Heart And Soul escrita por CDJ


Capítulo 31
XXXI


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, pessoal ):



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 Mesmo tendo me convencido de que nada aconteceria comigo, meu relacionamento com Justin esfriou bastante.

 No fim, acabei não assistindo aquele primeiro show em Nova York. Reclamei de dor de cabeça para Pattie e lhe confessei que não suportava aquele tanto de atenção em cima de mim. Ela compreendeu e disse que era melhor que eu voltasse para o hotel. Perguntou se eu queria que ela ficasse com as crianças, mas eu disse que as levaria junto comigo. Sei que foi errado privar Jazzy e Jaxon do primeiro show da turnê, mas eu estava me sentindo mal de verdade. Havia um bolo no meu estômago, um bolo na minha garganta e meu cérebro estava completamente confuso.

 Acabamos ficando em Nova York por mais um dia, porque um segundo lote foi aberto para um segundo show no mesmo lugar do anterior. Também não apareci nesse dia. Nem as crianças. E, logo depois que o show acabou, nós já colocamos o pé na estrada. Justin foi dormir assim que pisou no ônibus e eu coloquei Jazzy e Jaxon para dormir no quarto dele, onde eles tinham um pequeno beliche com grades, para evitar quedas. Eu e Justin não conversamos neste dia também.

 Passamos quase uma semana sem nos falar direito. Estudávamos de manhã por duas horas, depois eu acordava as crianças. Depois do almoço estudávamos por mais uma hora para que a soma desse três horas por dia. Justin pareceu perceber que eu havia me afastado dele, porque também não me procurou mais.

 Ele não fazia mais piadinhas, não tirava fotos das nossas aulas, não ríamos juntos por minutos incontáveis e ele não me zoava mais a todo momento. Justin passou a se concentrar em estudar – ou a fingir em se concentrar – e eu também não ousava lhe dizer nada. Não sabia se devia contar sobre a apresentadora do Good Morning, America ou se devia deixar aquilo passar. De qualquer maneira, não lhe contei.

 Comecei a sentir mais falta de Louie do que o suportável. Não havia falado com ela desde o dia que havia saído de Stratford, portanto eu estava completamente preocupada e morta de saudade. Sempre que eu ligava para o celular da minha mãe ou para minha casa, ninguém atendia. Comecei a imaginar as situações mais grotescas e impossíveis e não conseguia mais dormir direito.

 Na segunda feira daquela semana, enquanto as crianças desenhavam sobre a mesinha do ônibus e nós estávamos na estrada a caminho de Detroit, eu me encolhi no canto do banco e comecei a chorar.

 Chorei por cerca de vinte minutos seguidos, tendo que controlar meus soluços para que ninguém realmente percebesse. Justin estava preso em seu quarto, provavelmente jogando seu Xbox ou fazendo qualquer outra coisa, enquanto Pattie assistia a uma comédia romântica na TV. Somente Jazzy reparou que eu estava chorando, mas eu lhe mandei um sorriso e ela logo se esqueceu.

 Quando Justin saiu do quarto naquela noite para dizer que estava com fome e queria parar para jantar, ele pareceu perceber meus olhos inchados e caminhou em direção à mesa.

 - Você está bem? – perguntou, parecendo preocupado.

 Assenti e funguei. Meu nariz estava realmente entupido.

 - Estou. Obrigada – e tentei lhe dar um falso sorriso, mas tudo que saiu foi uma careta chorosa.

 Justin franziu os lábios e se virou. Seus ombros se curvaram e ele entrou no quarto somente para pegar um moletom para mim e outro para as crianças. Enquanto colocava os casacos nos irmãos, eu corri até minha mala e peguei uma blusa de moletom qualquer. Quando Justin me viu sem sua jaqueta, seus ombros se curvaram ainda mais. Ele parecia triste, se é que aquilo fosse possível.

 Nós descemos em um posto de gasolina com um restaurante ao lado. Comemos – as crianças, Justin, Pattie e Kenny comeram, porque eu não consegui colocar nada para dentro – e voltamos ao ônibus. Eu e Pattie assistimos a um filme de desenho com as crianças e depois nós conversamos até que eles ficassem cansados o suficiente. Como de costume, Justin ficou no quarto.

 Levei as crianças ao quarto dele e coloquei-as para dormir. Quando saí, o Bieber mais velho parecia estar dormindo tranquilamente. Pattie também foi dormir depois da maratona de desenhos. As luzes do ônibus se apagaram e eu me deitei, mas não consegui pregar o olho. Chorei baixinho, sentindo falta da minha casa, da minha irmã e até da minha mãe. Sentia falta até de Justin, mesmo ele estando comigo. Ele era o único que fazia com que aquela turnê fosse suportável e agora que estávamos afastados, eu me sentia cada dia pior. Só queria ir para casa e fingir que nada daquilo havia acontecido.

 Meu relógio no celular exibia que eram três horas da manhã em ponto. Afundei a cabeça no travesseiro e soltei mais algumas lágrimas. Só parei quando ouvi um barulho vindo do quarto de Justin. Sentei na cama, olhando para os lados. E se algo tivesse acontecido com Jazzy e Jaxon? Pattie continuava a dormir. Talvez fosse só minha imaginação, mas não voltei a deitar.

 Quando a porta se abriu e Justin saiu de lá de dentro, eu relaxei os ombros.

 - Você está acordada? – ele perguntou, saindo de fininho e fechando a porta atrás de si.

 - Não consigo dormir – sussurrei, dando de ombros.

 Ficamos em silêncio de novo. Eu queria preencher aquele momento com desculpas ou conversas bobas, mas não consegui. Queria fazer de tudo para que Justin voltasse a ser o garoto que era antes comigo, para que me tratasse da mesma maneira. Mas eu devia trata-lo do mesmo modo também. Havia sido minha culpa o nosso afastamento. Encostei na parede no ônibus e abracei minhas pernas, afundando a cabeça nos joelhos. Eu sempre estragava tudo.

 - Desculpe a pergunta, mas – disse Justin, me fazendo erguer a cabeça – eu fiz alguma coisa errada?

 - O que?

 - Você praticamente me evita toda vez que nos vemos – ele deu de ombros.

 - Eu não evito você – reclamei, indignada – Você que não conversa mais comigo!

 Justin bufou e se aproximou.

 - Quando tentei puxar conversa, você nem riu das minhas piadinhas.

 - É porque elas não são engraçadas – afirmei, revirando os olhos.

 Justin começou a rir da minha resposta. Também dei risada. Meus ombros instantaneamente relaxaram. Ele se sentou ao meu lado e me encarou.

 - Achei que estava brava comigo – disse, meio preocupado.

 - Não estou. De verdade – dei de ombros. Pensei em contar sobre o que a entrevistadora havia me dito, mas balancei a cabeça e disse outra coisa, que não era mentira – Estou só com saudade de casa.

 Justin me encarou com atenção e tristeza ao mesmo tempo.

 - Minha mãe não me liga desde que saímos de Stratford. Quando eu ligo, ela não atende. Estou começando a ficar preocupada – eu me desesperei novamente – E se alguma coisa tiver acontecido com elas? E se elas tiverem sido raptadas? Ou torturadas? E se alguém estivesse tentando fazer mal a elas?

 Justin deu risada. Eu encarei-o, brava. Ele não devia rir da minha desgraça.

 - Com certeza sua mãe só está ocupada ou sei lá – ele deu de ombros e me puxou – Não se preocupe com isso.

 - Mas isso me deixa frustrada! – reclamei enquanto encostava a cabeça em seu ombro.

 Justin passou um dos braços pelo meu corpo e me abraçou, dando um beijo no topo da minha cabeça. Por mais que fosse difícil admitir, eu me sentia protegida sob os braços dele. Estava começando a me sentir até melhor. Ele era mesmo a única coisa que tornava aquela turnê suportável.

 - Vem cá – ele se levantou e me puxou, sentando-se no chão.

 Eu encarei-o confusa quando ele deitou no chão de aço do ônibus, mas me deitei ao seu lado. Por mais que o corredor fosse estreito, nós cabíamos ali, se ficássemos de lado. Ficamos um de frente para o outro. Eu até fiquei desconfortável com a pouca distância e com seu olhar diretamente sobre mim, mas logo me acostumei.

 - Agora me responda – ele sussurrou – Por que você estava chorando? É só por que você está sentindo falta da Louie?

 Eu assenti e meus olhos começaram a arder instantaneamente. Não queria chorar ali, na frente dele. Mordi meu lábio inferior, tentando segurar as lágrimas. Mas não consegui. Quando finalmente soltei-as, elas saíram entre um soluço e outro e eu não sabia mais como parar. Justin afagou meu cabelo e se moveu para perto. Ele me envolveu em seus braços e me apertou forte, sem se importar se eu estava encharcando sua camiseta nem se importando com meus soluços. Ele simplesmente me abraçou, sem dizer nada. Posso dizer com extrema certeza de que nunca me senti tão acolhida nem tão protegida em toda a minha vida. Era extremamente reconfortante.

 Assim que parei de chorar, Justin me soltou. Eu não percebi, mas ele tinha soltado algumas lágrimas também, porque secou os olhos rapidamente, não querendo que eu percebesse que estava chorando. Aquilo foi fofo.

 - Você quer, hum, ir embora? – ele perguntou com a voz rouca.

 - O que? Não!

 - Se você quiser, pode ir – ele desviou os olhos dos meus – Pode levar Jazzy e Jaxon com você. Estou vendo o quanto é difícil pra você ficar longe da sua irmã, afinal vocês são muito ligadas. Então, se quiser ir, pode ir. Está tudo bem.

 Eu encarei-o com bondade. Aquilo era muito fofo da parte dele e era provavelmente a coisa mais legal que alguém já havia feito por mim. Afinal, o que Justin mais queria era estar com seus irmãos na turnê, passar mais tempo com eles, conhece-los de verdade. E ele estava abrindo mão de tudo aquilo só porque eu estava infeliz. Aquilo me deixou boquiaberta. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Justin completou:

 - Mas é claro que gostaria que você ficasse, sabe. Você é... parte da família já.

 Eu sorri de leve.

 - Isso é muito legal da sua parte, Justin – ele não me encarou, mas percebi que ficou triste – Mas não vou fazer isso. Vou continuar aqui.

 Quando Justin me encarou, parecia um garotinho inocente que havia acabado de ganhar seu presente de natal. Seus olhos se iluminaram e ele sorriu.

 - Verdade?

 - Você está certo, minha mãe e Louie estão bem. Além do mais, eu vim aqui pra trabalhar. Não posso ir embora desse jeito. O que o patrão vai pensar de mim?

 Nós dois demos risada.

 - Ele vai ficar muito feliz por saber que você vai ficar, só digo isso – afirmou Justin, sorrindo.

 - Eu gosto de fazê-lo feliz – mandei-lhe uma piscadela.

 - E ele gosta de vê-la feliz, sabia?

 Eu dei risada.

 - Quanta felicidade, meu Deus. Todo mundo feliz, eba!

 Justin deu risada.

 - Esse momento merece uma foto, o que você acha? – ele disse, me olhando sugestivamente.

 Eu assenti, dando risada. Meu Deus, o garoto não podia passar cinco minutos sem tirar foto de tudo que via. Justin tirou o iPhone do bolso e ergueu para que nós dois coubéssemos na foto, mesmo deitados. Ficou bem legal. Nós dois saímos fazendo careta, mesmo sem ter combinado. Justin arregalou os olhos e eu mostrei a língua. Demos risada da foto. Ele resolveu postar no Twitpic desta vez.

Parece que @livmayes não consegue dormir. E nem eu. Mas, pelo menos, deu pra gente conversar bastante #REAL

 Assim que ele postou a foto, recebeu inúmeras mentions. Chegavam cerca de 500 por segundo, no mínimo. E olha que eram três horas da manhã! Eu arregalei os olhos e puxei meu próprio celular, checando meu Twitter. Eu havia ganhado cinco mil followers desde a última vez que tinha entrado e também estava recebendo mentions. Só passei os olhos por algumas, mas não gostei nada do que vi.

“Eu acho que sei porque @livmayes não consegue dormir. Ela deve estar infernizando @justinbieber para ele largar da @selenagomez”.

“Essa @livmayes é uma vadia, credo. Não larga o Bieber”.

“@livmayes sua puta”.

 Eu fiquei chocada com o que li, mas tentei disfarçar. Não queria que Justin soubesse que algumas de suas fãs não gostavam muito de mim, porque ele iria ficar bravo. Não sabia se ficaria mais bravo comigo ou com elas. De qualquer maneira, fingi que não vi nada. Comentei sobre meus followers e ele deu risada. Joguei o celular de volta para minha cama e Justin, por incrível que pareça, se separou de seu iPhone, jogando-o na cama também.

 - Sabia que eu to ficando com sono? – ele disse, bocejando.

 Não consegui deixar de bocejar também, dando-lhe um tapa no braço. Bocejar era algo contagiante. Só pensar em bocejar já te faz querer bocejar, ainda mais quando alguém boceja na sua frente. Eu estava começando a ficar com sono também, mas aqueles xingamentos ficaram gravados na minha retina, não me dando descanso e aparecendo toda vez que eu piscava os olhos.

 - Também estou – menti.

 - Acho que vou dormir – Justin disse, se ajeitando melhor no chão.

 - Aqui mesmo? Por que não vai para o quarto? – eu encarei-o de sobrancelhas franzidas.

 - Se eu for para o quarto, vou perder o sono. Além do mais, não tenho nada contra dormir no chão.

 Tive que dar risada, mas também me ajeitei. Justin fechou os olhos e estendeu a mão para mim. Eu entrelacei minha mão na dele, sentindo um calor na ponta dos dedos. Subitamente fiquei com sono.

 - Boa noite, baixinha – disse Justin, dando um beijo na minha mão ainda de olhos fechados.

 Não reclamei do baixinha naquela vez, já estava me acostumando àquilo.

 - Boa noite, irmãozinho – eu lhe disse antes de fechar os olhos e cair no sono.


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Notas finais do capítulo

Pra compensar, esse capítulo tá bem fofinho no final!
Enfim, eu já expliquei em Run From Me o que aconteceu (que eu me ausentei por causa da escola e tudo o mais) e eu espero que vocês me perdoem. Vou tentar meu máximo pra não passar tanto tempo assim sem postar ♥