Forgetting escrita por Helle, Flôr de Lis no Peito


Capítulo 20
Doninha


Notas iniciais do capítulo

Eita lele, demorei um bocadinho. Acontece que houveram umas complicações... Mas o que importa tá aí! Cap novo na área! Enjoy! =D



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–Hermione?

Draco finalmente tomara coragem para falar com a moça, já era noite e ele desconfiava que Hermione estava com tanta vontade de jantar quanto ele, ou seja, nenhuma. Havia esperado os elfos limparem tudo e sua mãe ir embora. A garota tinha subido com os presentes com o pretexto de desembrulha-los, mas o rapaz sabia que ela estava abalada com os acontecimentos da tarde.

“Ela falou com o Cicatriz, e daí?” –Esse era o mantra do loiro naquela noite.

–Pode entrar, a porta está aberta. –Respondeu a bruxa de dentro do quarto.

Estava sentada no tapete felpudo que ficava aos pés de sua cama, desembrulhando todos os presentes. Na realidade, a moça estava surpresa com a quantidade de presentes. Ela não pensava conhecer tantas pessoas. Aparentemente todos os Weasley, o tal Potter, Lovegood, Johnson, Abbot, Longbotton, Mclaggen… Eram muitos nomes e sobrenomes e igualmente muitos presentes, entretanto um em especial intrigava a moça. Um embrulho azul que viera com uma carta escrita com caneta. Hermione sabia que canetas eram artefatos trouxas. Não encontrava coragem para abrir o embrulho com medo de quem poderia ser o remetente.

–Está...

–Abrindo os presentes. –Completou Hermione.

–Eu ia perguntar se estava com fome, mas acho que a resposta é não.

A garota sorriu sem graça em resposta.

Draco coçou a cabeça sem saber o que falar. Não havia maneiras de não ser direto.

–Sobre o incidente do Weasley...

–Eu estou bem. Não se preocupe. –Disse Hermione girando o embrulho nas mãos. Sabia que Draco estava tenso com o assunto... Ela estava bem, apesar de intrigada com o presente e um pouco perturbada com o sofrimento aparente do tal Ronald Weasley. Então o que disse era uma meia verdade.

–Ah... – Foi o que o sonserino disse. Mas em seus pensamentos Draco beirava um desespero mudo.

“Ela não quer falar.”

–Certeza de que está bem? –Quis saber o loiro esperando não forçar muito.

A moça assentiu positivamente com um sorriso discreto nos lábios. Sorriso que só perturbou Draco ainda mais.

Caíram em um silêncio extremamente desconfortável. Draco apenas observava a bruxa sentada com um embrulho azul intacto nas mãos. Nada ali parecia bem.

–Draco... Pode abrir esse presente pra mim? –Perguntou Hermione de supetão.

O rapaz arregalou os olhos em uma reação espontânea. Por aquela ele não esperava.

Mas era sempre assim... Hermione não era o tipo previsível. Ela fazia justamente aquilo que nunca passava na mente dele. Ela sempre achava um modo de surpreendê-lo a cada minuto. Hermione era literalmente uma incógnita para Draco.

–Draco?

–Ah, claro. Me dê aqui. –Disse o rapaz acordando de suas reflexões.

Ao abrir o embrulho Draco ficou confuso. Era um objeto pequeno dentro de uma caixa cheia de folhetos e instruções e...

–Um celular.

–Que? –Perguntou Draco ainda olhando para o objeto em suas mãos.

–Isso é um celular. – Afirmou Hermione. De alguma forma, que ela não sabia explicar, ela tinha certeza de que aquilo era um celular.

O loiro arqueou uma sobrancelha para Hermione.

–É coisa trouxa?

–Coisa trouxa...? –Questionou a castanha. –Ah! Sim, sim! –Exclamou ela ao entender o que Draco queria dizer.

–Quem te deu isso? –Perguntou Draco entregando o embrulho com o tal celular à Hermione.

A garota deu de ombros e entregou a carta que estava no chão ao seu lado. O loiro examinou o envelope. Não haviam remetentes no verso do papel, mas a caligrafia no endereço escrita à caneta deixou tudo muito claro. Era um presente dos pais de Hermione, sem dúvida.

Uma pequena lista de palavrões se formulou na mente do rapaz, mas tudo o que ele disse, ao devolver a carta de imediato, foi:

–Hmm... Melhor ler isso sozinha.

–É dos meus pais, não é? –Indagou a bruxa pegando a carta.

–Acho que sim.

–Eu não lembro deles. –Declarou ela.

Draco percebeu que ela estava calma, mas havia uma nota de tristeza pairando nas palavras da moça.

–Não é culpa sua. São coisas que você vai ter que aprender a lidar... Não tem problema. Eles sabem da sua... hm... situação.

A bruxa assentiu esboçando um sorriso. Era muito bom ter Draco por perto, ele parecia sempre saber o que fazer e o que dizer para acalmá-la. De certa forma Hermione sabia que tudo ia ficar bem enquanto estivesse com ele.

–Eu leio depois. –Disse por fim, ao guardar a carta dentro da caixa com o celular, se levantando.

Draco observou a jovem se livrar dos papéis com um aceno de varinha. Os presentes amontoados no tapete ganharam um lugar específico em poucos segundos. Tudo estava como antes. Nem sinal de aniversário, nem de festa, de nada.

Apenas o gato alaranjado que dormia na cadeira da penteadeira lembrou a Draco que a conversa ainda ia render.

–Hermione... Sobre o Potter...

A garota sorriu. Naquele momento ela sentiu um misto de felicidade, orgulho e um outro sentimento que ela não soube explicar.

–Ah, eu ia chegar nisso! Que tem Harry?

Draco estreitou os olhos para o nada. Aquele velho tom de amizade infindável estava voltando na voz da castanha.

“Harry isso, Harry aquilo, Ron isso, Ron aquilo...” Era sempre assim na época do ministério. Sempre que os xingamentos cessavam entre ele e Hermione e o loiro tentava engatar uma conversa relativamente saudável, os inseparáveis amigos entravam no assunto.

Engolindo o que ele sabia ser ciúme, Draco falou:

–Como foi... a conversa de vocês?

A moça parou por um segundo para elaborar uma boa resposta.

–Bem... Eu estava fugindo de Pansy e daquelas garotas... Minhas “amigas”. Você sabe...

–Sem enrolar Mione. –Declarou Draco bufando impaciente.

A garota deu língua para o loiro e continuou. Dessa vez falando mais pausadamente que antes.

“Pra irritar mesmo”

–(...) E ele me disse que nós costumávamos ser inseparáveis em Hogwarts, exatamente como você disse naquele dia, e disse que sentia muito por tudo pelo que eu estava passando, disse que imaginava a “barra” –Disse ela colocando aspas na palavra com os dedos - que devia ser pra mim, por ter que ficar ao seu lado e tudo o mais...

–Espera, o que você disse? –Indagou Draco interrompendo o relato de Hermione.

–O quê?

–O que você disse a ele? Sobre isso, quero dizer.

A bruxa fez uma careta de confusão.

–Nada.

–Como nada? –Quis saber Draco.

–O que eu devia dizer?–Perguntou a castanha de volta. Estava achando muito engraçada a expressão de terror do loiro.

–Que era maravilhoso ficar ao meu lado... Ou algo do tipo. –Disse o rapaz como se aquilo fosse o óbvio.

–Eu estava meio que em pânico pra pensar no quanto você é maravilhoso.

Draco fez uma careta e cruzou os braços em um ato involuntário.

A castanha deu uma gargalhada com vontade. Na realidade ela começou a ter uma crise de risos. Estava vermelha e arfando quando conseguiu parar.

Draco a encarava com os olhos estreitos e uma expressão indecifrável no rosto.

–Desculpa... É só que... Você ficou hilário Draco. Devia ter visto sua cara, parecia um garotinho emburrado!

–Ha ha ha. –Disse o loiro em um tom azedo.

–Continuando... –Falou Hermione com a respiração ainda meio irregular. –Harry disse que estava muito feliz em falar comigo e disse que tinha uma surpresa pra mim.

–Deixe-me adivinhar... A bola de pelos laranja. –Falou Draco lançando um olhar feio para Bichento que dormia inocente do outro lado do quarto.

–Deixe o pobre Bichento em paz. –Disse Hermione cutucando o loiro na barriga com um dedo.

Estavam agora deitados lado a lado na cama da garota.

Draco assanhou os cabelos da garota em resposta e ficaram rindo por alguns minutos trocando cutucões e cócegas. Finalmente o clima estava leve de novo, como se nada tivesse acontecido naquele dia.



Depois de esperar Hermione tomar um banho inacabável e tomarem um copo de leite na cozinha, Draco se jogou na cama. Estava exausto. O dia havia sido simplesmente enorme e ele pensou que nunca fosse acabar.

Ao sentir a moça se jogar no lugar ao seu lado na cama, o loiro parou pra refletir.

“Ela está lidando muito bem com a situação toda. Melhor até que eu mesmo... A Granger nunca para de me surpreender”

–Está rindo do que? –Perguntou Hermione.

Draco percebeu que a castanha o observava com aquele olhos curiosos. Os olhos cor de avelã que ele aprendera a gostar.

–Nada demais... –Respondeu se dando conta de que agora sorrir por pura felicidade era parte de sua rotina.

“Para alguém que só costumava fazer isso quando o alvo era alguma pessoa...”

–Ele me deu um recado pra você. –Declarou Hermione como se contasse um segredo.

–Um recado? Potter? –Quis saber Draco, dessa vez curioso.

A garota assentiu e se aconchegou em seus travesseiro.

–Ele disse assim: “ Diga aquela doninha albina que se ele te fizer derramar uma lágrima sequer, ele pode se considerar um animal morto”

Draco sorriu. “Era esse o recado?”

–Do que está rindo agora? Eu achei isso muito rude da parte dele.

–Sinto muito, mas seu amigo sempre foi um babaca. Eu costumava ser na época da escola... Mas eu mudei. Acho que ele ainda não está muito convicto deste fato. É aceitável que ele mande um recado desses... Não acha?

Hermione deu de ombros. Aquilo não tinha muita importância no momento. Seu único objetivo era desviar o olhar da boca do rapaz, e ela estava falhando miseravelmente em sua tentativa.

Draco estava olhando fixamente para o teto. Tinha ciência da garota lhe observando atentamente, mas simplesmente não confiava em seu auto-controle. Não naquele dia, quando aquele simples beijo que dera na testa da moça parecia ter acordado todas suas “necessidades”.

–Boa noite, Hermione. Pela última vez, feliz aniversário. – Declarou ele fechando os olhos. Talvez se ele não visse a castanha em seu olhar periférico ele se controlatria melhor e conseguiria dormir.

–Boa noite, doninha. –Disse a castanha sorrindo e fechando os olhos.

Sua última lembrança daquele dia seria a de Draco deitado ao seu lado, com os olhos fechados, parecendo uma daquelas estátuas gregas. Perfeito. Simplesmente perfeito. Seu anjo. Anjo e agora sua doninha.

“Minha doninha” –Pensou antes de ceder a inconsciência.




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Notas finais do capítulo

E aí? Eu só queria esclarecer algumas coisas nesse cap. Tem mais vindo aí, a cobra não vai parar de fumar nem tão cedo. Quero saber o que acharam e o que acham que vai acontecer nos reviews, ok? Já sabem, Avadas, críticas, elogios, tudo nos reviews, vamos lá! =D