Heart And Soul escrita por CDJ


Capítulo 13
XIII




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 Outro raio explodiu e me fez tremer de medo. A gente tinha que chegar logo ao carro, mas nem havíamos saído do parque. E estava rolando uma tempestade de raios, que beleza. Podia ficar pior?

 Um raio bateu num lugar tão perto que saímos correndo, sem perceber para onde estávamos indo. Quando vi aquele monstro de carro, a Land Rover, parada ao longe, corri naquela direção. Agora eu já conseguia enxergar direito, mesmo estando com um frio que chegava aos ossos e completamente encharcada. Dei a volta para entrar no banco de trás e Justin ficou onde estava, de frente para a porta do banco do motorista. Ele pegou a chave, mas deixou-a cair duas vezes.

 - Vai logo, Justin – eu gritei, tentando me fazer ouvir naquela barulheira.

 - Calma, eu tô tentando – disse, com a voz meio falha.

 Ele estava tremendo feito uma vara verde. Foi quando percebi que também estava. Louie ainda se divertia com a chuva e Jaxon estava com as mãozinhas levantadas acima da cabeça para tentar se proteger. Jazzy, no colo de Justin, parecia prestes a chorar. Outro raio explodiu e Jazzy abraçou o irmão, assustada e com lágrimas nos olhos. Quando Justin finalmente apertou o botão para desligar o alarme, todos nós entramos rapidamente. Eu fechei a porta numa pressa, mas ainda assim ela ficou molhada. Justin virou para me encarar, pingando água e ainda tremendo.

 - Meu Deus – ele sussurrou.

 - V-vamos sair daqui – gaguejei.

 Justin encarou a chave e colocou-a na ignição. Quando deu a partida, ao invés de ligar os limpadores de pára-brisas, acionou o jato de água. Tudo começou a funcionar de uma vez só porque ele apertou um monte de botões. Ele colocou Jazzy no banco do passageiro e eu puxei-a para trás. Ela já havia parado de chorar, graças a Deus.

 - Vamos, a gente t-tem que sair daqui! – eu disse, ainda gaguejando um pouco.

 - Eu tô tentando – ele disse, bravo.

 - Esse carro é seu, pelo amor de Deus! – gritei, já estressada.

 Estávamos numa tempestade de raios. Era hora de bater em retirada.

 - Eu dirijo uma Range Rover

 - Qual a diferença? Vamos embora! – implorei.

 - Uma Land Rover e uma Range Rover são muito diferentes. É mais fácil perguntar o que elas têm de igual!

 - É TUDO ROVER! – gritei, muito irritada.

 Finalmente ele conseguiu dar ré e dirigiu para fora do estacionamento.

 - O Kenny ainda tá lá dentro – eu sussurrei.

 - Ai, meu Deus. Você quer voltar? – perguntou ele, olhando bravo pra mim – Ou melhor, você quer dirigir? Não, né?! Então para de dar palpite, porra!

 As crianças ficam boquiabertas por um tempo por causa do palavrão, mas eu dei uma risadinha pra elas e sussurrei que estava tudo bem. Voltei os olhos para Justin, brava de novo.

 - Desculpa, seu grosso. Só estava tentando ajudar – reclamei.

 - Mas só tá atrapalhando! Então cala a boca, só um pouquinho – ele me olhou pelo retrovisor, mas já não gritava.

 - Quem você acha que é? Meu dono? Se toca, garoto. Eu tô fazendo meu melhor pra te ajudar e você fica reclamando.

 - Ajudar? Você só estava gritando na minha orelha! Eu não preciso disso.

 - É, muito menos eu. Não preciso levar desaforo no meio de uma tempestade de raios! – falei, cruzando os braços.

 - Ótimo – ele disse, dando de ombros.

 - Ótimo.

 Justin não sabia para onde estava indo. O número de carros nas ruas diminuiu muito e a gente estava indo pra qualquer lugar. Quando ele estacionou numa rua e se virou, suspirando, eu encarei-o, brava.

 - Desculpa – ele sussurrou.

 - Tanto faz – reclamei.

 - Não, Liv, de verdade. Desculpa.

 Limpei a janela e olhei pra fora. Jesus, o que eu estava vendo?

 - SAI DAQUI LOGO!

 - O que? Por quê?

 - ÁRVORES! VAI PRA UM LUGAR FECHADO, PELO AMOR DE DEUS! – gritei, esbaforida.

 Justin foi tentar sair da vaga, mas afogou o carro. Eu respirei fundo pra não xingá-lo, porque ele já tinha sido grosso, já tinha sido burro e agora estava sendo barbeiro. Quando finalmente conseguimos sair e voltamos a andar, ele encontrou um restaurante aberto com uma garagem no subsolo. Agradeci a Deus por aquilo e nós entramos.

 - Jesus – eu sussurrei, tremendo mais ainda, enquanto Justin estacionava o carro direito.

 Ele não ousou me encarar pelo retrovisor; colou a testa no volante e ficou assim, pingando água por alguns minutos. Coloquei as jaquetas nas crianças e peguei uma de Jazzy para colocar em Louie. Eu havia esquecido de pegar nossos casacos no meu carro, então teria que improvisar. Infelizmente, não tinha nenhum agasalho pra mim, então eu me abracei, tentando me aquecer.

 - Desliga o ar condicionado, p-por favor – eu pedi, batendo os dentes.

 - O aquecedor está ligado – Justin respondeu e se endireitou, encostando as costas no banco.

 Mesmo assim, meu frio não passou. Justin também tremia, mas devíamos estar tremendo por ter pegado essa baita chuva fria e ter passado esse perrengue.

 - Não acredito no que aconteceu – ele sussurrou.

 - Nem eu. Você foi muito burro de estacionar perto das árvores.

 - Desculpa, é que eu nunca estive numa tempestade de raios antes.

 - É, você nunca morou do Kansas. Ia saber exatamente como é.

 - Ah, desculpa. Vou tentar mudar pra lá, ok? – ele disse, sarcástico – Você ficaria satisfeita e ia parar de gritar comigo?

 - Desculpa, bebezinho. Não sabia que ia te afetar tanto assim.

 Ele fechou a cara e cruzou os braços.

 - Justin – ele não me olhou – Justin, é sério. A gente tem que voltar e ver como o Kenny tá.

 - Ele está bem. O carro dos seguranças entrou no parque e buscou ele. Ele estava preocupado com a gente – ele respondeu, olhando pro iPhone.

 - Seu celular pega nesse tempo ruim?

 - É claro. O seu não?

 - Desculpa, meu celular é de pobre – respondi, dando de ombros.

 Quando percebi o que tinha dito, percebi que podia ter soado meio maldoso, já que ele era, provavelmente, o jovem mais rico do mundo.

 - Desculpa, eu não quis dizer aquilo. Saiu do jeito errado – eu tentei me explicar, mas ele fechou a cara de novo – E certamente pra pessoa errada.

 - Olha, não me importa mais. Você não tá contente com o que eu fiz? Tudo bem. Desculpa por ser tão burro, eu só não sabia o que fazer. Eu fiquei desesperado. Mas, pra sua felicidade, eu vou embora amanhã de manhã. Então não precisa ficar desse jeito.

 Comecei a rir. Ele estava parecendo um garotinho de cinco anos que briga com o amiguinho porque este roubou todos os seus brinquedos.

 - Justin, eu tô de cabeça quente e não quis dizer nada daquilo pra te magoar. Além do mais, você foi grosso antes! – afirmei, apontando pra ele.

 - Desculpa – ele disse, se virando para me encarar.

 - Está tudo bem. Eu também te devo desculpas, então me desculpa, ok?

 Justin respirou fundo e sorriu. Ele então se esticou todo e puxou sua jaqueta de couro da parte de trás do carro. Ele me entregou, mas eu me neguei. Ele também estava com frio. Além do mais, eu já havia parado de tremer.

 - Você precisa mais que eu, você está quase seminua aí – ele indicou minha regata.

 Sorri de leve e peguei a jaqueta, vestindo-a.

 Naquela mesma hora, Jaxon soltou um espirro violento e o catarro começou a descer pelo seu nariz. Justin e eu encaramos o garotinho. Ele espirrou de novo, fazendo com que o catarro descesse para seus lábios. Jaxon colocou a linguinha pra fora para lamber.

 - Não, não! – dissemos eu e Justin juntos.

 Justin procurou no porta-luvas e achou uma caixinha de lenços de papel. Peguei um deles e limpei o nariz de Jaxon. Ele me olhava, sorrindo, como se nada estivesse errado.

 - Justin, espero que você saiba que a gente tá ferrado – eu comentei, ainda sem encará-lo.

 Erin iria nos matar quando soubesse que seus filhos ficaram na chuva – e numa tempestade de raios – por alguns minutos. E Jaxon parecia estar dando os primeiros sinais de estar com gripe.

 - Eu sei, Liv – ele suspirou, cansado – Eu sei.


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Notas finais do capítulo

Weeee, esse capítulo foi meio tenso por causa da briga deles, mas aaah, quem não briga, não se ama, alright? HADHDUI Espero que tenham gostado, lindas ♥