Depois de um dia na ala hospitalar bebendo um remédio horrível, eu saí de lá de mãos dadas com Lílian e com o tórax todo enfaixado.

Depois de tomar café da manhã, fomos nos sentar em uma árvore fora do castelo.

-Obrigado por ficar comigo todo esse tempo Lílian- disse á ela.

-Você faria o mesmo por mim. Mas tenho que adimitir que você estava com uma cara horrível. Estava pior do que o Remo. Coitado. Deve ter pegado uma gripe feia.  Todo mês ele fica assim, não é? Imunidade baixa. Minha mãe tem isso também. Todo mês está com a garganta ruim.

Eu não respondi. Amanhã seria Lua Cheia, eu tinha que ajudar Aluado. Virei-me para Lílian e a beijei. Cada dia eu me apaixonava mais por Lílian Evans.

-Oi!- gritou alguém- Vocês dois! podem parar um pouquinho?

Olhei em direção á voz, Almofadinhas e Rabicho nos fitavam, ambos parecendo irritados.

-Pontas- disse Rabicho-, precisamos falar com você.

-Eu já volto- disse para a Lílian e segui os garotos um pouco mais adiante.

-Então- disse Almofadinhas- você vai?

-Na onde?- perguntei.

-Ajudar o Aluado- disse Rabicho impaciente.

Eu me senti indignado. È claro que eu ia ajudar, eu ainda era um Maroto.

-Droga, gente- reclamei- é claro que eu vou, ainda sou um Maroto!

-Pois ás vezes não parece Pontas- disse Rabicho- agora você só fica lá com a Lílian.

-È verdade- concordou Almofadinhas.

-Ah,- disse começando a ficar irritado- então é só vocês que podem namorar? Eu também sou capaz de amar alguém Almofadinhas!

Eu consegui o que queria. Almofadinhas baixou a cabeça envergonhado e depois disse:

-Não, é claro que não Pontas. Desculpe.

-Tudo bem- disse sorrindo.

-Espere- disse Rabicho- você... você contou a ela?

-O quê?- perguntei sem entender.

-Eu sabia!- disse Rabicho- Você contou a ela!

-Rabicho eu não contei nada á ela!

Eu voltei para onde estava furioso com Rabicho. Recomecei a beijar Lílian.

-Onde está Aluado?- perguntei

-Eu já o levei para a Casa dos Gritos- disse Almofadinhas.

Já havíamos combinado que assim que a sala comunal estivesse totalmente vazia, iríamos para ajudar Aluado. Depois de um tempo sobrou apenas os Marotos na sala comunal.

-Vamos subir para pegar a Capa e o Mapa?- perguntei e subimos. Coloquei meu melhor casaco, estava muito frio.

-Vamos colocar a Capa?-perguntei.

-Só lá fora- disse Rabicho- não tem ninguém la em baixo mesmo.E descemos a escada. E para meu horror deu de cara com Lílian Evans.

-Lílian!- disse- Que está fazendo aqui?

-Esqueci meu livro aqui em baixo. E você Tiago, que vocês estão fazendo?- perguntou franzindo a testa para mim Rabicho e Almofadinhas.

-Eu...éé...hum...-gaguejei, mas não consegui achar uma resposta.

-Tiago, por quê está mentindo para mim?- perguntou ela com os olhos enchendo de lágrimas.

-Temos que ir Pontas- sussurrou Almofadinhas- Você prometeu para Aluado. Não pode fazer isso com ele.

-Eu sabia Potter- disse Lílian chorando-, sabia que você não mudou nada!

A garota passou por mim limpando as lágrimas. E senti as minhas próprias queimarem os meus olhos, mas eu as segurei.

-Vamos Tiago- disse Rabicho - ,vamos logo.

Ele e Almofadinhas me guiaram pelos braços até o Salgueiro Lutador.

Eu devia ter contado. Aluado não iria se importar, ele me entenderia. Não, eu não podia trair ele, mesmo ele deixando ou não. 

Eu simplesmente não acreditava. Em um dia nos beijávamos apaixonadamente e no outro ela voltava a me odiar como sempre. Tive sorte que comecei a pensar nisto quando estava transformado em cervo. Meus pensamentos eram um pouco menos racionais. Mas que droga!

Enquanto estava sob o Salgueiro Lutador com um cão enorme, um rato miúdo e um lobisomem muado em um canto, eu apenas sentei-me á um canto e fiquei fitando o teto da Casa deixando os pensamentos vagarem. 

Lílian Evans nunca mais falaria comigo. Eu estava perdido.