Harry cumpriu com afinco sua determinação de treinar Quadribol assim que acordasse. Ele primeiramente fez o time assistir ao jogo da mesma maneira que ele o fizera na noite anterior. Depois, Harry pegou na biblioteca o livro Quadribol Através dos Séculos, que foi muito útil para tirar várias manobras que eles ficaram o dia inteiro treinando. Eles não almoçaram naquele dia, chegaram ao Expresso de Hogwarts quebrados ao anoitecer.

— Amanhã treinaremos novamente — disse Harry à entrada do trem. Várias pessoas que não tinham o menor espírito para treinar, olharam seriamente para Harry e disseram “O.K.”.

Harry entrou no quarto para tirar as vestes de Quadribol e encontrou Rony dormindo. Foi devagar até seu armário e lá dentro se trocou. Saiu de lá e Rony ainda dormia. Faminto, foi até o Salão de Jantar e lá encontrou Hermione, Emily, Gina e Angelina Johnson conversando animadas. Quando Harry passou por elas para se sentar com Fred, Jorge e Olívio que o haviam chamado, ele ouviu claramente a palavra “mascotes”. Quando Harry se sentou, isso foi a primeira coisa que ele comentou.

— Mascote? Durmstrang e Beauxbatons não levaram mascotes para a partida.

— Não — respondeu Olívio. — Mas as escolas que disputarão a final poderão levar.

— E elas estão há um bom tempo pensando em qual seria um bom mascote para o time de Hogwarts — disse Fred bufando ligeiramente.

— Mas pelo menos fazem alguma idéia? —Perguntou Harry. Pela cara de Jorge, a resposta era não. Harry riu e Olívio disse:

— Ótimo treino, Harry. Deixou-me orgulhoso.

— Tive quem me ensinasse — respondeu Harry. Wood ficou vermelho.

*        *        *

Todos os alunos retornariam às aulas no dia quatro de janeiro, a primeira segunda-feira do ano.

A primeira aula era de Defesa Contra as Artes das Trevas. O Prof. Davi ainda não havia voltado do Hospital St. Mungus para Doenças e Acidentes Mágicos e o Prof. Dumbledore disse a todos no café de Domingo que ele tivera uma reação estranha a um dos medicamentos e que não estaria de volta antes da páscoa. Enquanto isso, o Prof. Lupin se dispusera a lecionar a matéria. O que deixou a maioria dos alunos muito satisfeitos. Principalmente os da Grifinória.

No café da manhã de segunda, Harry checava todos os seus deveres de casa. Ficou orgulhoso consigo mesmo ao ver que não esquecera nenhum.

Mas Harry não mais se sentia bem na hora do almoço. Além de uma hora na sala de Lupin, Harry foi mordido por um filhote de Barriga-de-ferro Ucraniano na aula de Trato das Criaturas Mágicas, hoje dada por Carlinhos Weasley. Ele foi correndo para a enfermaria, de onde saiu com uma gaze roxa e mal cheirosa na mão e quinze minutos atrasado para a terceira aula que, infelizmente, era do Prof. Snape, que descontou um ponto por cada minuto que Harry se atrasou.

Harry viu que Rony iria xingar Snape de alguma coisa, mas não estava disposto a perder mais pontos, então chutou com força a canela do amigo e o fez calar a boca. Porém, outro chute foi necessário, desta vez, dado por Hermione, para impedir que Rony reclamasse com Harry pelo primeiro chute. Quando ele se virou para Hermione para reclamar sobre o chute dado pela garota, o olhar dela foi mais do que suficiente. Rony se virou para frente e continuou fazendo sua poção.

O resto do dia não foi muito agradável para Harry. Depois da aula da professora McGonagall, do Prof. Flitwick e duas aulas sacais do Prof. Binns, Harry foi até a Ala Hospitalar para tirar o curativo da mão e para descobrir que não poderia fazer muito esforço com a mão por três dias. O que significava que ele teria de parar a maré de excelentes treinos com o time de Hogwarts. Furioso consigo mesmo, Harry foi para o seu quarto se deitar sem nem ao menos jantar.

O humor de Harry só melhorou na sexta-feira, quando ele pôde, finalmente, voltar a treinar. Parecia que ele queria descontar num único treino os quatro que havia perdido.

Saiu do campo de Beauxbatons quase meia-noite, com as pernas bambas e a promessa de treinar mais no fim de semana. Faltavam agora vinte e dois dias para a primeira partida de Harry na Copa.

Os outros treze jogadores estavam tão cansados quanto Harry, mas o humor do garoto era tão ruim que nenhum deles ousava falar nada. Inspiravam-se na determinação dele de ganhar a Copa e continuavam a treinar até que Harry os mandasse parar. O que não acontecia com muita frequência.

Harry foi até a cozinha do trem e surrupiou alguma comida. Cansado e com sono, vinte minutos depois estava adormecido em sua cama.

*        *        *

Harry estava a ponto de fazer uma teoria sobre o tempo. Era incrível como ele corria quando o garoto queria que ele se prolongasse o máximo possível. Faltavam agora oito dias para o primeiro jogo de Hogwarts. À noite, no dormitório, depois de quase duas horas conversando com Rony e Hermione sobre como deveria ser o jogo, Harry comentou sobre sua enorme e inesperada ansiedade. Era estranho, ele ainda não havia sentido isso. Começou a tomar conta dele quando ele saiu do treino. Hermione riu e respondeu:

— Você só está ficando nervoso. É normal. Não é só uma partida contra uma das casas de Hogwarts. É um jogo contra Beauxbatons. E eu sei que você está pensando que Durmstrang ganhou por sorte e que o time de Beauxbatons é muito bom. O que não deixa de ser verdade — Hermione fez este último comentário com um misto de receio e desapontamento na voz. — Mas eu vi você treinando com o nosso time. E vocês são tão bons quanto eles. Só precisam ser confiantes — Harry tinha certeza de que Hermione dissera isso particularmente no caso dele. Harry percebeu que começara a balançar as pernas de puro nervosismo.

Mas algo distraiu completamente o nervosismo de Harry na manhã do Sábado que antecedeu o da partida dele.

O garoto acordou cedo e foi logo tomar café. Demorou-se pelo Salão de Jantar, pois ficou conversando com o grupo de Fred e Jorge à mesa da Grifinória. Percebeu, porém, dois fatos estranhos.

Primeiro, Rony e Hermione não apareceram para o café. Embora os dois já estivessem acordados quando Harry saiu do dormitório.

Segundo, Harry não gostou de ver tantos alunos da Sonserina rindo com o Profeta Diário nas mãos. Quando isso realmente começou a incomodá-lo, ele resolveu ir para o seu dormitório. Hermione ainda era assinante do jornal.

Foi então que Harry teve o primeiro choque.

Ao entrar no seu quarto, Harry viu Hermione sentada de costas para a porta. Harry ouvia o seu choro antes de entrar no quarto. Rony estava sentado numa cadeira ao lado dela e a consolava. Harry perguntou o que acontecera e Rony lhe entregou o exemplar do Profeta Diário. Se lembrando do comportamento dos alunos da Sonserina, Harry não tinha certeza se desejava realmente ler aquele jornal. Harry então tomou o segundo choque naquela manhã. Na parte de cima da capa, sobre uma reportagem de aspecto alarmante, estava uma foto de Hermione e Vítor Krum. Harry viu que Krum não usava nada além de calções de banho. Mesmo depois de olhar a paisagem de um picadeiro com um lago no meio, Harry perdeu algum tempo para se lembrar que aquela foto fora tirada no dia da Segunda Tarefa do Torneio Tribruxo, há quase dois anos. Mas de uma coisa Harry tinha certeza: esse não era o propósito dessa foto. Logo esta onde Krum estava somente com roupas de banho. Essa certeza absurda se confirmou quando ele leu a reportagem.

quem é esta trouxa atirada???

A incrível repórter do Profeta Diário, Rita Skeeter, que está de volta melhor do que nunca com sua pena, informa a todos os pobres leitores que mais uma reputação vazia será furada.

Hermione Joana Granger, 17 anos, aluna da sexta série da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, orgulha-se de ser uma amiga muito íntima de Harry Potter, seu colega de classe.
Mas será que o nosso herói Potter está feliz com esta amiga?

Em pouco tempo de procura, nossa admirável repórter descobriu que esta trouxa Granger nunca sequer teve uma boa reputação. Desde que chegou a Hogwarts, a Srta. Granger não sabe o que é a companhia de amigas. Só andava no meio de homens. E sempre procurava os mais famosos. Tal fato pode ser comprovado olhando a foto acima, onde ela está acompanhada pelo Sr. Vítor Krum, famoso apanhador búlgaro, que não se vestia muito decentemente.

Vários alunos são testemunhas do comportamento mais do que inadequado desta garota.

“Sempre tivemos que proteger nossos namorados” disse a linda aluna Pansy Parkinson à nossa repórter. “Se a Granger está por perto, não há mulher que consiga continuar namorando. Ela rouba todos os garotos de Hogwarts. Agora, que estamos em Beauxbatons, já a vi duas vezes se agarrando com alunos da escola. E várias vezes para cima e para baixo novamente com Vítor Krum, que também é hóspede de Beauxbatons.”

“Ela não descansa” disse outra graciosa estudante, Emília Bulstrode. “Se está com um garoto agora, daqui a cinco minutos nem se lembra mais dele e já está com um segundo namorado”.

Soubemos recentemente que Granger perdeu um ótimo partido para uma aluna chamada Emily Grace Marian. Esta é a namorada do menino que sobreviveu. Mas, sem querer desistir assim tão fácil, ela atacou o melhor amigo de Potter, Ronald Weasley. Mas sabemos que é apenas uma fachada para que ela tente se aproximar mais de Harry Potter. Só resta agora saber se o garoto deseja ser apenas mais um na infinita lista de Granger.

Há dois anos, a excelente atriz que é, Hermione Granger fez com que todos acreditassem que era completamente apaixonada pelo Sr. Potter, assim como nos dissera um também íntimo amigo de Potter, Colin Creevey.

Não podemos deixar de assumir o fato de que a Srta. Granger realmente é uma garota bonita (não seria para menos. Como ela conseguiria tantos namorados assim, afinal?), embora alguém deveria contar a ela que Hogwarts é um lugar de respeito e moral. Nunca na história da escola uma aluna teve tal vergonhoso comportamento.

Por serem trouxas, seus pais não devem saber como funciona o regime da escola, portanto não teriam como dar educação mínima à filha. Como disse Draco Malfoy em entrevista: “Talvez eles (os trouxas) não tenham tal educação para saber o que é moral. Mas tenho certeza de que alguém em Hogwarts deve saber e com certeza queira ensinar a Granger”.

A nossa repórter se pergunta onde está Alvo Dumbledore nestas horas. Será que o novo cargo de Ministro da Magia lhe subiu à cabeça e ele deixa agora tudo passar? Mesmo que esta resposta fosse positiva, e os outros cinco anos? Será que o comportamento mais obsoleto do que sua própria idade o levou à loucura e ele nada mais vê?

“Infelizmente” disse Draco Malfoy. “Só podemos lamentar o estado lastimável em que se encontra nossa querida Hogwarts. Que antes era gloriosa, agora está entregue às moscas e às pessoas com comportamentos como o desta Hermione Granger”.

A linda e extremamente recatada repórter, Rita Skeeter, faz suas as sábias palavras do jovem Malfoy.

Toda a ansiedade de Harry foi imediatamente trocada por uma onda de fúria sem igual. Por um longo momento, ele quis matar Rita Skeeter em defesa de Hermione. Precisou de um bom tempo, no qual ficava olhando para o nome de Rita escrito no jornal e então se lembrou de que há quase um ano, no dia catorze de Fevereiro, quando Harry se encontrou com Hermione e Rita no Três Vassouras, a repórter ameaçou Hermione de que iria escrever barbaridades sobre a garota uma vez que o período em que Skeeter estava sob trato com Hermione acabasse. Harry até achou que Rita demorara muito. Estava livre para escrever o que quisesse desde junho. Seus pensamentos foram trazidos de volta quando ouviu Rony dizer, do lado dele.

— Ela já sabia que isso iria acabar acontecendo.

— É verdade, Hermione — disse Harry. — E, mesmo assim, você sempre disse que ela poderia escrever o que quisesse. Seus pais não lêem o Profeta Diário, são trouxas.

Mas o efeito destas palavras não ajudou muita coisa. Na verdade, piorou tudo. Hermione começou a chorar mais ainda. Rony se esticou até a cama de Hermione e apanhou uma carta. Nela estava escrito:

Hermione,

Nunca achamos que sentiríamos um dia vergonha de você. Mas hoje, quando recebemos uma cópia do seu jornal, O Profeta Diário, devemos admitir que já passamos há muito da vergonha.
Isso é uma profunda decepção e desilusão. Sempre achamos que nossa filha estudava, mas não. Ela não passa de uma…

Seus pais.

Harry agora levou o terceiro choque. O pior de todos eles até agora. Ele próprio se sentira arrasado. Precisava tomar uma atitude. Com urgência. Sentou-se na sua cama, apanhou sua pena, o tinteiro e um rolo de pergaminho e começou a escrever muito rápido.

Sr. e Sra. Granger,

Meu nome é Harry Potter. Aluno da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Venho por meio desta informa-lhes de que Rita Skeeter é uma repórter conhecida no mundo da magia por levantar calúnias extremas sobre qualquer pessoa que passe pelo seu caminho.

A foto publicada no Profeta Diário foi tirada durante o Torneio Tribruxo, logo após uma tarefa onde eu, o Sr. Vítor Krum e outros dois alunos passamos uma hora no fundo do lago que se encontra nos terrenos da nossa escola, o que justifica a roupa de banho do Sr. Krum.

Eu e meu amigo, Rony Weasley somos amigos de Hermione desde a primeira série. Posso lhe garantir que Hermione nunca namorou ninguém na escola. A não ser meu amigo Rony. Namoro este que dura pouco mais de um mês.

Posso lhe garantir também que o sentimento entre 0s dois é bem grande para permitir que sua filha pense em qualquer outro garoto.

Os alunos Pansy Parkinson, Emília Bulstrode e Draco Malfoy fazem parte da Casa Sonserina. E vêem como diversão humilhar e aborrecer os alunos da Grifinória, casa onde eu e sua filha estudamos.

O Torneio Tribruxo nos tornou — os três — realmente amigos de Vítor Krum. Mas posso lhe garantir que Hermione nunca se interessara por ele.

Mas o principal motivo desta carta é mostrar como estou profundamente triste com os dois. Sempre achei que confiariam na filha que têm antes de acreditar em qualquer repórter.

Peço também que tenham sempre orgulho pela melhor aluna dos últimos cinco anos em Hogwarts e monitora exemplar: Hermione Granger.

Sinceramente,

Harry Potter.

Harry escreveu tudo isso muito rápido. Quando terminou, releu. Achou que os dois últimos parágrafos foram grosseiros, mas não se importava.

Mostrou a carta a Hermione. Ela a leu, chorou mais ainda, levantou e abraçou Harry, agradecendo-o.

— Então — disse Harry abrindo um enorme sorriso para reanimar sua amiga. Ele nunca a vira tão decepcionada antes. Nem no primeiro ano, quando ele e Rony não falavam com ela e, por culpa de Rony, a garota ficara o dia inteiro trancada no banheiro chorando. — Vamos lavar esse rosto e ir ao corujal comigo para mandar Edwiges aos seus pais?

Hermione sorriu de leve e foi para o banheiro. Saiu de lá com a cara toda inchada e um sorriso amarelo no rosto. Harry decidiu que durante toda aquela semana, seus dois maiores objetivos seriam animar Hermione e treinar Quadribol como nunca.

— Não volte sem uma resposta — disse Harry à Edwiges enquanto o garoto amarrava a sua carta nas pernas da coruja. — Boa viagem.

Harry soltou a coruja e esta saiu voando pela janela em direção ao norte.

— Obrigado, Harry — disse Hermione deixando uma única lágrima cair pelo lado esquerdo do rosto. — Eu não esperava que você tomasse uma atitude como essa.

— Eu que não esperava uma atitude como a dos seus pais — disse Harry um pouco ríspido. — Francamente! Acreditar no que diz Rita Skeeter. Mas eu acho que me lembro muito bem o que aconteceu na última vez que ela escreveu sobre você.

Hermione olhou para os dedos das mãos e Harry compreendeu que ela realmente lembrava.

— Pus de Bubotúberas — disse a garota num tom um pouco infeliz.

— É bom você se preparar — disse Harry. — Aposto o quanto você quiser que vai receber correspondências muito piores do que Pus de Bubotúberas.