–Pansy, olá. –Cumprimentou Narcissa polidamente. A morena acenou com um sorriso amarelo estampado nos lábios. Estar na presença dos Malfoy depois de todos os rolos com Draco sempre a constrangia.

–Olá Srtª Granger. –Disse a mulher correndo o olhar de Pansy para Hermione, que se esquivava furtivamente por trás da morena para observar a cena.

–Olá. A senhora deve ser a mãe de Draco, certo? –Perguntou a castanha. Narcissa confirmou com um sorriso singelo. - É um prazer conhece-la Sra. Malfoy. –Adicionou Hermione sorrindo de volta.

Draco não ficou surpreso com a velocidade de dedução da castanha. Ele não esperava menos dela. Vendo que a mãe ainda sorria e percebendo que ninguém falaria mais nada o loiro se pronunciou:

–Vejo que dispensam apresentações, mas mãe essa é Hermione Granger, Hermione essa é Narcissa Malfoy minha... mãe.

Draco demorou a terminar a frase pois durante a curta apresentação, desnecessária na opinião dele, Hermione desceu os degraus restantes da escada e se precipitou para a mulher que após um educado aperto de mãos puxou a castanha para um abraço apertado e demorado.

Ele percebeu que Hermione usava uma roupa um tanto quanto ousada para seu estilo, mas o que realmente o surpreendeu foi sua mãe. Abraçar uma garota que ela considerava sangue ruim? Ele jamais imaginou a cena. Pensou que a mãe fosse se limitar a falar com a garota ou algo do tipo. O aperto de mãos já foi um adicional, mas o abraço... Aquilo sim foi uma surpresa.

O rapaz assistiu a cena quase boquiaberto. Pansy não se preocupou em manter a boca fechada. Continuou parada no meio das escadas com uma expressão que ia além do choque.

“Essa vaca de cabelo bicolor!” Pensou a morena bufando discretamente. A ela Narcissa nunca tinha abraçado. Deixando a inveja de lado Pansy sorriu ao ver Draco pigarrear e Hermione se soltar da bruxa com as bochechas coradas e uma expressão surpresa.

–Bem... Não é uma cena que se vê todo dia. Falou Luna sozinha nos jardins observando a cena de longe.

Percebendo que Draco a encarava com uma sobrancelha arqueada, Hermione abaixou a cabeça para esconder o rubor escarlate que ardia mais que nunca em suas bochechas.

O loiro parou para prestar atenção em Hermione, que estava mais vermelha que nunca à sua frente. A castanha estava de blusa e saia, o que surpreendeu um pouco o jovem Malfoy. Na realidade toda a ousadia da roupa, e isso no mais literal sentido, surpreendeu o rapaz.

–Draco... –Chamou Pansy despertando o jovem de seu devaneio.

O moço desviou o olhar com certo esforço e viu a morena limpando algo invisível, com o dedo indicador, no queixo. Bem rente a boca.

Draco não precisou usar oclumência ou pensar duas vezes para compreender a mensagem...

–Para de babar. –Sibilou Pansy sem emitir nenhum som.

O rapaz deu um sorriso irônico ao mesmo tempo em que estreitou os olhos para a moça que ignorando a presença de Narcissa gargalhou deliberadamente.

Olhando confusa para Pansy, e voltantdo novamente sua atenção a Narcissa, Hermione sorriu discretamente e perguntou:

–A senhora vai ficar para a festa?

Narcissa Malfoy ponderou por um momento. Draco olhou ansioso para a mãe e para Hermione.

–Claro, mas eu não trouxe presente. –Disse a mulher sorrindo, para a surpresa geral.

Pansy e Narcissa trocaram um olhar, incompreensível na opinião de Draco, e saíram silenciosamente da sala. Ele sorriu internamente e enviou um olhar sugestivo para Hermione que ainda estava parada no mesmo lugar.

–Quem mais vai vir pra essa festa Petrus? –Indagou Pansy enviando um olhar enviesado para Luna que parecia alheia ao mundo do outro lado do jardim.

O elfo estreitou um pouco os olhos para a morena, mas respondeu obedientemente:

–Alguns amigos da senhora Hermione, somente.

Tudo o que Pansy respondeu foi : Hmhm...

–Pensei que fosse usar um dos seus vestidos. -Disse Draco parando para observar melhor as roupas da castanha.

–Eu pensei em usar algo diferente. Pansy me ajudou a escolher. –Falou Hermione dando de ombros. –Você gostou? –Acrescentou com um sorriso inseguro e segurando os lados da saia com as duas mãos em uma meia reverência medieval.

–Claro. Claro. Você está... Linda. Linda. –Falou o loiro atropelando as palavras.

E estava mesmo. A blusa roxa com magas meio bufantes e a saia clara com estampas florais; a meia-calça preta e aquelas botas de salto que ele nunca imaginou existirem no guarda-roupas da garota... Sem contar os cabelos presos num coque frouxo que davam o toque certo de displicência. O conjunto da obra formava um conjunto excêntrico e harmonioso na garota que sorria deliberadamente a sua frente.

A bruxa riu com vontade ao ver o rapaz analisa-la com uma expressão sofrida. Era sempre engraçado ver Draco constrangido e confuso.

–Draco... –Chamou a moça estalando os dedos na frente do loiro que fixou o olhar em seus olhos imediatamente. -Antes de irmos lá pra fora, eu posso fazer um pergunta?

Draco estranhou a postura repentinamente séria de Hermione e arqueou uma sobrancelha incentivando a garota a falar com um gesto de mãos.

–Quem mais vai vir a essa festa? –Indagou Hermione.

–Algumas amigas antigas suas. São poucas. Tem as que eu acho suportáveis e as que a Weasley fez questão de trazer, é claro.

–Weasley? Gina Weasley? –Quis saber Hermione.

O rapaz confirmou.

–Certo. –Disse a bruxa assentindo positivamente com a cabeça várias vezes. –Vamos lá?

Hermione já estava se encaminhando para a porta-janela que dava acesso a saída lateral da casa, quando Draco a chamou.

–Antes de ir, eu queria... Erhm... – O rapaz, como sonserino eterno que era, se amaldiçoou por gaguejar. –Venha cá. –Chamou por fim, fazendo um gesto com a mão livre, uma vez que uma estava num bolso as calça.

–O que é? –Perguntou a bruxa chegando perto do moço com a expressão curiosa.

–Vire-se... Assim. –Disse o jovem posicionando a castanha de costas para si. -Fique quieta Hermione. –Ele adicionou sorrindo ao ver que a garota estava quase quicando no lugar.

Ele, Draco Malfoy, nunca se sentira tão nervoso, ou ridículo, em toda a sua vida. Suas mãos tremiam deliberadamente ao colocar o colar com a pequena joia no pescoço de Hermione.

A moça por sua vez nem conseguiu falar a princípio, tamanha fora a surpresa.

Vendo a falta de reação da bruxa ele se explicou nervosamente:

–Espero que tenha gostado... Eu achei muito.... –Ia dizer “Achei muito lindo, assim como você” Mas achou terrivelmente patético então simplesmente deixou a frase morrer e adicionou: Você sabe...

Hermione sorriu ao analisar o pingente do colar entre os dedos. Era circular, tinha uma inscrição em alguma língua que ela não reconheceu nas minúsculas bordas prateadas e no centro uma pequena pedra vermelha.

–É lindo. Que pedra é essa? –Perguntou ela ainda sorrindo bobamente.

–Um rubi. –Disse Draco dando de ombros.

–Bem... Muito obrigada Draco! –Exclamou ela ao se jogar para um abraço apertado no bruxo que foi imediatamente retribuído e seguido por um: “Não foi nada.”

Mas ela sabia que havia sido muita coisa. Principalmente levando em conta o que ela sabia sobre o antigo Draco Malfoy. Afinal de contas, não passara quase uma hora conversando apenas sobre sua festa com o Sr. Petrus.

–Vamos? -Perguntou Draco desenlaçando os braços da castanha de si.

–Vamos. Concordou ela ansiosa ao olhar para o jardim.

–Hermione, essas são Fleur Delacour, Gabrielle Delacour e Angelina Johnson.

–Tudo bem querida? –Perguntou Fleur com seu sotaque carregado. A loira tentou ser o mais delicada possível uma vez que a situação estava no mínimo desconfortável.

Pansy Parkinson sorria como se nada pudesse estar mais perfeito ao lado da castanha que parecia querer fugir dali a qualquer momento.

Hermione estreitou os olhos para Pansy e respondeu com a voz mais equilibrada que conseguiu:

–Tudo sim. E vocês? Como estão?

–Você acha que ela está se saindo bem? –Perguntou a voz conhecida atrás dele.

–Weasley. – Disse Draco como se o nome lhe fosse uma obscenidade.

–Malfoy. –Pronunciou Gina como se o nome lhe fosse um outro tipo de obscenidade.

–Vocês se importam se eu fugir um pouquinho? –Perguntou Hermione sorrindo nervosamente.

–Oh não, fique a vontade, a festa é sua! –Disse Pansy com o tom mais falso da face da terra.

A castanha fez uma curta reverência e saiu em direção a uma área com um tapete vermelho e uma mesa baixa com frutas. Havia também uma cadeira rústica ao lado e várias flores no chão. Ela percebeu que aqueles objetos deviam ser parte da decoração, pois não estavam ali em outras vezes.

O lugar era relativamente afastado, uma vez que os jardins da casa eram grandes, e ficava bem perto do portão dos fundos que dava acesso a uma pequena estradinha de terra que dava acesso aos jardins maiores que ficavam do lado de fora do portão. Além dos muros enormes. A propriedade era enorme e cheia de feitiços anti-trouxas, até onde ela sabia. Tudo para manter os vizinhos afastados.

A garota bufou e tirou a mecha chata que insistia em cair em seu rosto. A festa devia estar ótima, mas ela fora praticamente arrastada para longe de Draco por Pansy e agora estava ali. Fugindo em sua própria festa.

–Eu acho que você devia parar com isso.

Draco odiava a maldita mania que Gina Weasley tinha de falar as coisas pela metade. O rapaz sentia-se obrigado a ter que perguntar do que diabos ela falava, como um idiota.

–O que diabos quer dizer agora Weasley?

–Quero dizer isso. –Disse Gina sorrindo e apontando ao seu redor. –Essa festa, aquele colar, esse seu olhar de preocupação sempre que ela está longe de você... Draco, você está se apegando muito mais do que era esperado. Você sabe tão bem quanto eu que isso não é pra sempre. Falo isso pro seu bem, pois você está realmente fazendo algo incrível com Hermione, mas... Não quero ver ninguém magoado no final desse conto de fadas. Você quer?

O loiro encarou a ruiva a sua frente com uma fúria latente nos olhos acinzentados. Ele estava com raiva. Com raiva porque ela estava certa no final das contas.

–Belos sapatos! –Elogiou Gina depois de perceber que Draco havia captado a mensagem e não iria responder nada.

–Olá Hermione.

A castanha deu um pulo da cadeira onde havia se sentado e com o movimento tropeçou na mesinha derrubando quase todas as frutas no chão.

–Quem está aí? –Perguntou num fio de voz. Achou que as pernas fossem desabar com seu peso a qualquer instante.

–Harry. Harry Potter. Seu melhor amigo, lembra?

A garota fez que não nervosamente com a cabeça. Olhou em todas as direções possíveis mas não viu nada além da paisagem que a rodeava antes. Uma música alegre que ela não sabia de onde vinha começou a tocar e ela não conseguiu segurar um sorriso diante da situação cômica. Ela queria desesperadamente sair dali correndo, mas não iria estragar a festa que Draco se esforçara tanto para lhe fazer.

–Você está bem? –Perguntou o tal Harry.

–Sim. –Respondeu Hermione acalmando a respiração aos poucos. –Como você entrou aqui?

Harry sorriu por debaixo da capa. As mesma curiosidade de sempre.

–Tenho meus modos.

–E que modos seriam esses? –Quis saber Hermione.

–Eu posso te contar tudo, mas você não vai gritar, nem surtar, nem nada do tipo, certo?

Ao ver Hermione fazer um gesto negativo com a cabeça e que a mesma ostentava um meio sorriso nos lábios, que ele não pode distinguir se era de nervosismo ou de ansiedade, Harry se permitiu relaxar.

–Draco...

–Só um momento Hermione. –Disse o loiro olhando freneticamente a sua volta. Havia visto uma vassoura atrás de um arbusto e só de pensar que Ronald Weasley poderia aparecer a qualquer momento ali, sentia seus músculos se retesarem.

–Draco... –Chamou Hermione novamente.

–Só um pouquinho mon petit...

Bufando Hermione cruzou os braços e soltou:

–Acabei de falar com Harry Potter.

Draco estancou no lugar. E voltou o olhar lentamente para Hermione que estava de braços cruzados e com uma cara emburrada a sua frente.

–O que você disse? –Perguntou ele achando ter ouvido errado.

–Que eu falei com Harry James Potter. Meu amigo.

A incredulidade deu lugar a um certo pânico dentro de Draco.

–Você lembra dele? –Perguntou cauteloso.

Hermione ia responder quando uma voz conhecida para a maioria dos presentes, mas não tão conhecida assim para a castanha.

–HERMIONE! VOCÊ LEMBROU!