Heart And Soul escrita por CDJ


Capítulo 12
XII


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora, gente. Fui numa festa ontem ;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/171241/chapter/12

 O parque de diversões estava vazio, da mesma maneira que o zoológico. Pouco depois de estacionarmos o carro no lote do estacionamento, percebi que a outra Land Rover com os seguranças não estava lá.

 - Cadê o outro carro? – perguntei, assim que saímos do carro e eu tirei todas as crianças, levando Jaxon no colo.

 - Eles vão se dividir e ficar nas entradas e saídas do parque – respondeu Kenny, sorrindo – E eu vou acompanha-los esta noite.

 - Muchas gracias, señor! – eu respondi em espanhol, dando risada.

 Kenny também riu, mas Justin parecia meio confuso. Caminhamos os poucos metros entre o estacionamento e a entrada e entramos no parque. Todas as luzes se acenderam. A montanha russa piscava de um lado, os carrinhos bate-bate, o barco viking, o tapete mágico, o kamikaze, tudo estava aceso. O maior brinquedo, a roda gigante, era o mais lindo, pois suas luzes mudavam de cor e giravam, como se o brinquedo estivesse funcionando mesmo estando parado. Fiquei encarando aquilo, boquiaberta e coloquei Jaxon no chão, dando a mão para ele e para Jazzy – afinal, Louie já estava colada no tio Bieber.

 - É linda, não é? – perguntou Justin, se aproximando e também encarando a roda gigante.

 - Linda demais – eu respondi, com os olhinhos brilhando.

 Eu parecia ter oito anos de novo, como na primeira vez em que fui a um parque de diversões. Eu estava sozinha; havia fugido de casa só para ir ao parque, porque minha mãe não queria me levar. Nunca havia visto nada tão lindo. Até hoje me lembro daquele dia. Foi um dos melhores da minha vida.

 - É linda mesmo – disse Justin, virando para olhar em meus olhos.

 Não aguentei e comecei a rir.

 - Puta merda, essa cantada é velha! – comentei, dando mais risada ainda.

 - Ah, droga – e ele xingou baixinho outra vez.

 Kenny estava do meu lado rindo também e estendeu a mão, como se esperasse alguma coisa.

 - Apostei dez dólares que você caía nessa – disse Justin, tirando a carteira do bolso e pagando Kenny.

 - Eu te disse, sobrinho – disse Kenny, guardando o dinheiro no bolso – Ela é esperta demais para isso.

 - Que coisa feia! – eu disse, tentando ficar séria – Você estava tentando ganhar dinheiro em cima de mim? E se eu tivesse caído, o que você ia fazer? Você é um rapaz comprometido!

 Justin me mandou um sorriso malicioso e uma piscadela.

 - Ia ser nosso segredinho – disse perto do meu ouvido com a voz rouca.

 - Ah, tenha dó, Bieber – exclamei, rindo, mas me afastei para ele não ver que eu tinha ficado arrepiada.

 Primeiro nós fomos atirar nas garrafas para ganhar ursinhos de pelúcia. Justin, muito chato, acertava todas as garrafas e ganhou ursinhos para as três crianças. Quando ele já estava se distanciando, paguei para tentar e pegar um ursinho para mim. Mas, quando eu pensava que nada podia ficar pior, meu desastre entrou em ação. Explodi a barriga de dois ursinhos e acertei a testa do dono da barraquinha. Larguei a arminha, pedindo mil desculpas e tendo que escutar Justin e Kenny rindo à distância. Aí Justin se aproximou, pegou a arma e acertou quatro garrafas numa boa. Quando o homem deu pra ele o ursinho, – ainda me encarando feio e com um vergão enorme na testa – Justin me entregou o panda de pelúcia.

 - Obrigada – eu agradeci, abraçando o panda – Queria ser boa como você.

 - Um dia você chega lá – ele disse, sorrindo e passando o braço pelos meus ombros – Foram anos de prática.

 Nós fomos todos juntos na roda gigante – menos o Kenny, que reclamou que não gostava muito de girar sem sentido. Aí, enquanto a gente ficava rodando e tendo a melhor vista de Winnipeg, ele foi guardar os ursinhos no carro – e a vista lá de cima era a coisa mais linda. Fomos depois aos carrinhos bate-bate e formamos duplas, as mesmas do boliche. Eu fiquei com Jaxon no meu colo, – se divertindo muito em bater nos irmãos – Kenny ficou Jazzy e Justin ficou com Louie. Eu e Jaxon não vencemos desta vez, porque Kenny nos fechou, mas também fechou o Justin, e depois de algumas batidas eu senti meu maxilar meio fraco de tanto travá-lo a cada batida. Meu pescoço também doía com os encontrões, mas isso era porque eu já estava cansada fazia tempo.

 Nós saímos e já estava escurecendo. Havia dezenas de nuvens escuras e perigosas no céu, mas eu nem me preocupei. Justin foi sozinho no kamikaze e na montanha russa, porque por mais que eu amasse parques de diversões, ir uma vez na vida em cada um desses brinquedos já era o bastante. Além do mais, eu estava trabalhando. Tudo bem que isso era uma desculpa para não ir, mas eu não tinha tudo isso de coragem. Em compensação, todo mundo foi no barco viking. Segurei Jaxon como se ele fosse a minha vida, mas o garotinho estava adorando. O Kenny também foi – meio contra a sua vontade, mas alguém tinha que segurar Jazzy – e Justin não parava de gritar e rir no meu ouvido. As bochechas dele já estavam vermelhas do vento que ele havia pegado nos outros brinquedos. A careta engraçada que ele estava fazendo me fez dar risada e eu até relaxei um pouco. Todas as crianças – isso inclui Justin, por sinal – estavam gritando e eu me juntei a eles. Kenny estava verde e, quando saímos, correu para o banheiro.

 Tivemos que levar as crianças ao carrossel e até fizemos as mesmas duplas de novo. Justin tirou uma foto de Kenny, agora recuperado, com Jazzy no carrossel. Ele até tirou uma foto minha, mas eu olhei para o outro lado, então meu rosto não saiu.

 Quando saímos do carrossel, o céu já havia escurecido completamente e nós decidimos que era hora de ir comer. Só que eu achei melhor a gente passar no carro antes e pegar a jaqueta das crianças, pois já estava começando a ficar frio. Kenny deu a chave do carro à Justin e foi à lanchonete para já ir adiantando o pedido dos lanches. Enquanto a gente caminhava pro estacionamento, eu vi uma barraquinha de dardos.

 - Ah, eu nunca joguei dardos – eu comentei, fazendo bico e me dirigindo até lá.

 - Deus pai, isso vai ser uma tragédia – disse Justin atrás de mim.

 Mandei-lhe um olhar maligno e paguei cinco tentativas. Eu queria ganhar uma pantufa de coelhinho, então teria que acertar duas vezes no centro do alvo. Na primeira vez eu taquei pra fora. Na segunda, foi parar longe. Na terceira, eu acertei o alvo, mas não o centro. Só me restavam duas tentativas e eu sabia que não ia conseguir.

 - Justin – olhei pra ele sorrindo sugestivamente, que estava encostado na barraquinha.

 Ele me encarou e negou com a cabeça.

 - Ah, por favor – eu pedi, fazendo bico.

 - Não – ele disse, negando de novo.

 - O que eu preciso fazer pra você acertar pra mim?

 - Fala eu te amo, Justin...

 - Ah, qual é! – eu o interrompi.

 - E você é o cara mais legal do mundo! – completou ele, como se eu não tivesse interrompido sua fala anterior.

 - Não vou falar isso.

 - Então eu não vou acertar – ele deu de ombros e cruzou os braços.

 - Argh, diabo viu! – bufei, mas então me virei pra ele – Eu te amo, Justin. Você é o cara mais legal do mundo.

 Ele deu uma risada e uma piscadela, então pegou os dois dardos e acertou-os bem no meio do alvo. O moço lhe entregou a pantufa.

 - Achei que nunca ia dizer – disse, sorrindo, e finalmente me entregou o presente.

 Eu ia xingá-lo naquela mesma hora, mas um trovão fez o trabalho por mim. Comecei a rir e escutamos mais trovões. Raios começaram a iluminar o céu e as crianças se agarraram às nossas pernas. Antes que a gente pudesse fazer qualquer coisa, começou a chover.

 Não era uma garoinha ou uma chuva fraca, começou a chover pra valer. O tipo de chuva que fez com as luzes dos brinquedos fossem apagadas. Só restaram as luzes do parque, luminárias altas e potentes. Eu peguei Jaxon no colo e encarei Justin, sem saber o que fazer. Ele estava tão surpreso quanto eu, mas pegou Jazzy no colo. Louie ficou no chão, curtindo a chuva. Quando eu tinha a idade dela, também adorava.

 Comecei a caminhar em direção à entrada, para que pudéssemos chegar ao carro logo, mas eu não conseguia ver direito o caminho na minha frente e tinha que esperar Justin e Louie. Tentei cobrir a cabeça de Jaxon com alguma coisa, mas não achei nada. Comecei a sentir um frio danado com aquela água batendo no meu corpo. As crianças e Justin estavam de manga comprida, mas eu e Louie estávamos de regata.

 Comecei a ficar desesperada quando um raio atingiu um lugar perto, a uns cem metros da onde estávamos. Justin se aproximou de mim e passou o braço pelos meus ombros. Dei a mão livre que eu tinha à Louie e nós voltamos a caminhar, todos juntos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Beeeijos e espero que tenham gostado ;)