Harry Potter E O Toque Da Morte escrita por RTafuri


Capítulo 15
ELEIÇÕES E ILUSÕES


Notas iniciais do capítulo

Este era metade do anterior. Embora escrever até o fim tenha sido natural e divertido e fazer a divisão tenha sido bem fácil, lembro que demorei um bocado para batizar o capítulo. Pela primeira vez então recorri aos livros originais. Acabei me inspirando nos títulos "algo e algo" e usei este.



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Por pouco Gina não torcera o pé novamente, a carga do treino que Harry cobrava era cada vez maior.

— Chega, Harry. Nem a Angelina, estourada do jeito que era, fazia isso com a gente — disse Rony depois que Harry os fez treinar quatro táticas diferentes.

— A Angelina não fazia isso, claro que não, mas ela podia espionar a Sonserina. Como eu vou fazer isso se eles treinam com a porta da Sala Precisa trancada? — disse Harry cada vez mais irritado — Nós não sabemos como eles vão jogar, nós não sabemos quem vai jogar…

— Não seja por isso — interveio Guto. — Eu descobri que eles continuam com o mesmo time do ano passado. Embora queriam tirar o Malfoy, mas ele disse que se ele saísse, as Nimbus 2001 também saíam com ele e Montague mudou de idéia.

— Tudo bem — disse Harry — pelo menos sabemos quem vai jogar, MAS AINDA NÃO SABEMOS COMO! Vamos treinar mais.

— Eu só queria saber se a Sonserina está treinando. Não deixamos nenhum horário livre. Todo dia é esta tortura. Nem posso mais olhar para a minha vassoura que já começo a sentir náuseas — Harry escutou Alexandre comentando com Hermione atrás dele quando, mais de quatro horas depois de treinarem, eles terem finalmente saído da Sala Precisa, e Harry respondeu:

— O Snape conseguiu liberá-los das últimas duas aulas de cada dia. É claro, a McGonagall nunca iria deixar que nós fizéssemos isso.

— Não deixaria mesmo, Sr. Potter — Harry se assustou ao ouvir a voz da Professora Minerva, ao se virar para ela, a Professora continuou. — Pode continuar o seu caminho, Potter. Exceto os senhores Lupro e Moore. Quero falar com os dois.

Guto e Alexandre seguiram a Professora e Harry, Rony, Hermione, Gina e Eleanor continuaram a caminhar até a Torre da Grifinória. Harry foi se deitar bem antes de Guto e Alexandre retornarem.

* * *

— Você acha que ele ainda está atrás da profecia? — Perguntou Rony na aula de Feitiços, quando Hermione tocou no assunto do ataque de René Henderson à professora Trelawney.

— É claro — respondeu Harry. — Ele ainda não sabe aonde errou quando…

— Eu sei quando, não precisa falar — disse Rony. Harry se sentiu grato por isso, não era do agrado dele ficar falando sobre a morte dos seus pais. — Mas mesmo assim, ele precisa pegar o Dumbledore para ter a profecia. Você quebrou a que estava no Ministério da Magia, a Trelawney estava em transe quando profetizou tudo, só sobrou a memória de Dumbledore.

— E a minha — completou Harry.

— Eu tive uma idéia — continuou ele. — Eu não vou gostar muito, mas é o melhor a fazer. Acho que… eu acho que nós deveríamos parar de nos falar.

— O quê? — Perguntaram Rony e Hermione ao mesmo tempo, os queixos dos dois caíram e Rony ficou com uma cara de quem achava que estava olhando para um maluco.

— É. Toda essa história de vocês fazerem Oclumência, de terem o Dumbledore perseguindo todos os pensamentos de vocês… Isso é culpa minha. É simples. Nós terminamos a nossa amizade aqui e vocês estão salvos. Quanto a você, Rony, eu não digo tanto pois a sua família está na Ordem da Fênix, mas Hermione, é bom você salvar logo a sua pele. Pelo menos ninguém vai te tirar a vida por minha causa.

— Isso mesmo — disse Rony.

— Rony, você vai aceitar isso? Sinceramente, estou chocada com os dois. Com o Harry por dizer uma asneira de tal grandeza e com você por achar certo — disse Hermione, a expressão de perplexidade cada vez mais perceptível na face dela.

— Não é isso, Hermione. Mas a idéia é fascinante. Nós pegaríamos o Voldemort de surpresa. Dumbledore vigiando o Harry, quando Voldemort tentar nos pegar, não vai adiantar nada, ele vai ver que nós não temos valor algum para o Harry.

— Esquece Rony. É inútil. O Voldemort vai ver que, no fundo, a nossa amizade ainda existe e esse plano não vai dar em nada. Escuta Harry. Eu já me transformei em gato, já fui petrificada, já sofri com a Maldição do Desacordado e você nunca me ouviu reclamar, muito menos querer desistir. Não é agora, depois disso tudo que eu vou jogar tudo para o alto. O Rony também, não é? — Hermione virara a cabeça para Rony.

— Vejamos — disse o garoto — Derrotado como peça viva em xadrez, a perna quebrada por um cachorro enorme, atacado por um cérebro. Eu não acho que isso seja motivo para desistir, sinceramente. Continuamos com você, até o final.

Harry não pôde deixar de abrir um enorme sorriso.

* * *

— Aonde você vai?

Harry deixou todos surpresos no treino de Quadribol de sexta-feira, quando, com apenas uma hora treinando, ele pousou no chão e mandou que todos descessem.

— Nós vamos dormir — respondeu Harry. — Temos jogo amanhã e eu quero todos vocês bem descansados.

— Sorte nossa — comentou Rony rindo. — Eu achei que ele nos obrigaria a treinar até a hora do jogo.

Na manhã seguinte, Harry acordou antes do amanhecer. Primeiramente, pensou que era por culpa do nervosismo, mas percebeu que havia alguém puxando o seu lençol. Era Dobby, o elfo doméstico.

— O que você tá fazendo aqui? — Perguntou Harry puxando o seu lençol. Ele ainda estava com sono.

— Harry Potter deve se proteger, meu senhor.

— Proteger do quê? — Harry não conseguia entender o que pedia proteção. Quando ele já estava sendo seguido dentro da própria mente. — Escuta, Dobby. Verdade, não há perigo para que eu possa me preocupar.

— Há sim, Harry Potter. Ele.

— Ele quem? Dobby, eu não estou entendendo.

— Dobby não deve dizer o nome dele. Mas Dobby descobriu que ele vai atacar Harry Potter hoje no Quadribol.

De repente, Harry entendeu tudo.

— Não é possível. O Dumbledore, ele não vai deixar o Voldemort tentar nada comigo.

— Por isso mesmo, meu senhor. Alvo Dumbledore não está no castelo, e só vai voltar ao final do dia.

— Mas…

— Eleições, Harry Potter. As eleições foram forjadas para isso. Ele fez o plano e professor Dumbledore caiu.

— Dobby, tudo bem, o Dumbledore não está, mas a Ordem da Fênix…

— A Ordem da Fênix também não está, senhor. As eleições.

— Umbridge — disse Harry. — Dobby, eu preciso que você vá até o dormitório das meninas e acorde Hermione Granger, me ouviu? Rápido.

Dobby saiu quase correndo do quarto de Harry e o garoto acordou Rony aflito.

— O que foi, Harry? — Perguntou Rony, aparentemente ainda com muito sono — Se for o jogo, eu juro que saio do time. Ainda nem amanheceu.

— A Umbridge. Ela sabe do Voldemort.

— É claro que ela sabe. Todos sabem — disse Rony se levantando. Harry já havia calçado os chinelos e já se encaminhava para a porta do dormitório. Rony, percebendo que era urgente o que Harry dizia, se levantou mais rápido, calçou os chinelos e saiu do dormitório com Harry.

Quando eles chegaram ao sofá vermelho que ficava em frente à lareira, que agora só continha fumaça, pois o fogo já se extinguira, encontraram Hermione sentada em uma poltrona.

— Que não seja sobre o jogo — disse Hermione. — Se for…

— Não é nada sobre o jogo — cortou Harry. — É sobre as eleições de hoje.

Harry contou a Rony e a Hermione tudo o que Dobby contara a ele.

— A Maldição Imperius — disse Rony.

— Pode ser. Mas a Umbridge sofreu na mão do Fudge e do Dumbledore. Ela pode estar agindo por conta própria, para querer se vingar deles — disse Hermione.

— E com ela no Ministério… — Começou Harry.

— Voldemort vai ter todo o caminho livre para atacar. Por isso, vocês três não vão sair do dormitório hoje — disse Alastor Moody, entrando na Sala Comunal da Grifinória.

— Como você sabe…? — Perguntou Harry.

— Acompanhei tudo. — disse Moody apontando para o seu olho mágico. Este olho azul elétrico girava na órbita, sem parar, para todas as direções. — Desde quando o elfo doméstico entrou no seu dormitório até agora.

— Se já não bastasse o Dumbledore — disse Rony baixinho.

— O Dumbledore não basta. Ele já sabia que Umbridge estava agindo a favor de Voldemort e montou um esquema de proteção. Embora, achamos que temos um espião na Ordem da Fênix e nós vamos descobrir quem é. Mas, voltando ao esquema criado por Dumbledore, os três ficam na Torre e dois membros da Ordem ficam guardando o Retrato da Mulher Gorda. Se revezando aqui e nas urnas de votação.

— Entendem agora que vocês precisam parar de falar comigo? — Perguntou Harry.

— Não, não entendemos — disse Hermione rispidamente para Harry. — Isso significa que nós não vamos jogar Quadribol hoje? — Perguntou a garota virando o olhar para Moody.

— Sim, sim. Significa. O time da Lufa-Lufa já vinha treinando e vai jogar contra a Sonserina hoje. Quanto aos três, aqui dentro. É bom estudarem, o mês acabou e os exames simulados vão se repetir a partir da próxima semana.

— É uma boa idéia, Harry — disse Hermione querendo distrair o amigo. — Você mal me deixou estudar.

— E nem tentem sair com a Capa da Invisibilidade — disse Moody apontando mais uma vez para o seu olho mágico que continuava a rodopiar em órbita.

— É tudo o que sobrou para fazer. Vamos estudar — disse Harry depois que Olho-Tonto Moody saiu da Sala Comunal da Grifinória.

Rony e Hermione perceberam que o humor de Harry não estava nada bom.

— Sabe, — disse Harry se jogando no sofá vermelho — às vezes eu tenho vontade de ir lá fora só pro Voldemort me pegar e acabar logo com isso. Eu não aguento mais.

— Eu sei que aguenta, Harry — disse Hermione, se sentando numa poltrona próxima a Harry — E eu sei que a última coisa que você quer é terminar nas mãos do Você Sabe Quem.

— O Dumbledore sabe — continuou Harry. — Um tem que matar o outro no final. Será que é tão difícil deixar este final chegar logo? Toda essa proteção… só vai fazer adiar.

— Ele está tentando fazer com que você ganhe neste final, Harry — disse Hermione. — Ele está te preparando para derrotar o Voldemort, para que ele não vença você. Eu acho que você devia aproveitar e ir cada vez aprendendo mais.

— Bom, acho que… Eu acho que eu vou pegar o meu material e o do Harry — disse Rony. Harry até se esquecera de que o amigo estava ali.

Em pouco mais de meia hora, Harry se achava estudando Transfigurações. “Mas como? Eu estava agora mesmo conversando com a Hermione, onde foi parar meia hora?” Pensou Harry se assustando ao ver sua varinha na mão dele e Hermione, parecendo inconformada, abaixando a própria varinha e deixando uma mosca a meio caminho de se transformar em sapo.

— Para mim chega — disse a garota. — O Harry tá aqui há meia hora e não está aqui há meia hora. Nós temos exames. Espero que vocês não tenham esquecido.

— Não, não esquecemos — disse Harry deixando a varinha cair no chão. — Eu vou deitar. Boa noite.

Harry se virou, esquecendo de apanhar a varinha do chão, e foi em direção ao quarto. Ouviu Rony murmurar “ainda não está nem na hora do almoço” e depois o garoto perguntando a Hermione o que estava acontecendo com Harry.

Harry somente se lembrou de tirar os óculos antes de se deitar na cama. O dormitório estava vazio, afinal todos estavam assistindo a Lufa-Lufa jogando contra a Sonserina. Ele realmente não tinha a mínima vontade de assistir Quadribol. Tudo o que ele queria era por um ponto final. Um ponto final em toda esta história de Voldemort, de Ordem da Fênix, de profecia, de tudo. E, sem pensar em mais nada, ele dormiu.

Parecia que ele mal fechara os olhos quando um grande barulho o acordou. Prestando atenção, Harry percebeu que eram as vozes de quase todos os alunos da Grifinória vibrando e comemorando vitória de algo que Harry ainda não conseguiu distinguir o que era.

— Era isso o que eu queria. Que comemorassem a minha vitória sobre a Sonserina. — Pensou ele se levantando e colocando os óculos. Obviamente, Rony deve ter apanhado a varinha dele, pois quando Harry pegou os óculos, derrubou mais uma vez a varinha no chão.

Quando ele saiu do dormitório viu uma grande foto de Dumbledore e outra, que ele reconheceu imediatamente, a de Umbridge que Fred e Jorge enfeitiçaram no ano anterior.

A foto de Dumbledore se divertia com tudo aquilo e particularmente com os xingamentos a Umbridge que a própria foto da ex-Inquisidora voltava a dizer.

— Harry, HARRY! Dumbledore ganhou! Ele é o Ministro — disse Rony bastante empolgado. — E você não vai adivinhar quem é o sucessor dele!

— Quem? — Perguntou Harry não se animando muito.

— Papai! Não é demais? — disse Fred atrás de Harry.
— O que vocês estão fazendo aqui? — Perguntou Harry ao se virar e encontrar os gêmeos.

— Estivemos arrumando a festa. Ela iria ser no Salão Principal, mas o pessoal da Sonserina não gostou muito da derrota da sapona velha.

Harry deu o primeiro sorriso em muito tempo. Ao menos ele não teria Umbridge o perseguindo e insistindo em expulsá-lo de Hogwarts, muito menos fingindo que Voldemort não existe.

No lado oposto ao Retrato da Mulher Gorda, havia uma longa mesa com vários doces da Dedosdemel e algumas coisas que pareciam de autoria de Fred e Jorge.

Harry viu, sentados em cadeiras ao lado da mesa, Dumbledore, o Sr. Weasley e Cornélio Fudge.

Embora o ex-ministro parecesse bem, era claramente visível que ele ainda usava ataduras no peito em virtude da Maldição do Desacordado.

— Harry, que prazer em vê-lo! — disse o Sr. Weasley se levantando e apertando a mão do garoto — acho que você já deve saber a novidade.

— Sim, já. O Fred me contou — respondeu Harry. — Parabéns, senhor — disse ele se virando para Dumbledore.

— Obrigado, Harry. Mas, creio que não será por muito tempo. Meu amigo Fudge já está se recuperando e logo poderá voltar ao cargo que possuía.

— Ah, não sei, Dumbledore. Realmente, não sei — disse Fudge sacudindo a mão levemente. Parecia que ele fizera um gesto ruim, pois foi clara a dor na expressão de Fudge.

— Tudo bem, Cornélio? — Perguntou Dumbledore se levantando da cadeira. O Sr. Weasley também se levantou.

— Não é para tanto. Não se preocupem — disse Fudge, a expressão melhorando aos poucos.

— Ei, que horas são? — Perguntou Harry voltando a se juntar a Hermione e Rony.

— Por volta das seis? Algo importante? — disse Rony.

— Não, nada — respondeu Harry. — Só curiosidade.

— Harry! O que está acontecendo com você? — Perguntou Hermione.

— O quê? — Harry fora apanhado de surpresa pela pergunta. Era óbvio para todos o motivo do mau humor dele. Era afinal? Se fosse, Hermione não perguntaria, a não ser que ela estivesse querendo se passar por idiota para ele.

— O que está acontecendo com você? — Repetiu Hermione.

— Estou preso no último lugar em que eu me sentiria assim. Estou com todos os meus pensamentos magicamente rastreados e sei que cedo ou tarde vou morrer na mão do mesmo que matou os meus pais e outras centenas de pessoas.

— Não sei se você ainda se lembra, Harry. Mas o Voldemort já tentou voltar três vezes e nas três você escapou. Você enfrentou um cachorro gigante, um jogo de xadrez enorme, um basilisco, o Voldemort em pessoa, vários Comensais da Morte e nunca desistiu. E mais, você tem amigos. Dois amigos que você pode ter certeza que farão tudo para te ver bem.

Harry não sabia o que dizer. Ele sabia que estava sendo ingrato. Sabia que estava desprezando as amizades de Rony e de Hermione no momento em que ele mais precisava dos dois.

— Desculpe — disse o garoto olhando para o chão. Muito longe ele ouvia o barulho das pessoas comemorando a vitória de Dumbledore. — Eu não sei o que está acontecendo. Se algum lado, um só, me deixasse livre, eu teria um pouco de espaço para respirar.

— Qual lado? — disse Rony — Qual lado iria ceder? As aulas? A AD? O Quadribol? Os exames? Quem você acha que vai te deixar respirar? Ninguém nunca deixou, Harry. Nós vivemos assim desde a primeira série.

— Eu sei que não — disse Harry com um misto de chateação e inconformidade — Mas eu preciso respirar. Já sei.

— Lá vem você com esse seu ”Já sei” — disse Hermione — Não vem boa coisa daí.

— Eu vou sair do time de Quadribol — disse Harry ignorando Hermione. — O Rony pode ficar no meu lugar. Depois de mim, ele é o mais antigo no time. Eu vou falar com a McGonagall.

— Vai falar com ninguém — Rony puxou Harry pela parte de trás das vestes. O garoto já estava indo procurar a diretora da Grifinória — Você sabe muito bem que eu não sou um bom jogador e que tudo o que mantém o time de pé é você nos obrigando a treinar tanto.

Harry voltou para a cama. Só agora ele lembrara que se esquecera completamente da AD.

— Não tem problema — pensou Harry. — Amanhã eu compenso o atraso.

Mas Harry não iria repor aquele atraso no dia seguinte.

* * *

Quando o dia amanheceu, Harry acordou com os raios solares fortemente sobre sua face, que já estava muito suada. Ao abrir os olhos ele quase se cegou, era como se uma lente aumentasse ainda mais os raios de sol e os projetassem bem em seus olhos, foi quando ele percebeu que ainda estava de óculos. Ao tirá-los, ele enxugou o rosto, e após apertar bem os olhos na tentativa de reparar qualquer dano causado pelos raios solares, ele os abriu e procurou saber que horas eram.

Harry estranhou o silêncio que parecia ir longe, mas depois pensou que, por ser Domingo, todos deviam estar nos jardins aproveitando o mesmo sol que o acordara. Mas era impossível, nenhum aluno tinha permissão para sair do castelo. Foi este pensamento que despertou a preocupação em Harry.

Harry pensou em procurar por Rony ou Hermione, mas eles poderiam estar em qualquer lugar em Hogwarts, se estivessem no castelo. Harry então, resolveu procurar no Mapa do Maroto e o mapa mostrava que a única pessoa dentro do castelo era ele.

Ele não conseguia acreditar no que via. Foi então à procura de qualquer pessoa que pudesse lhe explicar o que estava acontecendo.

Ao alcançar o Saguão de Entrada, Harry viu que as portas que levavam aos jardins de Hogwarts estavam abertas. Achou aquilo muito estranho. O que aconteceu com todas aquelas medidas de segurança? Mas também achou aquilo extremamente convidativo.

Se perguntando se ninguém veria, Harry não resistiu às portas abertas. O vento atingia sua face e uma sensação há muito desconhecida o atingiu. A sensação de liberdade.

Mas a esperança de encontrar qualquer pessoa fora do castelo morreu.

— Talvez Hagrid — pensou Harry olhando para a cabana do guarda-caça, mas também não adiantou, a cabana do gigante estava completamente vazia e nem uma minúscula nuvem de fumaça saía pela chaminé. Harry era persistente e bateu à porta, mas nem Canino, o cão de caçar javalis, começara a latir como sempre o fazia. Harry olhou mais uma vez para o Mapa do Maroto, que continuava a mostrar Hogwarts vazia.

Ele não conseguia entender, onde estaria Dumbledore? Como o diretor poderia ter sumido com todas aquelas medidas de segurança? E o pior, onde estariam Rony e Hermione? Como eles poderiam ter sumido assim?

Harry, então, pensou em procurar qualquer coisa dentro de Hogwarts.

— Dobby! — pensou ele entrando novamente no castelo e indo em direção à cozinha, porém, ela também estava vazia. Absolutamente nenhum elfo dentro dela.

— Sapos de chocolate! — disse Harry à estátua que guardava a entrada da sala de Dumbledore, ela começou a girar e a subir. Porém, a porta estava trancada.

— Alorromora! — a porta fez um clique e se abriu, revelando uma sala vazia, mas Harry não se importou muito, era o que ele esperava.

Havia um pequeno saco de seda vermelha, com uma fita dourada o fechando com um nó caprichado, próximo aos pés da lareira. Era exatamente o que Harry queria. Pó de Flu.

— A Toca! — disse ele coma cabeça já dentro da lareira. Mais uma vez ele se sentiu nauseado por culpa das imagens das várias lareiras ligadas à Rede do Flu que passavam por ele. Quando finalmente as imagens das lareiras pararam de rodar na sua frente, Harry viu a cozinha de A Toca pelo mesmo ângulo que Amos Diggory vira no primeiro dia de aulas da quarta série de Harry, há mais de dois anos.

— Sr. Weasley! Sra. Weasley! Rony! Fred! Jorge! Alguém! — Harry insistia em achar alguém. Já era muito ruim Hogwarts vazia, seria impossível que a Toca também estivesse.

— O que foi, Harry querido? — A Sra. Weasley vinha se apressando dos jardins. — O que aconteceu?

— Hogwarts! Está vazia. Simplesmente ninguém. Somente eu.

— Já chega, Potter! — disse uma voz dentro da cabeça de Harry e o garoto se assustou. Com o susto, caiu no chão e percebeu que seu rosto estava suado. O lençol caído e enrolado embaixo dele no meio da noite.

— Hã? O que foi? — Perguntou Rony após ter acordado e avançado para Harry.

— Voldemort. Mas acho que ele só…, não faz sentindo, afinal. Será que foi um sonho dele e que eu assisti? Eu não entendo.

— Quem não entende sou eu. Dá pra explicar direito o que aconteceu? — Rony se sentara aos pés da cama de Harry, este se sentou ao lado do amigo e começou a explicar o que ele vira no sonho.

— Mas isso não é um plano dele. Não pode ser, como ele iria tirar todos nós do castelo sem que você percebesse? — perguntou Rony.

— Mas não era um plano. Só poderia ser…

— A vontade dele — disse uma voz atrás dos dois que fez com que Harry levasse o segundo susto da noite. — É isso o que ele quer, Harry. O que mais me diverte é o fato de Tom querer que isso seja em Hogwarts.

— Mas, senhor. Não creio que Voldemort iria querer que eu procurasse os Weasley. Se fosse assim ele me mataria logo no início.

— Bem, devo assumir a minha culpa nesta história — disse Dumbledore.

— Culpa? O que o senhor quis dizer com isso, senhor? — Perguntou Harry.

— Culpa. Você se lembra, é claro, que eu continuo a monitorar as mentes dos três e, se eu não tivesse impedido, Voldemort iria deixá-lo seriamente machucado, mas não iria matá-lo.

— Claro — disse Harry. — Ainda não chegou o final.

— Exatamente, Harry. Eu não fiz com que você procurasse os Weasley. Fiz com que você tivesse vontade própria no seu sonho. E o interessante é que você foi direto para a minha sala procurar alguém fora de Hogwarts. Mas, chegou uma hora em que Tom não gostou mais do sonho e resolveu interrompê-lo.
— Mas como…

— Você estava comandando o sonho e Voldemort resolveu terminá-lo?

— Exatamente.

— O sonho era, a princípio, dele. Você também estava no sonho. Não era algo exclusivamente seu.

— Sabe, estou farto disso — disse Rony tão inesperadamente que assustou Harry. Ele havia esquecido que Rony estava ali. — Um velho daquele tipo, ficou anos sem corpo e ainda quer matar o coitado do Harry. Ah, por favor… Manda ele se aposentar.

— O senhor acha, Sr. Weasley? — Perguntou Dumbledore se divertindo levemente. — Se fosse assim, creio que vou também me retirar dos meus cargos e abandonar Hogwarts, o Ministério da Magia e a Ordem da Fênix.

— NÃO! — fora Harry quem gritara. Ele mesmo se surpreendera com o grito. Dumbledore deu um sorriso, desejou boa-noite aos dois e saiu do dormitório, fechando a porta. Rony votara para a sua cama e Harry voltara a dormir.


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