Um Toque escrita por Matheus


Capítulo 16
O assassino


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora! Fiquei sem net aí naum deu para postar, mas continuei escrevendo e para compensar publicarei mais capítulos...



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Luke, Domenick e Jerom se entreolharam incrédulos. Ainda não era possível ver Hugo, mas sua voz era inconfundível.

– Acabou.

Jerom deu um pulo para trás.

– Eu não serei útil. Luke vá com ele! Ajude-o. – Disse Jerom ficando para trás. Luke e Domenick seguiram em frente.

Luke apenas observava e seguia Domenick tentando ser útil de alguma forma. Ele estava entregue nas mãos dele; não poderia estar em mãos melhores.

Desde quando Domenick entrou na casa de Jerom, começou a chover respostas. Um imenso quebra-cabeça começava a fazer sentido e, peça por peça, tudo foi se juntando:

O Copiale Cipher... A Illuminati... O Iluminismo... A maçonaria moderna... Euclides de Alexandria, Eratóstenes, Arquimedes... Mozart, Immanuel Kant, Isaac Newton... Deus... As partes da anatomia divina... Eu.

Mas uma peça parecia não ter lugar no quebra-cabeça. Uma peça que Domenick carregou desde o início... Uma peça que não se encaixava.

Algo está errado! – Ele gritava em seus pensamentos.

Domenick começou a descer os últimos degraus. Luke o seguia.

Arma em punho, Domenick avistou Hugo mais distante do que imaginava.

A garagem era imensa. Dezenas de carros caríssimos espalhados por toda parte, equipamentos para manutenção, um quiosque e um banheiro formavam a imensa garagem.

Enquanto dava paços lentos, Domenick se rebatia em pensamentos ignorando todas as belezas estacionadas a sua volta.

Algo não encaixa! Uma peça não se encaixa!

Não havia muito tempo para pensar. O Rei estava em xeque e precisava ser protegido.

Luke e principalmente Domenick, estavam em uma situação insana. Domenick estava cara a cara com Hugo e não conseguia atirar. A arma estava destravada, ele sabia onde atirar, não havia nada entre eles, tudo estava perfeito, mas o dedo não movia.

Por que não consigo atirar?

Hugo estava à 10 metros de Domenick e isso era mais que suficiente para Domenick acertar a região do corpo que quisesse. E para ficar mais fácil: Hugo estava de mãos vazias, e...

– Meu Deus, o que houve com você? – Perguntou Domenick.

Hugo estava sangrado. Pior que isso, ele parecia ter saído de uma sala de tortura. Era possível ver a carne crua através dos cortes, o sangue no rosto, as mãos... O que é aquilo nas mãos dele? Domenick forçou a vista e sentiu um frio na espinha quando ele percebeu o que havia em cada uma das mãos de Hugo. Eram pregos. Um prego de 50cm encravado em cada uma das mãos.

– Eu vim matar você, Dom. – Disse Hugo. A voz ainda era aterrorizante, ainda mais quando saia sangue ao invés de saliva.

Sem uma arma? Nesta situação? Quem ele pretende matar desse jeito? – Pensou Domenick.

– Como se sente, Dom? Como se sente diante da morte? Como se sente sendo dono dessas mãos que não pode lhe socorrer? – Perguntava Hugo enquanto sangue pingava de suas mãos – Sabe o problema de ter as mãos de Deus? – ele deu um tempo para ter certeza quer Domenick estava escutando – O problema é que Deus não lhe estende a mão. Você está sozinho. E não há nada que possa fazer. Estou certo Luke? Deus ouve suas preces? Ele escuta sua voz? Ele é justo?

Ter as mãos de Deus... Realmente, Ele não estende as mãos por que eu tenho as mãos dele. Cabe a ‘mim’ estender minhas mãos. Cabe a ‘mim’ socorrer aqueles que mais precisam. E cabe a ‘nós’ morrer para salvar a humanidade... ... ... Assim seja!

– Venha! – Gritou Hugo com uma voz insana – Venha e me mate com as próprias mãos! Corpo a corpo! Mate-me! – Ele obrigava – Venha e obtenha as respostas. Um toque, e é o fim! – Ele evoluiu de gritos para berros – VENHA DOMENICK!!! VENHA PEGAR AS RESPOSTAS!

Domenick perdeu a posse das pernas por um segundo. Quase caiu de cara no chão. Não sabia o porquê, mas aquelas palavras eram fortes. Estava quase submerso em “seus” pensamentos quando ouviu um grito de Jerom, vindo do alto da escada:

– Matem-no!

Os peões protegiam o Rei, que dava o grito de ordem. O grito para seu exército que ia para a guerra.

Hugo estava quase caindo de joelhos em sangue, foi o grito de Jerom que o despertou. Ele sacou uma arma num único movimento. Rápido e preciso.

A agilidade de Hugo foi mais rápida do que Domenick. Não basta saber, o corpo também tem que acompanhar, e o de Domenick não se igualava ao de Hugo.

Hugo disparou primeiro. O tiro acertou no braço esquerdo de Domenick. Aparentemente foi um local aleatório, mas foi o suficiente para desnortear Domenick e o fazer errar o ponto exato em que pretendia acertar. Ou talvez ele tenha errado de propósito, ele não sabia. A bala acertou o estomago de Hugo. Não era o suficiente. Na verdade, a bala no estômago nem se comparava aos cortes que Hugo tinha quando chegou.

Esses dois tiros foram o catalisador de um caos seguinte. Balas iam e vinham de todos os lados, ricocheteando o chão e as paredes da garagem da casa de Jerom.

Luke entrava em desespero. Estava no meio de um tiroteio, indefeso e sem muitas opções. Tinha que fazer alguma coisa. E não hesitou, enquanto balas corriam para todos os lados, ele correu para trás de um carro esportivo e se protegeu. Estava esperando o momento certo para agir.

Sem tempo, Domenick correu para o lado oposto, e entre ele, Luke e Hugo, formava um triângulo sendo eles os vértices. Domenick estava atrás de uma parede que dava para um banheiro, Luke atrás do carro e Hugo era protegido por uma bancada de ferramentas. Aquilo parecia um treinamento do exército. O caos se fazia valer. E vidas corriam perigo. Não só a deles. As vidas de milhões de pessoas que dependiam do resultado daquele confronto.

Os tiros cessaram por minutos. Hugo se concentrava em não desperdiçar muitas balas, e Domenick parecia longe... Longe em pensamentos. Em pleno combate.

Os olhos de Domenick estavam ficando brancos. As 2.827 mentes começavam ajudá-lo a entender o que acontecia. Ele começava a obter a resposta. A peça que não se encaixava começava a surgir das profundezas de seus pensamentos. A peça que ele carregou desde que beijou Asheley.

Desde o princípio, Domenick só queria uma coisa. Uma única coisa que ele buscou e teria conseguido em sua casa com Hugo, não fosse Asheley que ele priorizou proteger. Uma coisa que esteve perto quando ele esteve com Jerom. Uma coisa que esteve próxima nas últimas horas...

As 2.827 mentes o ajudavam a entender. Parecia que todas as pessoas que ele tocou se juntavam em uma imensa reunião para ajudá-lo. Pessoas de todos os lugares, de todas as áreas do conhecimento, de todos os gêneros, adultos ou idosos. Cada uma ajudando do jeito que podia. Pela primeira vez ele sentiu o poder que tinha, ou pelo menos uma fração desse poder. Um poder que estava além de qualquer ciência, acima dos limites de qualquer teoria. Aquilo era 0,00001% do que poderia ser Deus. Seus olhos viam além.

Luke estava agachado de pés descalços. Protegido, apenas ouvia os sons do corpo de Hugo e tudo que vinha dele. Veja com os ouvidos, pensava, se prepare!

Hugo parecia pronto para atirar em Domenick que estava com a guarda baixa. Essa era a hora de Luke agir, e assim ele fez. Em silêncio, Luke abriu a porta do carro e foi até o porta-luvas, cabeça baixa, abriu e pegou uma arma que Jerom carregava em todos os carros. Um homem precavido. Em silêncio, Luke abriu a outra porta e teve vista limpa para o assassino. Devagar, Luke pôs um pé para fora do carro e tocou o chão descalço.

Antes de Hugo atirar, ele encheu os pulmões. Luke ouviu o ar entrando e destravou a arma. E então... Um tiro.

Luke Arnows pôde ouvir seu sangue pingar, sua arma cair, seu corpo se deslocar para frente e pôde sentir a dor de seu rosto se chocar contra o chão. E mesmo enquanto perdia os movimentos do corpo, Deus não ouvia seus gritos. E ele começava a boiar em seu próprio sangue.

Seus ouvidos não eram mais úteis, tudo que podia ouvir era um som semelhante à estática em aparelhos de rádio. Sem ouvir direito, tudo que lhe sobrara era a visão. Virando seu rosto, Luke pôde ver uma arma apontada para ele, que havia terminado de disparar. Para seu espanto, aquele que segurava a arma era seu protetor.

Encarando aqueles olhos, ele se esforçava para conseguir mover os lábios, infelizmente não conseguiu, mas soube que a mensagem fora recebida porque houve uma resposta: “Assim tem que ser.”

A última imagem que viu foram aqueles olhos encarando-o como se visse além daquele sofrimento, e aquelas mãos segurando a arma que descansava do disparo. Uma traição divina e humana. O assassino era outro, e Luke só pôde perceber em seus últimos minutos.

Eu falhei.

Sem garantir a proteção do Rei, Luke era retirado do jogo. E tudo se acabou em uma negra e solitária escuridão.


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Notas finais do capítulo

mande reviews e não desista da história *-*