Heart And Soul escrita por CDJ


Capítulo 49
XLIX




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 Acordei toda dolorida na manhã do dia 2 de março. Eu não havia dormido muito bem e tinha acordado muito cedo. Quando fui pra cozinha com Louie, nós éramos as únicas almas vivas daquela casa. Caminhei até a geladeira, pegando suco e depois dois copos. Martha apareceu logo depois e começou a preparar café da manhã pra nós duas.

 – Você acordou bem cedo, Liv. O que aconteceu? – ela perguntou.

 – Não consegui dormir muito bem – respondi – Também preciso sair agora de manhã.

 – Fazer o quê? – perguntou Louie.

 – Comprar meu vestido. E o seu também – dei risada – Você vem comigo, meu amor.

 Louie sorriu e bateu palminhas, empolgada. Ela adorava comprar roupas novas. Eu também, só que raramente tinha dinheiro para tal coisa. Sorte que eu havia economizado quase o meu salário do mês inteiro pra conseguir comprar um vestido aqui em Los Angeles. Eu sabia que seria muito caro.

 – Você vai aonde? – perguntou uma voz masculina atrás de mim.

 Virei e me deparei com Justin sonolento e seminu. Louie deu risada e ele lhe mandou um sorriso torto. Ele se aproximou de nós duas e nos beijou na testa, depois se sentou ao meu lado.

 – Vou comprar um vestido.

 – Eu te ajudo – ele disse.

 – Não precisa. Vou ficar horas e horas procurando pelo vestido perfeito e eu sei como homens odeiam ficar esperando – afirmei, negando com a cabeça.

 – Vou adorar te ajudar a fechar o zíper – ele disse, sorrindo maliciosamente.

 – Idiota – eu lhe dei uma acotovelada e ri, ficando vermelha.

 Nós ficamos em silêncio enquanto comíamos. Martha estava preparando panquecas e bacon pra Justin, então assim que Louie e eu acabamos de comer, ele ainda estava esperando seu café. Olhei para o relógio na parede e estranhei Justin ter acordado tão cedo. Ele normalmente só se levantava depois das onze.

 – Você caiu da cama? – perguntei a Justin.

 – Dormi mal – explicou.

 – Eu também.

 Quando Justin me olhou nos olhos, senti um calafrio passar pela minha espinha. Ele também havia dormido mal. Será que era por que eu não havia dormido com ele? Eu sentia como se fosse aquilo. Se eu tivesse dormido na cama de Justin, teria acordado com muito mais disposição e bem mais tarde.

 – Tudo bem, então – desviei o olhar – Vou sair. Você pode pedir um táxi pra mim?

 Justin revirou os olhos e negou com a cabeça.

 – Cala a boca. Vou te levar.

 – Não precisa, Justin – repliquei.

 – Claro que precisa. Só vou me trocar e a gente sai no Batmóvel. Se você quiser, até deixo você dirigir, mas só aqui dentro do condomínio.

 Comecei a dar risada. Só Justin pra chamar seu próprio carro de Batmóvel.

 – Tudo bem, então. Vou me arrumar. Venha, Louie.

 Puxei minha irmã do banquinho alto e nós fomos direto para o quarto. Nós nos arrumamos e em menos de cinco minutos já estávamos esperando por Justin na porta da frente. Ele desceu usando jeans, camiseta, tênis, um boné de aba reta e óculos escuros. Me puxou pelo braço e nós caminhamos para outro lugar. Não percebi que estávamos na garagem até ele acender as luzes de um cômodo escuro e úmido. Meu queixo caiu.

 O tanto de carros caros que aquele garoto tinha era simplesmente inacreditável. A Range Rover estava num canto, maior que os outros. Eu não conseguia identificar a marca dos carros, mas eu percebi que tinha um negro como a noite. Devia ser o Batmóvel. E outro era muito brilhante e tinha células fotorreceptoras no teto, ou seja, ele devia ser elétrico e andar graças à energia solar. Fiquei boquiaberta.

 – Caralho, quantos carros – soltei o palavrão sem querer.

 Justin deu risada e acionou o alarme do que eu achava ser o Batmóvel. Ele caminhou até a porta do motorista, mas eu corri atrás dele. Ele não havia dito que eu podia dirigi-lo no condomínio? Então, era exatamente aquilo que eu queria naquele momento. Eu ia me sentir como a Mulher Gato roubando o carro do Batman.

 – Posso dirigir? – eu lhe perguntei, fazendo minha melhor carinha de anjo.

 – Ah, meu Deus – ele me encarou e pensou no assunto – Tudo bem, vai. Só não corra.

 – Mas você corre – repliquei.

 – Corro porque eu posso. O carro é meu – ele deu de ombros.

 Dei risada.

 – Não vou fazer nada com seu precioso carro. Vai, pegue Louie e sente com ela no banco da frente.

 Justin me obedeceu. Eu entrei no lado do motorista enquanto ele entrou no lado do passageiro com Louie em seu colo. Nós dois colocamos o cinto e só depois ele me deu a chave. Apertando um botão no console do carro, o portão da garagem se abriu. Eu sentia borboletas no estômago por estar dirigindo um Cadillac e fiquei mais entusiasmada ainda quando senti o carro tremer embaixo de mim.

 – Isso é tão legal – sussurrei com um sorriso enorme no rosto e dei a partida.

 Saí devagar da garagem e tive que esperar enquanto outro portão era aberto para sairmos da casa. Enquanto eu dirigia no condomínio, não passava dos 60 km por hora. Eu sabia que Justin não queria que eu corresse, então fui uma boa garota.

 Ele revirou os olhos pra mim e apontou o medidor de velocidade. Dei risada. Aquilo era um passe livre pra ir mais rápido. Aumentei a velocidade, chegando rapidamente a 120 km por hora. Nós abrimos os vidros, deixando o vento bater nos nossos cabelos. Louie gritava com as mãozinhas pra cima e Justin dava risada.

 Tive que reduzir a velocidade quando saímos do condomínio. Perguntei se Justin queria dirigir, mas ele fez que não com a cabeça. Oba, mais tempo com o Batmóvel. Mulher Gato vencia de novo.

 Justin me guiou até uma das lojas que ele achava que era boa. Até conseguia imaginar os preços dos vestidos, mas decidi não pensar naquilo. Além do dinheiro guardado, eu também tinha um cartão de crédito que minha mãe havia me dado pra comprar o vestido de Louie. Esperava que aquilo fosse suficiente.

 Parei no estacionamento da loja e nós três descemos. Fomos recebidos muito bem – graças a Justin, é claro – e a vendedora foi um amor de pessoa. Ela me levou até alguns cabides com vestidos mais chiques enquanto Justin cuidava de Louie. A loja vendia roupas para homens e para mulheres, além de vender sapatos também. Justin quis provar um tênis, mas eu lhe dei uma bronca.

 – Já vou te dar um tênis, fica de boa aí – falei.

 Ele me encarou de olhos arregalados.

 – Você vai me dar um tênis? E você, por acaso, sabe quanto eu calço? – ele perguntou, cruzando os braços.

 – Sua mãe sabe. Perguntei pra ela – dei de ombros.

 Justin começou a rir e então recusou os tênis que a vendedora lhe mostrou. Eu escolhi alguns vestidos pra provar e, enquanto provava, mostrava-os a Justin. Ele sorria para todos os vestidos e dizia que todos estavam bons, mas quando eu pedia pra escolher, ele nunca sabia qual tinha ficado melhor. Acabei levando um vestido azul turquesa curto. Justin pareceu ter um apreço maior por ele.

 Pela minha sorte, o vestido havia ficado 200 dólares. Era menos do que eu estava esperando, mas também não era pouca coisa. Justin e eu brigamos porque ele queria me dar o vestido de presente, mas eu ganhei a briga. Lógico.

 Depois disso, fomos a um shopping para comprar roupa pra Louie. Eu dirigi de novo, é claro. Compramos um vestido branco pra ela e sapatos novos. Ela ia ficar linda. Já passava das onze horas quando nós decidimos ir embora e pegamos um sorvete.

 Quando chegamos em casa, cada um foi pra um lado. Subi para o quarto, porque queria esticar os vestidos; Louie foi brincar com Jazzy e Jaxon e Justin foi dizer oi pra Selena, que já havia chegado. Nem preciso dizer que eu subi pro quarto por causa disso também, mas assim que desci, Chaz estava me esperando.

 Justin e eu entramos numa silenciosa e sutil batalha de ciúmes. Ele abraçava e beijava Selena toda hora e eu fazia a mesma coisa com Chaz. Por mais que estivesse me mordendo de ciúmes, sabia que Justin sentia a mesma coisa. Nós passamos quase o dia inteiro assim, só fazendo ciúmes um no outro. E, no fim da tarde, enquanto eu caminhava sozinha para o quarto, Justin caminhava com Selena para seu quarto. Eles davam risadas e se agarravam de um jeito que me fazia ter uma ideia completa do que estavam prestes a fazer. Até me senti enjoada.

 Arrumei Louie para a festa primeiro e a deixei com as crianças e com Erin. Quando todo mundo já estava saindo pra festa foi quando eu saí do banho. Falei pra eles irem que depois eu pegava um táxi e pedi pra Erin levar Louie. Eu queria estar o mais fabulosa possível só pra causar mais ciúmes em Justin ainda. Aquela nossa luta silenciosa, muito parecida com a Guerra Fria, parecia me machucar muito mais do que machucava ele. Será que aquilo tudo valia a pena? Parecia tão inútil.

 Coloquei o vestido, passei uma maquiagem leve, arrumei o cabelo e o deixei solto. Coloquei os saltos para ir embora, peguei o presente de Justin e desci as escadas correndo. Eu já estava meia hora atrasada para a festa e só Deus sabia quanto tempo um táxi ia demorar pra chegar em Calabasas. Minha surpresa foi encontrar Moshe esperando na porta de entrada, com a Range Rover estacionada na frente da casa.

 – Moshe, o que está fazendo aqui? – perguntei, abismada.

 – Justin esqueceu o anel de ouro que Selena lhe deu, então voltamos pra pegar. Você pode imaginar o quanto ela ia ficar brava, né? – ele respondeu.

 Nós nunca havíamos trocado tantas palavras antes e aquilo me fez rir.

 – Pronto, pronto. Já estou descendo – gritou Justin de lá de cima.

 Ele apareceu na escada e ficou boquiaberto quando me viu. Sorri e corei.

 – Oi, Cinderela – eu lhe disse, zoando – Esqueceu seu anelzinho de cristal?

 – Oi, princesa – foi tudo o que ele disse, praticamente me comendo com os olhos.

 Bati o cabelo e peguei uma carona com eles até o lugar da festa. Nós descemos juntos, mas ficamos separados na festa. Fiquei com Chaz e ele ficou com Selena. O único momento em que ficamos juntos foi quando todo mundo fez uma grande rodinha pra dançar. Carly Rae Jepsen estava lá e cantou Call Me Maybe. Eu tive que cantar junto, porque aquela música era irritante, mas irresistível.

 Lá pelas duas da manhã, Erin disse que ia levar as crianças pra casa e eu pedi pra ela levar Louie também. Eu me despedi de Louie com um beijo e um abraço e lhe disse que logo estaria em casa. Esperava que ela não acordasse no meio da noite, porque só Deus sabia que horas eu ia chegar.

 Antes de ir embora, Carly me chamou em um canto pra conversar.

 – Justin me mostrou a música que vocês escreveram juntos. Ficou linda. Muito obrigada, Liv – ela agradeceu.

 Fiquei chocada porque 1) ela estava me agradecendo e 2) ela sabia meu nome. Aquilo era incrível. Eu a agradeci e então ela se despediu de mim e de todo mundo.

 No fim, só ficou eu, Justin, Selena, Ryan, Chaz e Alfredo na festa. Eles arranjaram um litro de vodca e começaram a beber com o ponche. Eu entrei na onda e tal, mas não bebi muito. Justin, por sua vez, parecia sedento por álcool agora que tinha 18 anos. Era uma controvérsia, já que nos Estados Unidos só se pode beber legalmente depois dos 21.

 Quando decidimos ir embora, descobrimos que não ia caber todo mundo no carro. Ryan e Alfredo queriam ir logo pra casa, porque já passava das cinco da manhã. Selena clamava estar com frio, então também entrou no carro. Ela queria que Justin fosse com ela, só que ele estava no banheiro. Chaz estava tão sonolento que não se aguentava em pé, então eu lhe pedi pra ir junto com os outros no carro. Eu ficaria e ajudaria Justin, porque ele provavelmente estava vomitando as tripas fora.

 Quando caminhei até o banheiro masculino, Justin estava sentado num canto do banheiro. Não senti nenhum cheiro azedo, então supus que ele não tinha passado mal. Ainda.

 Caminhei até ele e o puxei pelo braço.

 – Vamos embora, Justin. Está tarde – ele não pareceu me escutar, mas quando me viu, se levantou.

 Eu peguei sua mão e o levei pra fora do banheiro. A festa ainda estava toda arrumada. As luzes estavam no lugar e piscavam, confundindo meus sentidos. Uma música eletrônica tocava como música de fundo, mas não havia sinal de ninguém. Nem dos garçons, nem do DJ, nem dos seguranças, nem dos convidados. Só eu e Justin caminhávamos pelo grande salão.

 – Liv? – Justin perguntou com a voz fraca.

 – Sim?

 – Eu te amo.

 Dei risada e assenti. O braço dele estava por cima dos meus ombros e eu tinha que ajuda-lo a se movimentar. Sim, sim, é claro que ele me amava.

 – Também te amo, Justin.

 Eu estava ciente do quanto as pessoas bêbadas demonstravam afeto e Justin não era diferente. Ele parou de andar – o que me fez parar também – e me abraçou. Fiquei sufocada de encontro ao seu peito. Sua camiseta cheirava a vodca e aquilo estava me enjoando. Empurrei-o para trás porque precisava de um pouco de ar, mas ele me puxou para mais perto de si ainda.

 Ergui a cabeça para pelo menos conseguir respirar um pouco. Foi então que percebi o quanto nossas cabeças estavam próximas e eu me arrependi de te me mexido. Justin me olhou nos olhos, suplicando por algo que eu não entendia o que era. Ele me abraçou ainda mais forte e aproximou os lábios dos meus.

 – Estou falando sério – ele sussurrou.

 – Sobre o que? – perguntei hipnotizada e tendo plena consciência do que ia acontecer em seguida.

 – Eu te amo de verdade, Liv – ele repetiu.

 Aquilo me fez sorrir. Justin aproximou os lábios e eu aproximei os meus. Antes que eu tivesse a chance de me parar, nossos lábios se encontraram. Eu já não tinha mais coragem de me segurar, porque queria aquilo desesperadamente. O beijo começou suave, doce e delicado, mas foi evoluindo na medida em que os segundos passavam. Justin colou meu corpo no seu e subiu uma das mãos até meu pescoço. Eu abracei seu pescoço e mexi em seu cabelo. Sentia como se meu coração fosse explodir de felicidade, porque nós estávamos juntos. Pela primeira vez em muito tempo, eu não me sentia culpada por estar com Justin porque agora sabia que ele me amava.

 Sorri por entre o beijo e Justin mordeu meu lábio inferior de leve. Nós nos separamos rapidamente, somente para juntar nossos lábios de novo em outro beijo que me deixou sem fôlego. Justin murmurou algo ininteligível por entre o beijo e eu me separei dele.

 – O que?

 – Selena... – ele murmurou de novo, confuso.

 Soltei seu pescoço e me afastei dele.

 – Selena... – Justin repetiu, me puxando pelo braço – Podemos ir pra casa?

 As lágrimas caíram sem minha permissão e eu empurrei Justin para trás. Ele se desequilibrou e quase caiu. O que eu estava esperando dele bêbado daquele jeito? Ele só havia dito que me amava porque era meu amigo. Meu Deus, como eu era idiota. Eu merecia o prêmio de Idiota do Ano.

 Continuei chorando silenciosamente enquanto Justin se perdia em sua própria embriaguez. Quando consegui me controlar, eu o puxei pela mão e o levei lá pra fora. Moshe nos esperava já dentro do carro. Coloquei Justin no banco de trás e me sentei no banco do passageiro.

 – Está tudo bem? – ele me perguntou, olhando pra Justin e depois pra mim.

 – Não. Vamos pra casa, estou cansada demais – respondi, me referindo não só àquela noite, mas também a Justin e ao que ele estava fazendo comigo.


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Notas finais do capítulo

Lembrem-se: estou postando no fanficscdj.tumblr.com e no animespirit.com.br/cbdd6277
Esse capítulo é dedicado à larissã (SmileBieber), carmenator da minha vida que me encheu a paciência para as coisas acontecerem HAUIDOHAIU ela e a Helen não descansaram, viu. VIIIIU LARISSÃ, DEDIQUEI O CAP A VOCÊ AHIUDAHODAHIU
Vocês sabem que eu amo todas vocês anyways ♥ Beijos e até o próximo, amanhã começo a postar a fic nova ;D