Harry Potter E O Toque Da Morte escrita por RTafuri


Capítulo 27
MARIE CLAIRE LAPAIX


Notas iniciais do capítulo

Em termos de escrita, este é o meu capítulo favorito. Passei semanas com ele claramente na cabeça, ansioso para escrever logo. Sentei à mesa da sala e meus dedos voaram pelo teclado. Em meia hora o capítulo estava todo escrito.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/170904/chapter/27

Harry entrou no ônibus atrás de Davi e na frente de Dumbledore. Os quatro se sentaram logo atrás de Lalau e Ernesto.

— Se você fizer qualquer parada antes da nossa — disse Lapaix apontando seus longos dedos para Lalau —, eu vou fazer com que os dois apodreçam em Azkaban.

— Eu esqueci de dizer — disse Harry virando para Davi. — Obrigado.

— Pelo quê? — Perguntou Davi.

— Andrei teria matado a mim e a Rony — respondeu Harry.

— A situação já está ruim demais para vocês com a boca fechada — disse Lapaix. Quanto mais ela gritava, mais sua voz aguda ficava.

O Nôitibus fez um alto bang e eles estavam numa rua com altos prédios e um arranha-céu no fim. Eles pararam em frente a um prédio onde não havia indicações de lugar.

— Desçam! AGORA! ESTÃO DEMORANDO MUITO! — Lapaix ficava cada vez mais histérica.

Quando os quatro foram levados à entrada do prédio, uma voz masculina e rouca, que saía de algum lugar invisível a Harry, disse:

— Ministério da Magia. Favor dizer nome e propósito.

— Um dia eu acabo com essa gravação — disse Lapaix. — Marie Claire Lapaix, Ministra da Magia, traz Alvo Dumbledore, Ministro da Magia da Inglaterra, Harry Potter e…

— Davi Donlon — disse Davi.

— Davi Dondon — disse Lapaix para a voz. — Para inquérito sobre Desobediência Às Leis Mágicas.

Harry tinha certeza de que Dumbledore se divertia com tudo isso.

— Visitantes, por favor, peguem o crachá de identificação e levem suas varinhas para registro. Ministro visitante, sua identificação se faz desnecessária. Tenham uma boa tarde — disse a voz. Por um buraco onde seria o interfone num prédio trouxa, saíram dois crachás de metal. Harry apanhou o seu e leu “Harry Potter — Investigação Criminal”, Harry viu que o de Davi trazia seu nome corretamente (ao invés de Davi Dondon, como dissera Lapaix) e também, investigação criminal.

As portas se abriram e revelaram um saguão enorme, com o chão de pedra mármore, paredes de madeira corrida e o teto era um enorme espelho. À esquerda de Harry, umas quinze lareiras, que deviam ser utilizadas com Pó de Flu. À direita, ficavam portões, que eram usados para as pessoas aparatarem. Mais para o fim da parede esquerda, ficavam uns dez elevadores. No centro do saguão havia uma grossa coluna cilíndrica, com fotos dos antigos Ministros franceses.

—Venham comigo — disse Lapaix conduzindo os três para um dos elevadores.

— Acho que Harry e Davi têm que apresentar as suas varinhas para registro.

Lapaix bufou.

— Vão logo! — Disse ela. — Você fica, Dumbledore.

Harry e Davi avançaram pelo saguão até o final dele, onde havia uma mesa e uma cadeira. Um homem esguio com uma camisa de linho branca e calça preta estava sentado. Ele parecia ter uns cento e cinquenta anos a julgar pela face. Sob os olhos, várias bolsas roxas. Ele não possuía bochecha, e os seus lábios eram mais finos do que os da professora McGonagall. Seus olhos eram cinza e infinitos. “Assim como o do Sr. Olivaras” pensou Harry.

— Varinha — disse o homem apontando para Harry. Sua voz era roufenha. Harry entregou a varinha ao homem.

Ele a olhou rapidamente e disse:

— Azevinho e pena de fênix, vinte e oito centímetros. Em uso há mais de cinco anos.

Harry iria concordar com a cabeça, mas mudou de idéia. O homem não estava perguntando, ele estava afirmando.

— Varinha — disse o homem para Davi.

— Salgueiro e cordas de coração de dragão, trinta e dois centímetros. Em uso há mais de onze anos.

Davi também ficou a meio caminho de concordar com a cabeça e, assim como Harry, mudou de idéia.

— Vocês podem ir — disse o homem.

Harry e Davi deram meia volta sem dizer uma palavra e encontraram um Dumbledore ligeiramente risonho e uma Lapaix extremamente irritada. Ela segurava as grades de um dos elevadores. Ela só apontou um dedo para dentro do elevador e isto foi mais do que suficiente.

— Para onde desejam ir? — Perguntou a mesma voz que Harry escutara na entrada.

— Escritório da Ministra — disse Lapaix irritada.

O elevador começou a subir e em três minutos as grades se abriram novamente, revelando uma parede com alguns quadros de flores com uma única porta feita de madeira, no meio. A parede ficava a uns dois metros das grades do elevador.

— Abra! — Disse Lapaix e a porta se abriu. — Entrem logo.

Harry entrou e se viu num grande escritório. No fundo, uma longa bancada com quatro cadeiras atrás. A bancada ficava na frente de uma enorme janela de vidro, que deixava quem sentava de costas para ela. À esquerda, um grande arquivo. À direita, ficava outra porta. Lapaix a abriu e indicou para dentro.

Harry se viu dentro de uma sala vazia. Somente com uma curta mesa com uma cadeira atrás. Sobre a mesa havia uma grande pena branca e um rolo de pergaminho. Embora vazia, a sala era enorme.

Lapaix puxou a varinha do bolso, a agitou e quatro cadeiras de espaldar reto apareceram.

— Sentem-se — disse ela avançando para sua mesa. — Pena! Escrever — A pena se levantou e começou a rabiscar o pergaminho.

— Vocês estão sendo acusados de executarem a Maldição Cruciatus, a Maldição Avada Kedavra e de cumplicidade. Sabendo o que Andrei Denman iria fazer e não tentou impedi-lo. QUAIS SÃO AS SUAS DEFESAS?

— Nós fomos pegos de surpresa — disse Harry — Eu senti o primeiro feitiço que me errou por pouco iria atingir meu amigo, Ronald Weasley…

— Harry reduziu o feitiço corretamente, mas Andrei lançou outro — disse Dumbledore antes que Harry pudesse continuar. — Harry o refletiu, mas Andrei conseguiu escapar. Harry então lançou a Maldição Cruciatus em Andrei. Foi aí que Davi, que saía da Floreios e Borrões, percebeu o que acontecia. Sua reação foi a esperada de qualquer professor de Defesa Contra as Artes das Trevas de Hogwarts. O contra-ataque.

“Davi Donlon executou a Maldição Avada Kedavra com perfeição contra um Comensal da Morte. O que é perfeitamente aceitável, tendo em vista a posição do bruxo atacado”.

— É PERFEITAMENTE POSSÍVEL NA SUA INGLATERRA, DUMBLEDORE! AQUI NÃO! — Lapaix gritava cada vez mais.

— Eu sei — disse Dumbledore calmamente. Era um grande contraste ao tom de Lapaix. — E sei também que você concordou que, durante qualquer evento da Copa Escolar de Quadribol qualquer magia feita pelos alunos de Hogwarts e Durmstrang seria possível.

— MALDIÇÕES IMPERDOÁVEIS NÃO SÃO UNS ACENOS IDIOTAS DE VARINHA, DUMBLEDORE! ELES TORTURARAM E MATARAM UM HOMEM!

— Como já disse — continuou Dumbledore —, eles agiram defensivamente. Eram as vidas deles contra outra.

— NÃO IMPORTA! ELES FIZERAM MALDIÇÕES IMPERDOÁVEIS E É ISSO O QUE IMPORTA. PRA MIM.

— Não fizemos propositadamente… — disse Harry, mas Dumbledore esticou o braço na frente dele, parando-o.

— MAS FIZERAM! E VÃO PAGAR PELOS SEUS ATOS. É ASSIM NO MEU PAÍS. E VOCÊS ESTÃO NO MEU PAÍS!

— É claro que estamos no seu país — continuou Dumbledore com a mesma calma de sempre. — Mas é válido lembrar que não somos simples visitantes.

— São bruxos. Dois responsáveis por si mesmos e você, dumbledore, é responsável por esse garoto.

— Sou responsável por Harry e por qualquer aluno de Hogwarts que eu trouxe.

— CALADO, DUMBLEDORE. EU JÁ OUVI VOCÊ, ESSE GAROTO POTTER, MAS ESSE TAL DE DONDON AINDA ESTÁ CALADO.

— Davi Donlon — disse Davi já começando a se irritar. — O que eu sei é que estava comprando material de referência para as minhas aulas da terceira série na Floreios e Borrões, estava saindo do caixa quando ouvi a segunda Maldição ser lançada. Era Andrei tentando matar Harry. Harry refletiu a Maldição, mas Andrei se jogou para o lado e o feitiço atingiu uma placa, que foi destruída. Eu vi que Andrei levantara a varinha mais uma vez, então, antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, eu lancei a Maldição Avada Kedavra…

— AHÁ! ENTÃO VOCÊ ASSUME O QUE FEZ! MATOU UM HOMEM! VÁ, DEFENDA-SE! SE É QUE VOCÊ VAI CONSEGUIR!

— Lancei, sim, a Maldição em Andrei, mas foi defensivamente…

— DEFENSIVAMENTE OU NÃO, VOCÊ LANÇOU UMA MALDIÇÃO IMPERDOÁVEL CONTRA UM SER HUMANO, E VOCÊS SABEM MUITO BEM QUE ISSO É O SUFICIENTE PARA ENTREGÁ-LO AOS DEMENTADORES.

— Desculpe a intromissão — disse Dumbledore —, mas Azkaban não mais é protegida por Dementadores. Isso foi acertado na última reunião da Conferência Internacional da Suprema Corte Bruxa, onde pessoas com poderes acima do Ministério decidiram retirar os Dementadores da referida prisão, tendo em vista a ligação deles com Voldemort.

— NÃO FALE O NOME DO LORD DAS TREVAS — Lapaix gritava cada vez mais. Harry achou estranho o que Lapaix disse, mas mesmo assim…

— QUE SEJA! O QUE ME INTERESSA É QUE UMA MALDIÇÃO IMPERDOÁVEL É O SUFICIENTE PARA MANDAR QUALQUER BRUXO PARA AZKABAN. E SABEMOS MUITO BEM QUE OS GUARDAS DE LÁ SÃO HOSTIS.

— Mas não creio que Davi tenha que ser mandado para Azkaban — disse Dumbledore. — Afinal eu já apresentei a posição de cada um na situação. E está previsto na lei britânica…

— EXATAMENTE, DUMBLEDORE! — A voz de Lapaix deixava Harry com dor de cabeça. — A LEI BRITÂNICA! NÃO ESTAMOS NA INGLATERRA. VOCÊS COMETERAM UM CRIME EM PARIS! NÃO EM LONDRES! HÃO DE SER JULGADOS PELAS LEIS FRANCESAS!

— Cometeram um crime, sim, na França — disse Dumbledore. Harry se sentia aliviado ao ouvir a voz baixa e calma de Dumbledore. Os gritos de Lapaix ainda latejavam em sua cabeça. — Porém são, os dois, de naturalidade britânica. E hão de ser julgados pelas minhas leis, Ministra.

— Dumbledore, você é surdo? — Perguntou Lapaix. Foi um alívio para Harry ouvi-la falando baixo. — Eu disse que eles cometeram crimes na França.

— Não, Ministra. Não sou surdo — respondeu Dumbledore. Harry podia dizer que o diretor ficava mais sério com as ofensas de Lapaix. — Mas acho que você me compreendeu mal.

— NÃO VENHA ME CHAMAR DE BURRA, DUMBLEDORE. EU NÃO VOU TOLERAR ISSO. NÃO SE ESQUEÇA QUE VOCÊS JÁ ESTÃO COM PROBLEMAS.

— Em momento algum eu disse que me esqueci da nossa situação — disse Dumbledore. Harry e Davi se sentiam assistindo a uma partida de tênis. Olhavam para Lapaix, olhavam para Dumbledore, novamente para Lapaix e para Dumbledore outra vez. Isso deixava Harry tonto. Ele preferiu olhar somente para Lapaix e fixar sua atenção no que os dois diziam e nas rugas que Lapaix fazia ao gritar cada vez mais. — Só quero lhe informar que a lei diz claramente que…

— EU SEI PERFEITAMENTE O QUE A LEI DIZ! SE NÃO SOUBESSE, NÃO CHEGARIA A MINISTRA.

— Longe de mim desmerecê-la, Ministra — disse Dumbledore. — Mas está na cláusula oito do Estatuto de Julgamentos das Infrações Mágicas que o bruxo ou bruxa que for contra as nossas leis deve ser julgado pelas leis do seu país de origem, como disse o Conselho Mundial de Magia em 15 de julho de 1798…

— 1798? AS LEIS BRUXAS JÁ MUDARAM MUITO DESDE 1798. OU SERÁ QUE VOCÊ É TÃO VELHO QUE AINDA VIVE SEGUINDO REGRAS DE UM CONSELHO FEITO HÁ QUASE DUZENTOS ANOS?

— Sei que sou velho, Ministra — Dumbledore continuava calmo, mas Harry já achava que aquilo estava indo longe demais. Harry não achava que Dumbledore iria manter a calma por muito tempo. Se fosse com ele, Harry já teria gritado com Lapaix desde o seu primeiro berro. — Mas a cláusula que eu citei…

— NÃO É POSSÍVEL! SE VOCÊ NÃO É SURDO, NÃO É VELHO, SÓ PODE SER BURRO! SERÁ QUE VOCÊ NÃO ENTENDE? EU VOU TER QUE FALAR COM VOCÊ COMO EU FALO COM UM PIRRALHO?

— Desculpe Ministra. Mas acho que quem não entendeu foi a senhora…

— NÃO ME VENHA CHAMAR DE BURRA NOVAMENTE, DUMBLEDORE. EU JÁ ESTOU PERDENDO A PACIÊNCIA TENDO QUE GRITAR COM VOCÊ! O QUE VOCÊ QUER? VAMOS DEVAGAR ENTÃO! ELES SÃO BRITÂNICOS! TORTURARAM E MATARAM UM HOMEM NA FRANÇA. SE ELES ESTÃO NA FRANÇA, TÊM QUE SER JULGADOS PELAS LEIS FRANCESAS. AS LEIS FRANCESAS AINDA DIZEM QUE QUALQUER BRUXO QUE COMETER UMA MALDIÇÃO IMPERDOÁVEL DEVE IR PARA AZKABAN. POR ISSO — Lapaix apanhou a varinha e fez um aceno circular com ela. — VOU TER QUE CHAMAR OS GUARDAS!

Houveram vários pops seguidos. Para cada um, aparecia um homem todo vestido de preto. Harry, a princípio, achou que era um Dementador. Mas não, eram realmente seres humanos.

Cada um carregava um longo bastão de grosso aço. Numa ponta, algo que lembrava a Harry uma chave de fenda. Do outro, o que também seria uma chave, só que com o formato de porca.

As suas roupas eram largas como as bochechas de um buldogue. Onde deveria estar a cintura, havia dois sacos grandes de pano pendurados onde Harry, a julgar pelo barulho que faziam quando os homens andavam, pensou que só poderiam conter parafusos. Harry fez força para não querer entender para que serviam aqueles parafusos e as chaves.

Os homens usavam algo que lembrava uma boina. Era impossível ver seus olhos. Mas Harry podia ver que todos possuíam queixos quadrados.

No lado esquerdo do peito, todos eles traziam um distintivo verde, onde se lia em cima, em letras vermelhas garrafais, Ministério da Magia e embaixo, em letras azuis finas, Prisão de Azkaban.

No total, Harry viu, eram uns doze homens. Seis avançaram para ele e os outros seis, para Davi.

Harry não sabia exatamente o que eles iriam fazer com ele. Mas tinha uma boa idéia do que era e ela não era nada agradável. Ele imediatamente apanhou a sua varinha, se tocou com ela e gritou:

PROTEGO!

Mas nada aconteceu.

— MAS QUE MENININHO IMBECIL! — Lapaix gritava em alto tom de diversão. Chegava a rir. — VOCÊ NÃO PODE FAZER MAGIA AQUI DENTRO! FIZ ESSA PROTEÇÃO HÁ TRÊS ANOS.

Quatro guardas apanharam Harry. Dois seguravam seu braço esquerdo e os outros dois, seu braço direito.

Outros dois chegaram e abriram um dos sacos que carregavam à cintura. Cada um tirou um enorme parafuso de dentro deles. Harry viu que a ponta se dividia em cinco pequenas lanças. Eles encaixaram os parafusos numa das pontas do bastão e avançaram para a testa de Harry. Eles encostaram o parafuso e começaram a fazer pressão. Harry sentia as pontas perfurando sua pele. Sentia sangue escorrendo pelo seu rosto. Ele não conseguia pensar, só ouviu um grito. Parecia um feitiço. Ele ouvira novamente. Era realmente um feitiço. Estava sendo lançado por Dumbledore. “Para quê?”, pensou Harry, “Eu já tentei”.

EXPELLIARMUS!

Harry nunca ouvira Dumbledore com tanta raiva na voz. Parecia que o diretor usava toda a sua força para impedir os guardas de machucarem Harry.

Mas, ao contrário do feitiço de Harry, o de Dumbledore fizera efeito. Os bastões dos guardas voaram longe e os parafusos saíram da sua testa.

— MARIE CLAIRE LAPAIX! — Dumbledore perdera a calma finalmente. — VOCÊ NÃO TEM O DIREITO DE MACHUCAR UM ALUNO DA ESCOLA DE HOGWARTS! NEM UM PROFESSOR. — Harry olhou para Davi e viu que ele sangrava mais que Harry. Os dois buracos na testa de Davi pareciam muito mais profundos do que os de Harry. Pelo menos Harry estava acordado, Davi estava estirado no chão. Desmaiado ou morto. Harry preferia que Davi estivesse desmaiado.

— LEVEM ESTE HOMEM PARA AZKABAN E O TRATEM DA MANEIRA QUE ACHAREM NECESSÁRIO!

— NÃO VAI! — Harry se sentia irritado com os berros de Lapaix, mas ouvir Dumbledore gritando com ela era algo extremamente reconfortante.

Foi quando algo incrível aconteceu.

Harry ouviu um barulho. Um barulho que ele escutou pela última vez há mais de um ano. Procurou pela origem do som e a achou descendo em círculos pelo escritório de Lapaix.

Era a canção da fênix que dava a Harry a esperança que sempre precisava quando achava que só sobrara a morte para ele.

Fawkes mergulhou e se dirigiu aos guardas que avançavam para Davi. Eles foram obrigados a se afastar. Fawkes prendeu suas garras nas costas das vestes de Davi e Dumbledore disse:

— Leve-o a Madame Pomfrey e volte.

Fawkes desapareceu. E deixou chamas, que logo se extinguiram, no seu lugar.

— O GAROTO! PEGUEM O GAROTO SEUS INCOMPETENTES! MATEM-NO DE UMA VEZ!

PROTEGO!

Dessa vez fora Dumbledore que lançara o feitiço em Harry. Ele sentiu como se alguém tivesse atirado um balde de água gelada na cara dele.
Os guardas avançavam para ele, mas era como se Harry desse choque. Eles tinham que recuar.
Harry se sentia mais fraco. Sentia que continuava a sangrar.

Novas chamas apareceram no meio do ar. Fawkes retornara. Harry ouvia a voz de Dumbledore novamente.

— Dê um jeito nele. Não vai aguentar mito tempo.

Fawkes avançou para Harry e se apoiou no ombro dele.

Harry sentia grossas lágrimas que caíam sobre o primeiro furo e sentira que o sangue do lado esquerdo parara de cair. Ela levantou vôo e pousou no outro ombro de Harry. O garoto sentia as lágrimas de Fawkes no outro furo feito pelos guardas. O sangue ali também estancara.

— MARIE CLAIRE LAPAIX! TENHA CERTEZA QUE O CONSELHO MUNDIAL DE MAGIA VAI SABER DA SUA ATITUDE! EM POUQUÍSSIMO TEMPO — enquanto falava, Dumbledore andava na direção de Harry.

— ISSO SE CONSEGUIR SAIR DAQUI COM VIDA! AVADA KEDAVRA!

Mas Lapaix errara Dumbledore por uns três metros. Fez um enorme buraco numa parede. Dumbledore esticara o braço e Fawkes pousara nele.

— Vamos embora. — disse Dumbledore se virando para Fawkes e segurando Harry no ombro na altura em que Lapaix lançava outra maldição da morte em Dumbledore.

Harry sentiu uma onda quente se apoderar dele. Também sentiu como se fosse puxado para trás. Estava realmente quente. Harry tentou olhar melhor para a sala de Lapaix, mas ele não mais estava no escritório da Ministra. Ele estava no Saguão Central, dentro do Expresso de Hogwarts.

— HARRY! HARRY VOCÊ ESTÁ BEM? É claro que não está — Hermione viera correndo para ele e o abraçava tão forte que Harry se sentia sem ar. — RONY! RONY! O HARRY VOLTOU! HARRY! O QUE FIZERAM COM VOCÊ? VOCÊ TÁ COM DOIS CALOMBOS ENORMES NA TESTA. O QUE ACONTECEU?

— Acho que você não é a única a ter dúvidas, Srta. Granger — disse Dumbledore. — Os três devem vir à minha sala.

Dumbledore levou Harry, Rony e Hermione para além do corredor dos reservas, para uma porta grande e sem maçaneta.

— Feijõezinhos de Todos Os Sabores! — Disse o diretor e a porta deu um estalo e abriu.

Harry, Rony e Hermione seguiram Dumbledore e se sentaram em três cadeiras de chintz que Dumbledore conjurara. Logo quando eles passaram pela porta, ela se fechou.

O escritório era igual ao de Dumbledore no castelo de Hogwarts. Até com as fotos dos antigos diretores.

— Armando — disse Dumbledore para o retrato de Armando Dippet. — Quero que preste atenção extrema em tudo o que será dito aqui e conte tudo à professora Minerva McGonagall.

Neste momento a porta da sala se abriu e Madame Pomfrey entrou na sala. Ela estava muito séria e muito deprimida.

— Alvo, se Davi tiver a mais remota chance de salvação, ela não cabe a mim. E tem que ser rápido.
Dumbledore, se é que era possível, ficou mais sério do que já estava.

— Dilys, você ouviu — disse Dumbledore para o quadro de Dilys Derwent. — Peça um carro aparatável.

— Sim, Dumbledore — disse Dilys. E ela foi correndo para dentro do seu quadro.

— Antes que você me pergunte, Harry — disse Dumbledore. — Quando a Copa Escolar de Quadribol foi combinada, eu mandei que pintassem os quadros dos diretores exatamente como são os originais. Para que eles possam estar aqui e em Hogwarts.

“Mas, vamos tratar do que é mais importante” disse Dumbledore. Harry ouviu um barulho de sirene. Eram os curandeiros do Hospital St. Mungus para Doenças e Acidentes Mágicos que vieram buscar Davi. Harry olhou por uma janela e viu Davi numa maca verde, ainda desmaiado.

— Tenho certeza que vocês, Rony e Hermione, viram o que aconteceu na Avenida da Magia hoje — Rony e Hermione concordaram com a cabeça e Dumbledore contou tudo o que aconteceu do momento em que eles entraram no Nôitibus Andante até ali. A cara de Hermione ficava cada vez mais arranhada conforme ela ficava desesperada e apertava o rosto com as mãos. Rony ficava cada vez mais boquiaberto e imóvel e quando Dumbledore contou o que os guardas de Azkaban fizeram com Harry e Davi, Hermione apertou o rosto com mais força que chegou a sangrar e Rony lançou um ”Ah!” alto.

— Mas acho que vocês devem ter algumas perguntas. Podem fazer. Responderei na medida do possível.

— Por que o senhor podia fazer magia e eu não? — Perguntou Harry.

— É simples — respondeu Dumbledore. — A sua varinha e a de Davi foram registradas. Nunca funcionarão dentro do Ministério da Magia francês. Como a minha e a de Lapaix não precisavam de registro, funcionavam como se estivessem em qualquer lugar.

— Eu ainda não entendi — disse Rony. — Por que essa tal de Lapaix foi logo levando vocês para inquérito, chamando esses guardas e tudo o mais?

— Ah, senhor Weasley — respondeu Dumbledore com o ar um pouco avoado. Harry sabia que essa pergunta não teria uma resposta concreta. — Isso é algo que a Ordem da Fênix vem investigando desde que foi recriada. Ainda não sabemos a resposta. Mas as hipóteses são infinitas. Mas alguma coisa?

— Não — respondeu Harry. — Não senhor.

— Podem ir, então — disse Dumbledore apontando para a porta que estalou novamente e se abriu.

Harry, Rony e Hermione se levantaram e saíram do escritório de Dumbledore. Harry viu Cho Chang entrando no quarto atrás de Miguel Corner. Marieta Edgecombe entrou atrás dos dois.

— Essa mulher é pior do que a sapa velha da Umbridge — disse Rony quando eles entraram no quarto.

— É incrível — disse Hermione. — Ela lançou a maldição da morte duas vezes no Dumbledore e deixou que guardas abrissem a sua cabeça e a do Prof. Davi. Cadê o Dobby?

— Pra quê você quer o Dobby?

— Não se mete, Rony.

A porta do quarto se abriu e Dobby entrou.

— O que quer a senhorita? — Perguntou ele.

— Essência de murtisco e duas esponjas — disse Hermione. Harry se sentiu grato. — Se puder ser rápido. É urgente.

— Senhorita quer, senhorita tem. Dobby já volta.

— Obrigado — disse Harry para Hermione.

Não demorou muito e Dobby voltou trazendo uma tigela numa bandeja com duas esponjas roxas. Hermione mergulhou as esponjas e disse para Harry:

— Deita aí. Se você ficar sentado vai escorrer.

Harry se deitou. Era realmente um alívio deitar na sua cama depois do que Lapaix o fez passar. Hermione colocou as esponjas onde os guardas de Azkaban tentaram colocar os parafusos e Harry se sentiu ainda mais aliviado. Mas seu corpo estava dolorido a cada centímetro.

— Vocês não acham que essa tal de Lapaix está envolvida com Você Sabe Quem, acham? — Perguntou Rony.

— Eu achei que você tinha aprendido a falar Voldemort, mas eu acho que não, talvez esteja agindo por conta própria. Pelo menos era o que a Umbridge fazia — respondeu Harry.

— Mas eu ainda não entendi se nós deveríamos ser julgados pelas leis britânicas ou francesas — disse Harry.

— Bom, o Conselho Mundial de Magia de 1798 diz que o bruxo que comete infrações deve responder pelas leis do país de origem — respondeu Hermione.

— É — disse Harry. — O Dumbledore disse isso. Mas numa coisa a Lapaix tem razão: 1798 já passou faz tempo.

— Exatamente — disse Hermione. — Mas o assunto não esteve em nenhuma outra pauta do Conselho. Estará na próxima, que só ocorrerá daqui a dois anos.

— Tudo bem, mas é um absurdo, ela chamou os guardas de Azkaban sem motivos — disse Rony.

— Vamos pensar assim — disse Hermione. — Umbridge fez o que fez com Harry porque achava que ele colocava a reputação do Ministério em perigo dizendo que Voldemort tinha voltado. Lapaix deve pensar da mesma forma, até que nós viemos para cá com Voldemort atrás de Harry.

— Cara, se fosse você eu sumia.

— Valeu, Rony. É tudo que eu preciso.

Hermione lançara a Rony um olhar tão fuzilante que secaria uma flor na hora.

— Eu não sei o que vocês vão fazer — disse Harry se sentindo mais exausto do que se sentira o dia inteiro. — Mas eu vou dormir. Alguém por acaso sabe que horas são?

— Mais de sete — respondeu Rony consultando o relógio de pulso. — Você não vai jantar?

— Não — respondeu Harry num tom muito mais enérgico do que ele pretendera. — Não quero todo o mundo olhando pra minha testa. Boa noite.

— Boa noite — responderam Rony e Hermione saindo do quarto.

— Ah! — Disse Hermione antes de fechar a porta. — Não esqueça de prender as esponjas à testa. Senão não vai fazer efeito.

Atendendo a dica de Hermione, Harry tocou nas esponjas com a ponta da varinha e murmurou um feitiço que prendera as esponjas às marcas do que os Guardas de Azkaban fizeram com ele. Ainda doía um pouco. Harry percebia que seus pensamentos não faziam muito sentido até quando ele estava acordado. Então, antes mesmo que Rony e Hermione pudessem voltar do jantar, Harry estava dormindo um sono incomum. Era como se não estivesse realmente dormindo, mas sonhava. E esse sonho não permitia que os acontecimentos fora da sua mente tomassem conta dele. Mas a única coisa que Harry sabia, embora não conseguisse explicar nem para si mesmo como, era que ele não estava dormindo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Harry Potter E O Toque Da Morte" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.