Os três saíram do banheiro e logo estavam de volta à Torre da Grifinória. Hermione de repente se lembrou de que tinha uma redação do Prof. Flitwick a fazer.

— Mas nós não temos redação nenhuma. A não ser a do Snape, da McGonagall, Sprout, Hagrid, Davi, mas nada do Flitwick. — disse Rony contando as redações nos dedos. Mas Hermione não lhe dera atenção, sentou-se numa cadeira e puxou a varinha, pergaminho, O Livro Padrão de Feitiços 6ª Série e uma pena que Harry se lembrou por ser aquela que a amiga comprara na primeiríssima reunião da AD, no Cabeça de Javali. Isto fez Harry se lembrar de algo.

— Ei. Eu não fiz as reuniões da AD neste fim de semana. Nem no outro.

— Eu sei que não — respondeu Hermione calmamente. Ela pegara a varinha, murmurara um  feitiço para a pena, que se contorceu e voltou ao normal. Após, ela colocou a ponta da pena na boca e chupou. Colocou a pena sobre o pergaminho e esta estremeceu, correu pelo rolo e parou onde estaria a primeira linha, esperando apenas que Hermione começasse.

— Isso me faz lembrar da…

— Rita Skeeter. Eu sei. — respondeu Hermione. — Foi dela que eu tirei a idéia. Mas com uma diferença: esta aqui só escreve o que lhe é dito. Não sai por aí inventando histórias sobre ninguém. Começar! — Hermione disse para a pena que se estremeceu rapidamente. — O Feitiço Fidelius foi criado acidentalmente em 1548 por Malcom o Estranho quando sua família foi ameaçada por Brodeck o Louco. O intuito do feitiço era que sua família se fortalecesse contra a família de Brodeck, porém, a família inteira desapareceu, só quem sabia do paradeiro era Malcom, que continuava, todo dia, a voltar para a casa para o Longo Jantar da Família Crups.

Harry se cansara de ouvir Hermione falar sobre o Feitiço Fidelius e se virou para Rony, que com quase nenhuma vontade, puxara o seu exemplar de Poções, Da Teoria À Prática, um rolo de pergaminho e a pena. Começara a escrever Pedras mágicas e suas utilidades quando Harry decidiu, sabendo que iria se arrepender, que iria dormir.

— Estou com sono. Boa noite — disse ele para Rony e Hermione.

— Boa noite — respondeu Rony.

— Parar — disse Hermione para a pena que ficou como uma estátua no local onde acabara a última palavra ditada por Hermione — Boa noite, Harry. Recomeçar — a pena estremeceu mais uma vez e voltara a arranhar no pergaminho cada palavra que a garota dizia.

Na manhã seguinte, após o café da manhã, Harry, Rony e Hermione seguiram para a aula de Flitwick. O professor parecia um tanto ansioso para iniciar sua aula. Quando Parvati Patil perguntou o que ele iria ensinar hoje, ele simplesmente respondeu que ela saberia assim que toda a turma estivesse em sala.

— Bom dia — disse Flitwick com um tom de excitação na voz fina quando todos já haviam se sentado após terem sido apressados pelo professor — Hoje, nós vamos iniciar o Feitiço Fidelius. Alto nível de N.I.E.M.s e que vocês devem praticar a partir de agora. Antes que eu me esqueça, quero para a próxima Terça uma redação de um rolo de pergaminho sobre tudo o que vocês conseguirem sobre este feitiço. Agora vamos começar. Sr. Potter, é bom prestar atenção.

Harry tomou um susto. Estava completamente abismado. Como Hermione pudera saber ontem sobre a matéria a ser ensinada hoje? Mas o garoto não teve muito tempo para pensar no assunto, o Prof. Flitwick e toda a turma olhavam para ele. Ao olhar para Rony, Harry vira que o amigo era o único a não olhar para ele. Estava boquiaberto, os olhos vidrados em Hermione. Ela, porém, não pareceu perceber. Estava muito ocupada lançando um olhar de “cala a boca e presta atenção na aula” para Harry.

— Desculpe — disse Harry tendo certeza que corava.

— Tudo bem — disse Flitwick. — Deixe-me avisar a todos que eu duvido muito que algum de vocês consiga algo hoje. — Hermione pareceu aterrorizada. Harry sabia que, para ela, era inconcebível sair de uma aula sem ter aprendido a lição corretamente.

— Vocês devem pegar as próprias penas, se concentrarem e usarem toda a força de vocês nisso. Toquem com a varinha nas penas, e digam Fidelius Fatum, depois toquem na cabeça de vocês e digam Fidelius Feito, o primeiro feitiço deve produzir um forte raio de luz turquesa e o segundo um forte raio de luz dourada. Para aqueles que não entenderam a dificuldade do Feitiço Fidelius, ela está na força que deve ser exercida para levar a varinha do objeto a ser guardado até a cabeça do Guardião do Segredo. Se vocês perderem a força na varinha, o feitiço vai se anular. Lembrando é claro que a luz dourada do segundo feitiço deve, também, cobrir todo o corpo do guardião. Avisarei se algum feitiço der certo.

Harry não entendera exatamente o que Flitwick quis dizer com “a força que deve ser exercida”, mas sem tentar entender, pegou a varinha, a tocou na pena e disse Fidelius Fatum, a primeira parte do feitiço deu certo, um forte jorro de luz turquesa saiu da ponta de sua varinha e cobriu toda a pena. Foi nessa hora que ele entendera o que era a força para executar o feitiço. Harry tentou, com uma mão apenas, mas não conseguiu. Deixou a varinha cair e a luz azul se apagou. Tentou mais uma vez, agora com os dois braços, mas também não conseguira. Mais uma vez o feitiço se desfizera.

Harry não era o único a fracassar. Após três tentativas frustradas de realizar o feitiço e com os braços doendo muito, Harry parou um pouco para fazer massagem neles e olhar o resto da turma.

Neville Longbottom suava tanto que a frente das vestes do garoto já estava encharcada, Simas Finnigam tampouco obtivera sucesso. A varinha dele estava a um metro de distância de sua mesa, mas o garoto se mostrava incapaz de mover um dedo sequer. Lágrimas eram visíveis no rosto de Parvati Patil. O rosto de Rony estava mais vermelho do que nunca, mas não por nervosismo, e sim por esforço em demasia. Hermione demonstrava alta irritação. Ela não queria dar o braço a torcer. Ela não queria sair dali sem conseguir, pelo menos uma vez, realizar o Feitiço Fidelius.

— Fidelius Fatum! — Hermione parecia determinada a conseguir. Logo, Harry não era o único a observar tal esforço. Também não era o único a torcer para que ela conseguisse levar a varinha à sua cabeça. Foi quando Harry teve uma idéia.

— Vingardium Leviosa! — Harry apontara a sua varinha para a de Hermione, que finalmente tocou a cabeça da dona, que, com absurdo esforço disse:

— Fidelius Feito! — Hermione foi coberta por uma luz dourada muito forte que quase cegou Harry. Quando ele apertou os olhos para passar o efeito da luz, Hermione voltara ao normal, parecia absolutamente descansada do esforço para a realização do feitiço. A pena, porém, sumira.

— Muito bem! Muito bem mesmo! — O Prof. Flitwick parecia bastante excitado que alguém tivesse conseguido realizar o Feitiço Fidelius. — Vejamos. Vinte pontos para a senhorita Granger que conseguiu ocultar a pena com sucesso e dez para o senhor Potter por ajudar a amiga quando ela precisou. É isso que nós queremos. União entre as casas e dentro dela, parabéns. É uma pena somente, que, por ter sido realizado com a ajuda de outro feitiço, o Fidelius realizado pela senhorita já esteja perdendo efeito.

Era verdade. A pena de Hermione reaparecia aos poucos. Porém, percebendo o desanimo de Harry, Flitwick disse:

— Mas não se desapontem. Para ser sincero, há anos eu espero que um de vocês tivesse esta atitude. Por isso, mais cinco pontos para o Sr. Potter.

Isso ajudou Harry um pouco. O problema era se Hermione estava chateada ou não. Afinal, ele estragou o efeito do feitiço que ela queria tanto realizar. Porém, a garota não pareceu se importar muito.

— Obrigada, Harry. Eu não teria conseguido sem você — disse ela quando os garotos rumavam para a aula da professora McGonagall.

— Entrem e se sentem. Quero dar-lhes dar um aviso. Na primeira aula de Janeiro, vocês receberão novos horários. Que vão conter exatamente as aulas necessárias para a formação profissional nas áreas que vocês escolheram trabalhar.

A lição de hoje era uma das mais difíceis de Harry desde a primeira série. De acordo com a professora, a parte teórica era bem simples, porém, a prática, nem tanto. Eles tinham que transfigurar seres humanos em coisas maiores ainda, para isso, eles tinham que, primeiramente, escolher um objeto e transformá-lo num ser humano. Ao final da aula, a única coisa que Harry conseguira fora dar pernas à sua mochila. Hermione, porém, quase foi atacada pelo dinossauro que antes era o seu brinco.

— Essa… foi… por… pouco — disse a garota, completamente descabelada, ofegante e com a frente das vestes rasgadas quando saiu da aula da professora Minerva. — Se não fosse a McGonagall a transformar aquela… coisa em brinco novamente eu nem sei o que teria acontecido.

— Não liga não — disse Rony. Harry viu como ele ficara preocupado quando o dinossauro acertou Hermione com a cauda e a arrastou pela sala — o importante é que você tá inteira e ganhou trinta pontos — isso pareceu deixar Hermione mais feliz.

*        *        *

Na sexta-feira, houve um grande alvoroço na Torre da Grifinória. Dois enormes avisos, cobrindo todos os outros que já lá estavam, apareceram no quadro.

— Saiam da frente! Sou monitor!

— Rony, isso é abuso de poder.

— O que importa é que eles saíram.

No primeiro, lia-se:

CLUBE OFICIAL DE DUELOS

Começa no dia quinze de dezembro o Clube Oficial de Duelos. Os alunos que receberam o formulário de autorização devem comparecer ao Grande Salão na data marcada às oito e meia da noite para a primeira reunião.

Alvo Dumbledore

Diretor

Harry achou a idéia ótima, estava se perguntando quando o clube iria começar. Mas antes de falar com Rony e Hermione sobre o clube, o garoto leu o segundo aviso.

COPA ESCOLAR DE QUADRIBOL

A Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts irá, no dia 30 de Novembro, embarcar com uma delegação previamente selecionada para a Academia de Magia Beauxbatons, que irá sediar a Copa Escolar de Quadribol. Participará também, da copa o Instituto Durmstrang.

O Time de Hogwarts contará com catorze jogadores. Cada um destes terá direito de levar dois acompanhantes consigo. Cada escola terá o direito de convocar até dois ex-alunos para integrarem o Time.

A Professora de Quadribol, Madame Hooch, e o Diretor de Hogwarts, Alvo Dumbledore, acompanharão a delegação.

A Escola será assumida pela Professora Minerva McGonagall.

Alvo Dumbledore

Diretor

— Uau! Uma Copa Escolar de Quadribol — disse Harry. Será que ele seria escalado?

— E aí! O que você acha, Harry?

— Não sei, Rony. Mas podem ter certeza de que se eu for escalado, vocês vão comigo.

— Potter! — era a professora McGonagall. Ela estava com uma prancheta e uma pena na mão. O coração de Harry deu um enorme salto. — Preciso falar com você. Se quiserem vir, Sr. Weasley e Srta. Granger, podem também.

A professora os levou para fora da Sala Comunal da Grifinória.

— Potter. Você deve ter lido sobre a Copa Escolar de Quadribol, suponho.

Harry concordou com a cabeça. O coração dele pulava ainda mais.

— Suponho que isto não seja uma grande surpresa para você, mas você será o apanhador titular de Hogwarts na Copa. Só por confirmação, Potter, quem serão os seus acompanhantes?

— Rony e Hermione. — disse Harry se sentindo mais feliz do que se sentira em muito tempo.

— Muito bem. Amanhã às sete e meia na Sala Precisa, o time titular irá treinar para decidir quem será o capitão. Logo após é a vez do time reserva. Depois de amanhã, eu quero o malão de cada um de vocês no Saguão de Entrada antes do café da manhã. Nós partiremos às onze horas. Uma Coruja de Emergência já foi mandada para as suas casas com a autorização de cada um. Potter, o diretor já assinou a sua. Infelizmente, a sua inscrição no Clube de Duelos Oficial de Hogwarts, que você iria participar, terá de ser cancelada. Alguma objeção?

— Não! É claro que não, professora.

— Uau! França! — Harry ouviu Hermione exclamar com excitação. — Já estava sentindo falta dela.

— Que Clube de Duelos Oficial de Hogwarts é esse? — Perguntou Rony. Provavelmente ele ficou tão excitado com a Copa que nem reparou no aviso logo em cima. Harry explicou sobre o formulário de autorização que recebera junto com a lista de livros.

O ânimo de Harry por nada foi destruído. Mesmo descendo para as masmorras para ter uma aula dupla de Snape, o garoto conseguiu manter-se animado.

Talvez o professor Snape estivesse ensinando uma nova poção. Talvez não. Harry não conseguia, por mais que tentasse, prestar a mínima atenção. A coisa ficou realmente feia quando o professor mandou que eles fizessem alguma coisa com o caldeirão.

Harry inverteu o caldeirão, colocou a boca no fogo e começou a despejar ingredientes na parte tampada. O caldeirão chiou alto e explodiu. Snape chegou atrás dele, e com um sorriso maligno no rosto que dizia que Harry estava com problemas, disse:

— Quinze pontos a menos para a Grifinória e uma noite de detenção, Potter.

Harry não se importou. Ele ia para a Copa Escolar de Quadribol, era o apanhador titular.

— E por esse risinho — continuou Snape — menos dez pontos.

Nem isso pôde estragar o humor de Harry.