Sabe quando você acorda e algo parece não fazer sentido ou mau pressentimento? Eu acordei assim, já havia passado alguns dias desde meu passeio de barco e hoje por ironia do destino eu trabalharia em casa.

Fiquei deitada olhando o teto quando lagrimas começaram a percorrer meu rosto. Eu não podia desabar, não agora! Eu finjo ou me engano que tudo que me acontecerá é um sonho. Eu sinto o falta da minha mãe absurdamente, mas eu não podia chorar por que ela não estava mais ali, eu havia prometido que ficaria bem, mas é impossível!

Lembro-me de quando ela me falou independente o que acontecesse que ela não iria querer me ver mal, deprimida ou coisas assim, porque ela estaria olhando por mim e caso me visse assim ela se decepcionaria. Eu jamais queria a decepcionar, talvez por isso eu só chorasse nas madrugadas, na esperança que ela estivesse dormindo e não me visse assim.

Um lado de mim sabia que ela está bem, ela “reencontrou meu pai” e sei o quanto ela sentia a falta dele o quanto eles se amavam. Mas eu sentia falta da minha família, ali me apoiando, tirando finais de semanas apenas pra assistir filmes ou almoços com meus avós. Se eu pudesse ter mais uma chance de os abraçar e de saber se eles estão orgulhosos de mim.

Sequei minhas lagrimas e respirei fundo, fingindo estar apenas em um sonho ou algo do gênero. Meu celular tocou e não estava com a mínima vontade de atender, mas fiz do mesmo jeito.

- Olá – eu respondi animada

- Bom dia amor! Você já acordada, milagre – eu ri com o comentário – Como não vamos nos ver, pensei em sair mais a noite, se você não for fazer algo

- Não sei, terei que ver com meus tios, sabe como são resolvem ir comer em Los Angeles do nada, mas eu te ligo qualquer coisa e sim eu acordei, mas quem sabe não volto a dormir mais um pouco – era tão fácil fingir que estava bem pra ele, pra todos.

- Tudo bem, me ligue! Beijos – desliguei e coloquei meu celular ao meu lado.

Não sei quando, mas eu aprendi a sorrir, rir ou parecer feliz sem estar! Acho que até seria uma ÓTIMA atriz, porque todos nunca perceberam o quanto sou fraca, na verdade só Cameron sabia como estou, não pelo olhar, mas é como se ele sentisse e vice versa. Talvez por isso fossemos melhores amigos ou até “irmãos”. Já tentei enganar ele varias vezes, mas sempre foram em vão. Meu celular tocou outra vez, mas dessa vez pensei duas vezes em atender, mas não consegui ignorar e fiz.

- Bom Dia Cameronzito – Tentei parecer animada, mas naturalmente, afinal quem sabe um dia ele não saiba que não estou bem.

- Animada demais, tente uma próxima vez – eu bufei – O que você tem? – Tá vendo ele sempre sabe

- Nada, só sei lá, acordei desanimada apenas isso

- Algo deve ter acontecido, não vai me contar? – eu ri – Você vai me fazer descobrir sozinho, não é?

- Cameron, eu só estou com um pressentimento ruim, não sei o que é, estou angustiada, não sei explicar – falei com a respiração pesada

- Pequena, odeio te ver assim ainda mais quando não posso estar ai! – ele e sua preocupação, o que eu achava fofo

- Mas já me acalmou então obrigada! Não vejo a hora de ver meu vizinho novamente – eu ri e ele fez o mesmo

- Em breve estarei ai, aguenta só mais um pouco! Aproposito, quando chegar não quero saber, mas vai tirar um dia só pra mim ouvi? SÓ PRA MIM, sem Liam – ele fez uma voz mais grossa e não aguentei ri um pouco

- Pode deixar, terá seu dia, só eu e você! Tenho certeza que tem muitas coisas pra me contar, mostrar, enfim só seremos nós – Sim, eu queria um tempo só com ele, era bom poder respirar e digamos que eu estou quase ficando sem ar – Zoin verde vou desligar, ir comer algo, depois a gente se fala

- Até depois pequena, beijos – foi a ultima coisa que ouvi e desliguei.

Quem sabe se eu comesse algo eu não melhorava. Às vezes comida me alegra, mas às vezes. Levantei-me e resolvi descer de pijama mesmo. Eu estava na metade da escada quando Julia gritou.

- Querida poderia ir ao meu quarto e pegar em uma das minhas gavetas um envelope brando? É do escritório, vai ter o nome lá

- Claro, só um minuto

Voltei e entrei no quarto do casal, já disse o quanto era elegante? Bom, é muito clássico e bonito, digno dos dois. Fui até a cômoda com as gavetas, eu só não sabia qual era e abri a primeira, mas não havia nada, na segunda tinha um envelope amarelo bem no fundo, como se fosse escondido pensei que ela poderia ter confundido as cores e resolvi verificar. Acho que foi a pior coisa, era uma carta da minha mãe para ela, eu não sabia se lia ou colocava no lugar. Fiquei alguns segundos o encarando e coloquei no mesmo lugar, não tive coragem de ver o que havia ali. Voltei a procurar e achei o bendito, peguei e sai dai rápido, tentando tirar aquela suposta carta.

Sabe o que é pior, ninguém nunca me contou o que realmente minha mãe tinha sempre me esconderam talvez aquela carta tivesse a resposta ou talvez fosse uma carta antiga ou simplesmente eu esteja ficando paranoica, louca, fora de mim.

Voltei e a entreguei a ela, tomei meu café da manhã pensando no mesmo assunto.

- Está tudo bem querida? – Ela beijou minha testa me acordando do transe

- Sim! Estou apenas pensando na finalização do trabalho hoje – sorri de lado

- Você é muito dedicada. Mais a noite vai sair com Liam?

- Acho que não, quero ficar um pouco em casa e relaxa

- Tudo bem, eu vou ir trabalhar, se precisar de algo não pense duas vezes me ligar, ok? – eu acenei sim com a cabeça

Depois de terminar meu café, fui trabalhar, precisava terminar algumas encomendas e planejas alguns novos trabalhos. Isso sempre me mantinha longe de qualquer pensamento, até mesmo da carta. Fiquei bastante tempo em frente ao computador, bolando as coisas que necessitaria para o novo projeto, afinal os outros eu tinha acabado a instante atrás.

Deixei tudo esquematizado, amanhã eu apresentaria a ideia no trabalho, como ainda estava de pijama, fui tomar um banho e como não era tarde eu poderia dar uma volta sozinha, pra pensar ou simplesmente respirar o ar fresco.

Não demorei muito no banho, passei uma maquiagem básica e vesti algo confortável, prendi um pouco o cabelo deixando a parte de baixo solta. Peguei a minha carteira, celular e a chave do carro.

Meus tios não haviam chegado, fiz o de sempre um recado na geladeira. Entrei no carro e dirigi sem destino, na verdade a onde meu sentido me levaria. Eu acabei em uma praça com algumas famílias lá, pais e seus filhos, grupos de amigos e eu lá, apenas comigo. Fiquei observando como todos pareciam bem, com suas vidas no lugar certo, sem problemas. É o que aparentava, como eu aparentava estar bem, fiquei ouvindo musicas e observando o céu, alguns sinal deles mandado a mim, mas nada.

Fiquei ali sem pensar e senti uma brisa, a melhor de todas. Estranhamente me senti salva com ela, talvez fossem eles me dizendo que estavam ali, eu sorri espontaneamente deixando minhas lagrimas percorrerem eu rosto.

- Sinto a falta de vocês – foi a única coisa que consegui dizer, não sei se a brisa era eles ou não, mas eu disse, eu precisava dizer isso!

Eu resolvi voltar pra casa, eu estava me sentindo um pouco mais calma, como se um pouco da minha dor tivesse se amenizado, pelo menos por aquele momento. Eu estava calma como há muito tempo não em sentia. Eu estava em paz por “sentir” a proteção deles.