Green Eyes escrita por ArwenNemesis


Capítulo 3
Capitulo III – Aulas de Piano


Notas iniciais do capítulo

Algumas lembranças aqui...



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Acordo e olho o relógio: 13:45. Graças a Deus hoje eu estou de folga. Dor de cabeça. Passei a noite me lembrando e bebendo aquela garrafa linda de whisky. Olho pela janela. Sol forte. Fico pensando se permaneço na cama ou se levanto pra tomar um café. Decido levantar. Faço café. Bebo o café. Tomo um banho. Sento no sofá e vejo a garrafa vazia.

- Certo. Dessa vez eu vou parar de beber.

Me sento em frente ao piano e começo a passar os dedos sobre as teclas.

- Helena tocava tão bem – lágrimas me escapam.

Começo a tocar alguma coisa, ou pelo menos tentar. My Immortal do Evanescence vem a minha mente. Começo a tocá-la.

"You used to captivate me
By your resonating light
Now I'm bound by the life you've left behind
Your face it haunts my once pleasant dreams
Your voice it chased away all the sanity in me..."

Ouço uma batida fraca na porta. Seco meus olhos e vou atender. Rachel.

- Oh, oi.

- Oi.

- O que você tá fazendo aqui?

- Sei lá. Eu tava em casa sem fazer nada e resolvi sair pra dar uma volta. Então eu escutei você tocando piano. Era você que tava tocando?

- Sim, era eu.

Ela ficou parada lá olhando pra mim e eu olhando pra ela.

- Hum... você quer... anh... entrar?

- Tá.

- Não repara na bagunça tá?

- Certo.

Ela entrou e reparou em cada centímetro da minha casa. Queria poder ler seus pensamentos. Parou em frente ao piano.

- Sempre quis aprender a tocar.

- Talvez eu possa te ensinar... quer dizer, se você quiser.

- Eu quero sim. Acho lindo o som dele.

- Eu também.

Rachel continuou avaliando minha sala. Viu as fotos em cima da lareira.

- Quem é essa?

- Essa é... era Helena. Minha... anh...

- Sua irmã?

- Bem, não. Ela era minha companheira.

- Oh. O que aconteceu com ela?

- Ok, você não pergunta nada, tá? Essa é a única regra pra eu te ensinar a tocar piano.

- Tudo bem – ela devolve a foto.

- Quer começar agora?

- Sim – aquele sorriso de novo.

Nos dirigimos ao piano e comecei a ensiná-la. Passamos o dia todo ali.

- Você aprende rápido, hein?

- Que nada, eu sou péssima.

- Não é não. Tá com fome?

- To sim.

- Ah, eu não tenho nada pra comer aqui. Quer ir ali no Billy's? É um barzinho mas servem boa comida lá.

- Tudo bem. Eu só vou avisar minha mãe.

- Tá.

Chegamos ao Billy's. Bar lotado. Rachel tava com cara de assustada. Aposto como ela nunca viu tanto homem gordo, barbudo e fedendo a álcool junto. Rio com esse pensamento. Sentamos, conversamos sobre a escola, o trabalho, música e uma porção de outras coisas. Comemos. Levei ela pra casa. E assim se passaram os dias. Ela vinha até minha casa pra aprender piano, depois eu a levava a algum lugar interessante. Com o passar do tempo eu fui começando a gostar demais dela. Ficava olhando aqueles olhos, aquele cabelo, aquela pele sardenta, as mãozinhas pequenas, o corpo. “Meu Deus! Como ela é linda!” Mas eu não podia fazer nada, ela só tinha 16 anos. E, eu, 28. Era uma diferença muito grande.

Um dia ela não pôde vir pra aula. Tinha algum trabalho escolar pra fazer. Fiquei sentada olhando o piano. Olhei Helena. Então lembranças vieram.

Conheci Helena logo que entrei na policia. Ela, linda, até com aquele uniforme horrível que a gente usa. Os cabelos presos num rabo de cavalo, os olhos verdes, os cabelos ruivos. Ela tinha tanta classe. Eu, desleixada. O cabelo castanhos em graça, olhos igualmente castanhos, cabelo curto todo repicado, cara de moleque. Eu seria parceira dela.

- Olá – estendeu-me a mão. - Sou Helena Martin.

- Oi. - peguei a mão dela. - Eu sou...

- Caroline Swan. Eu sei – riu. - Vem comigo.

Eu a acompanhei. Depois de um tempo trabalhando juntas, começamos a sair e desses encontros surgiu um namoro sério, o primeiro namoro sério da minha vida. Descobri que meu tempo de “mulherenga” havia acabado. Nossa relação foi um pouco conturbada no começo, eu estava sempre saindo não dava muita atenção pra ela. Helena não entendia isso. A verdade, é que eu tinha medo do que eu estava sentindo, era algo muito novo e muito forte. Eu não conseguia controlar. Acabava repelindo – a sempre que ela tentava se aproximar. Ela, tão romântica. E eu... uma ogra. Uma vez nós terminamos. Deus, foi a coisa mais horrível que aconteceu na minha vida. O Delegado Reynolds que me encorajou a tomar alguma atitude e mostrar que eu a amava como ela me amava. Deu certo.

Triiimmm... triiiimmm...

- Alô?

- Alô? Helena? É a Caroline. Anh... tudo bem?

- O que você quer?

- Helena, eu preciso muito falar com você. A gente pode se encontrar?

- Tá. Aonde?

- Billy's. Você conhece?

- Você vai me levar ao Billy's?  Aquele barzinho horrível?- parecia indignada.

- É.

- Tudo bem. Eu te encontro lá.

Eu fiz uma declaração de amor tipo de filme.

- Eu amo você Helena. Você é tudo na minha vida e você sabe disso. Eu não consigo viver sem você. Minha vida é uma droga sem o seu sorriso, sem seus olhinhos inocentes, sem sua voz doce ao pé do ouvido, sem seus beijos, seus toques. Não sei como consegui sobreviver essas duas semanas sem você do meu lado de manhã. Me perdoa Helena, por favor? Se eu não tiver você na minha vida, eu não quero mais viver.

Bem, ela me beijou e resolveu que iria se mudar pra minha casa. Fizemos uma bagunça e ela jogou fora a maioria das minhas coisas. Noites maravilhosas, dias melhores ainda. Nossa vida era esplêndida. Nunca fui tão feliz antes. Até que eu resolvi pedi-la em casamento. Eu usei até um smoking. Quando ela estava descendo as escadas, logo depois de acordar, numa manhã de domingo, eu me ajoelhei e pedi.

- É sério? - ela riu

- É.

- Aceito.

Mal sabia eu que toda aquela felicidade iria acabar tão logo segunda-feira chegasse. Nós fomos trabalhar. Como estávamos juntas, Helena foi transferida para outra unidade, mas mesmo assim, saíamos juntas pro trabalho.

Naquele dia, um assalto a um banco com muitos reféns e bandidos da pesada mesmo, aconteceu. Todas as unidades policiais de NY foram chamadas. Depois de horas tentando negociar, resolvemos invadir. A tropa em que Helena estava foi na frente. Daí pra frente aconteceu tudo muito rápido. Uma hora eles tentavam entrar e no segundo seguinte, um dos caras atirava com uma metralhadora em todo mundo. Helena foi atingida. Uma metralhadora dá cerca de 200 tiros por minuto. Ela tinha tantos buracos e sangrava tanto. A última coisa que ela me disse foi:

- Eu te amo, Caroline. Você foi a primeira e a única mulher que eu realmente amei em toda a minha vida.

Depois disso ela fechou os olhos e nunca mais abriu.


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