Harry Potter E O Toque Da Morte escrita por RTafuri


Capítulo 28
VINTE E QUATRO DE DEZEMBRO


Notas iniciais do capítulo

O capítulo anterior precisou apenas de meia hora para ser escrito. Este, em compensação, resolveu se atrasar quase pelo livro inteiro.



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Harry acordou na manhã seguinte e a primeira coisa que fez foi levar a mão à testa. Os inchaços haviam sumido. Olhou para as camas de Rony e Hermione e viu que eles não estavam ali. Decidiu procurar por no refeitório, mas nada. Só restara um lugar a procurar.

— Ah! Aí estão vocês!

Harry os achara na biblioteca. Fazendo uma redação de História da Magia. A captura de Grindelwald, O Bruxo das Trevas, foi um fato marcante para a história bruxa do século XX. Discuta.

— Não seria mais fácil perguntar ao Dumbledore como foi? — Perguntou Rony. — Afinal, foi ele quem capturou esse tal de Grindelwald. Ele deve saber.

— Dumbledore não está — disse Neville se sentando ao lado de Harry. — Eu já tentei isso, mas a professora McGonagall disse que ele tinha assuntos urgentes em Londres.

Harry, Rony e Hermione se levantaram correndo e deixaram a biblioteca.

— Potter! — disse a professora McGonagall. Os três saíram com tanta pressa da biblioteca que Harry quase bateu de frente com a professora na entrada do corredor dos reservas. — Será que eu posso saber aonde você vai com tanta pressa?

— Professora — disse Harry. — Onde está o professor Dumbledore?

— Você não é o primeiro a procurar pelo Professor Dumbledore hoje, Potter — respondeu McGonagall um pouco ríspida. — Ele não está. Tem assuntos mais importantes a tratar do que alunos preguiçosos que não querem fazer suas redações.

— Não é isso — respondeu Harry. — Ele foi se reunir ao Conselho Mundial de Magia?

— Ah! — Disse McGonagall. — É isso — a professora abaixou bastante o volume de sua voz. — Sim. Ele foi para uma reunião com alguns bruxos do Conselho. Dumbledore espera que eles façam uma reunião de emergência para discutir o comportamento de Marie Claire Lapaix ontem. Embora qualquer efeito que venha a ocorrer, será a longo prazo. Potter, Weasley e Granger, por favor, não comentem nada do que aconteceu ontem, isso só vai piorar as coisas. Peço cuidado. Lapaix tem um humor pior do que o da professora Umbridge. Dolores tentava te desmoralizar e machucar. Marie Claire Lapaix, quer ou vê-lo fora da França ou morto, Potter. Tenham um bom dia — a professora Minerva continuou andando e foi até a porta número um.

— E eu que achei que o pesadelo da Umbridge tinha acabado. — disse Rony conforme os três voltavam para a biblioteca.

— Eu também — disse Harry rispidamente se atirando numa cadeira e pegando a varinha. — Accio Mochila!

Pela porta da biblioteca, em pouco tempo, veio a mochila de Harry voando.

Harry pegou pergaminho, a sua pena, um pote de tinta e o seu livro, História da Magia, de Batilda Bagshot. E, em pouco tempo, estava absorto numa leitura no capítulo dezenove: O Ano de 1945.


*        *        *

— Potter! Venha aqui, por favor.

Era a professora McGonagall. Harry ainda estava na biblioteca. Faltavam menos de cinco minutos para o almoço e ele estava varado de fome.

— Potter — disse a professora quando Harry se levantou e foi ao encontro dela. — Você já sabe que nós teremos um Baile de Inverno na próxima quinta-feira. E, como Capitão do Time de Hogwarts, você deverá abrir o baile com o seu par de dança. Espero que você tenha um par de dança.

Harry concordou com a cabeça.

— Ainda bem — disse a professora. — Então você, o Sr. Kaeding e o Sr. Marin irão acompanhá-lo com seus respectivos pares. Pode ir agora.

Harry estava virando para a porta da biblioteca e a sineta tocou. Ele foi para o refeitório antes que Rony e Hermione o alcançassem.

— E aí! O que a McGonagall queria? — Perguntou Rony quando ele chegou ao refeitório. Harry já estava sentado e já comia o seu rosbife.

— Só avisar sobre o Baile de Inverno quinta — respondeu Harry. — Por falar nisso, tenho que falar com a Emily.

— Falar o que comigo? — Perguntou Emily chegando perto da cadeira de Harry.

— O Baile de Inverno — disse Harry. — Quinta-feira. Já tá com a sua roupa pronta?

— Tô — respondeu Emily. — Você vai adorar.

— Só imagino — disse Harry.

— O que você quis dizer com isso? — Perguntou Emily intrigada.

— Ah. Nada. Nada não — respondeu Harry sem realmente saber o que ele quisera dizer. — Vamos almoçar?

— Você já está almoçando. E eu vou pegar o meu prato — respondeu Emily olhando estranhamente para Harry.

— Harry! — Hermione, que acabara de chegar da biblioteca tirou a atenção do amigo de Emily — O que aconteceu com você? Está tão estranho.

— Não. Digo, nada. Nada não — Harry estava nervoso. Realmente não sabia com o quê. — Eu… eu vou deitar. A salada tá ótima.

— Você não comeu salada — disse Hermione boquiaberta. Assim como ela, Rony e Emily demonstravam nada entender o nervosismo repentino de Harry. Nem o garoto entendia. Ele só sabia que era algo realmente estranho. Ele estava tão bem até agora. Tivera uma manhã tão tranquila. Não fazia sentido. Mas ele ficava cada vez mais preocupado. Era estranho. Harry ficava cada vez com mais sono. Era realmente esquisito.

— É — respondeu Harry se levantando —, mas todo mundo disse que tá uma delícia. Vale a pena provar. Mas eu não gosto de ovos. — Harry concluiu já na porta do Refeitório. Ele teve tempo de ouvir Rony dizer, olhando para a salada em seu prato:

— Não tem ovo na salada.

Harry entrou e seu quarto já zonzo de tanto sono e só teve tempo de pensar em se deitar. Ele se jogou na cama e adormeceu.

*        *        *

Quando Harry acordou, a claridade imensa tomou os seus olhos. Ele olhou para o resto do quarto e este estava vazio. Ele estava perto da porta quando ouviu a sineta tocar. Olhou para o seu relógio e viu que eram duas horas da tarde. Ele se jogou na cama novamente e ouviu a porta do quarto abrir. Era Rony.

— Ah, aí está você — disse ele. — Você dormiu por bastante tempo. Madame Pomfrey veio ver você e disse que era efeito do que aqueles Guardas de Azkaban fizeram com você.

— Eu não dormi por tanto tempo assim — disse Harry. — Hoje é Segunda.

— Errado — disse Rony. — Hoje é Quinta.

— O QUÊ?

— Exatamente — disse Rony. — Quinta-feira.

— E vamos ter aula de quê? — Perguntou Harry.

— De nada — respondeu Rony olhando desconfiado para Harry. — Estamos de férias.

— Ah — perguntou Harry. — O Davi já voltou?

— Nah — disse Rony. — Ele ainda está no St. Mungus. Mas Madame Pomfrey diz que em um mês ou um pouco mais, ele estará de volta. Quem está dando aulas por enquanto é o Lupin.

— Mas e a Ordem da Fênix? — Perguntou Harry.

— Ouvimos Dumbledore dizer que repor Davi é mais importante.

*        *        *

— Harry. Gostaria de falar com você um instante. Pode vir à minha sala?

Era Lupin. Harry estava no refeitório almoçando. Ele se levantou e seguiu o professor.

— Bom Harry. Vejo que finalmente o efeito das Lanças Podres passou — disse Lupin quando Harry entrou na sala.

— Hã?

— Lanças Podres — repetiu Lupin quando Harry se sentou. — É o nome das armas usadas pelos Guardas de Azkaban.

— Ah, sim — respondeu Harry sem saber muito o que dizer. Ele ainda estava um pouco distraído.

— Vejo que o efeito das Lanças Podres não passou totalmente. Você pode não mais sentir sono, mas está altamente desligado do mundo a sua volta. Receio que você deve ter alguma coisa a me perguntar.

— Eu não entendo — disse Harry.

— Não entende o quê?

— Eu achava… Eu achava que os Dementadores eram as piores criaturas existentes no nosso mundo.

— E são — disse Lupin. Harry podia ver que ele ria levemente. Harry se sentiu mais confortado. — Mas tinham um defeito, na visão do Ministério da Magia. Eles sempre foram e serão leais a Voldemort. O que os torna diferente dos novos Guardas. Embora também horríveis e sem saberem distinguir quem é amigo ou não, quem tem culpa ou não, os Guardas de Azkaban eram leais a Cornélio Fudge e agora demonstram tal lealdade a Alvo Dumbledore.

— Mas, quando eu era atacado por Dementadores — disse Harry —, eu fazia um Patrono e os espantava, e quando não sabia fazer, o efeito deles passava se eu comesse chocolate. Esses guardas me fizeram dormir por quatro dias seguidos e eu ainda não me sinto muito bem. Como os Dementadores podem ser piores?

— Harry, você viu o que aqueles guardas fizeram com o professor Davi Donlon. Foi algo horrível, que quase o matou. Quase. Conforme o Sr. Ronald Weasley te disse, Madame Pomfrey nos informou que em um mês ou pouco mais, ele estará de volta.

— Como o senhor sabe disso? — Perguntou Harry.

— Estava passando pela porta, que estava entreaberta, e ouvi. Mas não é isso que importa. Os Dementadores, se quisessem atacar o professor Donlon da mesma forma que aqueles guardas, o teriam beijado. E eu devo lhe perguntar: o que você prefere? Ficar inconsciente por um mês, ou perder a sua alma e se reduzir a um monte de carne que vaga por aí?

Harry concordou de leve com a cabeça e viu que Lupin sorriu.

— Viu? — Perguntou o professor. — Sei que esses Guardas são realmente horríveis, mas os Dementadores são muito pior. Se não tiver mais nada a me perguntar, pode ir.

Harry saiu da sala. Seu pensamento estava longe. Ele resolveu voltar para o seu quarto.

*        *        *

— O que é isso?

— A sineta.

— Estamos de férias.

— Ah, desculpa, cara. Esqueci de te avisar — disse Rony para Harry. — A McGonagall disse que iria nos avisar duas horas antes do Baile de Inverno começar.

— Baile? Ah sim, o Baile.

— Harry você não está bem, cara — disse Rony com um olhar de extrema preocupação. — Se eu fosse você, procuraria madame Pomfrey. Ela pode, sei lá, te dar uma Poção Revigorante ou pode ter até algo mais específico para essas tais de Lanças Podres. Mas eu acho que você não tem condições de ir ao Baile desse jeito. E você é capitão do nosso time, vai abrir o Baile com a Emily.

— O Rony tem razão, Harry — disse Hermione, também preocupada com o amigo. — Você deve ir à Ala Hospitalar. Pelo menos você não vai ficar com essa cara na frente de Beauxbatons e Durmstrang. Se já não bastasse você ficar como um zumbi pra lá e pra cá.

— Tá bom, tá bom. Eu vou. Só espero que não demore muito. Ainda tenho que me arrumar.

*        *        *

— Harry! Você está bem melhor!

— É mesmo cara. Tirando, é óbvio, que você está fumegando.

— Rony! — Exclamou Hermione como se ela achasse que Harry de nada sabia.

— Não precisa se preocupar, Mione — disse Harry. — Madame Pomfrey disse que em meia hora eu vou parar de fumegar. Levando em conta que há cinco minutos, eu parecia um trem a todo o vapor.

A sineta tocou novamente. Hermione exclamou:

— Temos somente uma hora para o Baile e ainda nem estamos prontos.

— Isso é simples — disse Harry tirando a sua varinha de dentro do bolso. — Arrumar Roupas, Vestir Roupas, Guardar Vestes, Arrumar Cabelo, Limpar Óculos! Simples, estou pronto.

Harry se adiantou até o espelho e viu que seus cabelos estacam penteados, quietos, sobre a sua cabeça. Ele usava as vestes à rigor que a Sra. Weasley comprara há três verões, mas ela não mais cabia nele.

— Estou impressionado — disse Harry aumentando as vestes com acenos de varinha. — Não imaginava que cresci tanto.

— É — riu-se Rony —, de um anão de óculos, você cresceu para um baixinho cego.

Até Harry riu. Ele se adiantou novamente ao espelho, mas ainda achava que estava faltando alguma coisa.

— Ah! — exclamou ele se dirigindo até o seu armário e apanhando as bolsas de compras do primeiro fim de semana na Avenida da Magia. O olhar de Rony, mais uma vez, alcançou o nome da Vestimentas de Quadribol. Harry se apressou em guardar as sacolas, mas apanhou a sacola onde estava o seu sobretudo verde escuro e o vestiu. O contraste entre os dois tons de verde deu a Harry um tom conclusivo.

— Está perfeito — disse ele. — O que você acha, Hermione?

— Ficou ótimo — disse Hermione que já estava com a sua varinha e o Novo Spray Capilar Madame Hexxer nas mãos. — Mas eu acho que a Emily vai poder te dizer isso melhor do que eu.

— Que seja — disse Harry olhando o seu cabelo no espelho. Ainda havia alguma coisa errada. Ele não gostava que sua cicatriz aparecesse. — Ah! — Disse ele após ter apontado a varinha para o cabelo e este se despenteou novamente. — Está bem melhor.

— Se você acha — disse Rony. — Ei, Mione. O que você acha desta roupa. Bem legal, não é?

Harry se virou para olhar Rony. Ele estava, obviamente, usando as vestes a rigor que Fred e Jorge haviam comprado para ele há dois verões. Na altura do pescoço, era um tom de azul marinho, muito forte, quase preto. Que ia descendo até chegar ao azul água na altura dos pés. As mangas seguiam o mesmo sentido que o restante.

— Ficou lindo — disse Hermione deixando o spray e a varinha sobre a cama e indo até Rony para abraçá-lo, Harry se adiantou até a porta quando a sineta tocou mais uma vez e a voz da professora McGonagall ecoou por todo o trem:

— Atenção alunos! Dirijam-se até o Saguão Central nos próximos dez minutos.

— Bom — disse Harry para um Rony e uma Hermione abraçados que pareciam não dar muita atenção ao que Harry estava dizendo. — Eu vou esperar vocês lá. Certo?

Rony e Hermione não responderam. Harry saiu do quarto e encontrou Emily com o braço levantado, a meio caminho de bater à porta do seu quarto. Emily estava simplesmente linda. Seus cabelos caíam gentilmente sobre uma veste de veludo cor de grafite. Um decote, que deixou Harry um tanto nervoso, mostrava sua pele clara e bem tratada. Usava também um pequeno casaco cor de grafite num tom mais escuro do que o das vestes. Este casaco perfeitamente combinava com todo o seu corpo. Sobre as mãos, Harry percebeu quando as pegou, estava uma luva de seda quase invisível, tal era parecida com sua pele. A última vez que Harry se sentiu daquela forma foi uma vez, na Copa Mundial de Quadribol, quando ele achava que precisava fazer alguma coisa para impressionar as veela que se exibiam. Ele sentia vontade de mandar todos os que estavam à volta para o inferno e abraçar Emily de uma forma que ele nunca faria na frente de outras pessoas. Mas, controlou sua vontade e precisou de força para encontrar palavras para dizer:

— Você está linda.

Emily ficou levemente ruborizada e disse:

— Obrigada. Você também está… demais.

Harry achou aquilo fascinante. Até encabulada Emily era linda. Ele demorou um pouco para entender que Emily fizera um elogio a ele.

— Obrigado. Vamos? — Perguntou Harry soltando a mão de Emily e estendendo o braço para que ela segurasse.

— Vamos — respondeu ela colocando a mão no braço de Harry.

O Saguão Central estava cheio de alunos bem vestidos. O destaque se deu, sem dúvidas, a Hermione, que usava um vestido longo de seda lilás. Ela estava com o cabelo preso atrás num penteado muito bonito. Ao lado dela, estava um Rony com extremo orgulho no rosto.

— Hermione. Você está linda — disse Emily à garota quando ela e Rony pararam ao lado de Emily e Harry.

— Obrigada — respondeu Hermione. — Você também está muito bonita.

— Atenção todos — disse a professora McGonagall. — Até a frente do trem. Por favor.

Harry, ainda de braços dados com Emily, ao lado de Rony de mãos dadas com Hermione, se dirigiu para o início do trem.

— Casais, por favor — disse a Professora. — Formem uma fila dupla, o Capitão do Time Titular e sua parceira, por favor, venham comigo.

Harry e Emily se adiantaram até a Professora e ela levou todos para fora do trem, onde o Prof. Dumbledore já os aguardava. Dumbledore, Harry percebeu, fez questão de ir atrás dele. Seria assim? Afinal, um garoto muito estranho e uma garota ainda pior iam à frente de Henry Plakrroff, o diretor de Durmstrang e uma garota muito magra e de longos cabelos vermelhos que dava as mãos a um garoto de cara amarrada iam à frente de Madame Maxime.

Vendo que os dois casais que abririam o Baile com Harry estavam de mãos dadas, ele e Emily abaixaram os braços e se deram as mãos.

Harry começou a andar, com Emily ao seu lado, em direção ao Palace Beauxbatons. Ele ia atrás de toda a Beauxbatons e à frente da Delegação de Durmstrang.

A entrada do Palace Beauxbatons havia sido decorada com azevinho. No meio, fadinhas voavam iluminando a frente. O caminho pelo qual as delegações andavam também era iluminado com fadinhas que passavam voando muito rápido. Harry se lembrou das vias expressas trouxas à noite, que o garoto vira algumas vezes em filmes na televisão na casa dos Dursley, quando eles não estavam e, por algum milagre, esqueciam Harry dentro do armário sem trancá-lo. O chão do caminho também era coberto por azevinho. Mas era esquisito, por mais que Harry pisasse neles, nada sentia. Era como se fossem hologramas, mas Harry tinha certeza que tal artefato trouxa também não funcionaria dentro do Palace Beauxbatons. Harry também viu que, pelo contorno do Palace estavam bancos, que serviriam para pessoas cansadas de dançar, pudessem dar uma volta ao ar livre.

Madame Maxime conduziu todos eles para além da escada que daria no Salão de Jantar. Para uma porta dupla que Harry tinha certeza ser feita de diamantes. Nada havia escrito na porta. Quando Harry entrou não pôde impedir o seu queixo de ir ao chão.

Aproximadamente quinhentas mesas redondas de três pernas com seis cadeiras cada uma estavam bem espalhadas por um salão muito maior até do que o Salão Principal de Hogwarts. Ao centro, uma grande pista de dança quadrada onde, numa das bordas, estava um palco de tamanho médio. No alto, uma grande escultura de gelo com a forma de um casal dançando. Harry percebeu que parte da iluminação do Salão vinha de dentro desta escultura. Também no alto, mas sobre as mesas, estavam esculturas menores de pessoas aparentemente sentadas em cadeiras invisíveis. Mas, a um exame mais atento, Harry viu que essas pessoas estavam exatamente sobre as cadeiras no chão. Olhando para as mesas que pareciam estar forradas com seda, Harry viu que um feixe vertical de luz ia aproximadamente a um metro acima do centro da mesa até a altura das estatuas de gelo sentadas. Esses feixes eram o suficiente para deixar zonzo qualquer um que os ficasse encarando por pouco tempo, tal eram suas intensidades.

Quando todos os alunos e professores já haviam entrado — Harry pôde perceber que ele não fora o único a deixar o queixo cair, embora os alunos de Beauxbatons se mostrassem indiferentes —, Madame Maxime disse a todos:

— Aplaudam “Os Diabretes Pacíficos”!

Os alunos de Beauxbatons começaram a aplaudir calorosamente um grupo de sete homens que vieram de uma porta na outra extremidade. Eles usavam o pior conjunto de vestes que Harry já vira. Coletes verde-ácido sobre uma camisa azul-elétrico. Calças de couro de dragão com escritos na altura da coxa. Botas de cano muito longo feitas de camurça vermelho-sangue. Aproveitando a deixa, os alunos de Hogwarts e Durmstrang também começaram a aplaudir o grupo. Eles se dirigiram até o palco e um deles disse:

— Hiva!

Harry não fazia a menor idéia do que “Hiva!” significava mas mesmo assim — já que todos fizeram isso — disse Hiva! também.

Attention. Le ballet va commencer — disse Madame Maxime.

— O que foi que ela disse? — Perguntou Harry para Hermione, que estava do seu lado.

— Atenção. O baile vai começar — Hermione respondeu baixinho para Harry.

— O que aconteceu com o feitiço tradutor?

Dames et cavaliers, avancez. — disse o vocalista de Os Diabretes Pacíficos. Harry nada entendeu então olhou para Hermione novamente.

— Damas e cavalheiros, avancem — disse Hermione. — Deve ter falhado, não sei.

Vendo que os casais de Durmstrang e Beauxbatons se adiantavam para frente e sentindo um puxão que Emily deu em seu braço, Harry se dirigiu para o centro da pista.

Como se fossem sugadas pelo centro de cada mesa, os feixes de luz que sobre elas pairavam se extinguiram, levando o Salão a ser iluminado somente pela luz que saía da estátua acima de Harry. Mas essa luz se dividiu. Em três. E cada feixe ia em cima de cada casal na pista.

Harry conduziu Emily no primeiro passo da música, mas se deixou conduzir por toda a canção. Ele nem percebeu quando Os Diabretes Pacíficos pararam de cantar. Ele só aproveitava o momento. Estando mais de cinco minutos seguidos abraçado a Emily. Isso era a única coisa que ele conseguia pensar.

Todos os outros casais avançaram para a pista. Por um momento, Harry chegou a se perguntar de onde eles vieram.

Os Diabretes Pacíficos começaram a cantar outra música lenta e Harry voltou a abraçar Emily. Ele nem percebeu que, além de abraçar Emily, ele estava dançando com ela.

— Vamos sentar um pouco? — A voz suave de Emily chegou aos ouvidos de Harry. Demorou um pouco para que ele entendesse o que a garota disse.

— Sentar? — Disse Harry desapontado. Só agora Harry percebeu que Os Diabretes Pacíficos estavam cantando outra música. Agitada desta vez. — Você não quer dançar mais?

— Agora não — respondeu Emily sorrindo. — Ainda não é hora para ficar suada.

Os pensamentos de Harry não eram a correta interpretação do que Emily disse.

— Vamos sentar? — Repetiu Emily.

Harry foi atrás dela até uma mesa distante da pista de dança. Harry olhou para os lados e viu que eles não eram o primeiro casal a se sentar. Uns quinze casais já descansavam ou, assim como Emily, estavam esperando por mais uma música lenta. Harry se sentou ao lado de Emily. Rony e Hermione ainda estavam dançando. Harry percebeu que, quando ele chegou a sua cadeira para perto de Emily, a estátua de gelo que estava em cima dele se aproximou da que estava em cima de Emily. As luzes, que antes foram “sugadas” pelo centro da mesa, foram “devolvidas”. Mas, por mais que a luz atrapalhasse quem a olhava de frente, ela não incomodava as pessoas sentadas.

Os Diabretes Pacíficos pararam de cantar e foram aplaudidos por todos. Rony e Hermione foram até a mesa que Harry e Emily estavam sentados de mãos dadas. Pela primeira vez na vida, Harry não quis a companhia nem de Rony nem de Hermione. Queria ficara ali abraçado a Emily. Mas nada disse quando os dois se sentaram.

— Eles são realmente bons, não acham? — Perguntou Hermione — esses Diabretes Pacíficos.

— Muito bons — disse Harry sem prestar muita atenção à pergunta que Hermione fizera. Harry não entendia a razão, mas se sentia um idiota.

— Parece que alguém está enfeitiçado aqui — riu-se Hermione.

— Quem? — Perguntou Rony olhando para os lados.

— Esquece Rony — disse Hermione rispidamente. — Você foi enfeitiçado. Trocaram o seu cérebro por um monte de talharim. Harry. Harry. O que você vai comer?

— Hã?! O quê? Quem comeu macarrão?

— Ninguém aqui comeu macarrão, Harry. Você que acabou de acordar — respondeu Hermione. — Eu perguntei o quê você vai querer comer.

— Ah — disse Harry coçando a sobrancelha —, cadê o cardápio?

Como se respondesse à sua pergunta, apareceu um cardápio com a capa de couro encadernado a ouro. Na frente, em letras garrafais escritas em ouro branco, estava Copa Escolar de Quadribol — Baile de Inverno — Cardápio. Harry leu e preferiu rosbife. Se lembrando do Baile de Inverno, na época do Torneio Tribruxo, Harry disse “Rosbife”, mas nada aconteceu. Harry olhou para os lados e logo viu o que procurava. Sentado a uma mesa mais bonita do que a que Harry e os outros alunos estavam, se encontravam Alvo Dumbledore, Madame Maxime e Henry Plakrroff. Harry viu Dumbledore avaliar seu cardápio, quando pareceu ter encontrado o que procurava, ele pegou a sua varinha e tocou o cardápio. A sua frente, apareceu um prato. Harry, entendendo o que tinha de ser feito, pegou sua varinha no bolso de suas vestes e tocou a palavra Rosbife. O cardápio se iluminou e o prato que ele escolhera apareceu a sua frente. Harry fechou o cardápio e o colocou na mesa. Ele se iluminou mais uma vez e desapareceu.

— Os elfos daqui realmente sabem cozinhar — comentou Rony enquanto comia Medalhão de Frango com Bacon.

— Não são melhores que os de Hogwarts — disse Harry, finalmente ele conseguia prestar atenção em coisas além de Emily. E só agora ele descobriu quanto tempo ficou sem comer.

— Também pudera — disse Hermione tentando mudar o rumo da conversa. — Se alguém fizesse pedras fritas, você comeria, Harry.

— É verdade. Não como nada desde Domingo.

— Como alguém consegue não comer por quatro dias? — Perguntou Emily com um pouco de espanto na voz. Harry se perguntou se ela estava fingindo. Por isso, respondeu:

— Como alguém consegue dormir por quatro dias?

Harry ainda estava com fome, mas não achava que a ocasião pedia uma repetição de prato, pois quando acabou de comer, o prato sumiu de sua mesa e o cardápio que apareceu foi outro. Desta vez, quinze páginas com as mais diversas sobremesas francesas, búlgaras e inglesas.

Quando os pratos de sobremesa também sumiram das mesas, Os Diabretes Pacíficos voltaram ao palco. O guitarrista, sozinho, começou uma lenta melodia. Os casais, ainda pesados do jantar, se levantaram e se dirigiram até a pista. Harry foi com Emily.

As seis músicas seguintes também foram lentas. Harry pensou que talvez eles não tivessem estômago suficiente para se agitar muito. Mas ele não se importava. Quanto mais lenta a música, mais próximo de Emily ele ficava.


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