Harry Potter E O Toque Da Morte escrita por RTafuri


Capítulo 19
CONFISSÕES E ATAQUE


Notas iniciais do capítulo

Acho que este era o momento que eu mais esperava desde quando virei fã de Harry Potter. Não poderia simplesmente deixá-lo de fora.



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Os alunos foram se levantando aos poucos. Harry foi para o quarto e abriu a gaveta da sua mesinha de cabeceira e viu um papel com o emblema da Copa Escolar de Quadribol e “Programa de Eventos” escrito embaixo. Harry abriu. Havia um mapa e embaixo, uma tabela. No dia trinta de Novembro estava escrito em letras finas e desenhadas: Abertura Oficial da Copa. Embaixo, o Baile de Inverno, no dia vinte e quatro de dezembro. Em letras maiores, com uma borda especial, no dia vinte e nove de dezembro, estava escrito: beauxbatons x durmstrang. Depois, em trinta de janeiro, estava o primeiro jogo de Harry. Conforme Dumbledore já dissera, hogwarts x beauxbatons. A última partida de Hogwarts marcada era Hogwarts x Durmstrang. Será que esta seria realmente a última partida de Hogwarts? Será que Harry perderia para Krum e deixaria o caminho livre para Beauxbatons e Durmstrang disputarem a taça sem ele? Harry preferiu guardar estas dúvidas. Sabia que Hermione e Rony diriam que era inútil ele se preocupar antes do primeiro jogo.

Harry se levantou e foi até o banheiro. Quando ouviu a voz de Rony.

— Alguém tem alguma idéia de quem vocês vão convidar para o Baile de Inverno?

— Não — respondeu Harry, saindo e se sentando na cama de Hermione. A cama imediatamente começou a queimá-lo. Harry se levantou bruscamente quando Hermione disse:

— Talvez eu vá novamente com Vítor. Não sei. Ele me escreveu na semana passada, mas antes que eu pudesse responder, nós viemos para cá e eu pensei que falar com ele pessoalmente seria bem melhor.

Rony amarrou a cara.

— Ainda não sei o que você vê naquele bosta. Vou pedir para o Fred e para o Jorge quebrarem várias vezes o nariz daquele idiota, até ficar mais torto do que o nariz do professor Dumbledore.

— Você não ousaria fazer isso — Hermione parecia bastante séria. — Vítor é uma pessoa muito legal. E se você parasse de ter ciúmes dele, descobriria que ele é um excelente amigo.

— Nós somos seus amigos — Rony se levantara com força, tanto que Pichitinho, que Harry não sabia como, fora parar ali junto com Edwiges, começou a piar loucamente — Não aquele cabeça de vento! Não sei onde você conseguiu arranjar coragem para falar com ele. Harry é adversário dele. Ele é nosso adversário. Você não pode ficar conversando com o apanhador de Durmstrang assim.

— É claro que eu posso! — Harry nunca vira Hermione tão zangada assim. — É um absurdo você querer mandar nas minhas amizades, Ronald Weasley!

— Posso sim! E se eu tenho ciúmes de você, é um problema meu! Você não manda nos meus sentimentos, hermione granger!

— Seus sentimentos, Rony? Francamente! Seus sentimentos deixam espaço sobrando numa colher de café.

— Você é a maior burra que eu já vi! Se não sabe ver os sentimentos das pessoas por você, o problema é seu! — Rony percebera que desta vez falara mais do que pretendia. Os dois pareciam ter esquecido da presença de Harry. O garoto resolvera não se fazer notado, mas lançou um pequeno feitiço abafador na porta para que ninguém ouvisse o que acontecia. Hermione, desnorteada, perdeu também o controle.

— Seus sentimentos por mim! Quais são os seus sentimentos por mim?

Rony resmungou algo, mas Hermione berrou novamente.

— Não tente fugir do assunto, Rony! Se você começou, agora termina.

— Tenho meus motivos para não dizer!

— Você disse que é meu amigo. Amigos confiam uns nos outros. Diga!

— Ninguém é obrigado a confessar que gosta de uma garota.

As mais profundas preocupações de Hermione pareceram se confirmar. Ela parecia ainda mais desnorteada, Pichitinho berrava cada vez mais. Rony e Hermione já haviam se irritado.

— Quieta! — berraram os dois em uníssono.
Isso não pareceu acalmar ninguém, muito menos Pichitinho.

— Anda, diga!

— Não se faça de burra! Você é sempre tão esperta! Já deve ter entendido o que eu disse.

— Você mesmo disse que eu sou burra! Então, explica!

— Eu já disse que não sou obrigado a confessar o que sinto por você.

Rony abaixou o volume da voz, mas Harry não achou que ele tenha realmente se acalmado. Harry tinha quase certeza que era pura vergonha.

— Talvez você seja burro, Rony. Não eu — Hermione se sentou em sua cama. Seus olhos encontraram os de Harry e a garota começou a rir. Rony ainda não parecia ter notado o amigo.

— Não teve graça — disse Rony também se sentando. — Mas eu vi que você prefere o Vitinho.

Rony estava vermelho como nunca. A reação de Hermione, nem Harry poderia ter imaginado.

A garota se levantou bruscamente, puxou Rony pelo braço, o segurou pelo pescoço e arrancou um beijo dele. Harry via que as orelhas de Rony estavam quase roxas. Quando Hermione finalmente o largou, Rony começou a gaguejar.

— E… e… eu… n… nã… nã… não… esp… esperava isso d… de… vo…você…

— Mas é isso que se espera de alguém que a gente gosta — disse Hermione com as bochechas coradas. Rony pareceu ter entendido e beijou Hermione.

Harry se levantou de leve e foi de mansinho até a porta para deixar os dois sozinhos, mas Hermione soltou Rony e disse:

— Harry, não precisa ir.

Harry olhou para trás e viu Rony congelar. Agora ele percebera que Harry estivera ali o tempo todo.
— Ah… oi Harry.

— Oi. Não precisam parar. Continuem fingindo que eu não estou aqui.

Rony virou para Hermione e disse:

— Acho que eu já sei quem eu vou chamar para o Baile de Inverno. Afinal, como você já disse, é melhor fazer isso antes que algum outro garoto faça. Hermione, quer ir ao baile comigo?

— Quero — respondeu a garota segurando as mãos de Rony. — Mas com uma condição.

— Qual?

— Que você não tenha ciúmes dos meus amigos, pois eles não passam disso.

Rony pareceu considerar por uns instantes e então sorriu.

— Tudo bem. Só dos seus amigos, se algum otário ficar olhando muito pra você ele vai ter que se ver comigo.

— Tudo bem, então.

— Acho que só quem vai enfrentar problemas pra achar uma parceira vai ser o Harry.

Os dois riram, mas Harry não achou graça. Não gostava nem de lembrar como ele sofreu para achar um par para o Baile de Inverno do Torneio Tribruxo.

— Acho que eu já tenho alguma idéia — disse o garoto. Mas Hermione riu e disse:

— Você mente muito mal sabia?

— Não estou mentido!

Mas Harry estava mentindo. Ele não fazia a mínima idéia de quem chamar para o Baile.

— Então olha nos meus olhos e diz que já tem alguém para convidar para o Baile.

— Não vou fazer isso.

— Ora! Então assuma que está mentindo!

— Não vou. Não estou mentindo. Não vou assumir nada — Harry gritou, mas Hermione riu.

— Tudo bem, então. Faça como quiser. Se vocês me dão licença, eu vou conhecer a nossa biblioteca. Alguém quer ir?

— Eu — disse Rony. — E você, Harry?

— Eu também vou — respondeu ele passando a mão pelos cabelos para tirá-los de cima dos óculos e removendo o feitiço abafador que lançara na porta.

Passando pelo Saguão Central, eles viram Draco Malfoy e Sean Montague discutindo em duas poltronas, Malfoy tinha uma marca de queimadura na mão. A marca era redonda, exatamente como as maçanetas dos quartos. Onde Malfoy forçara entrada? Contornando as poltronas para evitar Malfoy, Harry chegou à uma porta onde havia o emblema de Hogwarts no alto sem o emblema da Copa Escolar de Quadribol, um livro que se abria, passava todas as folhas em branco e voltava a fechar. Embaixo, na mesma letra em que estava o nome das pessoas às portas dos quartos, estava escrito “acesso liberado”. Olhando para o lado, Harry viu nas outras portas o emblema de Hogwarts e os números de um a quatro muito grandes embaixo.

Harry colocou a mão na maçaneta e esta permaneceu fria, a girou e empurrou a porta. E mais uma vez, o queixo de Harry caíra.

Embora menor do que a do castelo, esta era uma das maiores bibliotecas que Harry já vira na vida (o que não significava muita coisa, pois ele só vira antes a minúscula biblioteca da escola onde ele cursara o Ensino Fundamental e mesmo assim não era sócio dela). Altas e longas estantes de madeira exatamente enfileiradas até onde Harry via a outra parede. Harry ouviu vozes femininas que vinham da direita e olhou, mas nada viu. Uma placa no alto indicava que aquela era a Seção da Invisibilidade. Embora, Harry conhecia perfeitamente aquela voz. Era Cho Chang. Furioso, Harry virou para a esquerda e viu várias mesas e cadeiras. E viu Rony lá.

— Cho está aqui. — disse ele para o amigo. Hermione estava perdida em alguma das prateleiras.

— E?

— E o quê?

— E o que é que tem a ver ela estar aqui? Esquece. Ela está conosco. Até Junho você vai ter que aturar a Cho morando no mesmo trem que você. Ah, e toma cuidado. Ela está muito a fim de disputar as partidas da Copa, ela pode querer tirar você do caminho dela.

— Ela não ousaria.

— Você viu como ela estava ontem, quando você foi escolhido capitão.

— Mas, mesmo assim. Estamos jogando por Hogwarts, é isso o que importa.

— Pra você. Não pra ela. Abre o teu olho.

— Tá bom, mas mesmo assim não é isso o que importa. Accio!

Harry puxou o primeiro livro que os seus olhos viram. Quando ele repousou na mesa calmamente, Harry o abriu aleatoriamente e parou no início do capítulo cento e quarenta e sete: aposentos mortais. Hermione não demorou a voltar. Mas Harry estava absorto na leitura para prestar atenção ao que ela falava com Rony. Ali dizia que o jeito mais lento e mais prazeroso de matar alguém era usando um aposento mortal, que somente com um feitiço perfeito seria possível ativá-lo. O aposento era sem ar e a pessoa que ali entrasse, ficaria presa até que morresse sufocada. Harry teve a estranha sensação de que já escutara sobre isso alguma vez, mas não se lembrou de nada. Embaixo, escritas vinham numa língua que Harry desconhecia. Entediado, ele fechou o livro e se virou para Hermione:

— O que é um Feitiço Perfeito?

— Qualquer feitiço feito por sete varinhas. Se for um feitiço de nível A, só funciona se for perfeito, se for de nível B, alcança um raio de cem mil quilômetros, mas se atingir um alvo antes, tem força total.

— O que é nível A e nível B?

— “Nível A” são feitiços muito avançados. Ninguém consegue executá-lo sozinho, nem um bruxo como Dumbledore. Os de nível B são os outros. Pode-se fazer sozinho independente do nível de dificuldade.

— Ah, interessante — disse Rony com uma cara muito vaga. — Vem cá, quanto tempo falta para o almoço? Eu tô com fome.

Hermione bufou, mas respondeu:

— Quinze minutos. No refeitório.

— Refeitório?

— É. Refeitório. Encontrei com a Gina entrando com o Dino e ela me disse, mas ela já saiu — acrescentou a garota quando Rony levantou o pescoço — e o Dino também, mas ela me disse que fica na frente do trem.

— Eu vou para o quarto — disse Harry. Hermione disse alguma coisa, mas Harry já havia levantado e já estava perto da porta. Quando viu que Cho também iria sair, Harry saiu primeiro sem olhar na cara dela e foi correndo para longe do lado reserva do trem.

*        *        *

Quinze minutos depois, a sineta para o almoço tocou e Harry saiu do quarto, encontrou Rony e Hermione que saíam de mãos dadas da biblioteca.

— Vamos?

Os três seguiram pelo corredor. Harry ainda não havia ido para aquela parte do trem. Passando pelas portas dos quartos de Fred, Jorge, Olívio, Lino, Angelina e Alícia.

— Putz, eu estou com fome — disse Fred, massageando a barriga.

— Eu também — disse Jorge.

Chegando ao final do corredor, eles se depararam com uma porta dupla aberta, e outra fechada. Dentro da que estava aberta, estava um salão aproximadamente do tamanho do Saguão Central, só que este continha umas vinte mesas triangulares, cada uma com três cadeiras. Do outro lado, uma grande mesa com dez cadeiras. Sendo a do meio, obviamente pelo destaque que tinha sobre as outras, a cadeira de Alvo Dumbledore.

— Elas se mexem? — Perguntou Harry. Como resposta, a mesa começou a se arrastar.

—Vocês três — disse Fred apontando para três mesas. — Juntem-se.

As mesas começaram a se arrastar e a se juntar, quando Gina, Neville e Dino Thomas chegaram.

— Posso me juntar a vocês?

— Claro — disse Fred. — Você — ele apontou para mais uma mesa. — Junte-se àquelas três.

E a mesa se juntou. As doze cadeiras se arranjaram de modo que eles se acomodaram, com pouco espaço, mas mesmo assim, ficaram bem.

Quando todos se sentaram, a comida apareceu. Rosbife, empadões de carne e frango, polenta frita em tiras e arroz à grega. Harry já estava comendo a sua terceira porção de rosbife quando as sobremesas apareceram. Pudim de Yorkshire, doce de abóbora, torta de menta e pudim de groselhas.

— Alguém tem alguma idéia de campanha para Hogwarts? — perguntou Gina. Hermione, Angelina e Alícia se reuniram à Gina e se isolaram dos garotos para conversarem sobre torcidas.

— Mulheres — disse Rony.

— A mente nos assusta, mas o corpo nos satisfaz — disse Fred olhando para Angelina.

— Quanto tempo falta para o nosso primeiro jogo? — perguntou Olívio.

— Exatos dois meses — respondeu Harry.

— Dumbledore é louco — disse Lino Jordan. — Nos traz para a França para jogar contra outras escolas e nos dá dois meses para treinar.

— Temos tempo — disse Harry — Dois treinos por semana é o suficiente. E antes dos jogos, serão quatro. Bom, eu já estou satisfeito.

— Eu também.

— E eu.

— Todos estamos.

— Eu vou dormir — disse Fred.

— Eu também — disse Jorge.

— Esperem. Eu vou com vocês — disse Angelina.  Com licença garotas.

— Então eu vou também — disse Alícia Spinnet.

Fred, Jorge, Lino, Olívio, Angelina e Alícia se levantaram e saíram do refeitório, deixando Harry, Rony, Dino, Neville, Hermione e Gina ainda sentados.

— Alguém quer jogar Snap Explosivo? — Perguntou Harry.

— É uma boa idéia — disse Dino. — Eu e Longbottom contra Potter e Weasley.

Harry puxou a varinha e conjurou um baralho de Snap Explosivo. Os quatro ficaram jogando por algum tempo, quando eles haviam acabado uma partida e iam começar outra, Hermione disse:

— Nós estamos sendo burros. Fazer isso no Saguão Central é muito melhor.

Todos concordaram e se levantaram.

— Arrumem-se — disse Harry para as mesas e cadeiras e elas voltaram às posições que estavam antes deles chegarem.

Os seis chegaram ao Saguão Central e lá se sentaram em confortáveis cadeiras perto da lareira e bem longe de Draco Malfoy e Sean Montague que cochichavam algo que continha o nome Longbottom. Neville, porém, nada ouviu.

*        *        *

Duas horas se passaram e eles continuavam a jogar. A cada partida trocando os pares. Desta vez, Harry estava jogando com Neville contra Rony e Dino. Harry não gostara muito da idéia, as cartas sempre explodiam na mão de Neville, o que os levava a perder o jogo. Ao olhar para fora da janela, Hermione ganhou um tom de seriedade e disse, já puxando a varinha.

— Preparem-se.

— Para o quê? — Perguntaram os garotos.

— Estamos entrando na França — respondeu a garota.

— E? — perguntou Harry. Mas Hermione não precisou responder.

As luzes do trem se apagaram e ele parou com um grande solavanco. A garrafa de água e os copos cheios que estavam perto do garoto se congelaram e Harry começou a sentir muito frio. A chama da lareira também havia se extinguido.

— Puxem a varinha e pensem alguma coisa feliz! Rápido! — disse Harry — Lumos! — A ponta da varinha dele iluminou um pouco do Saguão Central. — Se espalhem pelo trem! Tomem cuidado. Não deixem ninguém sozinho. Agora! Vocês sabem o que fazer. Avisem cada um. E pensem em alguma coisa feliz. Eu vou ficar aqui. Eles também virão para cá.

Harry pôde ver a cara de pânico de Malfoy e Montague, mas não teve tempo de dizer mais nada, pelas janelas abertas, entraram cerca de vinte Dementadores. Harry pôde ouvir o barulho de sucção que vinha de todo o trem. Ele pensou em Rony e Hermione, pensou que eles estavam bem, pensou que ele iria chegar à Beauxbatons, puxou a varinha e disse com toda a sua força, quando um dos Dementadores chegou perto dele:

— expecto patronum! — mas ainda não havia dado certo, Harry só conseguiu um pouco de fumaça prateada e sentiu o Dementador chegar perto dele e sugar a energia que Harry tinha.

— expecto patronum! expecto patro-num!

Desta vez ele fizera. Um cervo prateado emergira da ponta da varinha dele e espantara o Dementador.

— Pra lá! — disse Harry apontando para o Dementador que se aproximava de Malfoy e ele foi, mandando o Dementador para fora da janela. Harry viu uma lontra prateada passar por ele, indo em direção ao corredor dos reservas. Perto da porta de seu quarto, Harry viu Hermione.

— expecto patronum! — outro cervo saiu da ponta da varinha de Harry e o garoto o mandou para o corredor dos titulares.

— Cadê o Rony? — perguntou Harry.

— No final do trem. — disse Hermione, o rosto fortemente iluminado pelas luzes que os vários patronos produziam — expecto patronum! — mais uma lontra prateada saiu da ponta da varinha de Hermione e pulou por cima de Harry, acertando em cheio um Dementador que vinha atrás do garoto.

— nãããããããããããããããããããããããooooooo.

O grito viera do fim do corredor titular. Vinha do quarto do goleiro.

— Vamos.

Harry e Hermione chegaram à porta do quarto de Emily Marian. Harry tentou abrir aporta, mas não conseguiu. Ele conseguia ouvir Emily tentar executar o feitiço do patrono, mas sem sucesso.

— Finite Incantatem! — gritara Hermione, apontando a varinha para a maçaneta. Os gritos de Emily deixavam Harry cada vez mais nervoso.

Atraídos pelos gritos e com as varinhas em punho, vieram Fred, Jorge, Lino, Angelina e Alícia.

— Precisamos de perfeição. — disse Hermione quando Harry tentou mais uma vez acabar com o encanto que protegia a porta. — Quando eu contar três, apontem para a porta e digam Finite Incantatem, entenderam? Um, dois, três.

— finite incantatem! — sete jorros muito fortes de luz vermelha saíram da ponta das varinhas de cada um e se uniram, atingindo a maçaneta. Esta estremeceu e parou novamente onde estava. Harry a tocou. Ela estava tão fria quanto qualquer maçaneta normal.

Harry abriu a porta e viu não apenas um, mas três Dementadores circulando Emily, a garota parecia estar quase morrendo, a cena era horrível.

— É melhor os sete juntos! — disse Harry sem olhar para Emily. — Prontos? Agora!

— expecto patronum!

Ao invés de sete animais diferentes, um enorme leão saíra da ponta das varinhas e com uma única cabeçada, derrubou os Dementadores. Eles foram forçados a soltar Emily e caíram no chão. Sem movimentos.
O primeiro Dementador a ser atingido pelo leão de luz começou a se dissolver. Pela boca dele, saiu um ruído e vários espectros de luz, completamente formados ou não. Era uma cena nauseante, era como se o Dementador estivesse morrendo e expelindo toda a alegria que sugara enquanto era vivo e as almas daqueles que ele já beijara. Assim acontecera com os outros dois. Os espectros inteiros saíram pela janela e se perderam no ar, os que não tinham forma definida também se dissolveram.

Harry estava em choque, mas Hermione o puxara pelo braço.

— Vamos. Têm mais Dementadores pelo trem.
Harry saiu e fechou a porta. Ele queria cuidar de Emily, mas tinha que dar conta de outros Dementadores. Ela não se reanimaria agora.

— expecto patronum!

Agora que já sabiam que os Dementadores podiam ser destruídos ao invés de somente espantados, Harry, Hermione, Fred, Jorge, Lino, Angelina e Alícia percorreram o trem juntos, eliminando cada Dementador que cruzasse os seus caminhos.

— socorro!

Harry conhecia aquela voz. Rony estava em apuros.

— corram!

Quando os sete chegaram ao Saguão Central encontraram mais de cinquenta Dementadores circulando Rony. Alguns se aproximavam do rosto dele, o deixando cada vez mais fraco.

Os sete pensaram em coisas felizes. Harry, particularmente, em Rony sobrevivendo, e apontaram mais uma vez as varinhas para os Dementadores.

— expecto patronum!

Vários Dementadores caíam pelo chão e os espectros começaram a encher o trem, o deixando cada vez mais iluminado.

— Hermione. Cuida do Rony. Eu vou ver a Emily.

Harry saiu correndo pelo corredor, sozinho e encontrou com mais um Dementador.

— expecto patronum!

Mais um cervo saiu da ponta da varinha de Harry e espantara o Dementador.

— Tire-os do caminho. — disse Harry para o seu patrono. Este percorreu todo o corredor e fez força para entrar no refeitório, que estava fechado. Harry foi correndo atrás dele. Logo o patrono havia se dissolvido.
— Alorromora! — Harry abriu a porta do refeitório e encontrou Neville Longbottom desmaiado e um Dementador que sugava a pouca energia que sobrava no garoto.

— expecto patronum! — o patrono atingiu o Dementador no peito e ele saiu voando pela janela.

— Neville. Neville. Acorda. — Harry dava tapas de leve na face do garoto — Não sei se isso deve funcionar, mas eu vou tentar. Enervate!

Funcionara. Neville se recuperara.

— Aqui. Toma — disse Harry, conjurando uma longa barra de chocolate e a entregando a Neville. — Me espere aqui. Se precisar de mim, é só berrar o meu nome. Tudo bem?

Neville concordou fracamente com a cabeça e Harry saiu do refeitório. Só agora o trem voltara a andar.
— Enervate! — Harry estava dentro do quarto de Emily Marian e a garota acordara.

— Ah, foi horrível. Foi horrível — Emily estava em prantos. Harry a abraçou. Era a única coisa que ele achava que podia fazer.

— Calma, nós demos um jeito neles.

— Foi horrível. Eu me senti morta. Senti-me um simples pedaço de carne, um nada.

— Calma. Fica tranquila. Ele já foi embora.

— Como você entrou aqui?

— Isso não importa. Coma — disse Harry conjurando para Emily uma barra de chocolate ainda maior do que a que ele conjurara para Neville.

Emily comeu a barra inteira e estava um pouco melhor. Harry conjurara outra para ela e ela não recusou. Quando a garota estava quase terminando, a sineta tocou mais uma vez e a voz de Alvo Dumbledore, magicamente amplificada, ecoou pelo trem.

— Atenção todos. Para o Saguão Central imediatamente.

Harry ajudou Emily a levantar e eles foram para o Saguão Central, onde Dumbledore já os esperava.

— Como vocês devem ter percebido, O Expresso de Hogwarts foi revistado por Dementadores de guarda. Eles vistoriam todas as fronteiras para terem certeza de que nenhum bruxo criminoso entre na França, coisas da Ministra da Magia local.

— Quero agradecer aos senhores Weasley, ao senhor Potter, Jordan e à senhorita Weasley, Granger, Johnson, Chang e Spinnet pela atitude de se defenderem e defenderem os outros contra os Dementadores. E, para cada um, cinquenta pontos que são creditados lá em Hogwarts e contarão para a Taça das Casas.

— Quanto aos cinquenta e três Dementadores eliminados pelo Patrono Perfeito, sinto informar que não adianta muito, pois quando um Dementador é eliminado, outro é formado na prisão de Azkaban, ainda mais forte do que o anterior. Mas eliminá-los ajuda por hora.

—Para aqueles que se interessam, um Dementador pareceu gostar da Madame Hooch e eu perdi todo o meu tempo o afastando e a controlando. Para aqueles que foram atacados pelos Dementadores, favor irem para a Ala Hospitalar. Ela fica à direita do refeitório. Chegaremos em Beauxbatons em duas horas. Quero todos muito bem apresentáveis e impressionáveis. Podem ir.

Harry, Rony e Hermione voltaram para o quarto. Sobre a mesa de cabeceira de cada um havia um pote com várias barras, barrinhas e outros tipos de chocolate.

— Dobby. Com certeza — disse Harry se servindo de um Sapo de Chocolate.

— Eu vou tomar banho — disse Hermione. — Ainda tenho de fazer o meu cabelo.

— Vai lá — disse Harry entrando em seu armário que já estava arrumado — Escolher roupa! — disse ele apontando a varinha para as roupas escolares que estavam dispostas nos cabides e uma peça de cada roupa do uniforme de Harry saiu do armário e se esticaram sobre a sua cama.

— Demorando, não? — disse Rony meia hora depois e Hermione ainda não havia saído do banheiro.

— Hermione saia daí. Ainda temos que tomar banho.

Mas Hermione não respondeu.

— Ah. Deixa pra lá. — disse Harry.

Mais meia se passou até que Hermione finalmente saiu do banheiro, vestida, mas com o cabelo bastante despenteado.

— Vou tomar banho. — disse Harry entrando no banheiro e fechando a porta.

Ao contrário de Hermione, Harry demorara apenas quinze minutos no banho, também se vestiu no banheiro. Meia hora depois de entrar lá, ele saiu e viu Hermione pressionando um spray de líquido transparente com uma mão e segurando a varinha, apontando-a para a cabeça, com a outra.

— O que está fazendo? — Perguntou Harry para Hermione quando Rony entrou no banheiro.

— Estou fazendo com o meu cabelo o mesmo que fiz no Baile de Inverno na quarta série.

— Ah. Legal. Mas não era complicado?

— Era. Até que lançaram esse Novo Spray Capilar Madame Hexxer.

— Ah. Legal.

— Acho bom você fazer algo com o seu cabelo, Harry.

— Não adianta. Ele é assim. Despenteado.

— Senta aí na cama.

Harry obedeceu, mas perguntou:

— O que você vai fazer?

— Pentear isso aí.

— Hermione, eu já disse, ele é assim.

— Assim veremos.

Hermione pressionou o spray na cabeça de Harry, apontou a varinha para o cabelo dele e disse:

— Producto Efectum!

Harry sentiu algo gelado sobre a sua cabeça e sentiu Hermione penteando o seu cabelo.

— De que vai adiantar?

— Levante e olhe no espelho.

Harry levantou no mesmo momento em que o trem começou a perder velocidade e Rony saiu do banheiro. Harry deixou o queixo cair.

O cabelo de Harry estava, pela primeira vez na vida, penteado. Hermione o colocara penteado para trás, incluindo a franja, deixando a testa de Harry à mostra.

— Podemos também dar um jeito nos seus óculos. — disse Hermione puxando os óculos de Harry, tocando a ponta da varinha neles e os devolvendo a Harry.

Ao olhar novamente para o espelho, Harry viu que estes óculos eram diferentes daqueles que ele estava usando antes. Estes não possuíam aro e a lente era muito mais fina.

— Obrigado. Valeu mesmo.

— De nada.

— O único problema é que a cicatriz está aparecendo. Mas está bom assim.

— E você, Rony? Quer fazer algo no seu cabelo?

— Não, obrigado.

A sineta tocou novamente e Harry viu que o trem estava parando.

— Vamos lá. Estamos chegando.

Os três saíram do quarto e foram para o Saguão Central, onde Dumbledore já os esperava.

— Por favor, façam fileira dupla. Rápido. Não temos muito tempo.

Quando todos se enfileiraram, Dumbledore checou os nomes da lista para ver se todos estavam ali. Após confirmados, Dumbledore disse:

— Vamos para a porta da frente.

Todos os alunos o seguiram e, no exato momento em que eles alcançaram a porta, o trem parou.

— Atenção todos. Vamos. — disse Dumbledore quando a porta se abriu.


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