“Meu Merlin, que diabos ela tem?!” Pensou Draco alarmado, ao mesmo tempo em que tentava inutilmente acordar a garota.

-Hermione, acorda, sou eu Draco! – Tentou o garoto sacudindo os ombros da bruxa. Não funcionou.

-Hermione, por favor acorde, o seu anjo... – Tentou Draco. – Seu anjo está aqui. Está tudo bem. – Falou ele, abraçando a garota que se debatia na cama e olhando o brilho prateado do anel que ganhara da moça.

-Anjo, anjo... – Ofegou Hermione abraçando o loiro desesperadamente, ela estava chorando. Meio acordada, meio dormindo.

- É... – Disse Draco um pouco assustado. – Estou aqui. Tudo vai ficar bem. – O rapaz percebeu que a moça se acalmava.

- Não vai embora anjo... – Balbuciou a menina mais calma.

-Eu não vou. Agora durma. – Falou o loiro afagando a castanha. “Ela precisa de mim” Pensou ele. “Quem diria... Hermione Granger... Eu... Que loucura.”

Hermione acordou com dor de cabeça. Uma sensação esquisita lhe dominava... Ela levantou devagar e percebeu com um pouco de espanto que Draco ressonava levemente a seu lado. Os cabelos loiros em desalinho cobriam-lhe os olhos e o deixavam, na opinião dela, muito belo. “Como um anjo” – Pensou a garota sorrindo. Nem se lembrava mais da dor de cabeça. Hermione só queria poder tocá-lo... Em um gesto involuntário estendeu a mão, mas parou antes de acariciar a face do jovem.

“Eu não acho que devo” – Refletiu a castanha.

Resolveu então, que só observaria. “Não vai fazer mal”

Draco teve um sonho muito estranho onde ele confortava Hermione, a sangue-ruim sabe-tudo da Grifinória... Acordou sentindo-se estranhamente quente. Ele nunca se sentia quente...

Resolveu abrir os olhos, já devia estar tarde e...

-Ahh!

- Ahh! – Gritou a garota em resposta ao berro do loiro.

Draco tomou um susto ao ver a “sangue-ruim” estava olhando-o atentamente com aqueles olhos aveludados cor de avelã que só ela tinha.

-Mas o que...? – Perguntou-se o jovem antes de lembrar-se da noite anterior e dos dias anteriores.

- O que foi Draco? – Indagou a garota assustada.

Ele olhou pra ela. Viu que ela estava com os olhos brilhando muito, como se fosse chorar a qualquer momento.

-Não foi... não foi nada. – Disse-lhe sorrindo de forma encorajadora, mas Hermione não viu pois abaixara a cabeça.

- Me desculpe. Eu não quis lhe acordar.. é que eu... – Começou a garota mexendo nervosamente no lençol que a cobria.

- Hey... – Disse Draco erguendo-lhe a cabeça com um dos dedos. – Eu já disse. Não foi nada. Não foi culpa sua.

Estavam os dois deitados, um de frente pro outro. Hermione sorriu. Um sorriso daqueles que te faz sorrir junto, querendo você ou não. Um sorriso que vem da alma.

“Eu nunca reparei nesse sorriso...” Pensou Draco sem perceber que sorria abobalhado.

-Gosto quando você sorri. – Declarou a bruxa.

O loiro logo fechou a cara e sentou-se na cama, mas tratou de abrir outro sorriso quando viu que a garota parara de sorrir também.

-Também gosto quando você sorri. Ok? – Falou ele levantando-se da cama.  O jovem  percebeu que pareceu um pouco rude então acrescentou :

– Por isso vamos logo abrindo esse sorriso, antes que eu o arranque com um ataque de cócegas. – Concluiu sorrindo maliciosamente.

Hermione deu um pulo da cama e abraçou o rapaz.

-Que bom que não está com raiva de mim! – Exclamou ela. – Fico contente em saber que ainda quer me fazer cócegas... O que há Draco? – Perguntou-lhe a moça ao perceber que o jovem estava imóvel em seu abraço.

-Você está de sutiã e calcinha. – Declarou Draco constrangido.

-Você está...- Hermione parou para avaliar o jovem. – de calça preta. – Falou sorrindo infantilmente.

-Da próxima vez coloque pijamas. – Falou o rapaz tentando não olhar para Hermione.

-Tem algo errado em usar isso? – Perguntou-lhe a moça com aparente inocência.

-Não.. Quero dizer... Não é adequado usar só “isso”.

-Nem para dormir? – Quis saber a garota.

- Nem para dormir. – Afirmou Draco desviando o olhar.

- Certo! – Falou Hermione ainda sorrindo.

-Draco... Seu sobrenome é Malfoy. – Falou a castanha com um livro aberto no colo. – Black Malfoy.

Estavam no jardim de novo. Hermione gostava de sentar-se na grama e ler (Ou perseguir o Sr. Esquilo)

Draco observava tudo, ora dentro da casa, ora sentado nos bancos que haviam espalhados pela propriedade. Era uma grande casa, com uma grande área e um grande quintal murados. Muros muito altos que impediam qualquer visualização do imóvel.

-Sim. Porque diz isso? – Questionou o rapaz.

-Aqui nesse livro diz que a família Black e a família Malfoy são poderosas linhagens sangue-puro. “Não existe um mestiço ou um nascido trouxa sequer para manchar a genealogia dessas duas famílias.” – Concluiu a bruxa intrigada.

-É verdade. – Falou Draco.

-O que isso quer dizer? Nascido trouxa? Sangue puro?

Draco se viu em maus lençóis. Como explicar isso sem a magoar? Ele ainda lembrava da expressão de mágoa e tristeza que estampara o rosto da garota naquele dia do segundo ano quando ele a chamou de sangue ruim. Não que ele acreditasse em nada daquilo. Ele simplesmente fora educado daquela forma. Nunca teve a chance de escolher. Era a vida dele e de sua família que estavam em jogo.

- Draco? – Chamou Hermione preocupada com a expressão distante do moço.

O jovem voltou sua atenção a garota que continuava observando-o.

- Veja bem... No nosso mundo, o mundo bruxo...

- Estamos no mundo bruxo? – Quis saber Hermione.

- Não. Aqui é uma vizinhança trouxa.

- O que é trouxa? Por que você está aqui e não no mundo bruxo?

- Deixe-me explicar, sim? – Falou Draco sorrindo com a curiosidade da bruxa.

- No nosso mundo, o mundo ao qual pertencemos, o mundo bruxo, existem três tipos de bruxos.

Hermione assentiu fechando o livro e se acomodando melhor para ouvir a explicação do “seu anjo”.

- Existem os sangue-puro, que como eu, nasceram em uma família totalmente mágica. Ou seja, todos na família eram bruxos, entendeu?

- Sim. E os trouxas?

- Bem, os trouxas são todos aqueles que não possuem magia. E daí vem o termo nascido-trouxa. Nascido-trouxa é todo bruxo que nasceu numa família não mágica. Entende?

Hermione assentiu pensativa.

- E por fim, existem os mestiços. Que são aqueles que nasceram da união de um trouxa e um bruxo. Entendeu tudo?

- Sim. Mas...

Draco já sabia a pergunta que estava por vir, mas aguardou a bruxa fazê-la.

- O que eu sou? Quero dizer... Eu sou um desses...

- Você é a nascida trouxa mais inteligente e incrível que já pisou no mundo mágico. – Falou Draco sorrindo gentilmente para Hermione. Ele realmente pensava isso e nunca imaginou que fosse capaz de dizer em voz alta.

A garota ficou boquiaberta com a declaração de Draco. De certa forma ela não esperava aquilo.

Sem ter mais o que falar, Draco entrou na casa com o pretexto de “resolver umas coisas”.

- Eu realmente não sei o que diabos deu em mim Potter! Já falei que agi por impulso. Eu simplesmente me vi fazendo aquilo! Eu não sei o que me levou a... fazer cócegas nela.

- Não estou reclamando, seu estúpido! Só quis saber o motivo, mas pelo visto você está mais confuso que eu.

- Onde está Weasel, pensei que fossem um casal inseparável. – Perguntou Draco sarcástico.

- Ele saiu, idiota. Mas me diga, como Hermione está? Ela lembrou de algo?

- Ela nem sabia que era nascida trouxa Potter. Honestamente eu não sei o que aconteceu ao certo, mas foi forte o bastante pra apagar quase tudo dela. Basicamente a Hermione só sabe o que eu estou contando sobre o mundo mágico. E o que ela lê. Nunca vi ninguém ler tanto na vida. Ela realmente...

- Draco? – Chamou a voz da moça de dentro da casa.

- Depois eu falo mais. – Falou Draco rapidamente antes de tirar a cabeça da lareira.

- Sim? – Respondeu o rapaz limpando as cinzas da camisa social preta que ele usava.

- Venha ver o que eu fiz! – Disse Hermione sorrindo e puxando o moço pela mão pouco se importando para o fato de o rapaz ter acabado de retirar metade do corpo de uma lareira.