por algum milagre parecia que as coisas estavam dando certo, quando saiu de casa Edward não tinha muitas idéias do que fazer para ver Bella, mas ter Jasper ao seu lado com suas idéias absurdas, a princípio, parecia ter sido um presente divino. Sorriu com a idéia, pois Jasper poderia ser tudo, menos divino. O cara sabia pensar rápido e as decisões no final acabavam sendo nada boas ou nada confortáveis como, por exemplo, o jantar mexicano que o esperava no terraço de seu prédio, ele odiava comida mexicana e Bella também, não sabia como agiria na situação, mas tentava não pensar muito antes de vê-la acontecendo. No entanto, até o momento, as idéias um tanto absurdas do amigo estavam dando certo e isso com certeza era alguma intervenção divina. Sorriu, mas logo em seguida o sorriso desmanchou ao lembrar aonde havia parado.

Respirou profundamente olhando para qualquer ponto a não ser todos aqueles olhos que o encaravam com visível cobiça, não queria admitir, mas estava ficando com medo de estar ali somente com Jasper, eles poderiam ser atacados, coisa que parecia poder acontecer sempre que ouvia algum elogio depravado. Olhou para Jasper e percebeu que o amigo não estava nada confortável, também, com a situação.

- Jazz, por que não vamos esperar em outro lugar? – perguntou puxando o fundo da calça que o estava incomodando. Fez uma nota mental de que nunca mais vestiria nada de Jasper, o amigo era dois números menores que ele e aquela roupa que deveria deixá-lo elegante, na verdade mais parecia uma peça de algum fetiche.

- Não dá Edward, está tudo congestionado mais a frente e o único cruzamento disponível é esse aqui. – Disse Jasper se encolhendo quando um homem de calça rosa lhe lançou um sorriso doentio ao invés de charmoso, pelo menos foi a essa conclusão que Edward chegou. – E pára de ficar puxando a calça, está chamando a atenção. Vai acabar rasgando também. – disse batendo na mão de Edward.

- Ui! Me dá um tapinha também? E pode ser aqui. – alguma coisa que eles não souberam definir passou por eles todo enfeitado com plumas e muito brilho, batendo em sua própria bunda.

- Cruz credo! – Jasper virou-se de costa e o travestir lhe deu um beliscão na bunda. – Êpa! Tá doido cara?

- Se você quiser. – disse o travestir a alguns passos de distância, lhe lançando uma piscadela logo em seguida.

- Ed, eu juro por Deus... – pensou um pouco com o dedo em riste. – Deus não por que Deus é um cara muito bacana e cheio de bondade. Então eu juro pelo capeta que se a Bella não te quiser mais vou... vou... ah vou fazer alguma coisa péssima! – apontou para Edward frustrado.

- Sinceramente Jazz. – olhou para o amigo cruzando os braços na frente do corpo. – Vou te ajudar em qualquer coisa que queira fazer.

- Então ta fechado mano? – Jasper entendeu a mão.

- Com certeza. – Edward pegou a dele.

- É isso ai, então tá fechado.

- Pouuuxa!!! Já fechou? Queria tantun tá dentrum. – disse um rapaz, passando por eles, com um macacão todo de couro como o da mulher gato e um lenço colorido amarrado na cabeça.

- Ih, me erra! – respondeu Edward voltando a encostar-se ao carro.

- Errar? Lógico que não queridinho, eu nunca erro, acerto em cheio. – Era impressão sua ou o homem parou na sua frente?

- Então acerta essa cabeça purpurinada em cheio e com força naquele poste e depois me conta se conseguiu. –  Edward mandou com raiva. Aquilo só podia ser brincadeira.

- Ai groussuu!!! – ele falou levando uma mão ao peito com a feição mortificada. – Mas eu a-do-ruuum!!! – sorriu.

- Vasa daqui! – falou alto o suficiente para algumas pessoas que estavam passando olharem para a discussão.

- Assim você me magoa. Vou te afogar! – o cara levou um dedo a boca e depois colocou no peito de Edward. – Morra! – e virou-se todo empinando.

- Eu mereço. – disse cansado. Olhou para lado a tempo de ver Jasper se tremendo todo de tanto rir. – Se não parar de rir agora vou espalhar pra todo mundo que um traveco te apalpou. – na mesma hora Jasper parou.

- Êh, bicho, parei. – fez sinal de paz e amor.

- Não podemos esperar dentro do carro? - perguntou

- O motorista disse que já está nesse quarteirão. – falou Jasper olhando a rua a fim de encontrar a limusine.

- Liga de novo. – mandou Edward. – Marca outro lugar mais calmo ou sei lá, contanto que seja longe dessa confusão. Se eu ficar mais um minuto aqui vou acabar...

- Acho que não.

- Como?

- Está preparado?

- Pra quê? – Edward estava confuso.

- Ai vem à limusine. – disse Jasper apontando para a rua.

Edward a viu assim que virou e Jasper estava certo, a limusine se aproximava devagar, estava a em torno de 30 metros de distância deles e já estava piscando o alerta indicando que iria dobrar a esquina. Para não dar bandeira eles combinaram de que a limusine pararia apenas alguns segundos antes de voltar a se locomover em direção a rua que os guardas de trânsito utilizavam como escape para outros veículos que não fossem participar do evento e, enfim, aquele momento havia chegado.

- Te prepara pra correr ok? – disse Jasper segurando Edward pelos ombros. – O motorista vai jogar luz duas vezes quando estiver a ponto de parar, é o momento que você vai entrar na limusine, assim que você estiver dentro... cara, é com você. – Jasper bateu nas costas dele. – Ed, respira. – E Edward obedeceu.

- Jazz como estou? – Edward virou-se para ficar de frente para Jasper erguendo os braços ao lado do corpo.

- Hum. – Jasper fez uma careta. – Não muito diferente que esses ai. – apontou com a cabeça para um grupo de homossexuais que passavam. – Mas elegante. – Edward deu um tapa na cabeça de Jasper. Depois riram.

- Jasper? – Chamou Edward, ele poderia querer e tentar dizer muita coisa, mas sentia no íntimo que nada seria o suficiente para descrever o sentimento de agradecimento perante o que o amigo fizera por ele essa noite. – É... muito, muito...

- Que nada! Deixa pra lá. Mas o aniversário da Alice é mês que vem, então...

- Pode contar comigo. – Edward sentenciou.

- Eu sei. Agora corre que o carro está mais perto. – Jasper virou Edward pelos ombros.

Assim que Edward virou-se as luzes do farol do carro piscaram duas vezes, aquela era a sua deixa. Lançou um sorriso rápido a Jasper antes de correr em direção a porta de trás do carro. Seria mentira se ele dissesse que estava convicto do que iria fazer, pois não tinha nenhuma idéia de como começar, mas era como Jasper havia dito, agora era com ele. Se havia sido difícil chegar até ali, com certeza não teria grandes dificuldades com o resto. Agora era a sua vez. Ele podia, queria e faria. Pelo menos ninguém poderia dizer que ele não havia tentado.

Em segundos a mão de Edward fechou na maçaneta da porta a abrindo logo em seguida. O grito de Bella se fez presente ao mesmo tempo em que ele entrou aos tropeços no carro, pois o mesmo já estava em movimento. Fechou a porta e as trancas foram acionadas. Bella estava sofrendo um ataque histérico de tanto que gritava. Edward apenas ficou sentado o mais longe possível que aquele assento que dividiam permitia, esperando que ela se acalmasse o que aconteceu segundos depois, mas pareceu durar uma eternidade.

- E-e-edward-d? – ela tremia.


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Notas finais do capítulo

Olá gente!
Demorei não foi? Não consegui cumprir a promessa de postar de três em três dias, mas como expliquei no anterior, iria ficar sem pc esses últimos dias...
Mas nem demorei tanto assim não é?! o/
De qualquer forma, ai está mais um cap para vocês.
Por favor não julguem a Bella pela atitudes de separação e nem o Edward por se rastejar pela mulher que ama... Quando amamos nos tornamos capazes e incapazes de tudo e ao mesmo tempo. Então deem um crédito pro casal.
No mais, espero que tenham gostado e por favor Reviews!!!!!! o/ Obrigada pelos já escritos!!!
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(Ps.: Achei Amanhecer (Parte I) Maravilhoso!!!!! o/)