Perfeitamente Imperfeita - Temporada 1 escrita por SaahCherry


Capítulo 3
Capítulo 3 - Lição do dia: Sayuri x Hiashi = caos.




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– Uaar. – bocejei e despreguicei-me confortavelmente como faço todas as manhãs. Com a vista embaçada devido ao sono, fui caminhando feito uma zumbi, guiada apenas pelo hábito até a cozinha. 
Me sentei na cadeira e cocei meus olhos com as costas das mãos. Só assim consegui finalmente enxergar. Olhei para a mesa e pensei ainda estar dormindo. Havia praticamente um banquete sobre ela.

Definitivamente, mamãe não poderia ter feito tudo aquilo. Não contem para ela, mas, se eu não sei cozinhar é graças aos genes dela, shh. Contraditoriamente, as pessoas me ganham pelo estômago, ainda que eu não saiba cozinhar praticamente nada. Na verdade, isso não é contraditório. Faz até muito sentido. Lá vai o sono afetando o meu raciocínio.

– Bom dia. – disse Hinata sorridente para mim, trajando um avental de cozinha azul claro. Nem parecia a mesma Hinata insegura de ontem. Estava bem mais descontraída. 

Depois de abafar mais um bocejo eu finalmente pude respondê-la.

– Bom dia. – disse com cara de paisagem. Em algum lugar do meu cérebro, com muita dificuldade, meus neurônios deviam estar processando as informações. 

– Eu fiz panquecas, torradas, omeletes, suco, leite com café e leite com achocolatado. Também peguei alguns biscoitos do armário e fiz um bolo. – ela dizia me apontando para cada coisa citada. Eu estava surpresa com tanta variedade. A última vez que comi tanto no café da manhã foi na casa da vovó. De certa forma, se ela estava tentando se entender comigo, começou pelo lugar certo. O estômago.

– Você fez isso tudo sozinha? – perguntei abismada.

– Sim. Eu adoro cozinhar! – ela disse sorrindo. – Segui o conselho de sua mãe e tentei me sentir em casa.  

– Obrigada. Eu nunca conseguiria fazer tudo isso tão bem. Nem em dez anos. – confessei, pegando um copo de suco de laranja e uma fatia de bolo de fubá. Meus sentidos são as únicas coisas que nunca falham. Nem mesmo de manhã. Por isso reconheci o aroma do inconfundível de bolo de fubá quase instantaneamente. 

 Se você quiser, eu posso ensiná-la a cozinhar. – a Hyuuga se ofereceu. – É bem fácil.

– Defina fácil. – brinquei. – Acho melhor nem tentar. – disse ainda comendo o bolo. – Da última vez que tentei, não deu certo. É oficial: eu sou um desastre na cozinha.

– Você não pode ser tão péssima cozinheira assim. – disse ela assustada.

– Acredite, eu posso...  – admiti. – Minha nossa! Esse bolo tá uma delícia. – exclamei pegando mais fatias. Hinata riu com a minha infantilidade. Eu parecia uma garotinha largada num parque de diversões com tíquetes ilimitados.  – Menina! Desse jeito você já pode até casar! Você tem algum pretendente? Se tiver, já se considere casada. – brinquei.

– P-Pretendente? – balbuciou a Hyuuga, ficando enrubescida. 

– Calma, calma. É só uma brincadeira, Hina. Você costuma gaguejar com tanta freqüência assim? Insegurança não é nada bom. – adverti.

– E-Eu sei disso. – respondeu abaixando sua cabeça.
Eu forcei um pigarro.

– Ah, sim. Sem gaguejar! – recordou-se.

– Agoora sim. – disse sorrindo. 

Mamãe desceu já arrumada para ir ao trabalho quando viu a cena agradável através do vácuo da porta. Parecia que Hinata e eu iríamos nos dar bem. Talvez eu tivesse sido precipitada em julgá-la daquela forma. Ela pode ser legal. Mas eu ainda sou suspeita para opinar.

Acabei de receber um café da manhã perfeito dela, afinal. 

– Eu vou para o trabalho daqui a pouco. Vocês vão querer carona para a escola? –Mmamãe perguntou enquanto arrumava sua pasta.

– Pode ser. – na verdade eu nem sabia que Hinata iria ao colégio comigo até agora. Mas, que mal haveria nisso?

Avisei ao Sasuke que não iria com ele e aproveitei ter acordado mais cedo do que o de costume e tomei logo um banho para acordar de vez. Quando nós três nos aprontamos, mamãe nos deixou no portão do colégio e foi embora.

– Boa aula para vocês!

– Obrigada mãe. Obrigada dona Sayuri. – acenamos para ela.

O sinal tocou e toda aquela gente começou a ir para suas devidas salas. Inclusive nós.

– A sua turma é legal? – perguntou Hinata, surpreendendo-me, enquanto caminhávamos em direção à sala de aula.

– Como disse? Eu não ouvi, estava distraída. – disse completamente aérea.

– Se sua turma é legal. Como eles são? – ela perguntou visivelmente interessada.

– Ah, são... diferentes. – foi a melhor palavra que encontrei para descrevê-los.

– Diferentes? – ela repetiu perplexa. 

– É. Você vai entender. – disse rindo. 

– Sabe, eu pensei que você me odiasse... – confessou a Hyuuga.

– Odiar? Esse sentimento é forte demais. Não, não mesmo. Eu não te odiava e nem te odeio. – fui sincera.

– Que bom então. – ela sorriu aliviada. – E se perguntarem sobre a gente? O que devemos dizer? 

– Ah, eu sei lá. Diga que somos... primas. É isso. Simples e fácil. Somos primas a partir de agora. – eu disse logo que pensei.

– Talvez não seja o melhor a se dizer. Imagine se nossos pais se casarem e viermos a nos tornar irmãs postiças. Vamos continuar nos chamando de primas? – questionou.

– É verdade. Então diga que somos apenas conhecidas e que você está se mudando para cá. – dessa vez não foi o sono, eu admito. Não havia pensado nisso. 

– Certo. – respondeu, acompanhando-me ao entrar na sala.

– Ei, ei. – chamei sua atenção. – No intervalo eu vou te mostrar a delícia que o tio da cantina prepara. Aquilo sim é sanduíche. Não aqueles de lanchonetes fuleiras. 

Eu me sentei numa das carteiras da penúltima mesa e ela sentou-se ao meu lado. Infelizmente as pestes daqueles garotos ocuparam as últimas mesas antes de nós. 

– Que sorte. A gente conseguiu um lugar perto do Sasuke. – eu comentei sorrindo. – Odeio quando professores como o Iruka resolvem me separar do Sasuke e do Naruto. Eles perseguem a gente. – ela riu, me olhando com uma feição estranha. – É sério! – eu reafirmei, achando que ela não tivesse acreditado.

– Eu não duvido disso, é só que... – ela fez novamente aquela cara de quem está pensando em algo sacana.

– O que é? – perguntei, arqueando uma das sobrancelhas.

– Você fala de um jeito especial quando cita o nome desse tal garoto...

– Que garoto?! – perguntei alarmada, quase corando. 

– Aquele, o Sasuke. – respondeu sorrindo, como se achasse aquilo super fofo. Eu esbugalhei os olhos na hora.

– N-Não. Nada disso. Por favor! E-Eu não gosto do Sasuke. – respondi desconcertada. Ela me olhou com cara de quem duvidava de mim. – É verdade. Eu não gosto dele. – repeti, tentando convencê-la. Por que diabos era tão difícil de explicar que Sasuke e eu éramos apenas amigos e que não seríamos nada além disso? 

– Depois eu que gaguejo, não é, senhorita Haruno Sakura? – indagou como se fosse um interrogatório ou como se ela fosse Sherlock Holmes. – Mas, se você diz... Tudo bem. – esboçou um sorriso vitorioso e eu fiquei sem entender nada.  

– Senhorita Haruno e senhorita Hyuuga, eu não tenho outra escolha se não separá-las. – disse a professora claramente irritada, como quem já havia pedido silêncio incontáveis vezes e nós sequer nos demos conta de sua presença. Ficamos as duas com cara de quem fez besteira e finalmente nos calamos. Porém, tarde demais. – Classe, esta é a senhorita Hyuuga Hinata, a nossa mais nova aluna. – Yuuhi Kurenai a apresentava enquanto quase metade da turma ainda mantinha-se conversando. – Ela está se mudando e irá estudar conosco a partir de agora. Deem boas vindas a ela pessoal. – pediu, repetindo o ritual para os novatos. 

Após murmúrios de “Seja bem-vinda” e coisas do tipo, finalmente a aula “teve início”. 

– Apesar de você ser aluna nova eu terei de pedir para que sente-se em outro lugar, Hinata. Desculpe-me. Eu sei que vocês são conhecidas, mas eu preciso dar a matéria. Se eu for boa com vocês, terei de ser com os outros. Aí já viram, vira confusão. – Kurenai falou para nós. Como se tivéssemos escolha, Hinata saiu da carteira que eu estava. 

Como havia poucos lugares disponíveis, ela decidiu se sentar em uma das carteiras em que Kiba estava sentado desnecessariamente, que fica logo na frente da que eu estou. Na verdade ele estava sentado na mesa e não na cadeira. 

– Eu posso me sentar aqui, por gentileza? – a Hyuuga perguntou educadamente para Kiba, que estava de costas.

– Haha. Como se eu tivesse impedindo de alguma coisa. Senta, oras. – debochou o Inuzuka ainda virado opostamente a ela, acompanhado de risadas de Gaara, Shikamaru e o resto da trupe. 

Que garotos mais infantis. O que custa dar o lugar a ela? Eu revirei os olhos. 

Foi quando ele se virou e encarou Hinata aguardando ingenuamente uma resposta decente, sem demonstrar qualquer irritação. Ele ficou feito um palerma a olhando por uns instantes até que cedeu seu lugar.

– Me desculpe, pode ficar. – disse indo em busca de outro lugar. Seu tom de voz mudou drasticamente. Parecia até um gentleman

– Uau. – ouvi Sasuke murmurar ao meu lado e quase não acreditei. – Você conhece a aluna nova? – perguntou o Uchiha, me dando uma leve cotovelada, sem nem ao menos tirar sua visão dela. Aquele era mesmo um dos únicos garotos que eu considerava maduro o suficiente para ser meu amigo? Ou melhor, meu melhor amigo? 

Eu apenas bufei e nem me dei ao trabalho de respondê-lo. Procurei me acalmar e fingir que não tinha presenciado essa cena.

– Pessoal, reúnam-se em trios e façam da página 38 a 41. – ordenou a Yuuhi. – Valendo ponto!

(...)

– Eu acho que poderíamos usar as formas curtas. Ganharíamos tempo e espaço para fazer as outras questões. – a dona dos orbes perolados opinou.

– Não. Nesse exercício é a matéria da semana passada, então podíamos escrever tudo, assim teríamos mais chance de levar o ponto da qu... – eu nem tive tempo para dar meu palpite e Sasuke praticamente aplaudiu a ideia de Hinata.

– É, vamos usar as formas curtas. É bem melhor assim. – disse Sasuke, me ignorando completamente.

– Eu vou beber água. – disse repentinamente, indo em direção da professora. Eu estou farta disso! Já que são a parceria perfeita, pensam igual e se dão tão bem, que façam sozinhos. Não precisam de mim para ficar ali servindo de enfeite.

(...)

– Sakura, você foi beber água e não voltou mais. A gente já entregou o trabalho e seu nome está lá também. – Hinata veio falar comigo toda inocente. – O que aconteceu? Eu estava te procurando.
– Achou. O que você quer? – não me poupei de ser rude.

– Você não ia me mostrar o sanduíche? – me perguntou em tom de vítima, como se tivesse sido atingida violentamente por minhas palavras.

– Falou bem. Eu ‘ia’, mas não vou mais. Por que não fica com seus novos amiguinhos? Acho que não precisa mais de mim. Já fez tudo sozinha. Parabéns. – a aplaudi cinicamente. 

A jovem Hyuuga ficou atônita. Uma hora ela não agradava, depois passou a agradar e, agora, novamente tudo voltou à estaca zero. O que ela estava fazendo de errado? 

– Puxa Hinata. Vejo que vocês brigaram. O que aconteceu para a Sakura ter lhe tratado desse jeito? Ela que costuma ser tão meiga, não é Kin? – Karin, oportunista como sempre, se aproveitou da situação para ter lucro na história. 

– É verdade. Você deve ter feito algo muito errado para chateá-la a tal ponto. Ou também pode ser ela quem esteja errada, não é? – ela completou, atuando como uma estrela de Hollywood.

– Eu não sei se fiz algo de errado. – Hinata estava confusa. Ela apenas queria se tornar uma amiga e tudo o que conseguia era o contrário. Sua cabeça estava um turbilhão de emoções.

– Venha com a gente, nós podemos conversar com você e a ajudar. Quem sabe não adivinhamos o problema e vocês voltam a ser amigas? – Karin disse convidativa, sorrindo falsamente. Hinata estava fragilizada, como precisava muito de apoio, acompanhou as duas, como elas queriam que fizesse. 

(...)

Como eu já não presto atenção direito nas aulas, foi ainda mais fácil eu não me interessar por elas. Cruzei meus braços sobre a mesa e as esperei passar como irritantes e lerdas tartarugas, pouco me importando para a barulheira e para todas as vezes que os professores mandavam a turma se calar. 

– Sakura, o sinal tocou. Você não ouviu? – Sasuke me cutucou, me recordando que era hora da saída. 

– Não, eu não ouvi. – respondi secamente. 

– O que você tem? – ele me perguntou.

– Nada. Eu estou ótima. – frizei o ótima, como sempre faço quando estou furiosa. É involuntário. – Agora não me enche. – pontuei.

Sabe, eu posso não gostar de matemática, mas uma coisa é bem óbvia e eu não precisei me esforçar para concluir: Sayuri x Hiashi = caos.  (...)

– O primeiro dia de aula que vocês tiveram juntas não me pareceu muito bom. – mamãe disse, sentando-se na borda da cama, onde eu estava deitada, virada para cima. – Falei com Hinata e ela me pareceu abatida. O que aconteceu? – mamãe me perguntou, entrando no quarto. Vendo que eu não me pronunciei, ela continuou. – Vocês estavam se dando tão bem hoje de manhã... – eu a cortei.

– Isso foi de manhã, quando eu pensei que ela fosse uma nova amiga. Mas ela é apenas um novo problema. – disse sem encará-la. – Eu queria morar no apartamento do papai. Lá eu não iria precisar aturar essa droga de vida. Tudo seria diferente. 

– Seria inútil você ir para a casa do seu pai, quando a intenção de Hinata morar aqui é de vocês se entrosarem. – mamãe me interrompeu.

– Você não está se esforçando, Sakura. Sem falar que está sendo uma mal agradecida com tudo o que eu já fiz por você.

– E quem disse que eu queria tentar me entender com ela? Em algum momento você me deu opções? Não. Em nenhum momento me perguntaram se eu queria morar com ela. Você simplesmente a trouxe para cá. Eu não quero morar com a senhorita mimada, mãe. Não quero. – disse irritada, dando ênfase nas duas últimas frases. 

– Você é quem está agindo feito uma mimada e não foi assim que eu te criei Sakura. – ela me repreendeu. – Já parou para pensar que ela está apenas tentando ser sua amiga? Você já cogitou essa hipótese? Não. Você nem sequer se deu ao trabalho de tentar.

– Ah, então agora você está do lado dela? Bom saber.  

– Não Haruno Sakura. E trate de aceitar a estadia de Hinata porque ela pode vir a se tornar sua irmã! – pontuou, deixando o quarto. 


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