Harry Potter E O Toque Da Morte escrita por RTafuri


Capítulo 32
HOGWARTS X BEAUXBATONS


Notas iniciais do capítulo

Eu havia levado muito tempo para chegar às partidas da Copa. Escrevendo esse capítulo eu percebi que não era tão fã de Quadribol assim. Mas eu tinha uma ideia de encontrar um meio termo.



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Hermione recebeu uma chuva de cartas anônimas no café de Domingo. O pior não eram as embalagens roxas aparentemente vazias, mas que Harry, Rony e Hermione tinham certeza de que havia todo o tipo de azaração dentro. O pior eram os infinitos berradores de garotas histéricas que encheram o Salão de Jantar com suas vozes. Eles eram tantos que ninguém conseguia entender uma única palavra sequer. O último deles terminou com um grito absurdo. Hermione também recebia cartas, numa delas estava escrito:

o inFERno é lugAR De gEntE coMO voCÊ! vÁ pARa o iNFerNo arDER MaiS Do qUe Já aRDe, tRoUXa!

Esta era a vez de Hermione sentir vontade de cair no choro. Harry apenas dizia: “Não ligue. Logo passa. Já passamos por coisas piores do que isso”. 

Mas Harry olhou esperançoso para o teto, não vira nenhuma pista de Edwiges. Sabia que ela demoraria a voltar. Às vezes se esquecia que estava na França.

— Querem assistir ao treino de Quadribol? — Perguntou Harry para Rony e Hermione.

— Pode ser — respondeu a garota. Rony concordou com a cabeça. — Vamos.

Em vinte minutos, Harry e todo o time de Hogwarts estavam no ar treinando nos últimos dias antes da partida.

Rony e Hermione estavam sentados na arquibancada.

Para dar um apoio moral a Harry e principalmente para levantar o humor de Hermione, Rony vibrava com o treino como se vibrasse com o jogo verdadeiro. O que não demoraria muito.

Harry estava impressionado. A última semana voara. Ele foi se deitar à noite de Domingo e quando deu por si, estava acordando na manhã de Sábado, 31 de Janeiro. No dia do jogo.

Harry acordou muito cedo. O dia mal começara a clarear. Mas, em pouquíssimo tempo, ele já estava com o uniforme de Quadribol de Hogwarts que ele recebera na véspera.

Dourado e azul, com listras pretas e pratas, por mais incrível que possa parecer, o uniforme ficou muito bonito. No de Harry, atrás, escrito de vermelho, estava POTTER em cima e o número 07 embaixo.

Logo que o dia clareou, Harry foi até o Saguão Central. Ele dissera ao time para que todos fossem juntos tomar café. E deveriam esperar uns aos outros, de uniforme no Saguão Central, pois a partida seria apenas às onze horas da manhã.

Em quase uma hora, todos os catorze jogadores estavam reunidos no lugar que Harry marcara. Subiram os cinco lances de escada que levariam ao Salão de Jantar juntos.

Foram extremamente aplaudidos. Os outros alunos os receberam de pé para o café. Pela primeira vez na vida, Harry gostou de tanta atenção. Nada melhor do que a perspectiva de uma partida de Quadribol para animá-lo.

O tempo passava cada vez mais rápido. Logo eram dez e vinte e Dumbledore se levantou e disse:

— Chegou a hora que todos esperavam. Por favor, me sigam. O time à frente.

Dumbledore os levou até o Campo Oficial. Dirigiu-se ao time primeiro:

— Vocês devem entrar aqui.

O diretor apontou para uma porta dupla de madeira, com o brasão de Hogwarts talhado.

— Vocês devem vir comigo — disse ele para os outros alunos.

Quando Harry estava prestes a entrar pela porta que havia se aberto, ele viu Rony e Hermione.

— Boa sorte — disseram os dois em uníssono. Eles estavam animados, nervosos e ansiosos. Assim como Harry. Logo depois de Rony e Hermione, veio Emily. Ele lhe deu um longo beijo e disse baixinho:

— Boa sorte.

— Pra você também — respondeu o garoto, no mesmo volume que Emily falara.

Fechando o grupo, vinham Hagrid e os outros professores. Cada um desejou boa sorte a Harry. A professora Minerva McGonagall parecia extremamente ansiosa e excitada com a situação. Por mais incrível que parecesse, até mesmo Snape.

Harry queria repassar algumas táticas com o time antes, mas suas cordas vocais não funcionavam.

Logo ele ouviu a voz de Pierre Martin falando no campo o nome do time de Beauxbatons e todos aplaudindo. A única coisa que ele conseguiu fazer foi um gesto com a mão indicando para todos irem.

Na saída de Hogwarts para o campo, Harry ouviu a voz de Pierre Martin:

“Então! Vamos dizer boa sorte para os jogadores da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts! Goleiro, Artilheiros, Batedores e Apanhador: Marian! Bruffer! Pritchard! Broomble! Weasley! Weasley! EEEE: POTTER!”

Harry levantou vôo na vassoura e deu uma volta completa no campo. Ele não sabia se era permitido dar esta tal volta, mas precisava extravasar um pouco. Parecia ouvir a canção das veela. Não havia mais preocupações na sua cabeça. Tudo era lindo. Tudo era fácil. Pierre continuou a falar:

— E aí vem o juiz de Durmstrang: Vlant Dymtrow!

Pela entrada de Durmstrang saiu um bruxo com cara de poucos amigos e com um bigode, montado numa vassoura. Ele carregava o baú com as bolas. O Placar já brilhava.

Hogwarts: 0

X

Beauxbatons: 0

— Façam um jogo limpo — disse o juiz Dymtrow. Sua voz era incrivelmente engraçada. Era um pouco grave, um pouco arranhada e arrastada. Harry riu. Mas não sabia se era da voz do juiz ou do nervoso que ainda insistia em tomar conta dele. — Nenhuma falta me escapa.

— É! E É POR ISSO QUE O JUIZ DYMTROW É CHAMADO PELA LIGA DE HOMEM ÁGUIA! — Exclamou Pierre animado — AS BOLAS ESTÃO EM JOGO! ASSIM COMO OS JOGADORES!

Hogwarts não se saía como Harry esperava. Não demorou muito e Beauxbatons já havia aberto uma diferença de trinta pontos. Harry estava furioso. Com o time que vacilava e consigo, que ainda não havia visto o pomo. Pelo menos, o apanhador de Beauxbatons também não vira a bola.

Quando Beauxbatons fez o quarto gol, Harry passou, já quase explodindo de raiva, por Emily e gritou:

— FICOU LOUCA, É? ESQUECEU QUE DEVE SEGURAR A BOLA? FICOU BURRA DO NADA, FOI?

Harry gritou tanto que a multidão parou, mas ele não percebeu. Também não percebeu que até Pierre parara de irradiar o jogo. Não percebeu que ninguém no campo se atrevia a voar um centímetro, observando Harry. Quando terminou de gritar, Harry, com o rosto queimando de raiva, acelerou na sua Firebolt Segunda Geração para cima, tão para o alto que o campo virara apenas um pequeno borrão. Também foi sem reparar que todo o jogo voltara ao normal e que Pierre falava:

— E PARECE QUE O CAPITÃO DE HOGWARTS PERDEU A CABEÇA. O SERÁ QUE ACONTECEU COM O SR. POTTER?

Aparentemente Emily entendera a raiva de Harry. Pelo menos, começou a agarrar melhor. Talvez inspirados, mas com muito mais chances de estarem com medo de Harry, os artilheiros começaram a atacar mais. Num grande vacilo do goleiro de Beauxbatons, Hogwarts elevara o placar para oitenta a setenta para eles.

Até agora, já passados os primeiros quarenta minutos da partida, ninguém tivera o menor sinal do pomo. Harry percebeu que luzes douradas emanavam da base da arquibancada. Resolveu então, ver se o pomo se camuflara ali. Mas não. A única coisa que ele conseguira fazer foi induzir ao apanhador de Beauxbatons ir atrás dele.

Harry já havia notado. Ele não conseguia sair do lugar sem que o apanhador de Beauxbatons fosse atrás dele. Talvez isso fosse uma ordem do capitão do time, ou uma resolução do próprio jogador, depois da vergonhosa derrota para Krum no mês anterior. A única coisa que Harry sabia era que só com um milagre ele agarraria o pomo. Pensando nisso, quando Hogwarts perdia por vinte pontos, quando Beauxbatons já estava com cento e trinta, com quase uma hora e meia de jogo, Harry pediu tempo.

— Fred! Jorge! Eu preciso da ajuda de vocês — disse Harry rápido. Ele não percebera que Emily não olhava para ele, mas sim para os próprios pés ou para o cabo da vassoura. — Dêem um jeito naquele apanhador. Ele tá na minha cola e não sai nem na base do tapa.

— Pode deixar Harry — disse Fred concordando com a cabeça.

— Ele vai sair — disse Jorge levantando o bastão.
— Mas não vai ser na base do tapa — disse Fred.

— Vai ser na base… — disse Jorge.

— Do Balaço — disseram Fred e Jorge juntos, batendo um bastão com o outro.

— Ótimo! — Exclamou Harry sorrindo abertamente. — Frank, Grão e Ziffley — disse Harry se virando para os artilheiros. — Vamos atacar com um pouco mais de vontade aí. Queremos ganhar esse jogo. Precisamos de vocês. Emily — a garota nem assim olhou para ele, mas ele não se importou —, mais força nessas mãos. Estamos todos entendidos? Isso! Vamos lá!

As coisas que Harry disse motivaram muito o time. Fred e Jorge tentavam incansavelmente derrubar Kleinbaum, mas sempre tinha um batedor por perto para salvar o apanhador. Emily finalmente entendera o que Harry queria. Os artilheiros também melhoraram muito o jogo.

Decorridas duas horas de jogo, Hogwarts virara novamente o placar. Agora eles estavam com uma diferença de vinte pontos sobre os mesmos cento e trinta de Beauxbatons.

Então, finalmente, Fred e Jorge conseguiram derrubar Kleinbaum. Enganando os dois batedores de Beauxbatons, Fred jogou o Balaço com toda a força em Jorge, que não pensou duas vezes. Vendo que os batedores de Beauxbatons foram para cima dele, jogou o Balaço para trás. Mais rápido ainda que a própria bola, Fred a alcançou, devolvendo-a para Jorge, que estava a pouco mais de um metro de Kleinbaum. Jorge já estava com o bastão preparado e o atirou com toda a força em cima de Kleinbaum. Os batedores de Beauxbatons que ainda não tinham percebido o que acontecera, pois ainda estavam em cima de Fred, não puderam ajudar.

O silêncio foi incrível. Deu até para ouvir o nariz de Kleinbaum sendo quebrado. Sangue escorria pelo seu nariz como se fosse uma torneira aberta.

Kleinbaum tentou permanecer em campo, dizia o tempo todo que não era nada e que estava perfeitamente bem e podia continuar voando. Queria jogar. “Quero ganhar” disse ele. Mas após um exame rápido, feito na vassoura mesmo, os medibruxos de plantão no campo não permitiram. Então ele teve que ser trocado.

Com enorme raiva do time de Hogwarts pelo que havia acontecido ao seu próprio apanhador, os batedores de Beauxbatons descontaram da mesma forma. Antes que alguém pudesse marcar, eles tiraram Emily de campo. A garota quase morreu. O Balaço a acertou em cheio na altura do pescoço.

Em alguns anos, Harry nunca saberia como conseguiu trocar de vassoura com Fred para que ele voasse até Emily a ponto de evitar um pior choque. Foi muito útil, levando em conta datas posteriores. Mas Emily assim mesmo ficou inconsciente e caiu. Cairia feio, se Harry não avançasse até a garota e a segurasse.

Harry levou Emily até o chão e ouviu o apito de Dymtrow.

— FALTA CONTRA BEAUXBATONS POR ATAQUE AO GOLEIRO QUANDO A PEQUENA ÁREA ESTAVA VAZIA. FALTA CONTRA BEAUXBATONS POR ATAQUE FATAL AO ADVERSÁRIO.

Owen Cauldwell substituiu Emily. Quando estavam no ar, Grão Pritchard cobrou a primeira falta. Errou. Zandley Brieck cobrou a segunda e marcou. O placar agora era de cento e sessenta para Hogwarts contra cento e trinta de Beauxbatons.

Mas Owen não aguentou muito a pressão feita pelos artilheiros de Beauxbatons. Logo eles estavam perdendo novamente. A diferença chegava a quarenta pontos agora. Hogwarts não marcara novamente e Beauxbatons estava com duzentos pontos. O jogo havia começado há duas horas e meia.

Hogwarts não se recuperava à medida que o jogo batia às portas da terceira hora de duração. Eles só haviam marcado uma vez mais e Beauxbatons mais duas. Hogwarts perdia por cinquenta pontos de diferença.

Então Harry viu o que procurou tanto desde que entrara em campo. O pomo estava perto da base do aro da direita de Hogwarts. Exatamente do outro lado do campo que Harry estava.

Mas o novo apanhador de Beauxbatons também vira o pomo e a disputa ficava cada vez mais emocionante. Harry voava mais rápido que o apanhador adversário e o pomo de ouro, por sua vez, voava mais rápido do que Harry. Cada escola teve tempo o suficiente para marcar três vezes, levando o placar para duzentos para Hogwarts que perdia para os duzentos e cinquenta de Beauxbatons.

Mas conforme Harry se aproximava do pomo, o apanhador de Beauxbatons se aproximava de Harry. Para quem visse de fora e não compartilhasse da excitação do momento, isto poderia ser até engraçado. Mas para quem estava naquele campo, era uma agonia interminável. Por um momento, os dois se emparelharam a vinte centímetros do pomo. Mas nenhum o apanhou. Ao invés disso, ficaram batendo um no outro para ter o próprio caminho livre para a vitória. Então Harry se irritou e resolveu mostrar mais uma vez o valor que a vassoura dele tinha em campo.

Já raspando o chão de tão baixo que estavam, Harry deixou o apanhador de Beauxbatons comendo poeira. Esticou o braço e agarrou a bola.

A emoção dentro de Harry foi tão grande que ele subiu na vassoura. Subiu mais do que já subira. Não mais via o campo. O ar era rarefeito e ele enfrentava sérios problemas para respirar. Desceu fazendo círculos. Parecia até um tornado.

Chegando ao campo novamente, ele não conseguia parar de sorrir. Ganhara a primeira partida dele na Copa. Ganhara a primeira partida de tal magnitude para ele. Olhou para o placar para ter extrema certeza de que ganhara.

Hogwarts: 350

X

Beauxbatons: 250

Então era realmente verdade. Ele ganhara. Realmente ganhara. Todos reconheciam isso. Voou rapidamente para dentro do vestiário de Hogwarts ao encontro de Rony e Hermione.

— Uau, Harry! Que jogo! Que jogo! QUE JOGO! Você foi insuperável — Rony não parava de gritar. Hermione não sabia se sorria ou se chorava. Harry sentiu um tranco no pescoço. Todos os jogadores haviam voado até ele para abraçá-lo.

A gritaria era geral em todo o lado em que Hogwarts estava sentada. Todos os alunos vibravam, tanto no camarote quanto na arquibancada. Harry em momento algum conseguia parar de sorrir.

— Vamos! Festa no andar da Grifinória — disse Rony para Harry quando conseguira parar de gritar.

— Espera um pouco — disse o garoto —, vou tomar um banho.

*        *        *

Uns quarenta minutos depois, Harry estava seco, limpo e com o uniforme de Hogwarts em frente ao retrato da Mulher Gorda — que havia sido levado para ali desde que os alunos se mudaram para o trem.

— Senha — perguntou a mulher Gorda à Harry. Ele não sabia a senha, não dormia ali.

— Ah, eu não sei — respondeu Harry. — Mas posso lhe garantir que sou aluno da Grifinória.

— Assim como tantos outros antes de você — respondeu ela com ligeira impaciência na voz. — Se quiser entrar, precisa de senha, vá atrás de um monitor.

— Ora vamos, abra! — Exclamou Harry com força. Mas o retrato não se mexeu.

— Harry! — Era Hermione. Ela subia as escadas atrás do garoto. — Aí está você. A senha é Pássaros da Água.

— Muito bem — disse a Mulher Gorda, virando-se para permitir os garotos.

— Como você sabe a senha, Hermione?

— Sou monitora. Esqueceu?

— Ah! É verdade.

Mas Harry não disse muita coisa, ficou boquiaberto quando olhou para frente.

O lugar onde ele estava era uma réplica perfeita da Sala Comunal da Grifinória, que ficava em Hogwarts. Os mesmos quadros, a mesma lareira, as mesmas cadeiras e poltronas estavam dispostos no mesmo lugar que a Torre.

A barulheira era absolutamente incrível. Os alunos que já estavam lá dentro faziam um verdadeiro estardalhaço.

Todos receberam Harry com aplausos. Ele sorria sem parar. Um banner feito por Dino Thomas, que sempre teve jeito para desenhar, ilustrava uma enorme taça. Quando Harry leu a placa presa à base, estava escrito: Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, Campeã da Copa Escolar de Quadribol. Mais do que uma esperança, aquilo era uma ansiedade para Harry.

A comida era excelente. Fred e Jorge toda hora iam até a cozinha para pegar mais alguma coisa.

A todo instante, algum aluno aparecia no canto em que Harry, Rony e Hermione conversavam para desejar parabéns e boa sorte a Harry.

Quando Hermione foi abraçada por Rony, Harry sentiu uma ponta de saudades misturada com preocupação de Emily. Por isso, perguntou onde a garota estava. Hermione respirou fundo e respondeu com cuidado:

— Acho que ela não quis vir. Já está bem melhor. Os medibruxos a curaram na hora, ela poderia voltar ao jogo, mas preferiu ir se deitar. Acho bom você ir falar com ela, Harry. Até agora, seus problemas já são grandes demais.

Harry não entendeu, mas foi até o quarto de Emily.

A porta estava entreaberta. Harry bateu, não houve resposta. Abriu a porta e entrou.

— Oi. Emily.

A garota estava sozinha no quarto, sentada na cama sobre os travesseiros, os braços abraçando as pernas e a cabeça abaixada. Harry puxou uma cadeira e se sentou ao lado de sua namorada. Ouviu que ela chorava. Colocou a mão nos cabelos dela e disse:

— O quê foi? Não está feliz?

Isso não ajudou muito. Ela chorou um pouco mais forte. Mas ainda não olhava para ele.

— Vamos. Fale comigo. O quê aconteceu?

Emily levantou o rosto. Estava bastante inchado. Aparentemente, ela estava chorando desde que saiu do campo de Quadribol.

A garota, ainda chorando, levantou-se, pegou sobre a sua mesa um onióculo e o entregou a Harry. Ainda sem dizer uma única palavra.

O garoto o colocou nos olhos, então viu uma cena horrível. Viu a si mesmo gritando com Emily logo no começo no jogo. Harry tirou o objeto do rosto e descobriu que não sabia o que dizer, não sabia o que sentir. E o pior: não sabia como pedir desculpas. Então, respirou fundo e disse:

— Você tem razão por estar assim. Eu não a culpo. Na verdade, eu me culpo. Se fosse você, estaria da mesma forma ou pior. Bom, eu peço desculpas, peço também que entenda que tudo o que eu mais quero desde que vim para cá é ganhar a taça. Mas, agora, eu estou indo embora. Se precisar de mim, estarei no meu quarto. Bata duas vezes à porta e saberei que é você. Tchau.

Harry se sentia como se alguém tivesse arrancado o chão que ele pisava. Sabia que a culpa de Emily não querer falar com ele, nem olhar nos olhos dele, era somente dele. Aquela dor que tomara conta dele e o fizera até esquecer o jogo que jogara, era somente dele. De mais ninguém. Ele se sentia mal, se sentia péssimo. Queria fazer Emily entender que não fizera por mal, que fora sem querer. Queria estar agora ao lado de Emily. Queria poder abraçá-la, beijá-la. Queria estar somente perto dela. Queria o seu perdão. A sua compreensão. Queria ver o seu sorriso novamente. Queria sentir seus lábios novamente.

Ficou horas no quarto pensando. Então ouviu a porta do quarto se abrir. Por um momento extremamente alucinante, achou que seria Emily. Mas não. Eram apenas Rony e Hermione. Voltando da festa de mãos dadas. Depois de que todos já haviam ido embora e a festa terminara.

Os dois entraram, trocaram as vestes por pijamas e se deitaram sem dizer uma palavra em voz alta. Harry tinha certeza de que era por causa dele.
Ficou várias outras horas pensando até que o sono finalmente o derrotou.


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