Harry Potter E O Toque Da Morte escrita por RTafuri


Capítulo 18
A DELEGAÇÃO


Notas iniciais do capítulo

Aqui foi um dos momentos de maior diversão ao escrever esta história. Espero que concordem comigo ao que diz respeoto ao Expresso de Hogwarts.



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Harry acordou no Sábado, determinado a ensinar o máximo que podia para a AD. Como um último encontro.

— Vamos ter uma despedida. Quero que me mostrem tudo o que aprenderam desde Setembro — disse ele para todas as turmas, até a sétima série. E não demorava muito para que alunos estuporados voassem pela sala, varinhas desarmadas saírem das mãos de seus donos, alunos imobilizados por Impedimenta, Petrificus Totalus e Imobilus. Harry se sentiu orgulhoso quando quase nenhum aluno teve dificuldades em produzir um Patrono e a sala ficou carregada de luz prateada que emanava de cisnes, dragões, águias, leões, ursos. Harry, porém, percebeu que ele era o único que produzia um cervo como Patrono.

— Vocês estão muito bons, realmente — disse Harry para a turma da sétima série. Emily Marian, da Corvinal, sorriu. Ela era um caso à parte. Harry se lembrava muito bem de como ela não conseguia nem desarmar um adversário, porém, ela foi a primeira da turma a conseguir fazer um Patrono corpóreo.

Às sete e meia, Harry, Rony e Hermione rumaram para a Sala Precisa. Já encontraram a porta na parede, o que significava que ela já estava sendo usada. Harry bateu três vezes à porta e esta se abriu. Os três entraram e se viram mais uma vez nos jardins de Hogwarts. Quando eles chegaram ao Campo de Quadribol encontraram a professora McGonagall e uns trinta alunos.

— Olá, Harry! — disse uma voz que Harry não ouvia desde a Copa Mundial de Quadribol. Harry se virou e se deparou com Olívio Wood. Um pouco diferente. Ele parecia ter quebrado o nariz. Wood provavelmente percebera que Harry estava olhando, já que apontou para o nariz e disse:

— Balaço. Campeonato Inglês do ano passado. Mas e você? Soube que agora é o Capitão do Time da Grifinória.

Harry riu.

— Oi Harry — Harry olhou para o lado e viu Angelina Johnson e Alícia Spinnet, as antigas artilheiras da Grifinória. Fred e Jorge Weasley se aproximaram quando viram que estavam todos juntos. Harry olhou de relance para Wood e viu que ele deixava rolar uma lágrima pelo lado esquerdo do rosto.

— O que foi, Olívio? — Perguntou Harry.

— Nada. Só deu saudades daqui. Do treino de Quadribol. De vocês.

— Ora, não seja por isso. Nós vamos ficar juntos até junho, você vai matar a saudade — disse Fred agarrando Olívio pelo pescoço. Harry se perguntou se o garoto falava sério ou se caçoava de Wood.

— O QUÊ? JUNHO? E as aulas? E os exames? — Hermione assustara Harry, mas a julgar pela cara dela, o fato de ficar longe de Hogwarts até o fim do ano letivo era muito mais assustador.

— Fique calma, Hermione — disse Fred sorrindo levemente. — Dumbledore me disse que vocês terão aulas. Só as principais. Defesa Contra as Artes das Trevas, Poções, Transfigurações, Feitiços e, é claro, o curso de formação.

— Curso de formação? — perguntou Wood curioso. — O que é isso?

— O nome já diz — respondeu Jorge. — Com Dumbledore como Ministro da Magia, ele antecipou o curso de formação para a sexta série.

— Atenção! Formem uma fila horizontal — disse a professora McGonagall e todos se postaram diante dela. — Time Titular de Hogwarts. Quando eu chamar seus nomes, vocês devem dar um passo à frente e assim também devem fazer os acompanhantes de cada um. Goleiro: Emily Marian; Corvinal. — Emily deu um passo à frente. Harry viu que um garoto que ele reconheceu ser Teo Boot e Luna Lovegood também avançaram. — Batedores: Fred Weasley; Ex-aluno da Grifinória e Jorge Weasley; Ex-aluno da Grifinória — Fred, Jorge, Lino Jordan, Olívio Wood, Angelina Johnson e Alícia Spinnet avançaram. — Artilheiros: Sean Montague; Sonserina, Malcolm Baddock; Sonserina e Ziffley Broomble; Lufa-Lufa — Junto com Montague, avançou a pessoa que Harry menos queria que fizesse parte da Delegação: Draco Malfoy. Também avançou aquele garoto que Harry vira ser selecionado no dia Primeiro de Setembro. Longos e negros fios de cabelo que caíam até o ombro, no rosto um olhar vazio e um sorriso estranho. Algo maligno. A aparência de Zandley Brieck não mudara desde o início do ano letivo. Ele realmente deveria ser amigo de Malfoy, ou de Montague, para ir junto com a Delegação. A professora McGonagall continuou. — Apanhador: Harry Potter; Grifinória. — Harry, Rony e Hermione avançaram um passo. Olhando para o lado, Harry viu o olhar fuzilante de Draco Malfoy. E, por um breve momento, os três se divertiram com a inveja de Malfoy ao ver Harry no Time Titular enquanto ele nem reserva era. — Atenção, Time Reserva e seus acompanhantes. Um passo ao ouvirem seus nomes — continuou a professora. — Goleiro: Owen Cauldwell; Lufa-Lufa — Harry não conhecia nenhum dos três que avançaram — Batedores: Gina Weasley; Grifinória e Kirk Zandler; Sonserina — Gina deu um passo à frente. Também o fizeram Dino Tomas e Neville Longbottom. Harry havia se esquecido que Gina estava saindo com Dino. Ele comentou isso com Rony, que fingiu não ouvir. — Artilheiros: Alexandre Moore; Grifinória, Grão Pritchard; Sonserina e Frank Bruffer; Corvinal — Junto a Alexandre estavam Guto e Eleanor Joly, os outros integrantes do Time de Quadribol da Grifinória. Quanto a Grão Pritchard e Frank Bruffer, Harry nunca ouvira falar em nenhum dos dois. No caso em nenhum dos seis, pois Harry também não conhecia os seus acompanhantes — Apanhador: Cho Chang; Corvinal. — Junto com Cho, Harry viu, avançaram Miguel Corner e Marieta Edgecombe. Harry percebeu que, mesmo tendo desaparecido a acne, Marieta continuava com “dedo-duro” escrito na cara — Aguardem um instante até que o diretor das outras casas, Madame Hooch e o Diretor cheguem — continuou McGonagall. — Enquanto isso podem se sentar nas arquibancadas. Sem discussões — A professora olhou feio para Malfoy que, Harry percebeu, só esperava a chance de tentar, de alguma forma, zombar de Harry.

— Coitado — sussurrou Rony no ouvido de Harry.

— Aposto que ele está se divertindo. O Santo Protegido do Dumbledore — Harry ouviu Draco provocar. Sabia que o mais natural seria Harry ter revidado e, em consequência, se enrascar com McGonagall. Porém, Harry resolveu ficar quieto e observar Draco.

— Ei, eu não vi a Cátia. — disse Harry se virando para Wood — Onde ela está?

— Austrália — respondeu Angelina Johnson. — Descobriram lá um dos maiores campos de criação de Dragões e lá está ela. Estudando eles. Eles estão contra uma campanha para convencer as pessoas a usarem sangue de dragão ao invés de outros produtos mágicos. Ela me escreveu dizendo que não sobrarão dragões a serem estudados se as pessoas não pararem de matá-los para extrair o sangue. E como o pai dela é um dos chefes da equipe, ela nem ao menos esperou terminar o curso em Hogwarts.

A porta da Sala Precisa se abriu mais uma vez e os professores Snape, Flitwick e Sprout entraram acompanhados pelo Professor Dumbledore. Com eles também estava Madame Hooch.

— Titulares, reservas. Bom jogo. O capitão dos dois times será escolhido nos próximos dois jogos — disse Dumbledore se virando para eles. — Deixando claro que de acordo com o regulamento da Copa Escolar de Quadribol, a vaga de capitão deve pertencer somente àqueles que ainda frequentam Hogwarts. Sinto muito, Srs. Weasley.

Catorze pessoas, incluindo Harry, voltaram para o campo. Harry se sentiu um pouco aliviado. Antes do jogo começar, Harry ouviu Lino Jordan estender a mão para o megafone que ele costumara narrar as partidas e perguntar “Posso?” para a professora McGonagall. Madame Hooch já esperava no meio do campo.

— Montem as suas vassouras. E boa sorte.

As vassouras foram ao ar. Harry se sentiu muitíssimo aliviado. Uma partida de Quadribol. Era tudo o que ele queria. Ele não jogara Quadribol pelos últimos treze meses.

Foi quando tudo aconteceu.

Foi muito rápido. Madame Hooch deu um pênalti a favor do time titular por um motivo que Harry não fazia a mínima idéia qual era. Ele tinha um motivo muito maior para se preocupar. O pomo de ouro jazia ali, parado, uns dez metros acima da baliza central do campo titular.

Foi quando o apito de Madame Hooch soou informando dez pontos para o Time Titular. Harry pegou. Com força. A pequena e gelada bola dourada tentava voar para longe dele, mas era impossível. Os nós dos dedos de Harry estavam brancos de tanta força para segurar o pomo. O apito de Madame Hooch soou mais uma vez. Harry, então, conseguiu ouvir a vos de Lino Jordan.

— Recorde! Nunca antes em Hogwarts! A mais rápida captura do pomo de ouro na história do Quadribol escolar! Sim senhores! Harry Potter apanha o pomo. Cento e sessenta a zero para o Time Titular!

Harry estava de volta ao chão. Dumbledore segurava um faixa, que, a julgar pelo tamanho, seria posta no braço.

— Parabéns, Harry! Não há dúvida. Você merece — e esticou a faixa para que Harry colocasse a mão dentro. Dumbledore a ajustou no braço de Harry e ele olhou com mais atenção para a faixa. No meio estava o emblema de Hogwarts. Um leão, um texugo, uma águia e uma serpente em torno de uma grande letra H. No lado esquerdo, estava escrito Copa Escolar de Quadribol. Do lado direito, estava, em letras reluzentes Capitão do Time Titular. Harry não pôde evitar. Sorriu.

Atenção Time Reserva! — disse Madame Hooch. — É o teste de vocês. Os dois times queiram voltar ao ar.

Harry remontou sua Firebolt Segunda Geração e voltou a procurar o pomo. Sentia-se muito mais aliviado do que há cinco minutos quando Madame Hooch havia soado o apito para dar início ao teste de capitão do time dele. Ele não tinha mais responsabilidades com a captura do pomo. Harry resolveu aproveitar a chance. Era perfeito demais para desperdiçar. Ele virou a vassoura para a parte da arquibancada onde Draco Malfoy e seus amigos estavam sentados. A faixa de Capitão do Time Titular por um triz escapou da bochecha de Malfoy. Harry viu de relance o olhar fuzilante que Malfoy lhe atirava. Divertiu-se com isso e começou a rir. O apito de Madame Hooch soou mais uma vez. Harry procurou saber o que era. Será que Cho pegara o pomo?

Não. Harry viu várias vassouras circulando outra, Madame Hooch segurava Emily Marian em sua vassoura. A garota sangrava pelo nariz como uma torneira aberta jorra água. Todos desceram e Harry perguntou a Fred o que acontecera.

— Kirk Zandler. Tentando a vaga de capitão, derrubou Emily para que Grão Pritchard pudesse fazer um gol.

Emily não parava de sangrar. Harry ouviu Madame Hooch dizer a Dumbledore que ela não teria mais chances de voltar ao campo.

— Mas nós precisamos terminar isso hoje. Partimos amanhã.

— Diretor, senhor — era Wood. — Se o senhor me permite, eu posso substituir a goleira titular.

Dumbledore olhou Wood por um momento como se o avaliasse e então disse:

— Sim. Está bem, Sr. Wood. O senhor pode tomar o lugar da Srta. Marian.

Wood montou a vassoura de Emily. Puxou a varinha, apontou para uma mancha de sangue que cobria o nome Comet 290 e deu uma volta par sentir a vassoura. Quando voltou ao chão, Madame Hooch soou o apito e o jogo recomeçou.

Eles estavam em campo há vinte minutos desde o acidente com Emily Marian. O time titular liderava por cento e setenta a cento e quarenta. Foi a primeira vez no segundo jogo que Harry vira o pomo. Mas, quando ele avançou para a pequena bola, Cho Chang passou rapidamente por ele e quase o derrubou da vassoura.

— Potter! Essa é a minha vez! Eu também quero ser capitão! — Gritou ela deixando Harry atordoado e sem saber o que pensar.

Fred Weasley ouviu o que acontecera e, assim como Harry, achou aquilo um absurdo sem tamanho. Indignado pela atitude de Cho, Fred arremessou um Balaço nela, que a fez perder o pomo de vista. Porém, Harry continuava a ver a pequena bola dourada. Ela estava se distanciando do campo por trás da arquibancada da Corvinal. Cho também avistara o pomo, mas Harry resolveu mostrar o valor de uma Firebolt Segunda Geração. Ele passou por Cho como um borrão preto. Estava a pouquíssimos metros de distância do pomo, mas Cho decidiu que iria agarrar o pomo. A situação virou uma questão de honra para Harry.

Assim como Harry e Cho voavam cada vez mais rápido em direção ao pomo, o pomo voava cada vez mais rápido na direção oposta aos dois. Harry se impulsionava cada vez mais para a frente e Cho tentava alcançá-lo. Mas Harry já havia perdido a paciência. Impulsionou-se ainda com mais força e apanhou o pomo.

Com raiva, Cho apanhou a varinha dentro das vestes e gritou Furnunculus, mas Harry apanhou a varinha e gritou protego! O raio de luz atingiu as pernas de Cho e furúnculos começaram a estourar na pele dela. Tanto que a vassoura se prendeu entre as pernas da garota. Ela começou a cair, mas Harry apontou para o chão e disse Corpus Repellum e, antes que Cho batesse no chão, o chão se levantou e ergueu Cho até a altura de Harry. Ele acenou a varinha, disse Finite Incantatem e Cho voltou ao normal. Apontou para o chão, repetiu o feitiço e este também voltou ao normal.

A raiva de Cho por Harry, porém, só piorou. Dumbledore acabara de anunciar o Capitão do Time Reserva: Owen Cauldwell.

Harry achou que se não estivesse com a varinha em mãos Cho talvez o lançasse outra azaração. Mas não, ela guardou toda a raiva e se virou para Miguel Corner e Marieta Edgecombe.

— Atenção todos! — Disse Dumbledore. — Aos alunos, voltem para as suas Salas Comunais, aos ex-alunos, venham comigo. Tenho um lugar para vocês dormirem. A todos, estejam no Saguão de Entrada após o café da manhã. Boa noite.

*        *        *

Harry acordou às cinco horas da manhã seguinte. A excitação tomou parte de seu corpo, ele ainda não conseguia acreditar que era Capitão do Time. Capitão. Ele estava no time de Hogwarts, ia para Beauxbatons disputar a Copa Escolar de Quadribol. Harry continuou sentado em sua cama. Não demorou muito, Rony, Neville e Dino Thomas também acordaram. Harry havia se esquecido de que Dino e Neville iam como acompanhantes de Gina Weasley.

Às oito horas, todos já estavam no Saguão de Entrada. A professora McGonagall checava mais uma vez a lista da delegação. O Professor Dumbledore, Madame Hooch e Hagrid esperavam à porta de carvalho do castelo.

— Hagrid! Vai com a gente? — Perguntou Harry, sorrindo.

— Não. Não com vocês. — Hagrid se abaixou e disse baixo, tão baixo que Harry quase teve de fazer leitura labial para entender. — Eu vou em missão da Ordem.

Harry ouviu um pigarro alto atrás dele e viu Hagrid pular de susto. Era Dumbledore.

— Hagrid! Acho que já está na hora. Vamos?

— Ah! Sim! Sim, senhor. Está na hora. Vamos. Sim.

Dumbledore segurou Harry fortemente pelo ombro e desceu as escadas que dão fora do castelo.

Hagrid os levou para a flotilha de barcos que Harry reconheceu por ser aquela que o levou da Estação de Hogsmeade para Hogwarts no dia da seleção de Harry. O garoto imaginou se eles iriam para Beauxbatons de barquinhos. Mas se enganou. A flotilha simplesmente os levou até a Estação de Hogsmeade, onde o Expresso de Hogwarts já os esperava. A fumaça saía pela chaminé e o trem já estava pronto para partir.

— Podem entrar — disse Dumbledore finalmente largando o ombro de Harry — Vocês têm quinze minutos para achar o quarto de cada trio. Depois se dirijam ao Saguão Central. Cada quarto possui um banheiro e três camas separadas.

Harry não entendera. Como o Expresso de Hogwarts poderia ter quartos, banheiros e camas. O trem era do tamanho perfeito para que os alunos pudessem ir de King’s Cross para Hogsmeade. E o que era o Saguão Central?

Harry deixou o queixo cair quando entrou numa das últimas cabines. Ele não acreditava no que via. Tudo bem que uma vez ele tenha visto a mesma coisa quando o Sr. Weasley montara duas barracas para acampamento no dia da final da Copa Mundial de Quadribol. Harry achara duas barracas normais, parecidas com as dos trouxas, muito pequena para toda aquela gente. Mas ao entrar, Harry se achou num tipo de apartamento, pequeno, mas perfeitamente mobiliado. Fogão, camas beliche, banheiro. Mas isto agora já era demais.

Quando Harry entrou, se deparou com uma porta de nogueira, o emblema de Hogwarts e da Copa Escolar de Quadribol — três vassouras voando na horizontal em torno das iniciais C.E.Q., as quatro bolas também voando, só que em sentido vertical em relação às iniciais, tudo isso dentro de um brasão que não deixava nada voador ir muito longe. Porém, Harry percebeu, os pequenos Balaços tentavam fugir. E a um exame mais atento, cada vassoura carregava o nome de uma das escolas no cabo — abaixo um pomo de ouro e um banco. O pomo voava um pouco pela porta e às vezes parava no banco. Só podia ser o quarto do apanhador reserva. E isso se confirmou quando Harry viu três nomes em letras douradas sobre o brasão de Corvinal: Cho Chang, Miguel Corner, Marieta Edgecombe. Harry se sentiu furioso.

— Não é aqui — disse Rony, finalmente fechando a boca. A reação dele ao entrar no trem foi até pior do que a de Harry.

— Olhem lá fora. Vejam se a Cho está lá. — disse Harry. Hermione colocou a cabeça para fora da janela e voltou.

— Está. E está vindo para cá.

— Ótimo. — disse Harry — Assim eu não preciso sair do trem. Quero ver como está tudo.

Os três carregaram os malões para a frente do trem, passando pelos quartos dos times reservas, onde os nomes dos moradores do quarto estavam sobre o símbolo da casa de cada um, alunos entravam e saíam dos quartos, alguns de vestes e carregando malões, outros já de roupas de trouxas, como se estivessem de férias. Ao passar do quarto de Owen Cauldwell, eles se depararam com o que só poderia ser o que Dumbledore chamara de Saguão Central.

Era uma enorme sala redonda onde, de um lado estavam dois desenhos de Campos de Quadribol diferentes e catorze cadeiras, duas de frente para as outras doze. Havia uma cortina que isolava esta parte do resto do Saguão Central. Do outro lado estava uma enorme lareira e cerca de cinquenta poltronas, várias mesas e alguns sofás. Na parede, além de quadros de Godric Gryffindor, Helga Hufflepuff, Rowena Ravenclaw e Salazar Slytherin, havia cinco portas. Duas de um lado da lareira e três do outro. Harry imaginou ser impossível haver mais cômodos dentro do trem, mas não comentou nada com Rony e Hermione.

Logo após o Saguão Central, Harry viu mais uma porta de nogueira, com os mesmos emblemas que vira na porta do quarto de Cho (que estavam em todas as portas), mas também o mesmo emblema que continha na sua faixa de Capitão do Time Titular. Havia um pomo de ouro que também voava pela porta, mas esta era a primeira porta sem um banco. Sobre o imponente leão da Grifinória estavam os nomes Harry Potter, Ronald Weasley e Hermione Granger. Harry colocou a mão na maçaneta e a sentiu aquecer, como se estivesse reconhecendo quem a abria.

E se abriu. Os três entraram e se acharam num quarto do tamanho do dormitório da Grifinória. Três camas de coluna e com cortinas se achavam espaçadas formando um triângulo. Ao lado de cada cama, havia uma mesinha de cabeceira. Entre duas camas havia uma porta. Uma era a do quarto e as outras Harry foi checar o que era. Ao abri-las, Harry descobriu que uma era um banheiro, com banheira, sanitário e um chuveiro. A outra porta, que continha um quadro de avisos no alto, ao ser aberta, revelou mais três portas. A da esquerda continha o nome de Harry, a do meio, o de Rony e a da direita, o de Hermione. Harry abriu a porta e sentiu o mesmo aquecimento que a porta do quarto fez na sua mão. Ao entrar no seu armário, viu à esquerda, cabides no alto e mais nada embaixo, do outro lado, prateleiras e gavetas iam do teto ao chão. Harry tentou abrir o armário de Rony para ver se era igual, mas não conseguiu, a maçaneta não se aqueceu simplesmente. Se Harry a segurasse por mais uns segundos ele teria queimado seriamente a mão. Harry se deitou na cama em que estava escrito Harry Potter, sentiu o mesmo aquecimento que era a cama o reconhecendo e sentiu, também, mãos invisíveis tirando seus óculos, viu um borrão que eram eles sendo dobrados e colocados na mesinha de cabeceira. Harry se sentou e pegou seus óculos. Os colocou de novo e disse:

— É legal. Eu ainda estou surpreso de estarmos dentro do trem, mas acostuma. Quanto às portas, pelo menos Malfoy não virá aqui nos incomodar. Vamos mudar de roupa? Todos os que já se acomodaram estão usando roupas trouxas.

— É — disse Hermione vagamente saindo do seu armário — Eu vou trocar de roupa no banheiro. Depois tenho que arrumar essas coisas.

— Eu acho que nós temos elfos domésticos. Não temos? — Perguntou Rony, mas se arrependeu depois do olhar fuzilante de Hermione. Foi quando a porta do quarto se abriu. Harry imaginou quem era, já que só os três podiam tocar na maçaneta. Harry olhou para trás e não viu nada. Mas sentiu alguém puxar a barra de suas vestes.

— Olá!

— Dobby! O quê…? O quê você está fazendo aqui?

— Dobby agora serve Harry Potter, meu senhor. Dobby foi escolhido pelo Professor Dumbledore junto com os outros nove elfos que estão aqui. Qualquer coisa que Harry Potter quer, pede a Dobby que Dobby faz.

— Mas, Dobby, como você conseguiu…?

— Os elfos domésticos podem entrar nos quartos dos seus amos, senhor Wheezy. Dobby pode entrar aqui a hora que Dobby quer.

Foi quando uma sineta tocou dentro do quarto.

— O que é isso? — perguntou Rony após ter dado um pulo por culpa do susto que levara.

— É a chamada, senhor Wheezy — respondeu Dobby. — Isso significa que o senhor Alvo Dumbledore quer que todos se encontrem no Saguão Central, senhor. Os senhores devem ir agora, Dobby vai arrumar tudo enquanto os senhores estiverem lá. E o senhor Alvo Dumbledore deu ordens à Dobby que ele arrume as coisas da Srta. Hermione Granger, por mais que ela mandar Dobby deixar tudo.

Rony e Harry riram. Hermione pareceu desapontada. Mais uma vez a sineta tocou.

— Os senhores devem ir agora, senhores — disse Dobby arrastando Harry pela mão e levando ele para a porta. — O senhor Dumbledore quer todos no Saguão Central agora, meus senhores.

Harry, Rony e Hermione saíram do quarto e lá deixaram Dobby.

— É. Dumbledore sempre pensa em tudo.

— Não teve graça, Harry. É um absurdo fazer o pobre do Dobby arrumar tudo sozinho. Nós podemos muito bem arrumar as nossas roupas.

— É. E o que você vai fazer? — Perguntou Rony. — Desarrumar tudo o que o Dobby fez e arrumar de novo.

— Não, Rony. Mas eu vou fazer alguma coisa até o final da Copa.

— Contanto que não seja novamente tricotar chapéus e meias, pois isso não adiantou, Hermione. Dobby pegou todos eles e os usava de uma vez só.

Hermione pareceu desapontada.

— Eu sei. Eu vi no dia em que o Dobby foi até a AD avisar que a Umbridge descobrira sobre nós.

O trem deu um solavanco. Eles estavam partindo.

— Sentem-se. Sentem-se — disse Dumbledore para todos. Ele estava em frente à lareira, e apontava para as poltronas. Todos se sentaram e o diretor começou.

— Estamos agora, indo para Beauxbatons. A viagem levará doze horas. Digamos que o Expresso de Hogwarts está um pouco mais acelerado — era verdade, Harry olhou por uma janela próxima e só via borrões verdes que eram os campos perto de Hogsmeade. — Quando nós chegarmos lá, vocês deverão descer de uniforme. Todos. Não se esqueçam de que Beauxbatons e Durmstrang assim fizeram no Torneio Tribruxo. Vocês podem passear pelo trem quando desejarem, mas como já devem ter percebido, os quartos só se abrem por elfos domésticos que trabalham no quarto e pelos próprios donos. Aos namorados, lamento informar que cada um tem a sua cama. Não podendo haver troca nem divisão delas. Quanto às cinco portas atrás de mim. Quatro são salas de aulas. Divididas por temas. A outra, uma pequena biblioteca. Vocês continuarão a ter todas as aulas, ao contrário dos boatos que eu escutei — Dumbledore olhou para Fred e Jorge. — Beauxbatons já possuía um campo de Quadribol. Ele será usado para as três escolas treinarem. O Ministério da Magia francês instalou um campo oficial para os jogos.

“Quanto aos treinos. Cada escola terá dois dias para treinar por semana, sendo o domingo, um dia livre. Quando faltarem duas semanas para cada partida, as escolas que vão jogar terão direito a mais dois dias de treino. Estes serão no campo oficial.

A Copa Escolar de Quadribol será feita por sete jogos. Cada escola jogará duas vezes contra as outras duas. Temos tempo, a primeira partida será Beauxbatons e Durmstrang, depois nós jogamos contra Beauxbatons. O resto do calendário está dentro do quarto de cada um. As duas escolas que mais pontuarem jogarão a final. Esta será no dia vinte e três de junho. Devo dizer que já tenho um lugar especial para a Taça da Copa na Sala de Troféus, só depende de vocês colocar esta taça lá — Harry sentiu o olhar de Dumbledore — Vocês jogarão contra um jogador famoso: Vítor Krum. O novo diretor de Durmstrang, Henry Plakrroff exigiu que Krum jogasse. Por isso, cada escola tem o direito de chamar até dois ex-alunos para o time.

Quando chegarmos, participaremos de um banquete de boas vindas. Beauxbatons é dividida por séries. São sete mesas e nós iremos nos sentar à mesa da sexta série. Entrando no Salão de Jantar, será a penúltima mesa à esquerda. Durmstrang se sentará à mesa da segunda série. Após isso, voltaremos ao trem. Eles, é claro, falam francês. E vocês entenderão tudo o que Madame Maxime e os outros alunos disserem. Com um simples feitiço tradutor ao qual vocês já foram submetidos quando entraram no trem. Quando vocês falarem, falarão inglês, e eles entenderão. Assim será com os alunos de Durmstrang. Vocês têm direito a frequentar a biblioteca de Beauxbatons, usando, é claro, do feitiço dicionário. Fiquem tranquilos, Beauxbatons não possui um Poltergeist, o que é uma pena. Acho Pirraça muito espirituoso. Bom, isso não vem ao caso. Para aqueles que se interessam, o Ministério da Magia está sendo assumido por Arthur Weasley.

Ocorrerá um Baile de Inverno. No dia vinte e quatro de dezembro. Cada Capitão Titular abrirá o baile com um par que ele escolherá até a véspera do baile. Todos os alunos de Hogwarts e Durmstrang participarão do baile. Os de Beauxbatons têm de estar na quarta série.

O almoço será servido em duas horas. Vocês têm o dia livre. Podem ir.”


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